Elas estavam sentadas na varanda do seu antigo quarto, as costas viradas para o Sol.

As duas mulheres estavam se escondendo da atenção incessante que a mais nova estava recebendo, agora que sua barriga já havia crescido o suficiente para que todo mundo no palácio e fora dele pudesse saber que a família real estava prestes a receber um novo membro.

Não era fácil ser a mãe do neto do Senhor do Fogo.

O marido dela provavelmente estava preso entre vinte senhoras, recebendo os parabéns pelo seu primeiro filho e também conselhos sobre o que fazer ou não fazer com recém-nascidos – só que elas nunca concordavam em nada então a conversa sempre se tornava em uma guerra com ele preso no fogo cruzado.

Ela só esperava que ele durasse até o nascimento.

— Se você acha que isso é loucura você devia ter visto como foi quando eu estava grávida de você, — a voz da sua mãe estava ridiculamente animada.

— Você está se divertindo com isso tudo, — Izumi virou seus olhos acusadores para a mulher ao seu lado.

Mai deu de ombros.

— Eu só estou feliz por finalmente não ser a atração principal desse circo, – ela sorriu.

— Então você só vai assistir com a audiência dessa vez, certo?

— Claro que não! Eu vou ser tão participativa quanto fui antes. Esse é o meu primeiro neto no fim das contas, — ela suspirou, — Embora a espera seja entediante.

— E depois?

— Depois vem o choro, os gritos e as noites em claro. Te desejo boa sorte.

Elas ficaram em silêncio por um momento, até que Izumi suspirou.

— A gente vai estragar tudo, não vai?

— Dificilmente. Você é minha filha e eu me saí brilhantemente. Vocês dois vão ficar bem.

— E meu pai? — Ela não precisava explicar para a mãe o que ela queria dizer. ‘Como o pai dela lidou com a enorme e assustadora atividade de criar uma criança?’

Uma longa pausa se passou antes que Mai respondesse.

— Ele tentava.

— É isso que me assusta, — Izumi confessou, — Eu sou filha dele também afinal.

— É, e foi bem dele que você pegou esse drama excessivo e essa autodepreciação.

— Mãe, eu estou falando sério!

— Exatamente. E você não deveria estar, — ela disse exasperada, — Você só está dando ouvidos para o que aquelas bruxas velhas lhe disseram, é por isso que você está se apavorando. — Mai pôs uma mão reconfortante no ombro da sua filha, — Você está carregando uma outra vida dentro de você e isso é algo grande e assustador. Quando essa vida estiver fora de você, você vai ter que criá-la, e essa é uma responsabilidade imensa e alarmante. — Ela levantou o queixo de sua filha para que pudesse olhá-la nos olhos, — Mas acredite em mim quando eu lhe digo que tudo vai vir naturalmente para você, assim como veio para mim, e assim como veio para o seu pai, eventualmente. Mas mesmo que você cometa alguns erros, e os céus sabem que você vai, você vai amar cada segundo de tudo, porque ser mãe é…

— Uma das melhores coisas do mundo?

Mai abraçou sua filha e seu neto ainda não nascido.

— Uma das melhores coisas do mundo.