The Love Between Us escrita por Lany Rose


Capítulo 32
Último Suspiro




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Tom bêbado entrou na sala parecendo um ventania em dia de tempestade. A voz dele estava tão embolada que me fez não entender uma palavra do que disse.

—Devemos conversar outra hora. Você devia dormir.

Tentei conduzi-lo para o quarto, mas ele se livrou do meu toque de forma bruta. Joe chegou poucos minutos depois pedindo desculpas e explicando que estavam em seu bar quando viram fotos do Colin me beijando. Ele tentou tira-lo dali sem qualquer sucesso.

—Como pôde fazer isso? Eu te amei.

—Amou? Não ama mais?

—Como posso amar alguém que fugiu de mim com um cara e depois o beija para todo o país vê.

—Não fugi de você. De qualquer forma, nós não vamos ter conversa com você bêbado e uma plateia.

Tom me segurou antes que eu pudesse sair.

—Sabe como me senti quando nosso filho morreu e você não quis meu apoio? Apenas sumiu com seu amiguinho ali?

—Tom...

—Talvez até tenha sido um alívio. Você nunca o quis mesmo...

—O que?

Dessa vez ele conseguiu um belo tapa no meio das ‘fuça’. Aquela frase me machucou mais que o tiro daquela doida. Posso não ter lidado bem com a situação, no entanto quem lidaria? Cada um tem seu jeito. O meu é se fechar e fugir por um tempo e isso não significa traição, não estar apaixonada ou qualquer outra coisa. Apenas mostra como não sei lidar bem com meus próprios sentimentos.

—Todo dia é difícil acordar e dormir. Ao fechar os olhos ainda consigo sentir como se o Arthur ainda estivesse nas minhas mãos. – Uma lágrima escorria pelo meus rosto. – Não venha me dizer como me sinto, porque isso só cabe a mim... Cai fora da minha casa.

Pude ver em seu rosto o quão arrependido ele estava daquela afirmação.

—Desculpa... Eu...

Os meninos juntamente com o Joe o tiraram dali enquanto as meninas me acompanharam até o quarto.

No dia seguinte, eu estava de volta a revista. Muitos dos colegas vieram falar comigo... Só consegui sorrir dizendo estar tudo bem até que uma me perguntou sobre um acidente.

—Acidente?

—Está em todos os sites. O seu noivo sofreu um acidente ontem. Você não sabia?

Acabei esbarrando no Colin ao correr para a saída e assim consegui uma carona até o hospital. Colin queria tentar falar com a Ray, afinal o Tom interrompeu a conversa deles na noite anterior.

Chegando ao hospital não foi difícil encontrar o quarto certo, porém uma surpresa nada agradável me aguardava. A tal da Heather o estava beijando quando entrei.

—Ora se não é um Déjà vu. – Perco a razão, mas não a piada.

Tom a afastou imediatamente.

—Megan, não esperava que viesse.

—Notei.

Heather deu um sorriso que seria capaz de iluminar o mundo.

—Oi, eu sou Heather. – Ela vinha com a mão esticada. Não sei bem qual cara fiz, entretanto ela se afastou após dois passos. – O que você viu...

—Você beijando o meu, ainda, noivo. Agora cai fora.

—Megan, não é?

—Se não cair fora, eu vou começar a gritar. O barraco será tão grande que o mundo irá passar a conhece-la como destruidora de lares. Quer isso manchando sua adorável reputação?

Antes da Heather protestar o Tom pediu para nos dar um tempo a sós.

—Primeiro, por favor, me desculpe por ontem à noite. Segundo, ela me beijou de surpresa...

—Você não teve tempo de reagir e blá, blá. Uau, você sempre cai no mesmo golpe do beijo surpresa.

—Também caiu nesse golpe ontem à noite.

—Touché. Só vim ver se sobreviveu ao acidente. Pode voltar para seus beijos surpresa.

—Megan!

—Não foi justo, Tom. Eu não fiquei feliz ao acordar naquele hospital, após a sua fã decidir sobre a minha morte, e não ser você a segurar a minha mão. Passei dias sozinha com o Arthur agonizando e quando você chega...

