Evermore escrita por The Last Morgenstern


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Hey, pequenos gafanhotos, como estão?

Espero que todos bem!

É. Eu sei. Existem 28327846746827 de fanfics sobre esse casamento e eu também já escrevi uma ou duas sobre isso, mas quando eu ouvi essa música eu simplesmente não consegui evitar. Eu precisava escrever mais uma vez sobre esse casamento.

Espero que apreciem.

Eu estou bem nervosa quanto a essa oneshot pois ela é importante para mim.
Espero que ela esteja a altura da música e especialmente que as pessoas que me incentivaram a escrevê-la, apreciem.

A música em questão é Evermore do live action A Bela e a Fera e é muito, muito importante que vocês a ouçam com a oneshot.

Eu não incorporei a letra para que a estória não acabasse se estendendo demais, mas é uma música que vale muito a pena ser apreciada em qualquer momento.

Sem mais delongas, vamos a estória!



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Regina soube desde a primeira vez que pusera os olhos em Emma Swan que ela seria a sua ruína. O que ela não sabia, no entanto, era que aquela estranha que adentrara seu portão trazendo seu filho, seria muito mais do que a sua ruína. Ela seria também o seu caminho de volta para a luz, para o amor.

Mas como Regina previra, ela fora a sua ruína e era por causa dela que a prefeita se encontrava em seu escritório com a garrafa de whisky pela metade ao seu lado. Não, desta vez a sua cidra não seria o suficiente para aplacar o que estava sentindo desde que ouvira que Emma Swan estava noiva de Killian Jones.

Como isso era possível? Como Emma podia não enxergar o tipo de homem que Killian é? E ela, como amiga — pensar em si apenas como amiga de Emma a fez se encolher involuntariamente –, não deveria alertá-la? Não. Todos sabiam do passado de Regina e todos naquela cidade viram o quanto ela lutou para mudar e conseguir se perdoar mais do que conseguir o perdão daqueles que ela mais magoou. Na verdade, ela tentara abrir os olhos de Emma uma vez. Você é boa demais para o Hook. Mas ela pareceu não dar ouvidos. Eles estavam no inferno para tentar resgata-lo, para trazê-lo de volta para os braços dela.

Regina amara Daniel e também amara Robin, mas o que sentia por Emma Swan era diferente de tudo que já sentira em sua vida.

Daniel fora o seu primeiro amor, aquele que ela acreditava ser o seu verdadeiro amor. Inocente, encantador, com beijos roubados ao pôr do sol no alto da colina ou no estábulo. Daniel fora arrancado dela muito cedo, de forma brutal, cruel. Perder Daniel fez com que Regina ingressasse por um caminho o qual jamais quisera antes, um que jamais imaginara em sua vida enquanto nela ele habitava. Ela jurou vingança, ela matou, ela torturou, ela amaldiçoou.

A morte de Daniel fez com que sua vida mudasse de uma maneira que ela jamais imaginou que fosse possível. Daniel era a promessa de uma vida tranquila e amorosa, longe de sua mãe, longe de todo o mal que ela lhe infligia.

Robin, no entanto, fora a sua segunda chance. Mesmo que ela não acreditasse muito nisso, mesmo que já soubesse estar perdidamente apaixonada por Emma Swan quando o conheceu, no entanto, lá estava a sua Emma caindo nos encantos daquele pirata.

Killian nunca se importou com ninguém além de si. Quando conheceu Milah, a seduziu e a tirou de seu marido e filho e embora talvez tivesse realmente a amado, ele não se importou com as vidas que destruiu para tê-la ao seu lado.

Sim, ele era bonito e bom de conversa, mas ele também era um covarde cafajeste que tratava as pessoas, especialmente as mulheres, como objetos, as levava para a cama e as exibia como troféus e agora lá estava ele, exibindo Emma como mais um de seus troféus.

Regina o conhecia bem e sabia, talvez melhor do que ninguém, que a mudança e heroísmo que ele clamava para si não eram verdadeiros, não pertenciam a ele.

Snow e Charming estavam encantados por ele e pareciam realmente acreditarem em sua mudança, em seu heroísmo e ela até dava um desconto, pois apesar de serem quem eram, eles vinham da Floresta Encantada e sempre foram conhecidos por verem o melhor nas pessoas, mesmo em seus piores dias, Snow sempre acreditou que Regina um dia voltaria a amar, mas Emma? Emma era do mundo real, ela sabia como as pessoas eram. Ela tinha um superpoder. Porque então esse superpoder parecia não funcionar quando se tratava de Killian Jones?

