POV Megan

Minha vida foi da realização de um sonho para um enorme pesadelo em pouco mais de um ano. Ela voltou a ser um sonho e agora se tornou um pesadelo maior ainda. Não sei bem o que fazer. Na realidade, eu estou começando a ficar deprimida.

Se eu mexo na internet tem notícias mentirosas, comentários maldosos e até ameaças ao meu gato. Se eu saio de casa tem uma porção de fotógrafos me seguindo para depois terem mais mentiras na internet.

Minha doce ilusão me fez crer que me esqueceriam em poucos dias, mas já faz uma semana. Vou para o trabalho me arrastando e temendo ser demitida por alguma invasão de paparazzis. Minha mãe e irmão já me ligaram várias vezes me dizendo para voltar pra casa, mas sempre tento apaziguar tudo mentindo sobre meu estado emocional.

Algo bom foi apenas a Viola ter conseguido a promoção e sala que tanto sonhávamos. Os comentários foram que devia ser eu, mas com essa situação, eles tiveram uma ideia melhor. Apesar de estar muito feliz por ela, a minha apatia está cada vez mais evidente.

Certa noite o Carl bateu na minha porta, mais uma vez garantindo que não tiraria nenhuma foto, ele e um pequeno grupo de fotógrafos queriam me agradecer pela pizza do outro dia.

Acabamos sentados à mesa bebendo um vinho e beliscando alguns queijos. Ao todo eram cinco e juramos não falar sobre minha relação com o Thomas.

—Eu queria perguntar o motivo de ainda estarem me perseguindo. Não sou artista. Só me viram discutindo com um ator. Por que essa balburdia ainda não acabou?

—Você realmente quer que pare? – Matt perguntou.

—É claro!

—A Sarah achava que não mandando para as revistas as fotos de você nos dando as pizzas seria um castigo por pensar que pararíamos nosso trabalho por um preço tão barato.

—Bom, a Sarah me fez um favor. Depois de falar com o Carl, eu fiquei com medo de mandarem as fotos e minha vida piorar ainda mais.

—Olha querida – Grace começou a falar – o Thomas é muito fechado em relação a vida privada dele. É um direito dele, mas isso só faz com que a curiosidade aumente.

—Ele tinha uma namorada?

—Heather... – Disse Carl. – Mas ninguém conseguiu tirar um foto dos dois juntos. Sempre foi considerado mais um rumor. Só que persistiu por tanto tempo que tivemos certeza.

—Porém, nada de provas. Alguns até contestavam a sexualidade dele. – John comentou.

—Ele não é gay. Eu garanto. – Acabei falando sem pensar.

—Uh, isso sim é interessante. Mais detalhes, por favor.

—Oh, qual é Lisa. Nós homens não queremos saber. – Matt falou com uma cara de nojo.

Todos nós rimos. No fim daquele dia alguns dos causadores do meu tormento foram meus salvadores. Passamos uma ótima noite e combinamos de repetir na quinta seguinte. Nossa reunião começou a ser constante. A nossa quinta insana.

No trabalho, minha amiga Viola não estava mais do meu lado, mesmo sendo algo excelente para a carreira dela, não conseguia não ficar um pouco triste por não tê-la ali do meu lado todo dia.

—Vim trazer um presente para a sua nova sala! – Falei enquanto entrava.

—Megan! – Nós nos abraçamos. – Uma plantinha?

—Os melhores profissionais têm de ter uma. Oh, eu estou tão feliz por você.

—Mesmo? Você está com uma carinha.

—É difícil não te ter sempre do meu lado. Mas, terei um colega novo. Vai que é gatinho.

—Como você está?

—Melhor. Tenho novos amigos. Os fotógrafos da pizza daquele dia, eles vieram me agradecer e agora sempre nos encontramos.

—Isso é ótimo! Estou com um pouco de ciúmes, mas é ótimo. Você precisa se distrair. O chefe parou?

—Não. Aliás, melhor eu voltar. Se não tiver trabalhando quando ele fizer sua ronda, então terá a desculpa ideal.

—Ok. Temos de marcar algo também. Ainda não comemoramos. Na sexta depois do trabalho?

—Claro. A gente se fala.

No fim do dia acabei tendo uma... Bom, ainda não tenho certeza se agradável. Joe, amigo do Tom, me esperava no sofá da minha sala. Minha colega de casa ainda não havia saído para o trabalho e o fazia companhia. Pela sua cara, eu posso afirmar que para ela não foi um sacrifício.

—Joe? O que faz aqui?

—Hey Megan. – Ele coloca-se de pé.

—Bom, nesse caso já vou para o trabalho.

Ela gesticulou o chamando de gato enquanto passava por mim.

—Sente. Aconteceu alguma coisa?

—Sim. Você não me contou sobre seu relacionamento com o meu amigo.

—É claro. Que outro assunto poderia ser? Primeiro, eu não sei se posso chamar de relacionamento. Afinal, ele tem namorada.

—Tinha. Eles terminaram. O que ele sente por você...

—Não importa! Se você não sabia, não é minha culpa. Vá reclamar com o seu amigo. Ele que não quis contar pra ninguém. E como poderia, não é? Acabaria chegando aos ouvidos dela.

—Megan...

—Para, Joe. Se veio aqui para melhorar a imagem do seu amigo, então perdeu seu tempo. – Levantei e fui em direção a porta, mas ele me parou pouco antes de conseguir alcança-la.

—Não, Megan. Eu vim saber sobre você. Desculpe não ter vindo antes, mas eu andei fazendo novas conexões comerciais. Com isso andei muito ocupado para internet e tv. Vim assim que soube.

—O que dizer? Minha vida está de ponta cabeça. Um fim de seja lá o que tenha sido... Bom, não foi fácil e ainda mais com todos me julgando. – Acabo me desmanchando em lágrimas, Joe acabou me abraçando. – Desculpa. Não costumo ligar para a opinião dos outros, mas quando você não consegue ir a um mercadinho sem vê alguém cochichando a seu respeito... Eu me sinto presa, sufocada.

—Eu sinto muito. Porém, eu tenho algo para te animar. Sábado vou fazer uma reunião na minha casa. Serão só alguns funcionários do meu pub. Para comemorarmos a abertura de mais uma filial. Irei adorar vê você lá.

—Eu não sei.

—Oh, vamos. Você precisa sair de casa. Se distrair. Ninguém estará te julgando lá. Só boa conversa, música e bebida.

—Está bem.

Nós conversamos por mais um tempo, ele só foi embora quando eu parecia me sentir melhor. Claro que teve vários cliques e meus amigos vieram me avisar a respeito. Contei sobre o convite ainda em dúvida sobre ter feito o certo, mas todos me apoiaram a ir.