The Love Between Us escrita por Lany Rose


Capítulo 3
De intrusa a hóspede




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Mark estava se sentindo sozinho em casa depois da besteira que fez. Ele olhava o lado vazio no armário, as fotos de momentos tão felizes; lembrava-se dela ouvindo música e cantando com sua voz horrivelmente desafinada quando os dois arrumavam a casa. No momento tinha saudades até do gato que ele tanto detestava, mas fingia gostar só para vê-la sorrir... E como seu sorriso era contagiante. Decidiu que precisava fazer algo; precisava tê-la de volta.

Ele comprou flores e foi até o trabalho dela. Ao entrar a viu conversando com um colega.

"Será se foi ele quem a chamou para sair?" pensou de repente.

—Olá!

—Mark?! O que faz aqui?

—Com licença. – Disse o amigo enquanto se afastava.

—Eu vim te trazer essas flores e pedir desculpas.

—Sério? Acha mesmo que isso vai resolver tudo?

—Não tudo, mas... Megan, eu sinto sua falta.

—Devia ter pensado nisso antes. Vai embora, Mark. Esse é meu trabalho, não posso perder isso também.

Ela vai até a sua mesa com ele logo atrás.

—O que diabos você está fazendo aqui? – Perguntou Viola ao vê-lo.

—Isso não é da sua conta.

—Hey! Olha como fala com minha amiga.

—Desculpe, eu estou nervoso. Quem era aquele cara?

—Não é da sua conta.

—Vi, por favor. Não que realmente seja da sua conta, Mark, mas ele é só um colega de trabalho.

—Um dos que te chamou pra sair?

—Ele é casado.

—Isso nem sempre importa.

—Talvez não pra você, mas pra mim importa.

—Eu sinto muito, Megan. Eu faço qualquer coisa para ter você de volta.

—O que está acontecendo aqui?

—Sr. Hills...

—Apenas vim deixar flores para a minha mulher. Mas já estou de saída. -Viola e Megan fizeram uma careta ao ouvir isso. – Depois conversamos, até mais.

—Tchau.

—Senhorita Abrahão, você é uma boa profissional, mas esses momentos de intimidade não são muito bem aceitos...

—Não vai mais acontecer. Eu prometo.

Elas tentaram passar o restante do dia tranquilamente, no entanto todos estavam comentando sobre o ocorrido. Foram horas e mais horas de: nós brigamos e ele quis fazer as pazes; eu estou bem; obrigada, eu sei que tudo vai melhorar.

Com o fim do expediente e uma enorme dor de cabeça, Megan só queria ir para a casa que não era dela, tomar um banho e relaxar com seu gato. Porém, não foi bem o que aconteceu. Ela já estava deitada, quase dormindo quando escutou um barulho na casa. Deixou seu gato ali, saiu devagar pela cozinha em direção à sala (pegou uma frigideira no caminho). Tudo estava escuro, mas ela percebeu a silhueta de um homem alto passando mais ou menos perto. Ela se assustou, decidiu voltar para o quarto e ligar para a polícia, porém o sujeito a agarrou por trás, Megan não deixou barato, acertou a frigideira com toda a sua força na cabeça dele. Assim conseguiu se libertar e correr para o quarto. Ele a perseguiu; começou a bater na porta que ela havia trancado.

—Você deveria sair daqui imediatamente! Já estou com o celular pronto para chamar a polícia.

—Chamar a polícia?

—O número já está digitado, só um movimento e em menos de dez minutos estarão aqui.

—Ótimo! Assim a prenderão por ter invadido a minha casa.

—Sua casa? Essa casa é do ator Thomas Norman.

—Sim, eu sei. Eu sou Thomas Norman. Quem diabos é você? E o que faz na minha casa?

—Thomas Norman?

—Sim.

—Isso é impossível. Ele está nos Estados Unidos trabalhando.

—Eu estava, mas voltei para participar de uma peça... Não preciso me explicar, é você quem tem de me dizer o que faz aqui.

