i opened the door
fell through the floor
i slipped through the cracks into nowhere

red - out from under¹

Azula estava caindo. Retoricamente e literalmente caindo. Ela caiu uma vez, ela caiu duas vezes, e de repente ela percebeu que o ato de cair se tornara natural para ela. A sensação de perder o equilíbrio estava gravada em sua mente, pois todos os dias ela se sentia decair mais um pouco.

Ela estava caindo, ela sabia que estava. E toda vez que ela olhava para trás ela sabia que ela estivera caindo todo aquele tempo; só não percebera até então.

Ela estava caindo quando fora traída, e ela não conseguia dizer exatamente o que era mais surpreendente: a traição ou a queda. Ela estava caindo quando seu pai a deixara para trás, ou ao menos ela sentiu que sim (a falta de equilíbrio, a repentina sensação de perda, a arfada por ar), como se o chão tivesse desaparecido de repente e que não havia nada lá em baixo para parar a sua queda; nada lá em cima para impedir que ela caísse.

Ela estava caindo quando suas memórias começaram a assombrá-la (seu corpo não se moveu, mas sua mente com certeza capotara quando vira o fantasma da sua mãe no espelho). Seu corpo permaneceu parado e rígido, mas sua mente fora arrastada abaixo ao som daquela voz maldita há muito esquecida e ela sentiu que as pontas dos seus dedos estavam perdendo o aperto em alguma coisa.

Ela continuou caindo, caindo como o espelho quebrado e suas memórias estilhaçadas.
Ela estava amaldiçoada, ela pensou, amaldiçoada para cair para sempre.

E agora ela estava caindo novamente.

Ela caiu de costas e então rolou e caiu de cara depois de uma luta contra seu irmão patético. Ela caiu na armadilha de uma plebeia irritante e se encontrou imobilizada e congelada. Ela caiu de joelhos e gritou com as lágrimas molhando suas bochechas, suas mãos acorrentadas impedindo-a de tentar escalar a muralha da loucura. Ela estava caindo, sentindo o ar deixar os seus pulmões enquanto ela tentava se manter sã.

.

.

.

.

Azula estava caindo, mas agora ela parou.
Seu corpo encontrou o chão; ela chegou ao fundo.

Ela quebrou.

¹eu abri a porta
eu caí no chão
escorreguei entre as fendas em direção ao nada