ele já sabia

maio, quatro meses atrás

—Ei! - reclamou Calum assim que caiu. - Ei! - repetiu, sentando-se no chão. - Ei! - repetiu, para ter certeza que estava sendo entendido. - O que você está fazendo?

—O que você - cuspiu Luke as palavras para fora - está dizendo?

—Oh, sim, Lydia - zombou Calum, levantando-se e levando suas roupas que estavam no chão juntas. Como elas tinham parado ali? - A Santa Lydia. - Ele vestiu sua calça. - A mais leal e bondosa Lydia. - Sua blusa. - A verdadeira e magnífica Lydia. Lydia. Lydia. Lydia. Lydia. - Uma vez que começou Calum não conseguia mais parar. Lydia, Lydia, Lydia, Lydia. - Deve ser por isso que você ama, não é? Oh, Lydia, eu te amo tan...

Luke queria que Calum engolisse as palavras que dizia, que parasse de falar, que parasse de dizer o que ele já sabia.

Ele não amava Lydia.

Nem um pouco.

Nem.

Um.

Pouco.

Luke não precisasse que Calum lhe dissesse isso - ele já sabia! Ele já sabia que não amava e nem nunca iria amar Lydia, que Lydia era irritante e irritante e que só estava com ela porque... Bem, por que ele não estaria?

—Pare - pediu Luke, rangendo os dentes e estralando os ossos da mão ao batê-la contra a parede, ao lado de a cabeça de Calum. - Só. Pare.

As mãos de Luke formigavam, seu corpo formigava, seus olhos formigavam - Luke não sabia onde terminava e onde seu melhor amigo começava, não sabia porque ele estava falando e falando e falando e sempre falando, parecendo que nunca iria parar, mas Luke só queria que ele parasse. Luke não precisava que Calum lhe dissesse tudo isso - ele já sabia! Ele já sabia, ele já sabia, ele já sabia.

Luke Hemmings era um idiota, ele sabia.

—Ahn, garotos... – começou Julie, parando na porta indecisa. - Alguém quer me explicar o que está acontecendo?

Luke não queria.

Nem Calum. Dizer a Julie? Não, obrigado.

—Nada – responderam os dois em conjunto.

—Nada? - ecoou Julie, cética. - O fato de vocês dois estarem tão próximos que eu acharia que se beijariam, mas que parecia que você queriam se matar, não é nada? – perguntou ela, piscando.

—Não é nada que você precise se preocupar – murmurou Luke, olhando para seu amigo, como se dissesse "não é, Calum?"

—A verdade – pediu sua irmã, não convencida. Hã-hã, sim, ela estava acreditando.

—Eu acho que você quem deve dizer – sugeriu Calum, dando de ombros e retornando o olhar com um que dizia "eu acho que você sabe que é mentira".

—Certo – disse Luke, retirando a mão que mantinha ao lado da cabeça de Calum e colocando-a na nuca, suspirando. Sim, certo, ele sabia que era mentira. – Lydia deu a entender para Calum...

—Ela disse com todas as palavras sem dizer as palavras – murmurou seu amigo.

Luke continuou como se não tivesse ouvido-o:

—Que queria algo com ele...

—Lydia? - interrompeu Julie, chocada. - Lydia, tipo sua namorada Lydia?

Ela sabia que Lydia era uma vadia, mas não vadia ao ponto de dar em cima do melhor amigo do namorado. U. A. U. Sem palavras.

—A mesma – concordou Calum com um aceno.

—Que vadia! – assobiou Julie.

—Mas Luke não acredita – contou Calum, lançando um rápido olhar ao próprio.

—Ele é um idiota.

—Eu estou aqui – lembrou Luke, acenando para sua presença esquecida.

—Você é um idiota – disse Julie diretamente a seu irmão, surpresa por... não, nem um pouco surpresa.

—Eu sei – murmurou ele, passando por Julie que continuava na porta, como se não tivesse ouvido e concordado na primeira vez.

Ele já sabia.

Ele já sabia, ele já sabia, ele já sabia.

Luke suspirou.

Ele era um idiota.

Um idiota traído.

Um idiota traído e consciente da traição.

Um idiota traído e consciente da traição, que tinha o melhor amigo que poderia pedir. E gay.

(Sua sorte - Luke tinha quase certeza que se Lydia tivesse se oferecido para Michael ou Ashton... Luke não estava colocando a mão no fogo por eles.)

Oh, ele era um idiota tão grande, suspirou Luke, aceitando seu destino.