Adão e Eva, do inferno ao paraíso escrita por Paloma Her


Capítulo 10
Apocalipse (continuação)


Notas iniciais do capítulo

Em pouco tempo, caía o muro de Berlim, e começava o fim do comunismo na União Soviética. Mas a melhor coisa foi a aparição dos maiores gênios da terra, Bill Gates e meia dúzia de gênios de internet. A humanidade enlouqueceu em frente aos computadores. Depois o aquecimento começou a ser combatido em todos os cantos do mundo, culpando o carvão, o petróleo, como causadores da poluição das cidades, dos buracos na camada de ozônio e do aquecimento estufa. Nasceram ONGS como o Greenpeace, o Rio 20, o Congresso mundial para combater o aquecimento global, e muitas outras iniciativas empenhadas na luta de evitar o desequilíbrio ecológico na terra.



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Depois disso, Paulo partiu.

Êve preparou uma festa no Ginásio, onde convidados e alunos dessa Escola abraçaram o mestre que partia. Afinal, ele fora um líder da humanidade durante 500 anos.

 Andrei chorou que nem guri, pois ver seus netinhos havia aberto seu coração para a vida em família.

Marta e Stanislav saíram da cama para consolar Êve e Andrei, que choramingaram antes, durante e depois dessa festa. Quando Paulo e sua família abraçaram a todos, eles encaminharam-se para uma nave. Era um avião a jato supersônico, que os levaria até a Lua, invisível aos olhos dos radares da terra. Paulo e Andrei sentaram ao lado dos pilotos, e as esposas mais atrás rodeadas dos meninos. Marta e Stanislav entraram juntos, pois Marta tentava consolar sua mãe em vão. Nem nos piores dias de depressão a viu tão triste assim.

Desceram no lado escuro da Lua, e esperaram que se abrisse o compartimento secreto. Num pequeno morro, uma porta abriu uma boca luminosa. Paulo entrou com o jato lentamente, até ficar no centro de uma estação espacial, em cujo lugar naves de mais de 4.000m se alinhavam, uma acima da outra. Só então Marta acreditou que estavam na Lua, e que “aquilo” eram naves espaciais, e que seu irmão recém-conhecido viajaria para “outro mundo”.

Tudo isso junto era demais para Marta, a incrédula!  De repente, ela percebeu que seus pais eram os verdadeiros marcianos, e ela era filha de alienígenas. Era como uma história de ficção, que vira no cinema. Era como reviver os dias do internamento de sua mãe na clínica para loucos, só que desta vez, os loucos eram a humanidade inteira. A vida da terra era uma farsa. Uma encenação. O surreal era a vida real da terra. E as verdades em que sempre acreditara não existiam mais. E como autômato abraçou Paulina, Paulo, seus dez sobrinhos, e ficou olhando-os subir numa outra nave espacial, guiada por uma tripulação de 20 robôs. A nave saiu voejando, e desapareceu na escuridão. Êve e Andrei se consolavam mutuamente, abraçados a Marta, que estava tão tonta com tudo isso, que nem falava mais.

Stanislav pediu para os sogros permissão para casar, e ficar na Lua em tempo indeterminado. E aceitaram encantados. Andrei estava com a responsabilidade dos destinos do mundo sobre os ombros, e ver Marta bem cuidada e em segurança, o fazia sorrir aliviado.

O casamento de Marta aconteceu na Lua, no templo dessa base espacial subterrânea, e os noivos, elegantemente vestidos, com Stanislav de smoking.  Casaram frente ao Anjo Ariel, que se materializou no espelho. Marta afirmou que seguiria esse homem, onde quer que fosse, durante esta vida e depois da morte, e que ela reencarnaria, onde quer que fosse, para ser mais uma vez sua mulher, em todas as vidas futuras. Stanislav declarou que cuidaria dela, nesta vida, depois da morte, e em todas as próximas encarnações, e que amaria e protegeria seus descendentes com ardor. Juraram que seriam fiéis pela eternidade, pois eram almas gêmeas que não conseguiriam ser felizes um longe do outro.

