Quando Angel foi embora de Sunnydale e a deixou, parte de Buffy foi com ele. Mas ela sabia que ele estava vivo e, de alguma forma, ao menos esperava que um dia eles se reencontrassem. Este encontro, no entanto, nunca se tornou possível.

            Dias depois da maior batalha da vida de Angel, Buffy soube que seu amor sucumbira na batalha. “Ele se foi como um herói”, disseram a ela. Isto, porém, não mudava o fato de que ela não o teria por perto, tocando-a e protegendo-a. Ela ainda não sabia como seguir em frente, mas sabia que o faria. Foi assim quando Angel foi sugado por Acathla, e, se antes ela se culpava, agora se culpava mais ainda.

*****

            Os anos se passaram. Dois, cinco, dez. Buffy perdeu a conta de quantas batalhas ela lutou sozinha. Ela estava mais velha agora, e mais lenta também. Era descuidada, e seu descuido tinha um motivo. Após tanto tempo, ela queria apenas uma coisa: encontrar-se com Angel.

            Buffy nunca se casou, nem teve filhos. Com os anos, aprendeu também a se isolar. Amigos, sua irmã. Ninguém sabia dela. Seu paradeiro era desconhecido.

            Era noite e fazia frio. Ela estava sozinha no cemitério. Podia sentir os vampiros ao redor. Um deles ataca e Buffy faz seu movimento. Com espanto, pela primeira vez em anos, ela erra. O vampiro vê a oportunidade perfeita e ataca. Ele a derruba e crava suas presas em seu pescoço. A dor é insuportável, mas dura apenas alguns instantes. À medida que sua força se vai, ela sorri, imaginando que se encontraria com Angel no paraíso.

*****

            ─Lizzie! Desça, ou vai se atrasar!

O som da voz de sua mãe a tira do sonho estranho. Todas as noites, ela sonhava que era uma garota chamada Buffy e lutava contra monstros. Haviam semelhanças, como ambas eram loiras, mesmo tipo físico, até o nome era parecido. Enquanto seu alter ego se chamava Buffy, ela era Elizabeth. Ela, Elizabeth, também possuía uma marca estranha no pescoço. Sua melhor amiga diria ser algum fator cármico, mas ela não acreditava.

Elizabeth desceu as escadas depressa, indo em direção à cozinha. Seu pai, Rupert, ainda tomava café, lendo o jornal da manhã. Sua mãe, Joyce, lhe trouxe suco. Sua irmã ainda dormia. Ela adorava a família que tinha, e também seus amigos. Contudo, ainda faltava algo. Se ela foi em alguma outra vida esta Buffy, ela sabia o que faltava: Angel. Mas ela tinha certeza que era tudo uma loucura, e assim, foi para a escola.

No caminho, em uma praça, haviam algumas pinturas e desenhos expostos. Eram de uma beleza incrível e ela parou para admirar. Algumas daquelas imagens pareciam ser... ela! Um homem parou atrás dela.

─Gostando?

Elizabeth virou para reclamar com a intromissão, mas a frase pairou no ar. Era ele! Era Angel! O rapaz com que tanto sonhava estava bem de pé atrás dela. Ele sorriu, meio sem jeito e estendeu-lhe a mão.

─Sou Liam. ─Ele disse. ─Desculpe-me, perguntar, mas nós não nos conhecemos de algum lugar?

─Elizabeth. Foi você quem fez as pinturas?

─Sim, e como pode ver, elas se parecem com você. ─Ele sorriu novamente. Que sorriso, ela pensou. ─Acredita em amor de outra vida?

─Estou começando a acreditar. ─De algum lugar, ela ouviu o sinal da escola. ─Preciso ir, meu pai me mata se chegar atrasada na aula dele. Gostaria de ver você novamente.

─Los Angeles seria apenas uma parada em minha viagem, mas acho que posso ficar um pouco mais.

Ela assentiu.

─E onde você queria ir?

─Viajar pelo mundo inteiro, descobrir meu lugar. Poderíamos fazer isso juntos.

─Talvez. Quando voltar da escola, conversamos mais, ok? Você me espera?

Elizabeth não esperou uma resposta, como disparou a correr antes que fechassem o portão. Liam sorriu para si.

─Espero você há séculos. Posso esperar mais algumas horas...

...FIM...