Universo Paralelo escrita por Nath SPF


Capítulo 1
A viagem


Notas iniciais do capítulo

Observação 1: A cidade de Limoeira não existe, pelo menos não em Minas Gerais, é uma cidade fictícia.
Observação 2: Esse capítulo é o que considero mais fraco, já que é apenas uma forma de começar a história.



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O céu estava bastante azul, o sol estava intenso como costumava ser no sudeste do Brasil. Ali, Catarina morava em uma pequena cidade chamada Limoeiro, localizada em Minas Gerais, bem próxima do Rio de Janeiro e do Espírito Santo. Estudava em uma faculdade cara chamada Santa Clara, assim como todos os seus amigos, fazia Direito. Na cidade, sua família tinha uma influência muito grande, pois seu pai havia sido prefeito por muitos anos, antes de falecer em um trágico acidente de carro, e sua mãe era uma advogada de renome.
Catarina acordou naquela manhã com um humor impecável, talvez porque na noite anterior seu namorado, Miguel, havia mandado uma mensagem de texto chamando-a para sair. Ela já pensava na roupa e em cada detalhe da noite, quando se lembrou de que havia esquecido de avisar sua amiga e companheira de tudo, Liz.
“Advinha o que vou fazer hoje a noite”, Catarina mandou e rapidamente recebeu a resposta da amiga, perguntando o que ela faria. “Vou ao jantar dançante, no castelo... Miguel me convidou”, respondeu. Catarina queria gritar para o mundo de felicidade, pois o melhor partido da cidade era o seu namorado e agora seria oficial, todos os veriam. O castelo era uma propriedade um pouco afastada, que havia sido recentemente comprada pela família de Miguel, reformado e transformado em uma das mansões mais luxuosas existentes.
Quando olhou para o relógio, ela se deu conta de que já eram quase 10 horas e tinha que correr para o salão para começar os preparativos para a noite. Levantou da cama correndo e tomou um banho rápido, vestiu a primeira coisa que viu pela frente, que seria uma roupa arrumada demais para qualquer mortal, pegou as chaves do carro e saiu. Catarina não dirigia muito bem, mas não via muitos problemas nisso, afinal sua mãe resolvia tudo. Ela parou seu Prius em frente ao salão e entrou correndo.
— Bem na hora, Cat – disse Bianca, a manicure. – Sua mãe acabou de sair daqui.
— Que sorte a minha, então. Não estou no clima para ouvir reclamações. – Catarina disse e se dirigiu ao lavatório.
Ali ficou durante horas, fez as unhas, arrumou os cabelos e se depilou. Marcou de encontrar Liz no shopping, pegou novamente o carro e foi correndo. Quando parou o carro no estacionamento, a amiga já lhe esperava na entrada.
— Já era hora, não? – Liz disse sorridente, ela sempre estava com o humor nas alturas. – Temos que achar o melhor vestido que essa cidade já viu.
— O melhor não, esse vai ser o do meu casamento. – Catarina disse e subiram a escada rolante.
Catarina e Liz fizeram compras a tarde inteira, mas o vestido ideal ainda não tinha sido encontrado, então resolveram fazer uma pausa na praça de alimentação. Quando sentaram-se em uma mesa, logo avistaram um trio que elas conheciam bem da faculdade, eram três bolsistas, dois meninos e uma menina.
— Fracassados. – disse Liz, com cara de nojo. – Como deixam maltrapilhos como eles pisarem nesse shopping?
— Não se preocupe, quando Miguel for prefeito tudo isso acabará. – Catarina deu um sorriso malicioso.
— Estou pensando, e se você usasse hoje à noite o vestido do baile de formatura? – Liz disse.
— Não, ele é muito velho. – Catarina pensou. – Acho que já tenho a solução perfeita.