O festejo desse casamento foi no restaurante da Lua, onde 8 robôs lhes serviram a melhor comida francesa, fora da França, e um vinho especial. Fruto da vinícola subterrânea lunar, onde cada grão de uva era tão grande quanto uma laranja. Como convidados dessa festa estavam pilotos de naves espaciais, engenheiros, pesquisadores, que iam e voltavam em viagens corriqueiras entre a Lua e as cidades subterrâneas da Terra, em jatos invisíveis aos radares militares.

Se bem que havia exceções.

De vez em quando, um robô se perdia na pilotagem, e ficava ao descoberto. A humanidade os chamava de ETs e as naves de OVNIS. Andrei lembrava os arquivos secretos do Kremlin, onde se registravam todos os contatos com essas naves misteriosas e se escreviam hipóteses descabeladas. Tinha os psíquicos que asseguravam que os ETs eram espiões do ocidente, já tinha outros que juravam que eram do planeta Marte. Também havia registros de contato com esses seres, em desenhos ridículos. Cabeça grande, corpo esquelético, que abduziam as pessoas para estudá-las. Havia até a lenda de um homem que mantivera relações sexuais com esses alienígenas.

A lua de mel de Marta e Stanislav iniciou-se na cabine de gravidade zero, que durou muito tempo. Para não morrer de exaustão, frutas frescas invadiam o ambiente de hora em hora. Comiam gulosamente, e Stanislav se encarregava de desintegrar as fezes dentro do intestino. Dormiam, cochilavam, namoravam mais uma vez, e só saíram dali, porque a câmara parou de funcionar. Caminharam tontos pelos corredores, como bêbados, e entraram nas florestas subterrâneas. Mais uma vez ficaram embaixo de uma figueira maravilhosa, para continuar a um amor ininterrupto. Uma vez por dia, chegava um robô com jantares magníficos, pois todo robô sabe que os homens se esquecem de se alimentar quando estão namorando.

Êve e seu amado se consolaram de forma similar. Escolheram a câmera misteriosa, onde havia uma cama no chão, numa sala redonda, com cinema em 360°. Colocaram um documentário do deserto, com animais de todos os tipos correndo pelas areias. Camelos, cavalos, serpentes gigantes, baratas, escorpiões venenosos, coelhos em fuga, era como se estivessem em meio de tudo isso. Deitaram, colaram os corpos, beijaram-se, e ficaram quietos. A cama os balançou como dois bebezinhos, e um robô os alimentaram durante 20 dias a fio. Mais calmos, falaram um até em breve para Marta com telepatia, e saíram dali para trabalhar. Andrei estava com o mapa das cidades subterrâneas, embaixo do braço. Havia mais ou menos um bilhão de pessoas vivendo embaixo da Terra. Gente desconhecida para o mundo da superfície.  Iniciaram o roteiro com as cidades da América do Sul, guiados por 3 robôs, durante a noite. A nave caiu de cima como pedra, em linha reta, e pousou numa cratera, pois todas as entradas estavam nos cimos de montanhas altas.

Visitaram as cidades Antara, no Peru, Montejos no México, Uribatá no Brasil, e Chanadu nos Estados Unidos, no Colorado. Em todas as cidades se falava a língua mãe da Terra. Sumeriano antigo, esquecido pela história, e ignorado pela civilização da superfície. E em todas elas encontraram gente que saía e entrava todos os dias, na eterna vigia ao “mundo selvagem”.

Tudo que Andrei, e os homens vindos do além das estrelas, ensinara nos tempos antigos, estava guardado em bibliotecas milenares, pois os terráqueos haviam desenvolvido o progresso no subsolo. Eram telepáticos, mágicos, e estavam tecnologicamente avançados uns 500 anos na frente dos homens da superfície. O mundo subterrâneo esperava que uma catástrofe natural matasse a todos os selvagens, para sair a conquistar a terra e fazer dela um paraíso terreno.

