Pedaços Transformados escrita por Kurohime Yuki


Capítulo 136
Não se lembrava




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não se lembrava

maio, 2 anos atrás.

—Julie. – Luke deu alguns passos antes de se virar. – Onde está Calum?

—Hum... – Ela tomou outro gole, aproveitando a sensação de estar quente e quente e não gelada. Ela sempre estava tão gelada, principalmente agora; tão fria e indiferente e vazia, que era bom sentir-se cheia e completa por uma vez. – Eu não o vi.

—Você estava com ele – apontou seu irmão.

—Eu não o vi – repetiu.

—Onde você o viu pela última vez? – perguntou Luke, impaciente.

—Eu não o... oh, eu não sei. – Julie franziu a testa, inclinando a cabeça para o lado, enquanto pensava. - Eu não... lembro?

As coisas estavam um pouco etéreas e talvez um pouco brilhante demais, mas... mas... Julie não se lembrava. Isso era estranho. Tudo estava limpo, sua consciência não flutuava sem rumo, então por que as coisas brilhavam em diferentes tonalidades e pareciam fantasmagóricas? Julie não se lembrava. Não importava – se ela não se lembrava, então não era importante.

—O que você disse mesmo? – perguntou, piscando de volta para seu irmão. – Eu não lembro o que você perguntou.

—Fiquem de olho nela – pediu Luke, mas seus dois amigos desviaram os olhos. – Por favor. - Luke sentia um déjà-vu, algo na linha "o que vai, volta". – Eu volto logo.

—Eu mandaria você ficar de olho em si mesmo – aconselhou Julie, balançando a cabeça para si. – Ou pediria para procurar Calum. Eu posso me virar sozinha.

—Eu tenho certeza que sim, mas eu não quero arriscar minha sor...te – terminou vagamente. - Você não tinha se esquecido que Calum estava perdido por aí?

—Eu tinha? – Ela tinha? Aquilo era tão, tão ela. – Tome cuidado com quem você decide ter momentos de ligações.

—O que você quer dizer? – questionou Luke, confuso.

—Do que você está falando? – retrucou Julie, levemente irritada, no caminho para a irritação completa... – Sério, Luke, vá pegar sua bebida e me deixe divagar em paz, eu não posso nem refletir se o que eu estou vendo é real ou não, ou sobre o quão bêbada estou. Cara, me deixe em paz. – Ela balançou a cabeça, estralando a língua. – Agora você quer saber até que dia vou me casar? Ou quando vou conhecer e adotar minha pequena... – Julie calou-se, arregalando os olhos. – Ops, não era para você saber disso. Ainda não. Não agora. Você ouviu o que eu disse?

— Do que você... Quer saber? – Julie não queria. – Não me diga. Eu estou indo. Tchau – gritou, levantando a mão em despedida, sem olhar para trás. - E boa sorte.

Julie queria saber para quem ele desejava isso, porque ela não precisava de sorte e nem de boa sorte e nem de meia sorte e nem de má sorte. Sorte não existia. Não para ela.

—Então... – Julie virou-se para os seus... Ela não precisava nem de amigos! Sua vida já estava completa! – Eu estou te vendo, Calum – cantarolo, aproximando-se. – Agora venha me fazer companhia que nós vamos dança-aar.

Julie requebrou seus quadris, da maneira mais vulgar e robótica que conhecia, e tentou não rir com o olhar escandalizado do seu melhor amigo – cara, era tão bom não estar bêbada e ter todos pensando que sim.


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