Bifurcações escrita por TopsyKreets


Capítulo 1
Capítulo Único




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Bifurcações

 

 

Festa do Solstício em Mewni

 

Balões e bandeiras por todo o lado. A música que embalava a animação dos mewnianos é a mesma que acompanhava o cheiro da comida recém-saída do forno à lenha – um gesto caseiro que fazia um belo contraste com o monumental desfile de rua.

 

Muito semelhante a Ação de Graças na Terra, mas com unicórnios e elfos bêbados.

 

Do alto da varanda, Star aguardava pela chegada de Marco.

 

Quem sabe, ele poderia aparecer e se declarar.

 

Talvez ele dissesse que mudaria, que estava ali para se tornar o guerreiro que ela tanto almejava, forte e sem medo da vida.

Por outro lado, se ele apenas aparecesse na festa, mesmo sem dizer nada, talvez fosse o suficiente para acalmar o coração de Star Buterfly.

 

Mas Marco não apareceu.

 

 

....

 

 

Batalha de Bandas de Echo Creek

 

Não bastasse ser uma atleta de talento, Jackie Lynn Thomas tinha descoberto recentemente um talento proeminente para a música.

Com ênfase em sax e guitarra.

 

Entrar em uma banda foi um segundo passo natural.

Esperava que o gesto pudesse chamar a atenção de Marco Diaz.

 

Quem sabe, ele poderia aparecer e se declarar.

 

Talvez ele dissesse que mudaria, que estava ali para se tornar o cara descolado que ela tanto almejava, tranquilo, que não se deixava abalar pelos problemas que a vida lhe impunha.

Por outro lado, se ele apenas aparecesse no evento, mesmo sem dizer nada, talvez fosse o suficiente para acalmar o coração de Jackie.

 

 

Mas Marco não apareceu.

 

 

....

 

 

Casa dos Ordonia

 

Sexta à noite.

Dia de sobras. Havia de tudo na mesa dos Ordonia – desde comida macrobiótica até massas.

No entanto, Janna não estava com fome.

 

Sem apetite, ela se trancou em seu quarto, na esperança de que, com sorte, Marco se esquecesse do que ela fizera.

Cada um lidou com a partida de Star de um modo diferente.

 

Todavia, quando ele afirmou que estava pensando em ir até Mewni para busca – la, a reação de Janna pode não ter sido a mais adequada.

 

De qualquer maneira, abriu a curiosidade de Marco Diaz.

 

Depois de colocar gelo no olho roxo, ele deu uma parada no shopping local e se dirigiu a casa de Janna.

 

....

 

 

— Posso saber o que eu fiz pra merecer um soco seu?

 

Marco continuou a bater na porta, mas Janna não respondia.

 

— Eu só fiz um comentário – Ele continuou – de que TALVEZ eu fosse até Mewni...

Não tô vendo motivo pra ser agredido por isso.

 

Ela não abriu a porta, mas decidiu responder o rapaz de dentro do cômodo.

Não teria coragem de manter o diálogo cara a cara.

 

— Por que você me dá raiva! – Ela respondeu – É por isso!

— Pode ser mais específica?

 

— Você tá sempre querendo mudar pelos outros!
Sempre querendo correr atrás de alguém, ou mudar você mesmo por alguém!

Se você acha mesmo que precisa fazer isso para ser amado, é porque é muito burro.

 

— E isso te dá raiva?

— Dá sim! É um saco!

 

O rapaz parou para refletir por uns minutos.

 

De uma forma desvairada – insana até – Janna tinha razão em certo ponto.

 

— De repente é porque eu não me acho bom para as pessoas....

— Você é bom o bastante pra mim.... Eu....

 

 

 

Ah, merda.

 

 

“Você é bom o bastante pra mim”?

 Eu disso isso em voz alta?

 

 

E essa foi a frase – chave da noite.

 

Marco ficou surpresa com a afirmação.

 

Nunca se achara bom o bastante pra ninguém.

Daí a necessidade constante em querer mudar.

 

Mas aparentemente, estava errado.

 

Pode parecer loucura, mas quando levou o soco, ele sentia que estava merecendo, e que devia se retratar com a amiga de infância.

Não lhe dera o devido valor nos últimos.... Anos?

 

Ela não pôde ver o entusiasmo do rapaz do outro lado da porta, mas conseguiu ver o que ele passou pela freta no chão.

 

Um envelope branco, com dois ingressos dentro.

Maratonas de filmes de terror no cinema local.

 

Uma tradição dos dois, a muito perdida.

 

— Lembra disso? – Disse Marco – Você me arrastava pra ir todo o ano, quando a gente estava no primário.

 

Janna deixou escapar uma risada.

— Eu lembro de você morrer de medo de ir.

— Eu não tinha medo dos filmes, tinha medo do lanterninha pegar a gente entrando de penetra!

— Ainda assim, morria de medo.

— Que seja. Olha, eu.... Sinto falta disso. As coisas eram mais simples, antes.

Eu queria ter isso de novo. Que ir comigo?

 

No último instante, ela segurou o “sim” e o enfiou goela a baixo.

Queria ceder ao convite, mas não tão rápido.

 

— Tem certeza? Eu não sou da realeza.

E muito menos uma Rockstar.

 

Marco começou a rir.

— Você nunca precisou ser nada disso para enrolar o lanterninha.... Ou me fazer sentir bem, comigo mesmo.

É a pessoa mais forte, inteligente e sem noção que eu conheço.

Eu amo isso em você. Se não quiser ir, eu entendo, mas se me der essa chance, eu prometo que não vou vacilar, eu juro....

 

Janna abriu a porta de imediato e abraçou o rapaz, alinhando o rosto no peito dele para esconder as lágrimas.

 

— Da próxima vez começa com “Eu amo isso em você”, gênio.

Eu já teria aceito faz meia hora.

 

— Anotado.

 

E nesse clima de descontração, de mãos dadas, eles partiram para a maratona.

 

....

 

 

— Qual o primeiro filme? – Ela perguntou.

Evil Dead.

— Original ou remake?

— Original, é claro. Eu não pagaria para te levar pro remake.

Eu tenho bom senso.

 

— Você me conhecesse tão bem.... Case comigo e seja pai dos meus filhos, por favor.

 

Marco voltou a rir.

 

— Ainda bem que tá de bom humor, porque eu gastei meu último centavo nos ingressos, você vai ter que pagar o resto.

 

Janna se aproximou e, ficando na ponta dos pés, beijou o rapaz.

 

— Faço questão. Dessa vez. Não acostuma.

 

 

No fim, foi uma boa noite.

Mágica.

 

 

Mesmo sem varinha.

 


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