O que mais assustou Andrei foi a falta de amor e compaixão para com os “selvagens”. Havia o consenso generalizado de que eles não mereciam sobreviverem. Estavam desmatando as florestas, assassinavam animaizinhos para fazer roupas luxuosas, comiam os bois aos milhares, matavam os porcos a pauladas, na verdade ninguém tinha nenhuma simpatia pela humanidade de cima.

Mas o terror de Êve e Andrei estava só no início.

Quando desceram em Olímpia, embaixo do Mar Mediterrâneo, onde os tataranetos dos homens que chegaram com Andrei viviam, numa civilização 10.000 anos na frente, a verdade referente à Terra os assustou de vez. Foi nesse lugar que Andrei soube que tudo que falara para seus discípulos em Atlântida, estava certo, mas também muito errado. Afinal, Andrei nesta vida nada sabia de ciências. De nenhum conhecimento avançado.

Percorreu laboratórios, onde os gênios da ciência analisavam organismos desconhecidos, com nomes estranhos, assinalados em grupos de palavras, ou, números e letras. Leram: Antrax, Ebola, VXBC, AIDS, DXFE, H1N1, e a lista deles eram infinitas.

Com palavras simples os cientistas explicaram-lhe:

— São micro-organismos inventados pelos cientistas modernos ao serviço das grandes corporações mundiais. Os gérmens da “Idade Média” não existem mais. A última pandemia foi a gripe espanhola no século passado, pois todas as doenças foram derrotadas com as vacinas. Então, os grandes laboratórios, para não perder dinheiro, os estão inventando. Dessa forma, vendem o remédio contra esses gérmens novos, produzidos por eles mesmos. Primeiro fazem a vacina, e depois espalham o agente, que guardam em gavetas como reservas.

Andrei perguntou pasmado:

— Tem alguma coisa ainda pior?

— Tem! O aquecimento global! Os ambientalistas da superfície estão lutando contra o desmatamento, contra o gás estufa, mas a causa é outra. É o petróleo. O petróleo é isolante térmico, mestre. Ele impede que o calor da fornalha do núcleo, se junte com as línguas quentes do Sol. Fica entre meio. Quando ambos os calores se juntarem, pela retirada do manto negro, CATAPLUM! Vai ser um caos! O planeta vai explodir como uma bomba... A Terra vai se transformar em “Buraco negro”. Temos uns 5 planetas civilizados em alerta na Via Láctea. Todos estão construindo naves interespaciais como loucos.  

— Que medidas vocês já tomaram?

— Está para chegar uma frota de naves, e vamos transferir todos os habitantes das cidades subterrâneas para outra Galáxia. Sinto muito, mas levar os 5 bilhões de terráqueos da superfície não foi contemplado nos nossos planos de salvamentos.

— Mas, tem que haver uma saída, você é gênio. ME DEEM UMA SAÍDA!

— Tente a Internet! Alerte a humanidade. Crie um SITE e conte a verdade... A Internet vai ser sua última cartada. Um canal livre, onde nenhum governo poderá evitar que os homens se falem de um lugar para outro. É a última esperança, mestre...

— Onde há internet?

— Na NASA, na KGB, para fins bélicos. Rastejem um gênio da Terra que coloque a Internet ao alcance do povo, e depois incentive os homens a usar as energias alternativas. Você tem até o ano 2.019 para deter o uso do petróleo. Se em dezembro do ano 2019, ainda houver um, mas escute bem, UM poço aberto, vai ser o início do fim... De qualquer maneira vamos deixá-lo... Sinto muito...

— Podem ir, mas é claro!  Este mundo nunca foi de vocês! Viagem para “L de BETA”, pois é ali que estão seus avós, suas raízes...

— Se abrigue na cidade de Agarta, mestre! Ela vai ser a única cidade equipada com alta tecnologia. As demais cidades subterrâneas serão abandonadas até pelos animais...

— E o que vai acontecer com Atlântida?

