Pedaços Transformados escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 234
Aprender




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aprender

setembro, dois dias depois

—Ei, mãe. – Riu Liz. – E ele diz “ei, mãe”. Ei, mãe, seu idiota, estúpido, arrogante, egoísta, superficial...

—Mãe!

—Quando você vai aprender a não seguir os passos de Julie? Se o mundo estiver acabando, você vai salvá-la primeiro?

—Não é...

—Se ela chorar, a culpa é sua?

—Isso não é...

—Se ela mandar roubar, você ira roubar? Se ela pular de um penhasco, você vai pular também? Se ela mandar que você desapareça e nunca mais...

—Mãeee.

—Deixe eu terminar e então me interrompa! – Liz respirou fundo, sem mais palavras que quisesse dizer. – Eu disse a vocês para nunca mais fazer algo assim e o que você faz? Exatamente o mesmo! Você nem pode dizer que eu nunca disse nada quanto a isso! Você é idiota ou o que? Você é meu filho?

—Descul...

—Você é filho do seu pai realmente, aquele idiota – suspirou Liz. – Será que nenhum dos meus filhos puxou a mim? Será que era pedir de mais que algum dos meus filhos puxasse a mim?

Luke revirou os olhos para si. Momento dramático. Julie tinha herdado isso. Mas não seria ele a apontar. Julie também tinha herdado a habilidade científica avançada. Ele ficou com o juízo e senso de responsabilidade, mas não era um bom momento para falar sobre isso.

—Pare de revirar esses olhos! Se não fosse por Julie eu não saberia onde vocês estão!

—J-Julie? - Luke engasgou. - Você está falando... Oi? - Ele piscou, boquiaberto. - Ela deixou...

—Um recado - completou Liz. - Uma boa filha.

—Hã, sim - Luke concordava. Era sempre a imagem da sua irmã que vinha na sua cabeça quando pensava em boa, não importava de qual tipo.

—Eu não gosto desse seu tom para minha boa filha, minha melhor... Ei, como está Calum? - perguntou Liz, casualmente.

Luke não caia nessa.

—O que você sabe? – murmurou ele, dando as costas ao assunto em questão e sussurrando.

—O que eu tenho para saber?

—Nós vamos ficar aqui – respondeu Luke, confiante. Era uma resposta segura, não era uma resposta desconfiável. Calum não iria estranhar nada por essa resposta. Luke podia dizer a sua mãe que eles iriam ficar, não podia?

—Hum – murmurou Liz, pensativa. – Então ele ainda não está bem.

—Desculpe, mãe. Não vamos poder ficar com você.

—É um não estar bem que ele não precisa de mim – refletiu ela. – O que aconteceu?

—Julie está dormindo ainda – respondeu Luke.

—Só podia ser aquela idiota. Por que eu tenho filhos tão idiotas?

—Você vai ficar bem sozinha?

Liz traduziu aquilo como “vamos ficar bem” e ela suspirou de alívio – eles iriam ficar bem, ela tinha que parar de querer colocá-los numa bolha e proteger o mundo deles. Ás vezes o que o mundo precisava era de um choque de realidade e nesse momento quem precisava desses era ela. Seus bebês não eram mais bebês e eles estavam bens uns com os outros.

—Quem disse que eu vou ficar sozinha? – bufou Liz. – Eu vou sair.

—Sair? - repetiu Luke, cético.

—É, sair - concordou Liz. - Eu tenho vida longe dos meus bebês.

Luke nunca se esquecia disso - não que... Sua mãe era presente, tão presente quanto ela podia e Luke não a culpava. Ultimamente ela era mais presente do que ele lembrava-se depois que seu pai morreu, mais presente desde que Julie havia tido um chilique e ela tinha anunciado que estava namorando.

Luke não conseguia esquecer que sua mãe tinha vida longe deles. Estava gravado na sua memória, na forma como ela tão sem... Na forma como ela disse que tinha um namorado no aniversário do seu pai.

Luke queria ficar com raiva - ele ficou com raiva.

Luke queria seguir Julie gritar e não ser o responsável, o que tinha juízo, o que pensava. Mas ela estava certa.

Sua mãe tinha uma vida longe dos filhos.

E com certeza ela deveria ter uma longe do marido morto.

—Você vai sair com John? - questionou Luke, casualmente, tão casualmente que não se impressionou quando Calum bateu o quadril no dele, como Julie tinha feito antes com ele, e, quando Luke virou-se para perguntar o que era, foi recompensado por um pedaço de panquecas empurrado na sua boca. - Argh - Luke rosnou para ele, mastigando de má vontade.

—Não. Vou sair com Anne...

—Sem apostas - interrompeu Luke, engolindo em seco. - Por favor. Você e Anne deveriam parar de apostar acima dos filhos.

—Claro que não - zombou Liz. - Vai querer entrar no novo bolão?

—É sobre o que? - questionou, curioso.

—Quando eles vão terminar.

—Hum? - Luke estava surpreso. As maiores fãs de Jush era Liz e Anne e elas estavam apostando sobre quando eles iriam terminar?

—Não assim. - Liz riu. - Estamos apostando num término falso.

—Eu estou dentro - anunciou Calum.

—Hum? Você nem sabe do que estamos falando - disse Luke.

—Eu tenho uma idéia. E estou dentro.

—Ei - chamou Liz - diga a Kora que vamos passar aí daqui a pouco.

—Hum?

—Ela vai sair.

—Hum? - Luke queria saber qual era o problema da sua família hoje, porque ele não acreditava que sua sobrancelha pudesse subir mais.

—Noite das mamães - cantarolou Liz.

—É de manhã - discordou ele.

—Tanto faz. Ah, e eu disse aos garotos que vocês estão aí, eles devem chegar a qualquer momento.

—Que garotos?

—Seu amigo. Seu cunhado. Aquela outra garota que parece que é amiga de Julie.

—Parece? - balbuciou Luke.

—Eu ainda fico cética por minha filha dizer que tem uma amiga - murmurou Liz. - Quase nunca a vejo. É como se Demi só aparecesse quando Julie precisa de desculpas para não fazer ou fazer algo.

—Certo - disse Luke lentamente, não querendo comentar. Ele não gostava de comentar sobre as amizades de sua irmã, porque quebrava as regras da irmandade geminiana e porque, alguma parte dentro de si, não queria aticá-la a encontrar amizades que realmente precisava de comentários.

As amizades eram de Julie e por mais estranhas que fossem, quais segredos e ameaças as mantinham em pé, elas funcionavam.

E Luke não estava reclamando.

—Sim, tenho que ir. Tchau, qualquer coisa ligue - despediu-se Liz. - Empurre Julie da cama e a acorde e diga a Calum que o amo. Ah, e não deixe Julie e Ashton sozinhos, a outra aposta, aquela que você não quis participar - acusou ela - é sobre quanto tempo eles aguentam até que decidam desaparecer.

—Eu não vou nem perguntar onde está o seu juízo - murmurou Luke.

—No mesmo lugar que o seu ao decidir pegar o carro e sair e não me dizer - retrucou sua mãe. - Eu te amo.

Luke suspirou. Isso era um tchau definitivo muito mais do que um tchau realmente seria.

—Eu também.


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