Catarina chegou em casa exausta das compras e correu para o chuveiro. Após tomar banho, caminhou de mansinho até o quarto da mãe e viu que não havia ninguém, entrou no closet e passou a mão nas roupas, uma a uma, até que tocou em um plástico. Ela puxou o cabide e achou o que procurava: um vestido branco que a mãe havia comprado recentemente, para ir a uma festa da sociedade Limoeirense, que seria apenas um mês depois. A mãe poderia comprar outro vestido, pensou. Catarina levou o vestido para o seu quarto e o estendeu na cama, ficou contando as horas para chegar 19 horas e poder se arrumar.
Quando olhou para o relógio e eram 19 horas, Cat quase pulou de alegria e foi correndo para o banheiro. Encheu a banheira com muita água e espuma, tomou um banho relaxante e logo depois fez a maquiagem, arrumou os cabelos e depois se vestiu. Ficou surpresa com o que viu no espelho: nunca se sentiu tão bem. Pouco tempo depois a campainha tocou e correu para atender, Miguel estava ali parado com um terno simples preto e gravata borboleta, mas ele ficava tão bem dessa forma que Cat pensou que só poderia estar sonhando. Ele estendeu suas mãos, eles caminharam até a limusine e partiram para a festa, tudo estava perfeito, até que Miguel mandou o motorista parar em frente ao escritório da mãe de Catarina.
— Por que paramos? – Perguntou Cat, mas já imaginava a resposta.
— Bom, sua mãe também foi convidada, você não sabia? – Miguel fez uma pausa. – Meu pai me pediu que a pegasse junto com você, e ela me informou que sairia direto do escritório. Isso é um problema para você?
— Ah, não. Claro que não. – Catarina engoliu seco, ela e sua mãe não eram melhores amigas, tinha a impressão de que sua mãe sempre queria lhe pôr para baixo.
— Olá queridos. Como estão? – A mãe de Cat entrou na limusine. – Que vestido espetacular Catarina, seu gosto é mesmo incrível. – Era impossível não perceber a ironia na voz dela.
Catarina havia se esquecido completamente de que o vestido era da mãe, mas agora tinha lembrado. A limusine voltou a andar e dessa vez só parou em frente ao castelo. Quando chegaram, subiram a bela escadaria e esperaram para ser anunciados.
“Senhor Miguel Fogaça, acompanhado da Senhora Olívia Castanho e da Senhorita Catarina Castanho”, anunciou um homem gorducho, vestido de terno. Nesse momento, Catarina se sentiu a mulher mais bonita do mundo, até mais que sua mãe. Ela pisou no salão com seu peep toe preto simples, o vestido branco de sua mãe que possuía uma espécie de nó nos ombros, que dava um charme incrível, seus cabelos castanhos longos estavam presos em um coque meio solto e o batom vermelho destacava em sua pele branquinha. Ela havia conseguido: era a mais deslumbrante da festa.
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      Milena encontrou com os amigos no fim de uma rua deserta, perto de sua casa. Eles eram um trio inseparável, principalmente por serem os únicos bolsistas da faculdade Santa Clara. Ela e os amigos viviam armando pegadinhas para os riquinhos mimados se darem mal, mas apenas armavam, porque nunca nenhuma havia funcionado. Dessa vez, eles tiveram a brilhante ideia de soltar bombinhas fedorentas no jantar dançante que haveria no castelo, mas não seria fácil já que haviam muitos seguranças. Milena estava vestida de calça preta e moletom, com um gorro na cabeça. Ela era bonita, tinha os cabelos bem lisos e castanhos, olhos escuros, o rosto magro e era baixinha, mas não passava de uma beleza comum. Seus amigos também não se destacavam muito no meio dos outros habitantes da cidade. Ela olhava para o relógio e já eram 21 horas, eles estavam atrasados. Milena se sentou no meio fio, quando viu um chevette velho parar em sua frente.
— Foi o melhor carro que conseguiu? – Gritou Milena, rindo da situação.
— É um clássico, e foi o único que meu pai quis emprestar. – Arthur, seu amigo, respondeu. O pai dele era dono de uma oficina, mas era bastante rigoroso sobre Arthur pegar os carros, dessa vez ele teve que insistir muito.
— É uma banheira, mas a cor é escura, camuflagem. – Disse o outro amigo, Alex, que era o que sempre arquitetava os planos. Todos riram.
Milena entrou no banco de trás e foi com a cabeça entre os bancos da frente, conversando com os amigos.
— Sabem, vocês ficariam lindos de terno, se fossem convidados para algo. – Ela riu, mas realmente achava isso. Arthur tinha altura mediana e era ruivo, ela o achava muito charmoso e Alex era alto e forte, tinha traços comuns, mas era uma graça também.
— Você pode nos achar lindos, mas preferiria dançar uma valsa com o príncipe dos limões. – Arthur disse e os dois meninos caíram na gargalhada, enquanto Milena ficou vermelha e zangada. Ela estava cansada daquelas piadinhas. O príncipe dos limões era um apelido que eles inventaram para ridicularizar Miguel, por ele ser filho dos mais ricos da cidade e parecer um príncipe, mas o que vale ser príncipe de uma cidade como Limoeiro? Diziam sempre os meninos à Milena. Miguel era o seu amor platônico desde sempre, mas nunca contou para ninguém, mas seus amigos perceberam. Ela passava várias horas antes de dormir pensando nos cabelos pretos lindos e macios, na barba bem-feita e nos olhos azuis dele, como ela queria ser pelo menos notada. Quando se deu conta da realidade e parou de pensar em Miguel, Milena percebeu que já haviam chegado, Arthur parou o carro numa estradinha ao lado do castelo.
— Vamos entrar pela cozinha, Ritinha vai nos colocar para dentro. – Disse Alex. Ritinha era uma garota que ele paquerava, ela trabalhava no buffet de seus pais e sempre estava presente em todos os eventos, na cozinha.
Eles chegaram até uma porta pequena e bateram. Uma garota baixinha com cabelos curtos e loiros abriu a porta, era ela, todos entraram devagar e subiram uma escada em espiral, sem que ninguém percebesse. Quando chegaram ao topo da escada, havia uma porta, abriram delicadamente e saíram em um corredor acima do salão, muito estreito e que só eram usados por funcionários. Continuaram andando e acharam a sala de ventilação. Ali, se prepararam para estragar a noite de todos.

