Um Tom a Mais - College Days escrita por Benjamin Theodore Young


Capítulo 2
- Ainda, Quase Ontem -


Notas iniciais do capítulo

Olá pessoal, foi demorado, mas enfim consegui postar o primeiro capitulo. Obrigado pelo carinho espero que gostem.

Ps. Logo mais farei um Tumblr com fotos de como imagino os personagens, eu tinha um da primeira parte, mas foi excluído.



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          Confesso que inicialmente a minha vontade não era abrir o envelope timbrado com as iniciais da prestigiada universidade a qual eu, tão mero, pleiteava, eu ansiava drasticamente por ter mais certeza de que não ingressaria, do que ao contrário disso tudo.

            - Vamos Crispim, abre isso logo – atou minha mãe nitidamente mais aflita do que eu.

            - Não sei se consigo – respondi ainda segurando o envelope entre os dedos com as pontas suadas e frias – Abre a senhora – me desvencilhei do envelope, jogando-o em cima do balcão da cozinha, enquanto ela direcionava-se a ele para alcança-lo.

            - Meu Deus Pim, quanta angustia – suscitou Charles, o então marido da minha mãe. Sim, depois daquelas férias de verão nos Hamptons, ambos se casaram alguns meses depois, além disso, tinha mais um pequeno na família, Luke, formando então, aquilo que minha mãe sempre muito orgulhosa amava dizer, “meus três mosqueteiros, Sammy The Oldest, Pim The Glommy and Luke The Sunshine”.

            - É o medo – respondi a Charlie – E se eu não consegui? E o Tom? – indaguei desesperançoso – His already there!— Lembrei dizendo.

            - Então é tudo sobre o Thomas afinal? – Questionou minha mãe rasgando o envelope – você não quer ir pra lá?

            - Ah mamãe pelo amor de Deus não começa vai, a senhora entendeu bem – retruquei, enquanto ela tirava a carta de dentro do envelope, e meus nervos iam a mil.

            - He only want’s to fuck a lot mom! It’s all about Tom... – Remendou Sammy rindo, me trazendo o constrangimento nítido e o corar na face só de imaginar minha mãe pensando na cena.

            - Shut the fuck up Sammy— respondi lhe atirando uma maçã, enquanto minha mãe o repreendia consternada, e no canto direito da cozinha, Chalie chacoalhava os ombros tentando segurar o riso, me fazendo corar mais ainda.

            - Vocês dois, parem! – Ralhou minha mãe, sendo interrompida pela babá, dizendo que o pequeno Luke havia acordado – Ok Silvia! – respondeu colocando a carta em segundo plano, e me deixando mais aflito ainda.

            - Mamãe a carta?! – Questionei-a receoso.

            - Bom, vamos ver o que temos aqui – Abriu a carta dobrada, e após uma brevíssima leitura, simplesmente berrou atirando-se aos meus braços – Honey, YOU GOT IT!

...

 (Spoon – The Underdog)

Universidade de Boston, Massachusetts.

         À medida que o carro do Charlie ia se aproximando do campus a qual eu me instalaria, ali em alguma daquelas centenas de alojamentos, o frio na barriga do inesperado era surpreendente, era certamente um misto de sensações incríveis e medo, mas aquele medo adolescente, cheio de receios, de “serás”. Foi nesse meio tempo, entre o parar do carro e o abrir do porta-malas para descer as bagagens, que recebi uma mensagem do Tom: 

[Tom] Already here?

[Pim] Fuck yeah! Lol

[Tom] S2 S2 S2  

[Tom] gimme 10 I’ll be there, luv ya

[Pim] Ill won’t leave lolol luv u 2 – YOU, not the band hahaha

[Tom] such lame hahaha

[Pim] haha douche!!!

[Tom] asshole... 

            - Thomas na área? – Perguntou minha mãe tentando ser legal.

