Castanho escrita por Alethopic


Capítulo 1
Amo-te, inclusive e apesar de


Notas iniciais do capítulo

Historinha pirada + Não tenho prática com HP + Risadinha de quem está criando
Comentários são bem-vindos ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730993/chapter/1

‘’Desculpe por seu cabelo castanho’’ murmurou Remus timidamente, quando ambos estavam isolados em uma bolha particular. Seus dedos calejados estavam trêmulos e metidos no bolso de seu casaco amarronzado e surrado, cheio de remendos. Seus olhos estavam tranquilamente repousados em suas costas, já que Nymphadora fizera o favor de lhe ignorar fervorosamente durante aquela reunião da Ordem em especial. Ele sentiu-se subitamente muito bobo, nada seguro de si, plenamente estúpido. Porém, naquele momento que parecera uma eternidade, Nymphadora virou-se.

‘’De tantas coisas para se desculpar Remus... ’’ e ele surpreendeu-se. Aquela era a primeiríssima vez em que ela não parecia a Tonks dos olhos vibrantes, das mãos inquietas e da presença jovial e revigorante. Aquela era a Tonks de olhos parecidos com os seus (tristes), de lábios sem algum sorriso, de traços exaustos. Aquela era a Tonks que cedia ao peso da Guerra, tanto da Guerra física (Voldemort e seus capangas encapuzados), quando da Guerra sentimental (Porque o som da tampa de Coca-Cola se parecia tanto com a flecha do cupido lhe atingindo seu peito quando ela lhe viu pela primeira vez).

Remus Lupin, maltrapilho e maltratado. Remus Lupin, cheio de cicatrizes físicas e emocionais. Remus Lupin, quieto e observador.

‘’Seu cabelo é você, Nymphadora. Reflete seu emocional. Eu lhe causei isso, Dora. E me arrependo amargamente. ’’ Exasperado, assustado, acuado. Remus Lupin, cidadezinha inóspita. Nymphadora Tonks, violento tornado.

‘’Eu não sei mais o que fazer. Eu tô cansada, Remus. Tô cansada pra caralho’’ Nymphadora fechou as pálpebras, passando os dedos por estas, suspirando. Coçou os cabelos, que não mudaram para vermelho (de raiva), nem para branco (de vergonha), nem para nada. Um eterno castanho, sem ser de amêndoas, terra, cervos, pinhão, madeira... Um castanho sem vida. Um castanho sem Nymphadora. Porque ela é a própria essência da vida.

E então, deixando os sentimentos conflituosos de lado, o aperto débil em seu peito, o pulso rápido, suas têmporas batucando um samba brasileiro, Remus lhe puxou para si. E pronto. Aparataram. Remus estava em um quartinho apertado, simplório e limpo. Eles se apertaram um contra o outro até a noite cair. Eles esqueceram o lorde, os outros e todo o resto. Remus esqueceu seus medos, Nymphadora esqueceu sua tristeza.

‘’Você está usando um vestido’’ Remus murmurou em sua orelha cheia de piercings, causando reverberações arrepiantes pelo corpo de Dora. Ele acariciava seu pulso, seguindo a veia visível e esverdeada.

‘’Que constatação óbvia, Lupin’’ ela sussurrou de volta, com seu nariz enfiado em seu pescoço, suas mãos envolvendo-o e acariciando os fios grisalhos e castanhos de Remus.

‘’Você entendeu o que quis dizer, Nymphadora’’ Remus, em uma voz professoral e paciente, ficou maravilhado com o cheiro conhecido da menina-mulher tão próximo de si. ‘’Você nunca usa muitos vestidos. Pelo menos, não cheio de margaridas’’ para fixar seu ponto de vista, passou a mão pelo tecido do vestido, bem onde ficam suas costelas pontudas.

‘’Primeiro: não me chame de Nymphadora. Argh!’’ Ela mordeu seu pescoço, alegremente. Remus, surpreso, sorriu um pouco. A imprevisível, a inconstante, a sua Nymphadora. ‘’segundo: eu não sei. É um vestido velho da dona ‘Drômeda. E, eu pensei... ’’ Ela mordeu o lábio, pensativa. ‘’Que você repararia em mim assim’’ um fiasco de voz, uma voz frágil. Uma voz que não pertencia a Dora que não se importava com opiniões alheias. Remus arregalou os olhos, surpreso.

‘’Como?!’’ Ele quase riu. Quase. Ao ajeitar o corpo de Nymphadora melhor, para analisar seus olhos-satélite, sentiu um aperto no miocárdio. Ele aproximou-se lentamente de sua receptiva atmosfera, atraído por seu campo magnético. ‘’Tonks... Eu te olharia deste mesmo jeito... ’’ ele aproximou seus olhos azulados como o céu do fim de tarde perto daqueles olhos cor de caleidoscópio de Nymphadora. ‘’Mesmo se você estivesse usando um trapo de elfo domestico. Não importa o que você use desde que goste. Não imposta o que você goste desde que seja você. ’’

E então, pronto. Ele encostou, muito sutilmente, seus lábios nos dela. Ah, lábios. Lábios, lábios, lábios... Avermelhados, manchados. Ela tomara aquele picolé chamativo de morango silvestre que a Molly preparara. Remus agradeceu a mil e um deuses antigos – e a todos os novos criados todos os santíssimos minutos – por suas papilas gustativas. Ele a observava com aqueles olhos abertos. Nymphadora não fechara os seus. Nymphadora queria passar a noite naquele céu anil.

Ofegantes, separaram-se. Remus é um adolescente novamente. Nymphadora nunca se sentiu tão despreparada.

‘’Não importa o que sinto e o que acho. Mas, ao mesmo tempo, importa. Porque eu me sinto perdido e porque me acho insuficiente. Mas, além de tudo... Além dessas fraquezas humanas, dessas fraturas dolorosas e antigas... Ah, Nymphadora. Eu sinto o amor mais pueril de todos e acho que te amo com todas as velhas forças que me restam. ’’

E, magicamente, lá estavam eles: Os cabelos cor de framboesa, curtos e repicados. Livres. Remus não teria de se preocupar com os cabelos castanhos de Nymphadora. Não mais. E Nymphadora não teria de submeter-se a vestir desagradáveis vestidos floridos. A fragilidade emocional faz umas coisas hilárias, não é? Ela não precisaria mudar para fazer alguém lhe amar.

‘’Meu grande amor da minha vida’’ Ela murmurou, subitamente encantada e achando-se a mulher mais brega de todo mundo. ‘’Céus! Finalmente posso tirar esse vestido’’ Quebrou o romantismo, fazendo uma digna careta, caçando o zíper que se encontrava em suas costas, inutilmente falhando. Caiu na cama, risonha.

‘’Permita-me ajuda-la’’ Remus sorriu um sorriso que alcançou seus olhos e fez charmosas ruginhas aparecem. Debruçou-se sobre a moça, uma expressão concentrada adornando seu rosto. Caçou o zíper com os dedos ligeiros. Ele sentia-se mais jovem perto dela. Ela sentia-se ainda mais desprendida perto dele. 

‘’Um verdadeiro cavalheiro’’ Nymphadora falou-lhe, beijando seu nariz, desconcentrando-o.

Tudo estava resolvido.

 


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Castanho" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.