Regina observava o dia atípico em Storybrooke através de sua janela, perdida em tantos pensamentos quanto as grossas gotas da chuva que rebentavam contra sua janela. O crepitar do fogo em sua lareira deixava o local aconchegante e ela se lembrou da noite em que conhecera Emma.

Havia chovido o dia inteiro, ela já não sabia mais onde procurar Henry. Seu coração batia tão acelerado que ela parecia ter cavalgado em disparada desde o momento em que descobrira que o garoto desaparecera. Graham estava fazendo o possível para encontra-lo, mas era em vão. Quando suas esperanças estavam esvaindo-se, lá estava ela. Atravessando o caminho de pedra que levava a porta de sua casa com Henry ao seu lado.

Aquela terrível jaqueta vermelha, o cabelo levemente cacheado caindo por seus ombros, o sorriso fraco que ela oferecera quando perguntada se era a mãe biológica do garoto, mas um brilho no olhar... aquele tipo de brilho que podia iluminar o caminho de qualquer pessoa através da escuridão.

No começo, elas brigavam feito cão e gato, as ameaças nas entrelinhas na maioria das vezes. Em raras ocasiões essas ameaças chegavam a superfície e essas eram as vezes em que Regina sentia seu mundo incendiar-se. Por diversas vezes ela se pegou desejando atirar Emma contra a parede após uma calorosa discussão e aplacar o desejo que estava sentindo. Era apenas isso. Desejo. Tinha que ser.

As semanas tornaram-se meses e os meses tornaram-se anos e com eles a relação delas mudou completamente.

Regina teve certeza de que Emma mudaria sua vida quando seu toque fez com que sua magia funcionasse e o portal se abrisse mandando o wrath para a Floresta Encantada, mas foi quando Emma a salvou novamente, tirando-a do caminho dele e caindo no portal que Regina teve certeza. Emma Swan seria a sua ruína.

Relutante no início, ela fez o possível para ajudar a trazer Emma e Snow de volta e quando ela finalmente conseguiu, não pôde medir o alívio que sentira em seu peito. No entanto, ali começaria também a sua ruína. Poucos dias depois ela descobrira que não apenas Emma e Snow atravessaram aquele portal, mas também sua mãe e um antigo não-tão-aliado. Hook. E ele já havia colocado os olhos em Emma. Ele já a tinha como sua presa, seu troféu.

Como se isso não fosse o suficiente, Neal, ex de Emma, pai de Henry e filho de Rumplestiltskin aparecera em Storybrooke. Seu coração mais uma vez se encolheu ao ver que a loira ainda o amava e doía ainda mais ver que seu filho estava fazendo de tudo para reunir seus pais. Qual criança não gostaria de ver seus pais juntos, não é? Sua vontade era gritar para Henry que ela era sua mãe, assim como Emma e que ele deveria querer vê-las juntas. Não fazer Emma voltar para o homem que a abandonara grávida para ser presa, mas ela não podia. Quem entenderia seus sentimentos? Quem não pensaria que era apenas mais uma armadilha da Evil Queen para ferir Snow White e conseguir sua vingança? Seria de fato a vingança perfeita, exceto pelo fato de que não era.

Enquanto tudo isso acontecia em sua mente e seu coração e ela pensava que as coisas não podiam ficar piores, ela se viu sendo entregue nas mãos de um lunático para ser torturada. Ninguém menos do que o próprio Killian a entregara, mas Emma nunca soube desse detalhe. Ninguém soube.

Henry fora levado para Neverland por Greg e Tamara e então ela e Emma embarcaram em uma missão de resgate. Mas é claro, jamais seria somente as duas. Hook estava lá com elas. Snow e David estavam lá. Rumple estava lá e se tudo isso não fosse o suficiente, Neal também acabou aparecendo em Neverland.

Seu filho estava em poder de Peter Pan, um demônio em forma de garoto, pai de Rumplestiltskin. Isso acabou desviando seus pensamentos de Emma por algum tempo, mas não o suficiente para evitar pequenas demonstrações de ciúme por causa de Hook ou Neal e sempre que isso acontecia sua vontade era de pular da pedra mais alta daquela ilha. Ela não podia deixar ninguém saber sobre os seus sentimentos ou poderiam acabar usando isso contra ela. Amor é fraqueza. A voz de sua mãe ecoava em sua mente sempre que ela pensava em Emma. Mas o que mais a aterrorizava era o que Emma pensaria ou diria se soubesse de seus sentimentos por ela. Não! Emma jamais saberia. Juntas elas resgataram Henry e voltaram para casa, mas como sua vida era sempre uma peça de William Shakespeare, Hook e Neal voltaram com eles e lá estavam os dois, brigando feito dois adolescentes por Emma.