—Ok. Ok. Ok... Ok. Eu vou abrir e te explicar tudo.

Thomas esperando para saber quem seria essa mulher que invadiu o seu lar. Ele vê essa garota saindo do quarto extra perto da cozinha, ela estava usando uma camisola velha, muito folgada para seu corpo, com vários furos, remendos e um nó feito perto da barriga que deixava a perna direita mais a mostra do que a esquerda. Apesar de uma vestimenta tão desagradável, um cabelo bagunçado, um rosto meio amassado e assustado. Thomas sempre se lembrará daquele momento por ter pensado: "Mesmo assim é bonita!".

Megan frente a frente com o seu ídolo, mas com vergonha por ter batido na cabeça dele com a frigideira, além de ter invadido a sua casa. Eles se olharam por alguns minutos.

—O que tem a me dizer?

—Sr. Norman, eu vou lhe contar, mas primeiro é melhor colocar gelo na sua cabeça. - Antes de ele falar qualquer coisa, ela já estava enchendo uma bolsa para gelo. – Aqui está. Precisa... Não deixa pra lá.

—Obrigado. O que?

—Eu ia perguntar se quer um chá, mas nenhum inglês que conheci até hoje já gostou de algum chá meu.

Ele sorriu.

—De onde você é?

—Brasil.

—Como veio parar aqui?

—É uma longa história, melhor sentar.

Megan contou tudo em detalhes, do momento em que decidiu fazer o intercâmbio até o instante em que o confundiu com um bandido. Thomas ouviu com muita atenção, por alguns segundos ficou com um pouco de dó dela, principalmente na parte da traição, em seguida se viu com raiva do tal Mark.

—Eu sinto muito.

—Sr. Norman...

—Por favor, me chame de Tom.

—Ok. Tom, eu sei que não estou em uma posição de pedir qualquer coisa, mas queria fazer três pedidos.

—Três?

—Sim, primeiro: não chame a polícia, eu seria deportada e já adoro morar aqui; segundo: não me peça para dizer o nome da tia da minha amiga, pois ela não tem culpa de nada, apenas quis me ajudar... Na verdade, ajudar a sobrinha, ela não foi muito com a minha cara; terceiro: deixe-me ficar mais essa noite, amanhã dou um jeito de ficar em um hotel ou qualquer lugar. Eu não vou roubar a sua casa, fiquei aqui por um tempo e nunca sequer subi as escadas, nem sei como são os quartos lá de cima. Só tomei um chá no primeiro dia, tentei achar o mesmo para repor, no entanto ainda não consegui, mas irei e também no primeiro dia dormi na sala olhando as fotos.

—Megan, eu não vou denunciar você e muito menos fazê-la sair da minha casa no meio da noite sem ter pra onde ir.

—Isso me deixa bastante aliviada. Amanhã quando sair do trabalho eu venho pegar minhas coisas.

—Você pode deixar isso para o fim de semana.

—Obrigada, Tom. – ela sorriu. - Amanhã acordo cedo, então melhor ir dormir. Desculpe pela pancada na cabeça.

—Tudo bem, você estava protegendo a minha casa.

Ela não conteve um pequeno riso e se encaminhou ao quarto, antes de entrar ele a chamou.

—Mesmo podendo ser presa junto com o bandido, você ia chamar a polícia?

—É claro que eu ia. Não poderia deixar roubarem a sua casa, isso não seria certo.

—Bem, boa noite.

—Boa noite, Tom.

Megan teve um dos sonos mais conturbados da sua vida, mal esperava para contar o ocorrido para a Viola. Elas ririam muito de tudo isso... Um dia, pois agora tudo que conseguia sentir era vergonha. Imaginava que se contasse o que vem passando para a mãe ou o irmão, ambos diriam para voltar imediatamente para o Brasil, porém ela não queria isso de forma alguma. Daria um jeito, não sabia qual, mas daria um jeito de continuar em Londres.