            - Na área mamãe? Sério isso? – E ri em seguida, fazendo com que Charlie também risse e complementasse:

            - Precisamos de uma reciclagem em gírias atuais amor – finalizou com um sorriso para minha mãe.

            - Disse que já está vindo pra cá! – Atei.

            - Ótimo pelo menos não fica sozinho...

            - Sozinho? Claro que não mamãe, impossível, olha o tamanho disso aqui! – Respondi apontando para o campus e para as centenas de pessoas novas e “velhas” que circulavam por ali, eram outros vários, que assim como eu, estavam chegando com seus pais, providos daquele paternalismo de sempre, muitos abraços, concelhos, beijos, algumas mães chorosas, enfim, os excessos das famílias normais.

            - Vamos indo – Disse Charlie pegando uma das malas, enquanto eu alcançava minha mochila no banco de trás do carro, e jogando-a nas minhas costas, apanhei uma segunda mala, essa um pouco menor que o “baú” que Charlie arrastava (risos), enquanto minha mãe empilhava em seus braços duas pequenas caixas de papelão com alguns livros meus e pequenos pertences, aqueles, sempre essências, a qual a gente mesmo que numa curta viagem, nunca saímos sem, aqueles pequenos detalhes e apegos emocionais, sejam pueris ou necessários. Caminhamos alguns metros, atravessando um extenso gramado verde e com arvores frondosas, abrigando algumas pequenas barracas e expositores de cursos-extracurriculares, porém auxiliares na formação, entre tantas tendas, tantas oportunidades, algumas continham até uma certa aglomeração, foi nesse momento de múltiplas informações que rolaram as apresentações daqueles que seriam dali em diante, os coadjuvantes, da minha história universitária.

            — Look out douche! – retrucou um loiro grosseiro, a qual eu, despercebido havia ligeiramente trombado em seu ombro, devido à atenção e olhares perdidos em outras coisas, quando olhei pra trás com espanto pelo esbarrão forte, o peguei rapidamente olhando para trás de volta, como quem diz “o que foi?”, e vi, não, não era um garoto qualquer, era simplesmente um deus grego, logo eu, que tanto fujo dessas expressões “cafonas”, não pude deixar de ter como único pensamento; “que deus grego”, ele era lindo, era alto, sobressaía a multidão, podia jurar que tinha uns dois metros, tinha ombros e braços infinitamente riscados e fortes, endossados por uma camiseta cinza clara de manga curta, que carregava o brasão da universidade, cabelos ondulados e dourados, cerrado nas laterais e caindo na testa suavemente alguns fios da franja média, complementados por olhos raivosos e de cor inesquecível, foi nesse instante, que ouvi uma voz um tanto fina e anasalada por trás de mim:

            - Be careful, or you’re going to have a erection! – Virei para trás a fim de reconhecer o que era, e estava na minha frente, o ser mais magro que já vi na minha vida, e se em algum dia dela, eu reclamei da minha magreza, bem, a partir de hoje, não mais. — Hi, Taylor Langdon— e estendeu a mão a fim de me cumprimentar, a qual o fiz educadamente. – Gostaria de conhecer a nossa tenda – perguntou ele apontando para ela, do outro lado – temos cursos superinteressantes, que você com certeza vai amar, porque meu bem, tudo que me engloba, é maravilhoso – respondeu rindo e espontâneo, suscitando em mim pouco de vergonha alheia.

            - É, na verdade preciso achar minha mãe, ela deve estar perdida com isso aqui – respondi tentando me desvencilhar dele e ao mesmo tempo notando, que eu realmente os havia perdido.

            - Não seja desleal com a classe amigo, venha nos conhecer – atou, me deixando confuso.

            - É, bem, eu não entendi – respondi franzindo a testa.

            - Você é gay não é? – Respondeu rindo de canto de boca.

            - Hey!— Interrompi-o – Do nada? Você nem me conhece – atei meio nervoso.