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Cat e Miguel dançavam alegremente, como em um conto de fadas e eram o centro das atenções. Ele a puxou e foram para um canto mais reservado, próximo à entrada da cozinha. Ali se beijaram e trocaram carinhos, Miguel era um verdadeiro cavalheiro e Cat se sentia muito apaixonada. Ele lhe estendeu as mãos com uma pequena caixa, quando ela abriu havia um cordão lindo escrito seu nome, ela se virou e ele o colocou em seu pescoço.
— Você se importa se eu for ao banheiro? – Miguel disse.
— Claro que não, te espero aqui. – Cat disse e sorriu. Miguel tirou seu celular e sua carteira do bolso e deixou em cima de uma mesa de canto que estava ao lado deles. Disse que não demoraria e foi. Catarina não era do tipo curiosa, mas quando o celular dele começou a fazer barulho de mensagens sem parar, ela não pôde deixar de olhar.
“Te encontro amanhã, as 20 horas. Nossa noite foi fantástica”, estava escrito em uma mensagem com a foto de uma loira oxigenada, bonitinha até. Sentiu tanta raiva, mas ao mesmo tempo uma vontade de chorar tomou conta dela. Correu para a cozinha, deixando o celular de Miguel cair e se sentou em uma pequena cadeira, começou a devorar os doces que estavam a sua frente e mandou mensagens para Liz.
Miguel saiu do banheiro e foi até o local em que Cat esperaria, mas ela não estava. Ele avistou seu celular no chão e leu a mensagem que estava na tela. Na hora, imaginou que Catarina só poderia ter visto a mensagem. Começou a procura-la em todos os cantos, mas não conseguia acha-la. Quando sentiu uma mão em seu ombro e se assustou.
— Liz! – Miguel disse assustado.
— Miguel, você é um cretino. – disse Liz. – Onde está Cat? Eu vim busca-la.
— Também estou procurando, mas ela não está no salão. – Ele disse.
— Vamos procurar juntos, mas por favor, não estrague mais as coisas. – Liz disse, claramente aborrecida, e juntos foram procurar.
Cat ouviu um barulho estranho de passos no andar em cima da cozinha, e se perguntou se ali teria uma vista boa para ver quando Liz chegasse, já que seu celular estava descarregado. Ela secou as lágrimas e subiu as escadas em espiral, segurando o vestido para não tropeçar. Quando chegou em cima, viu uma porta e a atravessou. Era um corredor sem janelas e sem vista, mas ela ouviu cochichos e resolveu ir atrás, chegou a uma porta no fim do corredor e a abriu.
— Fracassados? O que fazem aqui? – ela decidiu ser má, assim não se lembraria de chorar. – Já sei, estão trabalhando na manutenção. Alguns dançam, outros servem.
— E a princesa dos limões apareceu na sala de ventilação, que irônico. – Retrucou Alex.
— É sério. Digam-me o que estão fazendo aqui ou chamarei a segurança. – Cat disse e antes de responderem, ela ouviu a voz de Miguel gritando o seu nome, vindo do início do corredor. – Por favor, me escondam. – Ela disse fechando a porta e indo para um canto da sala. – Finjam que não estou.
Os três amigos se entreolhavam, e acharam que seria uma situação bastante engraçada e a chance de detonarem Catarina Castanho. Quando as vozes foram chegando mais perto, Milena saiu da sala e fechou a porta, dando de cara com Miguel e Liz.
— Você viu a Cat? – Miguel perguntou. Mas ela não conseguia responder, era Miguel que estava ali, sua paixão platônica, ela só sabia ficar paralisada, vermelha e com um sorriso tímido no rosto. – Viu? – Miguel reforçou a pergunta.
— Você viu ou não fracassada? – Liz disse, no seu tom grosseiro de costume, e sem paciência empurrou Milena e abriu a porta. Quando entrou avistou Arthur e Alex, e logo em seguida Cat. Miguel entrou logo atrás dela e correu em direção a Catarina.
— Foi tudo um mal-entendido, eu juro. – Disse Miguel.
— Não acredito que você está com esses fracassados. – Disse Liz.
— Fracassada é você, sua loira burra. – Gritou Milena – Todos sabem que seus pais estão comprando o seu diploma.
Uma discussão acalorada começou e Cat estava pirando. Sua mente estava confusa por causa do namorado e se sentia estranha por estar ali com aquelas pessoas. Ela deu um passo pra frente e deu um grito “CHEGA!”, todos ficaram quietos e ela saiu rapidamente da sala e entrou em uma porta que havia do outro lado. Todos foram atrás dela e quando o ultimo entrou na sala, a porta bateu com força, eles se entreolhavam com medo e após olharem em volta só tinham uma certeza: não estavam mais no castelo.


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