Foi fácil convencer Polly a me ajudar com a maior loucura da minha vida. Talvez ela achasse que eu ainda estava traumatizada com tudo o que tinha acontecido há um mês e não queria se sentir mais culpada. Não que eu a culpasse, mas preferia deixar isso claro depois que ela me ajudasse. Quando estacionou na frente da delegacia, encarou-me.

— Você tem certeza disso?

Balancei a cabeça, negando. Eu tinha perdido o controle de tudo no momento que tinha entrado naquele carro. Ou talvez fosse no momento que encarei os olhos de Hunter. Qualquer que fosse o gatilho teve uma reação em cadeia atrasada. Só que eu estava gostando daquilo, da fagulha que ainda me deixava viva. Por isso que saí do carro entrando na delegacia e em menos de quinze minutos estava encarando meu ex namorando que quase tinha acabado com meu casamento.

Ele cruzou as mãos, pousando os cotovelos na mesa na pequena sala de visitas. Por mais que tentasse disfarçar, estava surpreso por me ver ali. Fiz questão de esticar os meus dedos e evidenciar a falta de aliança. Uma ausência temporária.

— O que está fazendo aqui, Baby? — ele sussurrou.

Respirei fundo.

— Retirei as acusações contra você. Todos pensam que estou louca, até eu mesma acho que estou, mas precisava te dizer isso. — batuquei os dedos contra a mesa. — Você sai amanhã.

— E o seu casamento?

Desviei o olhar.

— Amanhã.

Ele deu um meio sorriso.

— Percebe que isso parece um dejá vu?

Levantei-me também sorrindo e parei ao seu lado. Hunter virou seu corpo na minha direção e eu me abaixei aproximando os nossos rostos. Permiti-me viver mais um pouco na fantasia, segurando o rosto e beijando-o com ardor. Ele não hesitou em me retribuir e arfou quando me afastei subitamente.

— Na próxima, me leve para mais longe. — reclamei indo até a porta. — Carcereiro, pode me tirar daqui.

Tive o prazer de ver sua expressão abismada e sorri. Talvez aquilo não tivesse final.