            - Ai amigo relaxa, estamos entre irmãos – complementou com risos – e nem vem vai, depois da secada que você deu na bunda do Hastings, das duas uma, ou você queria muito aquele jeans Armani que ele estava usando, ou gostou muito do que estava vendo, bubble butts, (risos), quem não gosta não é verdade, mas se me falar que você estava só olhando mesmo por causa do jeans tão maravilhoso quanto a bunda dele, isso também vai soar suspeito, por que nenhum hétero repara no jeans do outro, a não ser que você seja o David Beckham, sim, eu conheço um jogador de futebol, não pelo jogo, mas pelo desempenho – gargalhou – entretanto até ele sendo ultra-mega-metrossexual, soa muito gay aquele cuidado todo – finalizou a analise segurando no meu pulso e me arrastando pra tenda dele, enquanto eu ainda perplexo e totalmente perdido, olhava pra ele segurando meu punho, sem saber como reagir. – A propósito, o loiro absurdo que você fitou, (risos), chama-se Sebastian Hastings, mas não vale a pena, um homofóbico do caralho... – Paramos por fim na frente da tenda, eu ainda carregando certo inconformismo com todo aquele achismo dele, ainda que perspicaz e assertivo, porém, não era da conta dele.

            - Cara, na boa, você deve estar me confundindo com alguém, não tá legal essa sua, - Pausei rapidamente analisando o que diria – bem, incursão – pontuei me virando a fim de sair dali o mais rápido possível, quando então outra mão surgiu para me cumprimentar, fazendo-me indagar instantaneamente, “quantas mãos terei de cumprimentar até chegar ao meu dormitório”, pensei em voz alta, causando no rapaz que havia me estendido a mão um sorriso sútil apenas de canto de boca, e me fazendo corar de vergonha por tamanha indelicadeza, olhando outra vez: “HOLY SHIT”, gritei em pensamento, “is this a fucking Abercombie and Fitch  modeling? O rapaz dessa vez, era um deus de ébano, PORRA, preciso definitivamente rever meu vocabulário. – Oi, foi mal cara, não quis parecer grosseiro – estendi minha mão afim de minimizar a atitude anterior, que fora apertada com alguma firmeza tentando deixar claro a sua “diferença”.

            - Não tem problema – sorriu – aposto que a diva aqui – disse apontando para o magrelo – deve ter te assustado com a falação dele – concluiu dando uma piscadela ao rapaz que me levou até ele e dando um sorriso maroto.

            - Confesso que sim – argumentei – mas preciso mesmo encontrar minha mãe e o meu padrasto, eles estão com minhas coisas por aí...

            - Não se preocupe – respondeu o garoto – aqui dificilmente alguém se perde! Você não quer mesmo dar uma olhada nos nossos cursos? – O rapaz era lindo, e de um sorriso avassalador, aqueles dentes extremamente brancos e perfeitos, simplesmente me deixou inquieto, afinal, onde EU estive na fila da divisão de beleza? Tinha porte atlético, de estatura média, cabeça raspada e ombros avantajados, exalava um cheiro peculiar, não era de perfume bom ou algum creme para pele, mas era um cheio neutro, suave, de alguém que acabara de tomar banho, tinha um pequeno trejeito que notei logo, toda vez que perguntava algo, levantava sugestivamente a sobrancelha direita a fim de corroborar com a pergunta, deixando ela, a questão, não só questionadora, mas totalmente charmosa.

            - Man— soltei, tentando desvencilhar-me.

            — Come on bro, just a quick look!— Foi então, que me rendi.

            - Estes músculos e sorriso, são sempre difíceis de dizer não né? – Riu o magrelo indo para o lado do rapaz, que por fim apresentou-se:

            - Travaughn Lamark – disse sorrindo – Shut up Taytay, you’re being weird all day, come on bruh!