— Será para sempre a cidade mística. Quem vai cuidar dela é a Grande Irmandade Branca.  Eles já sabem de tudo. Serão os únicos aliados que você terá na luta contra o fim da Terra. Neste momento estão rezando, criando um mantra positivo. Acham que esse mantra vai favorecer os bons contra os maus. Quer disser a guerra de Armageddon continua, mestre. Desta vez num patamar de poderes mentais.

Chegando a Agarta, uma cidade escondida em meio dos montes do Himalaia, Adão foi ao espelho falante, e chamou seu espião preferido. Desta vez, Jesus e Malaqui lhe apareceram abraçados, sorrindo, felizes de vê-lo.

— Me ajude, filho! Quero outra lista! Gênios em Internet, gênios em energias alternativas, políticos que os apoiam, pacifistas que lutam contra o aquecimento global, e me dê uma pirâmide. Os mais influentes acima, na ponta.

— É para já, pai! E pode acionar a “maquina Kirlean”, para fotografia...

— Tem uma dessas aqui?

— Atrás de você...

— Nossa, eu só a vi uma vez no Kremlin, quando fotografaram minha aura...

— Foi assim que descobriram que você era perigoso...

Adão finalmente caiu na gargalhada. Lembrou-se dos dias de espião, em frente aos parapsicólogos. Nenhum russo jamais entendeu os segredos de seu poder de adivinho. E agora, longe deles, ia vê-los destruídos, pois os dias da KGB e da União Soviética estavam terminados. Seus amados pais iam deixar de serem escravos, e seus irmãos viveriam num país livre. Sorriu.  Podiam-se fazer muito mais pelas pessoas amadas desde longe do que junto delas. Só faltava evitar que a Terra explodisse. Nossa! Isso ele jamais imaginara, sequer em noites de pesadelos.

Nos anos seguintes, muitas coisas aconteceram na Terra.

 Em pouco tempo, caía o muro de Berlim, e começava o fim do comunismo na União Soviética. Mas a melhor coisa foi a aparição dos maiores gênios da terra, Bill Gates e meia dúzia de gênios de internet. A humanidade enlouqueceu em frente aos computadores. Depois o aquecimento começou a ser combatido em todos os cantos do mundo, culpando o carvão, o petróleo, como causadores da poluição das cidades, dos buracos na camada de ozônio e do aquecimento estufa. Nasceram ONGS como o Greenpeace, o Rio 20, o Congresso mundial para combater o aquecimento global, e muitas outras iniciativas empenhadas na luta de evitar o desequilíbrio ecológico na terra.

Foi no ano de 2003 que a frota de naves interespaciais chegou à Lua, com 10.000 naves prontas para evacuar todas as pessoas das cidades subterrâneas da Terra. Elas se posicionaram no lado escuro da Lua, e ficaram na espera. Naves pequenas começaram a descer, para levar naves lotadas de pessoas para o espaço. Depois, voltavam em busca de mais alguém.

 Mas no meio desses alienígenas também chegou ajuda para evitar que a Terra se transformasse num Buraco Negro. Chegara um guerreiro com um medalhão de ouro no peito, junto à mulher mais linda do Universo, com uma missão diferente. Hipnotizar Adão e enviá-lo junto aos que partiam, e realizar sozinhos, a última tentativa de salvar a Terra.

Adão e Êve viram entrar na cidade de Agarta Joana, irmã de Eva, e seu marido Carlão, incrédulos. Os dois correram como guris a abraçá-los, pois era incrível. As mulheres se olhavam, beijavam, enquanto seus homens ficavam abraçados, quietos, tomados pela emoção. Eva e Joana, num passado muito longínquo, haviam nascido em Atalanta, uma cidade de outra Dimensão, e ambas abandonaram seu planeta com seus homens, em duas missões diferentes. Havia tanta coisa para ser contada uma para a outra.

Mais calmos, depois de um pequeno tumulto, Adão explicou para os homens em redor, que Carlão havia tentado uma vez evitar um holocausto atômico, em outro mundo, e que ele havia fracassado. Portanto estava na Terra para falhar de novo.

