Quando os opostos se atraem escrita por Brenda Ruiz


Capítulo 2
Uma possível mas talvez improvável relação


Notas iniciais do capítulo

Então... Um tempinho sem atualizar... hehe... Espero que gostem... ಥ⌣ಥ

Esse capítulo é na visão da Alice ♥



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Finalmente, depois de tantos contratempos, partimos. Ezarel, como sempre, estava com aquela cara de superior. Se eu pudesse expressar toda a raiva que sinto quando ele faz isso acho que destruiria Eldarya inteira.

Como imaginado, essa viagem foi a pior ideia que alguém já poderia ter tido. Já no caminho, encontramos alguns bichos estranhamente estranhos e Ezarel, como sempre, veio me perturbar.

— Ora, ora. Então a pequena humana não gosta de insetos?! – disse colocando uma espécie de barata com chifres na minha frente.

Institivamente recuei. Não detesto insetos, mas também não os amo.

— Para com isso, Ezarel! – gritei quando ele colocou o bicho na minha bochecha.

Ele ria sem parar, até derrubar a baratinha no chão. Eu o ignorei e continuei andando. Realmente, de verdade, esse jeito dele é insuportável. Nunca vou entender o porquê dele ser tão irritante, nem o porquê mesmo sabendo disso eu ainda gosto dele…

Chacoalho a cabeça, tentando dispersar esses pensamentos. Eu gostar do Ezarel?! Nada. Como se isso pudesse acontecer…

Sinto ele tocar meu ombro e viro bruscamente, tirando a mão dele de mim. O olho desconfiada, ele jamais me tocaria assim. Foco na palma da sua mão e vejo um bicho que mais parece uma tábua enferrujada verde. Ele realmente não sabe como parar. Sinto meu rosto ficando vermelho e cerros os punhos. Mais um pouco e quebro essa cara debochada. Ele apenas sorri de canto e continua andando, me deixando para trás. Corro um pouco pra alcançá-lo. Ele sabe que nossa diferença de altura é grande e mesmo assim insiste em andar rápido. Eu REALMENTE odeio ele!

Depois de quase uma hora andando, chegamos a tal Floresta Esquecida. Uma leve brisa começa. Ao andar, sinto mais e mais frio ao ponto de minhas pernas quase pararem de se mexer. Ezarel continua andando e o perco de vista. O frio nem me permite falar.

Começo a ficar preocupada. Será que ele realmente vai me deixar para trás assim? De maneira bem lenta puxo uma manta da mochila. A manta mais grossa ficou na bolsa dele, então quase não me esquento. Olho ao redor e só vejo mato, mato, árvores e mais bichos. Andando um pouquinho, me apoio numa árvore e lá me encolho com a manta. Meu corpo se sente tão congelado que nem consigo manter os olhos abertos.

···

Acho que se passou quase uma hora. Meu corpo começou, pouco a pouco, a se acostumar com o frio. Preciso lembrar de agradecer o Nevra. Sem essa poção de calor não sei o que eu faria numa situação dessa.

Estabilizo a maana do meu corpo para gastar o mínimo possível. Volto a sentir minhas pernas e me levanto. Se não me falha a memória, o Kero me entregou algumas instruções para não me perder nessa floresta. Depois de uma rápida procura, acho as instruções e a poção luminosa. Jogo um pouco da poção num galho e ilumino a folha.

Muito importante: Sempre use o repelente.

Caso aja algum imprevisto, use a poção luminosa para fazer uma tocha.

O lugar mais seguro na Floresta Esquecida é perto da água. Siga o caminho contrário ao que os insetos voadores estão fazendo (eles não gostam de água) e espero pelo Ezarel (ele já foi informado de antemão sobre isso).

Kero, é por isso que te amo!

Sigo as intruções. Repelente, ok. Poção luminosa, ok. Agora, vamos à caça dos insetos.

···

— Ó, Deus… Por que eu? – lamento aos céus enquanto sinto minhas pernas bambearem e caio na grama macia.

Esfrego o rosto nas flores e sinto uma paz que nunca senti antes. O som da água corrente é como um calmante para minha mente. Me viro e deito de barriga para o céu. Sorrio sozinha pensando em como pude fazer isso sozinha. Ah, se o Ezarel pudesse me ver agora. Tenho certeza que nem mesmo ele poderia falar algo.

— Terminou seu descanço, princesa?

Olho para cima e sinto o mundo pesar no meu corpo. Toda a paz que antes habitava esse pequeno corpo foi tomada por raiva, ódio e desgosto. Sem pensar nas consequências, parto pra cima dele. Dou-lhe tapas e socos. Ele apenas ri. Que ódio?!?

Pego uma pedra e ameaço de jogá-la. Rapidamente ele desvia e me olha furioso.

— Isso era mesmo necessário, Alice!?!

Sinto meu sangue ferver. Meu rosto provavelmente vermelho e minha voz falhando.

— V-você…

Ele apenas me olha com desdém. Depois riu e virou as costas.