            — Sorry, not sorry! — E riu, retirando-se do local – Vou ali angariar mais alguns candidatos, e já volto, enquanto isso Trav, faça o favor de converter essa pobre alma, para o lado negro da força, ou melhor, colorido – gargalhou – a propósito garoto – disse direcionando-se a mim – o Trav – apontou fazendo caras e bocas – também é gay, talvez com ele, as suas chances sejam, digamos, mais palpáveis, se é que você me entende. – E saiu saltitando, sim, saltitando, aquela cena era real?

            - Douche— sussurrou – I’m sorry I... He’s a fucking idiot. Well let me see what we have here— disse ele mexendo nos papeis um tanto aturdido.

            - You can ask if you won’t it— sugeri.

            - What?— Respondeu ele levantando os olhos para mim.

            - If am gay...

            - Uh, it’s not my problem— respondeu voltando aos papéis.

            - Ok!— Respondi sucinto.

            - Ok!— Remendou – Ok are you?— Perguntou rápido e curioso me fazendo rir com a confusão dele.

            - Yes I am, - soltei levemente - and I have a boyfriend...

            - Ow cocky— disse baixinho e rindo sarcástico – Im not asking you for a date— e voltou a rir levantando um panfleto a minha vista.

            - Sorry, I... I didn’t mean it.

            - No problem...— Respondeu, por fim me mostrando o panfleto que queria.

            - Obrigado – respondi pegando o panfleto de sua mão, e lhe retribuindo com um sorriso.

            - Dá uma olhada com carinho, é bem bacana esse curso, acho que você vai gostar!

            - Bem, espero que sim, mas pode deixar, vou olhar com atenção...

            - Desculpa, eu não perguntei o seu nome...

            - Puts, foi mal, eu quem deveria ter falado, Crispim, mas pode me chamar de Pim!

            - Bacana Crispim! Quer dizer, Pim, foi um prazer te conhecer, espero te ver em breve – sinalizou com um rápido aperto de mão – a propósito, vai ter uma festa hoje na Kappa Sigma Pi, minha fraternidade, cola lá! – Finalizou virando-se para uma garota que se aproximou da bancada. Dei alguns passos a esmo e pude por fim avistar o Charlie e minha mãe encostados a um pilar

            - Hey!— Disse me aproximando deles. – Me desculpa, mas eu acabei me entretendo com uma das tendas, foi mal.

            - Poxa Crispim, faz um tempão que estamos tentando te achar, você não está olhando o seu celular? – Perguntou minha mãe um tanto brava.

            - Deixei no silencioso, e não olhei ainda – foi quando me lembrei “Thomas”, ele provavelmente deveria já estar chegando. Saquei o celular do bolso e justo na hora ele estava ligando.

            - Ah, muito bem, agora você atende? – Questionou questionou minha mãe...

            — Hey babe!

            - Pimmie, 20 minutes I’ll be there, caught in a middle of accident, ok?

            - Gosh, are you ok?

            - Don’t worry, it wasn’t me, just close to me, but I’m fine, don’t worry... Have you found your dorm?

            - Almost, I’ll be waiting you there...

            - Ok then, see ya!

            - See ya, love you...

            — Love you too! 

            — Ele está chegando? – Perguntou Charlie.

            - Vai demorar um pouco, parece que teve um acidente próximo a ele ou algo do tipo, mas daqui a pouco ele está aqui. Afinal, vamos tentar achar o dormitório – concluí colocando-me a frente deles.

...