Todos começaram a rir, aplaudir, festejar, sem acreditar em nada disso. Carlão falou:

— Na verdade, só vou tentar evitar o fim deste mundo, embora o destino da Terra esteja nas mãos dos homens da superfície!  Mas, a esperança sempre é a última que morre... Só não sei por que fui escolhido... Meu patrão só me disse que eram aqui que estavam meus descendentes, os filhos de meus filhos, meus tataranetinhos... Isso é verdade? Não vejo nenhum olhinho puxado...

Desta vez, a gargalhada foi estrondosa. Adão explicou-lhe:

— Vou te levar a ver teus descendentes, cara... Um bilhão deles se encontra só na China... No resto do mundo tem mais. Um em cada quatro homens deste mundo tem os teus olhos...

— Inteligentes como o papai?

— Claro que sim, cara... Gênios em informática, robótica, tudo o que há de mais avançado é inventado no Japão ou na China. Os chineses estão arrasando, cara, eu acho que um dia do futuro eles vão comandar o planeta inteiro.

Joana falou, com um pouco de ciúmes:

— E eu, tenho algo a ver com toda essa genética?

Eva respondeu-lhe:

— Irmãzinha, as japonesas são a tua cara. Morenas, porque em aqueles anos éramos todos bem peludos... Mas tão lindas como tu... Elegantes, caminham como princesas e são mais inteligentes que os homens...

Foi a vez de todos rirem com gosto. Depois disso, e durante os dias seguintes, em Agarta tudo foi festa. Eva e Joana não paravam de conversar entre elas, fazendo um resumo de suas vidas, enquanto Adão através da telepatia dava os relatos trágicos da Terra para Carlão.

 Marta e Stanislav viram a chegada da nave gigante na Lua, e voaram para a Terra saber o que estava para acontecer. Marta conheceu sua tia Joana, a mulher mais bela do Universo, e riu junto de Êve com as histórias milenares, quando elas eram as meninas mais belas de Atalanta. Nos dias seguintes, todos juntos saíram para um cruzeiro pelo mundo, para que Carlão e Joana conhecessem os chineses e japoneses. Carlão percorreu a muralha da China, emocionado, enquanto Adão lhe contava detalhes de como havia sido construída, numa época de milênios atrás. Apreciaram o Japão moderno, dançaram nas discotecas barulhentas, visitaram Museus, exposições de arte, jantaram comidas deliciosas, enquanto nas cidades subterrâneas os homens esperavam a noite para abandonar seus lares.

Carlão esperou o último dia para hipnotizar Adão e sua família, e colocá-los nas cabines de hibernação.  Marta e seu marido, alheios aos destinos apocalípticos, dormiram sem saber por que motivo, e muito menos que estavam com viagem marcada para outra Galáxia. Eles não viveriam muito tempo, pois eram terráqueos de vida curta. Mas, teriam uma velhice saudável, e namorariam até o último suspiro de vida.

Depois, Carlão viu as naves partirem, uma a uma, deixando a Terra aos seus cuidados.  Ficaram em seu redor apenas os loucos sonhadores da Terra, que falavam ao seu lado: - Vamos conseguir, mestre, vamos conseguir! Todos eles eram apenas místicos, homens de fé, de todas as religiões inventadas pelo homem. Homens que falavam com ele pessoalmente, ou através da telepatia. Pessoa que se organizava na clandestinidade, e que se comunicava através da mídia com mensagens em código.

O maior canal de comunicações, nessa altura da vida da terra, era a internet. Mas, os místicos sabiam alguns truques. Em cada propaganda de TV sempre havia uma mensagem oculta, sublinhar, interpretada apenas por eles.  Também eles faziam denúncias de todas as desfalcadas dos homens de governo, denunciavam absurdos, ou, faziam correntes de fé, ou recolhiam assinaturas para deter a violência, sempre na corrida contra o tempo. A humanidade, de alguma maneira, acreditava que o ano decisivo era 2012. A própria mídia martelava sobre profecias de grandes videntes, que anteciparam que a sociedade terminaria no ano de 2012.