Não consigo me mexer e as lágrimas começam a rolar. Tento não fazer barulho. Não se vire, não se vire, não se vire…

E pra minha desgraça, ele se vira.

No primeiro momento ele ri. Vendo que não estou brincando, ele muda sua expressão para seriedade e, talvez, apenas talvez, preocupação. Me afasto quando ele tenta chegar perto. Se não vai nem mesmo me dar um aperto de mão, não chegue perto, elfo inútil.

Ficamos nessa por alguns instantes. Não consigo segurar as lágrimas e choro mais e mais. Ele passa a mão no cabelo e olha pro lado.

— Ei… Já pode parar… – fala baixo.

O olho com desprezo e volto a encarar o chão enquanto limpo as lágrimas.

Ele parece sem jeito e fica gaguejando.

De todas as coisas que ele podia fazer, essa foi a pior. Me viro e ando sem rumo, enquanto tento, sem sucesso, parar de chorar. Ele me segue chamando meu nome e soltando uns Heys.

Apenas o ignoro e continuo andando.

Depois de um longo caminho, sinto o vento ficando mais forte. A voz do Ezarel parece mais alta, mas também mais longe. Bem mais longe. O vento começa a me impedir de andar e quase estou sendo jogada para trás quando sinto meu braço ser puxado.

— Você quer morrer? Vamos sair daqui!

Ele me puxa por um caminho cheio de árvores secas. O vento junto à neve praticamente me impede de enxergar o que está a minha frente. A certo ponto sinto meu corpo inteiro ser puxado. Quando abro os olhos, estamos numa caverna.

Olho ao redor e vejo uma espécie de gosma no teto da caverna. Me rastejo para longe e encontro Ezarel. Ele está acendendo uma fogueira com a poção de calor e um pouco de poeira da própria caverna. No mesmo instante lembro que estou irritada e me afasto. Sento bem longe dele. Seus olhos vagam pelos cantos e param em mim. Ele faz isso muitas e muitas vezes até finalmente falar algo.

— Olha… Eu sei, tá!? – ele para de falar.

Franzi os lábios e olhei pro canto. Mesmo com a fogueira o interior ainda está congelando. Minha manta foi levada pelo vento e somente a roupa de frio não é o suficiente. Me encolho e sinto o frio na pele, como se estivesse congelando-me por dentro. Cerro os dentes e fecho os olhos. Talvez com um pouco de magia eu consiga me esquentar.

Antes que começasse a recitar o feitiço – na minha mente – sinto um calorzinho sobre mim. Meu corpo começa a esquentar.

Ezarel senta ao meu lado e olha para o chão por um longo tempo. Mesmo brava com ele, fico quieta olhando para o outro canto. De maneira bem sutil, e depois de alguns resmungos, ele começa a falar.

— Me desculpe.

Viro rapidamente. Não acredito no que meus ouvidos ouvem. Será que estão estragados?

Ezarel me fitou, parecendo preocupado, e jogou um embrulho nos meus pés. Bolinho e chá. O olho desconfiada. Não é do feitio dele ser tão cuidadoso assim.

Ele me deixou comer e começou a falar.

— Eu sei. Foi errado da minha parte ter te deixado para trás, mesmo sabendo dos riscos e de como você, por ser humana, não seria capaz de ficar sozinha numa floresta tão perigosa quanto essa. - ele se virou e começou a retirar mais bolinhos.

Oh, Deus! Esse momento deveria ser registrado nos livros mais antigos. Ezarel me pedindo desculpas? Me viro para ele e o vejo comendo. Estampo no rosto meu mais debochado sorriso.

— Ora, ora, Ezarel – ele me olha rapidamente.

Sua expressão é impagável. Ah, deveria ser possível regristar isso.

— O grande e incrível Ezarel, se rebaixando à ralé para me pedir desculpas? – ergo o braço de forma dramática – Estou lijonjeada!

Ele abre a boca e tenta, sem sucesso, falar algo. Apenas dou risada da sua cara e roubo mais um bolinho.

Ezarel me olha sem reação. Começo a comer e solto um sorrisinho. Ele parece tão irritado. Legal. Muito, muito bom, Ezarel. Ele tenta tirar o bolinho da minha boca, resmungando alguma coisa, mas eu forço os dentes e ele acaba me puxando junto.

Estou praticamente no colo dele quando ele suspira e olha pra cima.

— Eu já não te disse pra não me tocar? – seu olhar é de alguém desacreditado.

— Eu não estou tocando você – coloco minhas mãos na barriga – Você está me tocando.

Sorrio para ele. Antes de fazer mais alguma brincandeira, sinto uma forte rajada de vento entrar na caverna. Mesmo estando tão fundo, o frio ainda está aqui. Meu corpo se arrepia e, institivamente, me encolho. Quando sinto um pouco o frio indo embora, olho para o Ezarel. Suas mãos estão cerradas e sua boca um pouco pálida.