Quando menos esperaram uma nova maldição fora anunciada e ela teve que ver Emma e Henry partirem. Era a segunda vez que ela via a loira ir embora, mas desta vez levava com ela o seu filho. O primeiro sacrifício de Regina. Ela não só abriu mão dos dois de uma vez como também removeu suas lembranças sobre eles, dando-os novas. Lembranças em que eles jamais tiveram que dizer adeus, lembranças em que eles estiveram sempre juntos e sem que Emma soubesse, muitas dessas lembranças eram lembranças dela. Dos primeiros anos de Henry. De antes de ele ganhar aquele livro. Lembranças de um tempo em que eram apenas os dois e sua vida parecia perfeita pela primeira vez. Lembranças de um tempo em que ela fora feliz após muitos anos. Mas a sua maldição era que ela se lembraria deles a cada dia, a cada segundo.

Quando a saudade ficou insuportável, Regina retirou seu coração e o enterrou na esperança de que isso aplacasse a falta que Henry e Emma faziam em sua vida. Você não vai se sentir melhor. Você não vai sentir nada. As palavras de Snow vieram a sua mente. Ela a encontrara no exato momento em que Regina estava enterrando seu coração. Essa é a intenção! Foi a única coisa que ela dissera em resposta.

Ela havia conhecido Robin logo que regressaram a Floresta Encantada, mas mesmo com seus belos olhos azuis e sua fala mansa, ele não despertara nada nela. Ele era bonito, claro, mas Regina não procurava beleza. Foi então que Zelena surgira em sua vida. A meia irmã que sua mãe mandara embora por puro egoísmo. A meia irmã que nutria um ódio e uma inveja por ela que talvez nem Regina jamais sentira algo parecido por Snow, mas no fundo ela a entendia. Ela sabia a sensação. E quando menos esperaram, lá estavam eles de volta em Storybrooke e como se não bastasse, lá estava ela. Hook partira em busca dela e a levara de volta à cidade para que pudesse liberta-los da nova maldição em que se encontravam. Emma tinha suas memórias, Henry no entanto, não fazia ideia de quem ela era. Um ano havia se passado desde a despedida na linha da cidade e lá estava seu coração, batendo desesperado em seu peito no momento em que pusera os olhos nela.

A maldição de Zelena fora quebrada e com isso Henry voltou a se lembrar dela. Nesse meio tempo Emma e Hook ficaram mais próximos e ela descobrira que Robin era na verdade, o homem que Tinkerbell mostrara a ela uma noite em uma taberna e ela pensou: porque não?

Por algum tempo Robin aplacara seus sentimentos e ela conseguiu sentir-se feliz ao lado dele e de Roland. Ele era amável e fazia de tudo para agrada-la, mas ainda assim, havia uma parte dela que sempre buscava os olhos de Emma.

A chuva contra sua janela intensificou no exato momento em que Regina lembrou-se de quando Emma sacrificou-se por ela. Naquele momento seu mundo pareceu desaparecer junto com a loira através do vórtice de magia. A adaga tilintou no chão e o nome de Emma reluziu nela. Ela se sacrificou por você, Majestade. A voz irritada de Hook ecoou em sua mente.

Claro, como se ela precisasse que alguém lhe dissesse o que havia acabado de acontecer diante de seus olhos. Você lutou duro demais para ter sua felicidade destruída.

Ah, se Emma soubesse que sua felicidade estava destruída há tempos.

Regina suspirou quando encontrou não apenas o seu copo como também a garrafa vazios a sua frente. Sem confiar em suas pernas para buscar outra, ela fez um rápido movimento com a mão e uma garrafa de whisky aparecera diante dela. Ela encheu o copo e virou um gole generoso sentindo o líquido descer quente por sua garganta.

Ela olhou para seu celular que tocava novamente, desta vez com o número de Snow piscando em sua tela. Não, ela não atenderia ninguém.

Naquela noite seria o casamento de Emma e mesmo sentindo-se sem forças para nada, ela queria ter o poder de um daqueles super-heróis que Henry tanto gostava para que pudesse fazer a chuva parar para que Emma tivesse uma bela noite em seu casamento, mas ela não podia fazer isso então ela apenas tomou outro generoso gole de whisky.

Ela não sabe dizer ao certo quanto tempo ficara trancada em seu escritório mergulhada em lembranças de Emma e de tudo que passaram juntas – querendo ou não – desde o dia em que se conheceram, mas quando a chuva parou Regina decidiu que se iria de fato comparecer ao casamento, deveria parar de beber e começar a se arrumar. Um movimento rápido de sua mão e lá estava ela em seu banheiro.