Quanto ao Thomas, ele fez um chá, pegou um livro e foi para a cama. Apesar de não conseguir se concentrar na leitura, dava algumas risadas de vez em quando ao lembrar-se dessa noite tão estranha.

No dia seguinte, Megan levou outro susto, pois havia acordado cedo para ir trabalhar, ela estava com seu típico mau humor matinal. Nesse momento, ela não se lembrava do que tinha acontecido e foi aí que o Tom entrou com sua roupa de corrida.

—Bom dia!

—Oh Deus! Você quase me mata de susto.

—Desculpe. Já vai para o trabalho?

—É, vou. Foi fazer exercício?

—Sim. Adoro correr...

—Adora correr pela manhã e principalmente na chuva.

—Como sabe disso?

—Eu sou fã do seu trabalho e quando gosto de algo fico meio obcecada em saber todos os detalhes sobre. Tenho de ir. Até mais.

—Até.

Eles passaram uma semana agradável. Ao chegar do trabalho, ele sempre havia feito algo para comerem, depois ela o ajudava a limpar tudo. Conversavam por algumas horas sobre livros, filmes e peças de teatro. Vinham descobrindo muito em comum.

Com a chegada do fim de semana, Thomas se via desejando que ela não tivesse encontrado um lugar ainda.

—Tom, gostaria de convidá-lo para vê meu trabalho.

—Vai para a revista hoje?

—Não, meu outro trabalho.

—Quantos têm?

—Alguns. Eu sou alguém de muitas habilidades.

—Eu acredito em você.

—Vou olhar umas casas com a Viola. Poderia se encontraria comigo no Regent Park as duas?

—Claro.

Ela não escondeu sua animação, estava muito empolgada em mostrar seu talento para fotografia.

Após visitar várias casas para alugar, ainda não tinha gostado inteiramente de nenhuma, mas como prometeu sair no fim de semana da casa do Tom, iria cumprir. Escolheu a melhorzinha e garantiu que iria se mudar o mais rápido possível.

Como um bom inglês e um grande cavalheiro, Tom chegou na hora marcada. Ele sorriu ao vê a câmera.

—Você gosta de fotografia!

—Eu tenho um bom olhar, só não tenho muita técnica, pois nunca me especializei de verdade nisso.

—Um bom olhar já é boa parte do trabalho.

—Eu concordo, mas uma técnica ajuda muito. No entanto, como não faço profissionalmente, assim já está bom. Vem, vamos começar. – Ela parou repentinamente. – Ah eu vou te deixar em paz amanhã ou no mais tardar terça.

—Mesmo? Tão cedo assim?

—Tom, você disse para eu sair no fim de semana e talvez ainda estique até terça.

—Encontrou um bom lugar?

—Não exatamente. É agradável e o pessoal parece gente boa. Pra mim o problema é mesmo a distância do trabalho.

—Se precisar de mais tempo.

—Está tudo bem. Não quero me aproveitar ainda mais da sua boa vontade.

—Você não está fazendo isso.

—Vamos para as fotos.

Tom ficou bem impressionado com a paixão dela por essa arte. Apesar de não entender muito o motivo de ela fotografar uma folha caída ou uma pedra em um canto. Ele pegou a câmera por um tempo tentando tirar fotos dela, mas Megan a tomou em poucos minutos, pois odeia ser fotografada.

—Eu não sou muito fotogênica, Tom.

—Acho que a câmera discorda de você.

—Tenho certeza que ela concorda inteiramente. Já no seu caso, é ótimo te fotografar, não tem como sair uma foto feia. – Ele soltou uma gargalhada. – Sabe acho que vou ganhar um dinheiro vendendo essas suas fotos para uns paparazzi.

—Você não faria isso.

—Não, não faria, mas é uma boa ideia.

—Sim, isso é. Ah, se me der licença, acabei de vê um amigo ali.