—Você não me deu a chance de explicar a minha ausência. Apenas sumiu com aquele estúpido... Não sei... Namorado?

—Oh cala a boca.

Nós dois precisávamos de um tempo para respirar. Eu sentei em uma poltrona com as mão na cabeça tentando segurar as lágrimas.

—Teve um furacão, tufão, algo do tipo. Fiquei preso naquela cidade. Eu queria... Megan, eu me culpo todo dia por isso ter acontecido. Sinto muito por tê-la deixado sozinha.

—Não aguento mais. Eu cansei, Tom. – Voltei a fita-lo. – Os paparazzis atrás de mim. Ser xingada todo dia na internet, minha mãe ser xingada nas redes sociais. Ela tem pressão alto e pavio curto. Péssima combinação.

—O que está dizendo?

Levantei retirando o anel do meu dedo.

—Eu também sinto muito. – Coloquei o anel na mão dele.

—Megan... Não... Pensa melhor.

Sem mais qualquer outra palavra, eu saí daquele quarto sem olhar pra trás ou acabaria me debulhando em lágrimas ali mesmo. Sentei em uma cadeira na sala de espera vazia para tentar me acalmar antes de encontrar o Colin para me tirar dali. Por causa da minha gigantesca falta de sorte, a Heather decidiu vir conversar.

—Megan, aquele foi apenas um beijo sem importância. Uma despedida. Não precisa terminar um noivado por causa de algo tão bobo. Você mesma beijou o seu amigo ontem...

—Eu sabia. Você estava à espreita para dá o bote. Como uma boa cobra.

—Você está nervosa. Não precisa...

—É muito difícil ter de atuar o tempo todo? Fingir ser a pessoa mais descolada e legal do mundo. Enganar Deus e o mundo para conseguir uma carreira que preste?

—Escuta...

—Não, você escuta. – Levantei para olhar bem para aquela atriz de quinta. – Você pode até enganar os ingleses e meia dúzia de americanos, mas eu sou brasileira. Lá você aprende a arte da malandragem quando ainda está na barriga da mãe. Por isso consegui farejar a tua patifaria de longe.

Era pura baboseira, mas ela não precisava saber.

—Megan...

—Não gasta o meu nome com a tua boca imunda. Sabe o que mais gosto nesse país? Como homens e mulheres não sabem como agir quando alguém começa um bate-boca por chamar atenção de quem está ao redor. Ainda mais se tem o teto de vidro assim como você.

—O Tom sempre volta pra mim, querida. Era só questão de tempo.

—Olha a vadia mostrando a verdadeira face. Querida Heather, você pode ficar com ele. Mas vai morrer sabendo que ele não correu pra ti, eu dispensei e você pegou meus restos.

—Tudo bem por aqui? – Colin apareceu na porta.

—Tudo perfeito. – Ela disse sorrindo como se estivéssemos trocando figurinhas.

—Essa marmota aqui só quer atenção. Cansei já. Ele é todo seu. Tchau, atriz desqualificada.

—Chamou ela de que? – Colin perguntou.

—Fica quieto.

Na volta para a revista, eu contei tudo para o Colin. Ele parou o carro perto de um parque para tomarmos um ar (sem sair do carro), comecei a chorar copiosamente.

Retornei a um contínuo estado de torpor, assim como quando o Arthur morreu, porém dessa vez eu me mantinha produtiva. Como não conseguia dormir acabei de escrever meu livro em poucas semanas e não muito tempo depois a editora o publicou. Passei também a dar palestras no fim de semana, ser voluntaria (em todo tempo livre que conseguia) em um abrigo de animais, comecei a escrever o segundo livro, decidi fazer terapia, academia e sempre dava umas voltas com o Slash (incluindo leva-lo comigo quando visito o abrigo).

O tempo foi escapando da minha percepção pouco a pouco. Quase não via meus amigos fora do trabalho, nunca mais fui no bar para a quinta insana e quando dei por mim dois anos haviam se passado.

Em uma manhã como todas as outras, eu levei o Slash para um parque perto de casa. Ele adorava ir lá cedo para correr sozinho pela grama. Eu estava sentada encostada em uma árvore lendo quando uma sobra surgiu.

—Quanto tempo, Megan!

—Tom?


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