            A primeira vista, era melhor do que eu imaginava, bem, pelo menos a parte que me cabia do dormitório, a outra parte já aparentemente ocupada, estava carregada de pôsteres, prateleiras, e ouso a dizer, entulhos, o morador a princípio não estava, o que me deu mais liberdade para entrar de uma vez no quarto e me instalar. Foi nesse momento de novidades, entre o abrir de uma mala e outra, que minha mãe se sentou na cama a qual eu dormiria pelos próximos anos, e chacoalhou-a a fim de testa-la, deu alguns apertos com a palma da mão, olhou para mim e me chamou para sentar-me ao seu lado, o que fiz de prontidão. Em seguida, pegou em minha mão, e olhando para a janela grande do quarto avistava um longo jardim através dos vidros, conjecturou um pouco em silêncio, e com a voz embargada, começou dizer suave:

(David Gray – Hold on to Nothing)

            - Sabe meu filho, são estes momentos que vemos realmente aquilo que mais amamos esvaindo-se entre nossos dedos...

            - Mamãe... – tentei dizer algo.

            - Não Crispim, me deixa terminar, você vai entender!

            - Ok! – acenei com a cabeça.

            - Quando digo, esvaindo-se, perdendo, falo no sentido figurado da palavra, porque te perder, eu jamais iria, nem nas situações mais extremas dessa vida, veja, eu tive você, amamentei, vi seus primeiros passos, criei, amei, enfim, essa história manjada de mães protetoras – analisou rindo – mas no final das contas, tudo isso, todo esse esforço imenso, para dá-lo, ou melhor, envia-lo ao mundo, a partir de agora, se em algum momento você foi meu, não, definitivamente não é mais. Eu quero que você entenda Crispim, que tudo, absolutamente tudo, dependerá exclusivamente de suas escolhas, de seus caminhos traçados, aliás, acho que isso ficou bem claro há dois anos, quando você conheceu o Thomas. Então meu filho – continuava com a voz embargada e o queixo trêmulo – eu confio estritamente no garoto responsável que você é, mas veja, tenha cuidado, tenha paciência, tenha, sobretudo, essa coragem imensa em dobro, quero dizer, não uma coragem convencida, cheia de “eus”, mas sim, uma coragem verdadeira para enfrentar tudo aquilo que está por vir. As coisas e dificuldades, a qual você passou na escola por assumir ser quem você é, foram difíceis, mas o mundo pode ser mais cruel ainda, e mesmo com o Thomas do seu lado, isso não significa que você estará salvaguardado, pelo contrário, vocês enfrentarão outros tipos de guerras. – Suspirava entre uma frase e outra. – Lembra aquele dia que você chegou em casa chorando, porque uma horda de rapazes encurralou o Tom e você na saída da escola, para simplesmente jogar baldes de tinta em vocês dois? Lembro o quão difícil aquela situação foi para mim, fui a escola, conversei, houve inúmeras reuniões sobre, mas você parecia querer mais, parecia querer vingança, e que sobretudo, que eu agisse mais ainda, até o dia que você me disse aquelas palavras...

            - Mamãe, por favor, eu já pedi desculpas, eu fui apenas um menino idiota, tratando mal quem eu não devia... – respondi um pouco entristecido por ela, e aquelas palavras.

            - Calma, me deixa concluir! – Disse ela me olhando nos olhos e limpando os seus – Você disse, “a senhora tem vergonha de mim, do que tem dentro de casa, da minha escolha, por tanto, eu também tenho vergonha de tê-la como minha mãe”. Eu não tive opção naquele momento, se não, apenas me calar, o que certamente te enfureceu mais ainda, afinal, qualquer tentativa minha em mostrar o contrário seria em vão, porque você estava consumido de ódio e isso, eu não podia reverter naquele momento. Porém hoje meu filho, - Ela então segurou firme o choro para tentar concluir, enquanto as lágrimas ainda corriam a face – Hoje eu te digo, nunca tive absolutamente vergonha nenhuma de você, se não um orgulho imenso dessa pessoa incrível e de caráter a qual se tornou, e hoje, exatamente hoje, o meu único receio disso tudo, não é o fato de você ser o que é; o meu medo é o mesmo daquele dia, a qual te vi após aquela agressão gratuita, medo de não conseguir fazer mais, de me ver de mãos atadas, medo do que as pessoas são capazes de fazer umas com as outras, simplesmente por não as aceitarem, ou até mesmo, se aceitarem, por – tentava continuar falando – por preconceito. – Ela me abraçou forte, enquanto eu derramava uma lágrima sútil e continuou dizendo – por isso Crispim, não revide com ira, com ódio e murros, eles não os levarão a lugar algum meu filho, distribua amor, o seu sorriso incrível, a sua inteligência perspicaz, sobretudo a sua vontade de viver – E saiu de meus braços olhando firme em meus olhos, e com os dedos acariciava meu rosto arrumando alguns fios de cabelos soltos na testa – Eu te amo meu filho, eu te amo infinitamente.