—Fique a vontade.

Megan ficou olhando as imagens na sua câmera quando um homem se aproximou de forma rude. Ela levou um enorme susto, porém se tratava de ninguém menos que seu ex.

—Mark, pelo amor de Deus! O que faz aqui?

—Eu estava te observando. Quem é aquele cara?

—Você tem me seguido?

—Não. Eu estava passando e vi você com esse cara. Quem é ele? Vocês estão juntos?

—O que? Não. Ele é um amigo, apenas me ajudou... Quer saber? Eu não preciso me explicar. Vai embora, Mark.

Ela se virou para olhar a câmera; ele apenas a tomou de sua mão.

—Nós precisamos conversar.

—Devolve a minha câmera.

—Não até você aceitar ir tomar um café comigo.

—Eu não gosto de café. Agora deixa de ser criança e devolve a minha câmera!

—Não.

—Então engole essa merda!

Megan ia saindo, no entanto ele a segurou pelo braço. Tom estava observando tudo de longe enquanto conversava com o amigo, porém nessa hora teve de interromper o assunto.

—Você não vai se livrar de mim assim.

—Você está maluco? Me solta!

—Você vem comigo, Megan. Nós vamos acertar as coisas.

—Não tem nada para ser acertado, Mark. Solta meu braço. Você está me machucando!

—É melhor soltá-la. – Disse o Tom ao se aproximar, com seu amigo ao lado.

—Não se meta! É assunto de marido e mulher.

—Nós não estamos mais juntos.

—Eu disse para soltá-la.

Ele olhou para o Tom e o homem ao lado dele, então decidiu larga-la.

—Você está bem? – Tom perguntou.

—Quase. Escuta aqui Mark. Eu estou cansada disso. Não tente me fazer pensar que a culpa de estarmos separados é minha, pois não sou burra a esse ponto. A culpa foi sua. Você estragou tudo; você acabou com o nosso relacionamento quando resolveu foder com aquela garota. Aliás, eu descobri que ela desconhecia o fato de você ter namorada. Você é o único cafajeste da história e se achar que pode se aproximar de mim de novo, bom, repense. Da próxima vez chamarei a polícia.

Ele ficou tão possesso que apenas tacou a câmera no chão fazendo-a se partir em mil pedaços, antes de finalmente deixar o lugar. Megan estava feliz por o Tom vir ajudá-la, mas muito triste por perder a câmera.

—Eu te darei outra. – Tom falou ao catar os pedaços.

—Obrigada, mas não posso te pedir algo assim.

—Você não está pedindo.

—Está tudo bem, Tom. Não se preocupe. Fica aí conversando com o seu amigo, vou pra casa. Tenho de arrumar minhas coisas mesmo. – Ela mostrou um sorriso triste.

—Não vou te deixar sozinha. – Ele rapidamente se despediu parceiro. – Antes de irmos para casa, vamos comer algo. Conheço um lugar com um ótimo hambúrguer.

—Eu não estou com fome.

—Irá mudar de ideia, garanto. E quanto a arrumar suas coisas, não precisa fazer isso.

—Preciso sim. Tenho de fazer o depósito amanhã e a mudança no máximo até terça.

—Megan, com esse seu ex agindo assim, acho que não deve ir para uma casa onde não conhece ninguém.

—Você quer que eu fique na sua casa?

—Como minha hóspede dessa vez.

—Sério? – Ele fez que sim. – Eu aceito, mas não vou trocar de quarto.

—Vai continuar perto da cozinha?

—Não tem lugar melhor.

—Você quem sabe. Agora vamos comer, estou morrendo de fome.

Os dois foram para o restaurante especializado em hambúrgueres onde Megan foi apresentada a especialidade da casa. Ficaram lá comendo e conversando sobre filmes antigos. A amizade deles vinha crescendo a medida que se conheciam melhor e a vontade de continuarem perto um do outro aumentava sem nem sequer notarem.


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