Pedaços Transformados escrita por Kurohime Yuki
melhor coisa do mundo
outubro, duas semanas e dois dias
Luke abriu a porta e recuou alguns passos, fechando-a, olhando para o número na parede e para a porta, para ter certeza que estava no lugar certo, na sua casa, e não num universo paralelo.
Segundo sua irmã, universos paralelos abrigavam todos os "e se's" em e se's variados. Então se a parede da sua casa tinha a cor que ele lembrava-se da última vez, isso significava que aquela era sua mãe e sua irmã. No sofá. Com os pés sobre o centro. Próximas uma da outra. Comendo sorvete. Diretamente no pote.
Luke abriu a porta de novo.
—Hum - murmurou.
A visão ainda era impressionante.
Era algo que não podia acreditar.
Era algo que acontecia apesar dele não poder acreditar.
Era algo que ele perguntava-se como aconteceu, porque há alguns minutos, quando saiu para comprar gotas de chocolate para fazer biscoitos, Luke tinha deixado uma bem longe da outra. E agora elas estavam assim.
—O que aconteceu? - perguntou finalmente.
“Mamãe terminou com aquele patife” sua irmã movimentou apenas os lábios.
Liz enfiou mais uma colher de sorvete na boca.
—Foi melhor assim, querida - disse Julie verbalmente, passando a mão suavemente pelas costas dela. - Ele não era bom o suficiente para você.
—John não tinha o que eu queria - concordou Liz, com um suspiro e mais um pouco de sorvete.
—Você parece uma aproveitadora, mamãe - comentou Julie. - Ele não era rico o suficiente? - provocou.
—Você parece solitária - murmurou Luke para si, deixando suas compras de lado e sentando-se ao lado dela.
Terminar um namoro não era fácil... a menos que você Luke e a garota Lydia e eles nem se gostassem. Luke não gostava muito de John e não o odiava, quem tinha que gostar dele era sua mãe, e quanto eles estivessem felizes, John respeitasse-a, Luke ficaria igualmente feliz.
—É? - Liz sorriu, passando um braço ao redor dos ombros dele. - Eu não estou. Eu tenho duas das pessoas que eu mais amo no mundo aqui comigo. Só falta o Calum. Cadê ele? - perguntou, olhando ao redor, como se ele fosse aparecer de repente ou pular de trás do sofá.
—É, Luke, cadê o Calum? - sorriu Julie, arregalando os olhos inocentes enquanto os lábios curvavam-se num sorriso maligno.
—Não te interessa, Julie – murmurou Luke, mordaz, puxando a colher de sua irmã para si e pegando um pouco do sorvete de toffee.
Julie sorriu mais ainda, porque, sim, interessava.
Luke levantou a colher como se para lembrá-la de que não, eles não falariam sobre isso agora – Julie não poderia concordar mais.
—Mãe - disse ela. - Por que a senhora realmente terminou com John?
Liz inclinou a cabeça, repousando-a sobre a cabeça da sua filha e respirou, aspirando aquele cheiro doce e único que era tão somente dela.
—Porque ele não tinha o que eu queria - confessou. - E isso não era justo nem para mim nem para ele.
—Mãe - exigiu Julie. Essa não era a verdade. Ou talvez toda ela. De qualquer jeito, sua mãe achava que mentia.
—Filha.
—Diga.
—Dor de cotovelo - anunciou Liz, balançando a cabeça para si com “hum-hum”.
—Hum? - murmurou Julie, confusa. - Como assim?
Liz revirou os olhos.
—Ciúmes de Andrew.
—Papai está... - Julie parou e recomeçou: - Não está mais aqui.
—Na defesa de John - disse Liz - o ciúme era válido.
—Como assim? - questionou Luke.
—Quando se ama alguém - respondeu sua mãe, com uma pausa desnecessária e dramática - nada pode competir com.
—O que isso quer dizer?
—Não estou pronta para um relacionamento. Ou quero um. Agora. Eu percebo - disse ela pausadamente. - Andrew é a maior paixão da minha vida. É - repetiu Liz para mostrar que não se confundiu - e sempre será. Quando você ama alguém, nada pode competir. E, mesmo que ele não esteja mais aqui, eu... Eu ainda o amo. E namorar alguém quando amo outra pessoa desse jeito não é certo.
—Você sente saudades do papai? - perguntou Julie.
Liz assentiu.
—Todos os dias da minha vida.
—Você alguma vez se arrependeu?
—Não. Nunca. Bem, nunca também é um exagero. - Ela revirou os olhos. , Teve vezes que eu ficava com raiva e me perguntava o que tinha na cabeça para me relacionar com ele, mas então eu me lembrava ou ele me lembrava o quanto o amo.
Liz respirou suavemente, os lábios puxando num sorriso mais suave, perdida em pensamentos, em momentos quando Andrew era um idiota e ela o odiava e então ela percebia que era o seu idiota e o amava, porque era seu, porque era seu e ela podia amá-lo e odiá-lo com a mesma intensidade e honestidade.
Liz arrependia-se de muitas coisas a respeito de Andrew, mas ela orgulhava-se ainda mais de tê-lo em sua vida, de tê-lo com ela até que não pudesse mais.
Andrew era dela.
Ela era de Andrew.
E isso era algo que não se encontrava facilmente, que nada podia substituir, que não tinha como nada competir.
—Estou triste por não tê-lo mais ao meu lado - disse depois de um tempo. - E feliz por tê-lo tido. E ninguém nunca conseguirá substituí-lo. Quando você encontra alguém que se sente assim - começou Liz e Luke soube que aquela era uma frase para sua vida - você tem que agarrá-lo e nunca deixá-lo ir.
—Mesmo que ele não te queria do mesmo jeito? - questionou Luke.
—Existem várias formas de se estar com alguém, Luke – respondeu sua mãe, num tom conspiratório, contando uma verdade universal e ainda sim um segredo terrível. - Agarrar e nunca deixá-la ir significa estar ao lado dessa pessoa. Não importa se ela o veja do mesmo modo ou não. Amar alguém não significa ser amado de volta.
—E quando é?
—Quando é - Liz sorriu - é a melhor coisa do mundo.
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