            Após aquelas palavras, aqueles conselhos amorosos, confesso que minha vontade momentânea era de simplesmente voltar com ela pra casa, voltar pro meu quarto, meu lar, meu espaço, voltar para aquela vida que eu sempre reclamava ser previsível demais, porém eram certas para aqueles dias.

            - Então – disse Charlie entrando no dormitório – começou os choros – indagou rindo e se aproximando da gente.

            - Mais cedo do que imaginei – respondeu minha mãe – mas não se preocupe, não vou passar a tarde toda nisso. – E levantou-se apanhando um lençol, entendo-o na cama. – O Tom deu noticias novamente meu filho? – Perguntou enquanto esticava uma ponta do lençol...

            - Sim mamãe, mandou uma mensagem agora mesmo que estava dentro do campus, vou ali fora ver se o encontro.

            - Pois bem, vá enquanto termino de organizar, temos que ir também, o Luke deve estar com saudades. – Disse sorrindo.

            - Claro – ri concordando – Já volto.

            Atravessei alguns corredores, aqueles, cheios de cartazes, informações, portas de um lado e de outro, algumas dezenas de alunos chegando e adentrando seus dormitórios com mais pais chorosos (risos), foi quando no final do corredor, o avistei; O Amor da minha vida.

Era como se estivéssemos na escola novamente, ele lá, com aquela jaqueta de couro do time a qual representava, só que dessa vez, o brasão era Harvard, um jeans levemente surrado, tênis branco, e aquele sorriso todo sempre, meu. Acelerei meus passos a fim de me aproximar mais rápido, a vontade era correr, mas me pareceu pueril demais, enquanto ele apenas parou para que eu pudesse chegar até a ele, e simplesmente me joguei nos braços dele, sim, me joguei de braços abertos me derramando em apertos e sentidos, enquanto levava meu nariz para altura do seu pescoço, a fim de sentir o seu cheiro, e céus, aquele cheiro que só ele tem. Desculpem a descrição tão emotiva, mas quando se trata dele, (risos), não da pra segurar.

At last... – suspirei, enquanto ele me apertava mais ainda, fazendo alguns barulhinhos de manha.

— Eu nem acredito que vamos estudar na mesma cidade – respondeu ele. – Isso é tão bom...

— Podia ser na mesma faculdade, no mesmo campus, e no mesmo dormitório – atei rindo.

— Jamais – respondeu se afastando do abraço, enquanto me fitava – você é muito bagunceiro – concluiu desarrumando meu cabelo – Cadê seus pais? – perguntou curioso, enquanto eu o puxava para o caminho.

— Minha mãe você quer dizer – respondi...

— Caramba, não superou isso ainda? – perguntou ele um pouco irritado.

— Ué, mas o Charlie não é o meu pai – destaquei.

— Mas te trata como um filho – respondeu sucinto – é melhor não entrarmos nesse assunto de novo ?! – Sinalizou franzindo a testa – afinal você não é mais criança, porque quando digo seus pais...

Okay Thomas Green, I totally got it. – cortei-o a fim de não suscitar uma pequena briga. – Pronto, chegamos! – Indiquei, entrando no dormitório com ele, que rapidamente abraçou minha mãe e o Charlie, com aquela ternura de menino bem criado de sempre (risos). Gosh como eu odeio quando ele faz isso.