Mais algumas horas dentro de sua banheira a ajudaram a relaxar a mandar boa parte do efeito do álcool em seu sangue embora. Novamente seu celular tocava a tirando de mais um pensamento sobre Emma, desta vez do dia em que ela foi para outra realidade resgata-la do desejo da Evil Queen. O visor de seu celular mostrava novamente o nome de Snow piscando e suspirando Regina resolveu atender, sem conseguir evitar um leve sorriso em seus lábios diante da preocupação da outra por ela ter evitado todas as suas ligações e mensagens anteriores.

Regina se olhou no espelho mais uma vez e alisou o vestido escolhido por Snow para esse dia. Ela seria a Dama de honra de Emma. É claro que Emma só poderia pedir isso a sua melhor amiga. Seus olhos marejaram mais uma vez e Regina respirou fundo algumas vezes para impedir que as lágrimas rolassem por seu rosto. O vestido de cetim lilás contrastava com sua pele e destacava seu rosto tornando impossível não olha-la, mas a única pessoa de quem ela queria receber olhares estava do outro lado da porta da pequena capela que dava acesso a igreja do convento onde seria realizada a cerimônia.

— Você não vai entrar? – A voz de Snow a assustou, tirando-a de seus pensamentos. — Emma está esperando por você para começarmos.

— É claro. – Regina ofereceu a outra um sorriso fraco. — É só que... eu nunca fiz isso antes. As duas únicas vezes em que estive em um casamento não foram as mais...

— Regina. – Snow a interrompeu. — Não é hora para pensar nisso. Muita coisa aconteceu desde então e nós já te perdoamos a muito tempo. Somos uma família agora.

A prefeita apenas assentiu e respirando fundo abriu a porta deixando Snow para trás.

— Emma... – Regina ofegou ao vê-la pela primeira vez em seu vestido de noiva deixando sua máscara cair por um segundo. — Você está linda.

— Obrigada! – Swan sorriu para ela através do espelho. — Minha mãe achou que as flores ficariam bem com a trança.

— De fato estão. – Regina se recompôs, aproximando-se lentamente dela. — Mas eu acho que rosa não é muito o seu estilo. Aqui...

Regina moveu a mão suavemente e a cor mudou de rosa para branco com pequenos detalhes amarelos. Tão belos quanto você. Regina pensou olhando-a pelo espelho.

Emma virou-se e seus olhos se encontraram pela primeira vez fazendo o coração de Regina bater tão depressa que ela teve medo que alguém pudesse ouvi-lo.

— Você também está linda. – Ela colocou as mãos nos ombros nus de Regina. — Parece que minha mãe sabe o que faz quando o assunto é organizar um casamento.

— Acredite, ela sabe. – Regina deixou um riso baixo escapar por sua garganta, lembrando-se dos inúmeros bailes que Snow insistira em organizar durante sua vida.

— Eu estou tão feliz que tenha aceitado meu convite! – Em um gesto inesperado Emma abraçou-a como jamais fizera antes.

Regina apoiou o queixo no ombro dela deixando-se levar pelo leve aroma de chocolate com canela, tão característico de Emma, agora misturado ao perfume das flores em seu cabelo.

— Eu não poderia recusar o pedido de uma amiga. – Regina sentiu sua garganta queimar com a palavra, mas respirou fundo tentando manter sua máscara.

Ela não poderia deixar que Emma percebesse justo agora. Nem Emma e nem ninguém. Relutante ela se desvencilhou do abraço e tomou alguns segundos para observar a loira mais uma vez antes de saírem da capela.

— Vocês estão prontas? – Snow colocara a cabeça através da porta e um sorriso iluminava seu rosto.

Elas assentiram e a outra desapareceu pelo corredor fazendo seu caminho até o altar antes que elas pudessem responder verbalmente. Em seguida David apareceu na porta para levar Emma até o altar.

— Vocês estão lindas! – Ele alternou seu olhar entre as duas.

Regina sorriu para ele a tomou a frente, fazendo seu caminho até o altar colocando-se ao lado de Henry. O garoto sussurrou o quanto ela estava linda e ofereceu o braço para que ela o segurasse. Regina estava fazendo o seu melhor para ignorar Hook do outro lado do altar e seu sorriso vitorioso nos lábios. Ele provavelmente sabia o que Regina sentia por Emma e isso a irritava ainda mais.

As trombetas soaram anunciando a entrada da noiva e como que comandada por uma força invisível Regina virou-se para vê-la entrar.

