Despedida escrita por Raquel


Capítulo 1
Único


Notas iniciais do capítulo

Decidi escrever esse pequeno conto usando Glee como inspiração porque estou completamente apaixonada pela série. ♥

Obs. Veja a tradução das músicas clicando em cima delas.



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730758/chapter/1

Rachel andava agarrada aos seus livros enquanto caminhava pelos corredores do McKinley. Ela, que geralmente era animada e falava sem pausas para respirar, estava submersa a tantos pensamentos que não havia dito uma palavra desde que chegara ao colégio, há 10 minutos. Seu cérebro não parava de bolar ideias que nem ela mesma achava que pudesse concretizar e sua atenção estava voltada a elas, tanto que nem percebia por aonde caminhava.

Passou por alguns colegas do Clube do Coral sem nem os notar, eles estranharam o fato da menina irritante encarar o chão enquanto andava. Rachel Berry nunca abaixava a cabeça. Nunca. Mercedes a seguiu com o olhar enquanto Kurt analisava as combinações de roupa que Rachel escolhera. Não existiam meias ¾, saias bregas ou coletes xadrez. Incrivelmente, Rachel Berry estava vestida com jeans e camiseta. Muito atraente, na concepção de Finn.

O quarterback observou a namorada com certa curiosidade, por algum motivo Rachel não havia lhe contado a confusão que se passava em sua mente desde a noite passada, então ele estava tão confuso quanto os outros que nem eram tão próximos da menina. Decidido a compreender as novas ações de Rachel, Finn a seguiu pelos corredores notando-a desligada do que acontecia a sua volta.

Num movimento repentino, a morena adentrou a porta que levava ao auditório – era tão óbvio que seu cérebro fosse levá-la até lá – e se sentiu reconfortada ao deitar-se bem no meio do palco enquanto olhava fixamente para o teto e deixava de lado os seus livros pesados de Geografia e Matemática. Finn achou a cena um tanto quanto engraçada e percebendo que Rachel ficaria em silêncio, caminhou lentamente em sua direção.

— Você está diferente hoje – ele afirmou enquanto sentava-se ao lado dela.

— Minha vida é complicada – respondeu sem olhá-lo e em seu rosto se formou uma feição exageradamente sofrida.

— Vai me contar o porquê?

— Não sei se quero.

— Vamos, Rachel, seja legal.

— Meus pais estão se divorciando – ela falou de uma vez. - Minha mãe vai para Nova Iorque e quer que eu vá junto.

Por um momento Finn ficou estático. Nunca imaginou ouvir que os pais de Rachel se separariam, porém, o que mais doeu dentro dele foi a última frase solta pela menina. Após tantos dramas adolescentes e problemas solucionados, Finn e Rachel não poderiam ser felizes lado a lado, ela iria embora e ele não sabia o que dizer para tranquilizá-la, nem para si mesmo. Rachel apenas continuava a encarar o teto meio perdida.

— Eu não quero ir – ela continuou. -, disse ao papai que ficaria com ele, mas a minha mãe não quer deixar, ela sabe o quanto amo Nova Iorque só que não entende que meu lugar é em Lima por enquanto.

— Você vai? - Finn conseguiu perguntar.

— Provavelmente sim.

O casal permaneceu em silêncio até o sinal tocar indicando o começo das aulas. Rachel estava procurando soluções e Finn tentando se conformar com a nova notícia.

No fim do dia Rachel seguiu normalmente até a sala de ensaio do Clube do Coral, mais uma vez estava sozinha ainda pensando em como não precisar sair da cidade. Sua cabeça estava uma bagunça naquele dia e por um momento cogitou a ideia de faltar o ensaio, porém a vontade de cantar era mais forte comparada a qualquer outra, por isso guardou seus pertences no armário e adentrou a sala repleta de adolescentes escandalosos. Como sr Schuester ainda não se encontrava no local Rachel sentou-se um pouco distante de seus amigos, não estava muito comunicativa e pela primeira vez em sua vida queria ser invisível. A única que notou a chegada de Rachel foi Queen que lhe lançou um meio sorriso, mas não se aproximou e mentalmente Rachel agradeceu.

O assunto do dia era a própria Rachel, contudo, ela nem imaginava aquilo. Desde cedo o grupo discutia sobre o comportamento esquisito da menina das estrelas douradas, Mercedes havia contado para Artie, Artie contou a Tina, Tina contou a Mike e assim por diante, na hora de ensaiar todos já estavam cientes do estado de Rachel. Finn fingia não se importar enquanto batucava na bateria junto de Puck que tirava algumas notas no violão, Puck não se importava nenhum pouco com as fofocas e as vezes rolava os olhos ouvindo a conversa do pessoal a sua volta.