— Ai Thomas, que bom filho que você está aqui, me tranquiliza tanto – Disse minha mãe dando um leve suspiro.

— Até parece que a senhora tá deixando um delinquente aqui mamãe. – Respondi.

— Não Crispim, não é isso, você me entende Thomas?!

Sure Mrs. Cohen! I understand you. Don’t you? Crispim… - disse ele virando-se para mim franzindo a testa – “I totally got it”— citou-me como anteriormente, dando uma piscadela, fazendo um estalo com a boca e apontando o dedo indicador como quem diz; Te peguei.

...

Após duas horas, mais ou menos, entre arrumações e recomendações, minha mãe e o Charlie resolveram por fim ir, sem antes me deixar uma lista de cuidados e afazeres, a praxe parental (risos). Acompanhamo-los até o carro, e lá entre acenos de adeus, e sorrisos, surgiu um aperto imenso dentro do meu peito, uma vontade absurda de chorar, (como sempre), mas me contive de forma integra.  Vi o carro sumir no final da rua, e soltando um suspiro argumentei:

— Achei que seria bem mais fácil!

— Eu sei, eu também tive o mesmo sentimento um semestre anterior. Mas calma, é só o começo. – Respondeu Tom segurando a minha mão e me fazendo instantaneamente olhar para os lados, tentando captar algum olhar discriminador. — Hey, relaxa isso aqui é a faculdade, ninguém tá preocupado com quem você tá transando, ou quase ninguém. Não to dizendo que é um mar de rosas, mas é bem melhor do que parece. – contra-argumentou meu receio com sorrisos.

— Desculpa – chacoalhei a cabeça – É que por um instante pensei que estavamos na escola.

— Eu sei! – Respondeu me dando um rápido abraço – Vamos voltar para o dormitório? – Sugeriu.

...

(Shawn Mendes – There’s Nothing Holding me Back) 

Entrando no dormitório, Thomas rapidamente fechou a porta com o pé, e me abraçando por trás encaixando-me entre seu quadril, deu alguns beijos na minha nuca, em seguida me atirou na cama, arrancando sua jaqueta, e se jogando em cima de mim.

— Tá maluco? – Perguntei rindo, enquanto ele me beijava – E se o meu colega de quarto entrar doido, para Thomas, para... – dizia eu enquanto ele ria, e mordia meu lábio – Thomas! – Sinalizei empurrando-o.

— Que foi? – disse ele com a maior naturalidade – Olha o estado que eu já estou... – contra-argumentou apontando para sua ereção por debaixo do jeans.

— Cretino – respondi com um sorriso malicioso nos lábios – é pra isso então, a pressa em me ver em Boston? – me fazendo de rogado.

— Cala boca – respondeu ele rindo e me dando um leve tapinha no rosto, ficou de joelhos entre a minha cintura, e olhando para porta fechada de relance, disse sussurrando: - É só uma rapidinha... – falou entre risos anasalados. – Acostume-se, faculdade e dormitórios são pra isso – Concluiu tirando a camiseta e deixando a vista aquele corpo ridiculamente perfeito de sempre, abriu o botão da calça e levou a minha mão para dentro da sua cueca. Enquanto eu o masturbava e sentia-o arfando em meu pescoço, ele dava alguns beijos em minha boca intercalados com lambidas nos lábios. Entre movimentos e amassos, foi neste momento, que escutei o ranger da porta abrindo de uma vez, assustado, eu simplesmente arremessei o Tom da minha cama, deixando-o exposto, enquanto ele perguntava confuso – “caralho o que foi?” – e dessa forma, conheci meu colega de quarto, era ele, o magrelo diva.

I KNEW IT, I KNEW IT!— disse ele rindo, enquanto batia palmas histéricas, parado na porta. A minha única reação foi:

Fuck!

           


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