Parando para pensar, essa manta era dele. Então… Ele está com apenas as roupas do corpo, certo?

Fico olhando para ele até me olhe de volta. Bem devagar estico os braços com a manta. Antecedendo suas reclamações o abraço e nos cubro com o pano. Ele fica me olhando, incrédulo, mas logo para de praquejar e esquenta o corpo.

···

Ficamos nessa posição por só Deus sabe quanto tempo até que ele quebrou o silêncio.

— Eu estava me perguntando… – ergo a cabeça – Como você não morreu lá… na floresta, sozinha…? – seu tom de voz é extremamente baixo, quase inaúdivel.

— Usei a poção de calor e uma manipulação da maana do meu corpo que o Nevra me ensionou.

Primeiro, falo a merda. Depois, percebo a merda que falei. Sempre assim. Certo, Alice-idiota?

Olho para seu rosto, e ele está com as orelhas vermelhas. Seus olhos tentando focar em algum canto. Abaixo minha cabeça e tento pensar em algo pra consertar o que eu disse. Então, como um vislumbre celestial e esclarecedor, tenho a pior ideia que alguém poderia ter.

— Está bravo por quê? - o olho de forma inocente.

— Quem disse que estou bravo?! - seu tom de voz é absurdamente autoritário.

Me aconchego no seu colo e fecho os olhos, retrucando o que disse. Ele me olha irritado e tenta me empurrar, mas me apoio em seus braços e não mexo um centímetro.

Ezarel solta um suspiro longo e desnecessariamente cansado.

— Poderia fazer o favor de parar de me tocar, Alice? - ele parece tão estressado…

— Não. Obrigada por perguntar – e encosto a cabeça no seu peito.

Ele deixa seu corpo bater na parede e permanece imóvel. Sinto seu coração batendo bem devagarzinho. Em alguns momentos, pensei que ele morreria, de tão lento que estava seu coração.

···

A noite já caia quando ele fez menção de se mexer. Não conseguindo me empurrar, apenas esticou as mãos e pegou uma mochila. Dessa vez era comida de verdade. Um pouco de carne num pote engraçado. Algo parecido com arroz e temperos. E um molho vermelho, quase rosa, com um cheio delicioso. Ele pegou um prato e uma colher e preparou a comida.

Fiquei olhando-o, esperando que me desse um pouco. Acho que meu olhar denunciava isso porque ele fez uma cara de irritação e retrucou algo antes de me oferecer um pouco.

Abri a boca, esperando a comida. Ele me olhou, incrédulo.

— Que palhaçada é essa, Alice?

— Se eu tirar minhas mãos daqui, elas vão congelar.

— Eu não vou te dar comida na boca.

— Aí eu vou morrer de fome.

— Então morra.

O olhei irritada e fiz bico – convivendo com o Ezarel você aprende suas fraquezas.

— Tudo bem. Já que você não se importa mesmo – e ameacei levantar do seu colo.

Um longo suspiro seguido de um puxão me impediram de levantar.

— Senta logo – ordenou.

Sorri para ele triunfante.

Depois de comermos, Ezarel usou a poção luminosa para iluminar um pouco a caverna. Apagou a fogueira e acendeu outra, mas essa parecia mais como um aquecedor que uma lareira. Ela não emitia muita luz, mas o calor era bem mais intenso.

Ele tirou uma espécie de pelúcia e um pano da mochila e estendeu no cantinho da caverna.

—  Pode deitar – falou apontando para o pano estendido.

Eu me deitei e olhei para ele se encostando numa pedra.

Me arrastando de forma sorrateira, puxei sua manga. Ele me olhou irritado.

— Você… –  parecia um bicho raivoso.

— Você vai ficar doente se dormir aí.

— Não vou.

— Vai sim. Não se comporte como uma criança – ele me olhou e virou pro lado.

Inflei as bochechas e olhei ao redor, buscando uma ajuda divina para convencer esse elfo teimoso a dividir o pano.

Bem devagar, desfiz a cama que ele fez. Ele, por sua vez, me olhou desacreditado.

— Se você não deitar, – coloquei as coisas acima da fogueira – eu queimo tudo e nós dois morreremos congelados aqui mesmo.

Ele me olhou. Eu o olhei. E fomos dormir – depois que ele arrumou, novamente, a “cama”.

Extremamente irritado e a contragosto deixou que eu o abraçasse, já que a manta era pequena.

Me aconcheguei mais e mais no seu peito.

— Tá quentinho, Ez… – falei baixo.

Olhei rapidamente e vi seu rosto vermelho. Ele virou minha cabeça.

Dormi, mas não antes de sentir ele me abraçando forte.


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Notas finais do capítulo

Depois de trocentos anos e alguns meses, eu voltei (・∀・ )
Espero postar o resto da história com uma frequência maior.
I'm sorry, guys (ι´Д`)ノ Prometo tentar o meu melhor daqui pra frente! ᕦ(ò_óˇ)ᕤ



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