Acabando com a algazarra, Will Shuester surgiu com sua pasta marrom pendurada em um dos ombros. Dentro dela estavam guardadas algumas partituras e letras de músicas que o Coral poderia cantar, mas ele sabia que a grande maioria delas não seria aprovada pelo grupo exigente e por isso estava despreparado para aquele dia. Para a sua surpresa Rachel parecia saber o que fazer.

— Eu gostaria de cantar uma coisa, sr Shuester – Rachel avisou após ouvir o professor se explicar.

— Tudo bem, Rachel, vamos lá.

Os seus amigos a observavam com atenção enquanto ela se posicionava bem a frente deles.

— Na noite passada recebi a notícia de que meus pais iriam se divorciar – Rachel começou provocando surpresa em seus amigos mais próximos. - De algum modo, dentro de mim, sabia que uma hora ou outra aconteceria, mas o que me pegou como um soco no estômago foi o que minha mãe disse depois. Ela vai se mudar para Nova Iorque e é bem provável que eu precise ir com ela, meu pai concorda com essa decisão e talvez não termine meu último ano aqui no McKinley. Durante a minha aula de Espanhol, enquanto observava o sr Shuester explicar a matéria, eu pensei nessa música porque percebi o quanto vou sentir falta do Clube do Coral.

Após respirar por alguns segundos Rachel começou a cantar Wish You Were Here da Avril Lavigne. Era a música que expressava o que sentiria ao deixar os amigos que tinha feito ao longo dos anos de clube, inimigos que agora eram amigos, tantas coisas construídas, tantas histórias vividas e superadas, eram tantas recordações que a emoção tomou conta da menina enquanto cantava e algumas lágrimas escorreram de seu rosto. Era estranho pensar num mundo sem o Clube do Coral e aquela sensação não agradava Rachel.

Ao final da canção, com alguns chorando e outros sorrindo, houve um abraço em grupo. Todos partiram em direção a Rachel, com exceção de Finn que não sentia-se bem com a situação e por isso saiu da sala. Naquele momento ninguém sentiu falta dele, portanto, não se importaram em segui-lo.

 

10 dias depois

 

Já era sexta-feira, dia em que Rachel precisava partir. Após sua mãe confirmar que iriam para Nova Iorque o Clube do Coral decidiu que faria uma festa de despedida que acontecera na noite passada. Apesar da tristeza de deixar a cidade em que crescera, Rachel estava ficando animada percebendo o quanto se importavam com ela. O que a deixou arrasada de verdade foi o sumiço de Finn, ele não retornava suas ligações, nem suas mensagens de texto e não aparecera em sua festa de despedida. Ela sabia quanto o namorado estava machucado, porém ela estava sendo machucada duas vezes mais pelo fato de não poder se despedir devidamente do garoto que amava.

Depois de ligar para Kurt perguntando sobre Finn, Rachel desistiu e finalmente partiu até a estação de trem. Chorou no táxi e xingou o namorado enquanto a mãe lhe abraçava, não sabia que ele seria capaz de fazer algo do tipo com ela.

Adentraram a estação de trem e se separaram, Rachel para um lado e a sua mãe para o outro. Ela puxava sua mala de rodinhas cor-de-rosa enquanto tentava ligar mais uma vez para Finn, mas para sua decepção, foi ignorada. Prestes a recomeçar a chorar, Rachel sentou em um banco digitando furiosamente outra mensagem quando, de repente, escutou o som do violão e a voz de Finn. Ele e Puck estavam ali, respectivamente cantando e tocando, uma das músicas do Bon Jovi, Whole Lot of Leavin’.

Por um lado Rachel ficou tão feliz por vê-lo ali, mas pelo outro ele estava expressando tanta dor ao cantar cada palavrinha que a fez querer chorar. Finn estava colocando para fora tudo o que não conseguia dizer e de alguma forma, era quase uma súplica para que ela não partisse. Rachel deixou com que a música lhe tocasse da forma que Finn gostaria, contudo, suas malas estavam feitas, sua passagem comprada e sua mente preparada para a mudança. Então ela o abraçou forte, enterrando o rosto molhado em seu peitoral.

— Vou sentir sua falta – ela soltou notando-o ficar decepcionado com suas palavras. - Eu te amo tanto, Finn!

— Te amo mais, Rachel – respondeu apertando-a mais em seus braços.

Naquele momento o casal não se importou com as pessoas ao seu redor observando-os de uma forma curiosa, ou com Puck que parecia entediado com a cena. Eles apenas permaneceram juntos, com os corpos colados, tentando não pensar que aquilo era uma despedida, o que importava era o presente e como ele parecia estar congelado.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Obrigada por ler.



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Despedida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.