Carlão e Joana assistiram a muitos filmes apocalípticos, que anunciavam o fim dos tempos, leram livros sobre o mesmo tema, e espionavam desde longe os grandes pensadores para dar-lhes proteção. Entre todos os artistas rebeldes, a favorita de Joana era uma estranha mulher. Escrevia sobre a vida em outros mundos, sobre as cidades subterrâneas, para a humanidade saber que possuíam apoio na luta contra os grandes ladrões que governavam a terra.

Mas o “poder oculto” das forças malignas também era poderoso. 200 homens detinha o poder econômico, e através dele subjugavam, dominavam, e parecia que acabar com o uso do petróleo seria impossível. Depois de um congresso de gênios, aonde se chegava ao consenso que as energias fósseis tinham que ficar obsoletas, aparecia 100 gênios falando o contrário na televisão. Desmentiam com hipocrisia que sempre houvera aquecimento sobre a terra. Isso de fim de mundo não passava de mentira. As pessoas comuns não sabiam mais em quem acreditar. Nunca a opinião dos cientistas esteve tão dividida.

Carlão olhava o espelho todos os dias e se perguntava a si mesmo se valia a pena socorrer essa sociedade burra. Possuía ainda 10 naves. Suficiente para cair fora com alguns amigos.  E desde o ar, ele era capaz desta vez, de matar a todos os homens da superfície apenas com um olhar. Uma mirada de leve. Cairiam que nem moscas ao chão, com parada cardíaca fulminante, e a Terra se salvaria.

Mas Joana o trazia de volta de sua depressão.

Abraçava-o com doçura, e convidava a uma viagem às profundezas. Entravam num comboio, atravessavam a terra em túneis sem fim, até o laboratório que abalizava o magma. Olhavam para os medidores de temperaturas, que marcava o calor interno e externo da Terra. Os marcadores estavam ainda distantes uns do outros. A temperatura interna se mantinha a mesma, pois a Terra lançava seu magma para fora através dos vulcões para manter o equilíbrio. Mas, o calor que chegava do Sol aumentava dia após dia, pois os círculos magnéticos, que afastavam o calor do Sol, estavam ficando enfraquecidos.

Numa medida desesperadora Carlão colocou 5 painéis no meio do espaço para derreter neves e refrescar o chão. Os oceanos começaram a subir, o gelo esfriou o planeta, e finalmente conseguiu recuperar os círculos magnéticos e afastar o calor do Sol. 

Mas as consequências na superfície foram trágicas.

As cidades do litoral começaram a ser alagadas e os homens choravam em coro porque nenhum gênio sabia explicar o motivo pelo qual o mar subia a cada dia mais uns centímetros. Chegou-se a calcular que no ano 2050 os oceanos teriam 10 metros acima do nível normal. E que seria o fim de muitas cidades. Japão desapareceria. Ilhas da Nova Guiné ficariam embaixo da água. E muita gente morreria. E não encontravam uma solução.

Afinal, a missão de Carlão não era auxiliar a raça humana como falou para Adão.  A verdadeira missão dele era salvar a Terra da “explosão final”. E se era necessário afogar os homens para o sucesso, isso estava dentro dos padrões de aceitáveis.

Afinal, nesta encarnação Carlão não era mais um anjo salvador.

Desta vez ele era um justiceiro com licença para matar.


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Notas finais do capítulo

Abraçava-o com doçura, e convidava a uma viagem às profundezas. Entravam num comboio, atravessavam a terra em túneis sem fim, até o laboratório que abalizava o magma. Olhavam para os medidores de temperaturas, que marcava o calor interno e externo da Terra. Os marcadores estavam ainda distantes uns do outros. A temperatura interna se mantinha a mesma, pois a Terra lançava seu magma para fora através dos vulcões para manter o equilíbrio. Mas, o calor que chegava do Sol aumentava dia após dia, pois os círculos magnéticos, que afastavam o calor do Sol, estavam ficando enfraquecidos.



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