Essa mesma força era a responsável por parecer esmagar o seu coração lentamente a cada passo que Emma dava a caminho do altar. Embora ela estivesse se casando com o homem que dizia amar, seu sorriso não alcançava seus olhos. Aquele brilho que Regina tanto gostava de ver nas esmeraldas não estavam lá, mas parando para pensar, os olhos de Emma não brilhavam a muito tempo.

Nesse momento Regina pensou que ainda gostaria de ser como no dia em que interrompeu o casamento de Snow White e Charming na Floresta Encantada, mas ela não era mais aquela mulher. Ela não colocava os seus sentimentos acima dos de ninguém. Não mais. Se Emma dizia ama-lo e estar feliz com ele então quem era ela para dizer o contrário? Ela não poderia.

Durante toda a cerimônia ela se viu perdida em lembranças de sua vida. Lembranças de Daniel, de sua mãe, de Emma, de Robin, de tudo que vivera desde que era possível se lembrar e evitava a todo custo olhar para a noiva, pois ela não tinha certeza se poderia continuar ali se o fizesse. Vez ou outra seus olhos encontraram os de Zelena em meio aos cidadãos espalhados pelos bancos e sua irmã parecia estar tão perdida em pensamentos quanto ela.

Pode beijar a noiva. A voz de Archie ecoou em meio aos aplausos e vivas vindo de todos os lados e nesse momento Regina despertou de suas lembranças notando pela primeira vez que estava chorando. Estava acabado. Sua Emma Swan era oficialmente esposa daquele pirata. Sua. Regina sorriu amarga. Emma jamais fora e jamais seria sua. Ao mesmo tempo ela sabia que Emma estaria para sempre em sua vida. Elas tinham um filho juntas. Henry seria sempre o elo de ligação entre elas, mesmo que um dia tudo desabasse. Mesmo que um dia sua amizade findasse. Ele estaria sempre lá para lembra-la de Emma Swan.

Mesmo que ela corresse para longe, Emma Swan jamais a deixaria. Ela estaria sempre em seus pensamentos, sempre em sua vida. Emma tinha aquela coisa que não importa o que acontecia, ela sempre encontrava Regina.

Um riso seco escapou de sua garganta ao pensar nisso. Eu sempre vou te encontrar. Aquela frase. Aquela maldita frase. Não, Emma nunca dissera isso para ela, mas não precisava, pois, atos valem mais do que palavras e ela e Emma sempre se encontravam, não importava como ou em que reino ou realidade.

Regina estava tão perdida em seus pensamentos que não notara que o momento de cumprimentar os noivos havia chegado. Ela secou suas lágrimas e se esforçou para oferecer o melhor sorriso que seus lábios poderiam dar. Um sorriso que ela reservava apenas para Emma ou Henry e respirando fundo ela seguiu o pequeno grupo para saudar os recém-casados. Um breve aperto de mão para Hook e quando ela ia fazer o mesmo com a loira, Emma simplesmente a envolvera em um abraço tão apertado quanto o que trocaram na capela antes da cerimônia. Por algum motivo que ela ainda não compreendia ao certo, desde que trocara o primeiro abraço – na casa de Snow quando descobrira do noivado – os outros vieram quase como uma rotina entre elas. Algo que ela almejou por tantos anos de repente tornara-se algo que faziam sempre que possível.

Após os cumprimentos todos se dirigiram para a mansão da prefeita onde seria feita a recepção. Não, Emma não pedira isso a ela, mas como sua melhor amiga Regina achou que era o certo a fazer.

Agora, no entanto, ela se encontrava extremamente arrependida dessa decisão. Onde estava com a cabeça para pensar que devia fazer isso?

Hook estava ao lado de Emma o tempo todo segurando-a perto de si como se fosse sua propriedade, como um troféu a ser exibido por aí.

Regina já não sabia quantas taças de cidra e champanhe havia tomado, menos ainda quantas doses de whisky ou qualquer outra bebida disponível havia descido rasgando sua garganta.

Cambaleando ela se levantou para pegar mais uma no exato momento em que David chamou a atenção de todos para propor um brinde aos recém-casados. Ela pegou uma taça de champanhe e parou para escutar o que ele tinha a dizer, sem perceber que suas lágrimas voltaram a descer silenciosas por seu rosto enquanto ele o fazia.

— Regina... – Zelena tocou seus ombros suavemente. — Desde quando?

— Não. – A morena secou as lágrimas e virou-se rapidamente. — Não ouse.

— Regina...

— Zelena, não! – Sua voz se elevou chamando a atenção de Emma e Snow.

Antes que a ruiva pudesse responder ou que as duas pudessem alcança-las Regina desaparecera em sua fumaça roxa.

— O que aconteceu? – Emma perguntou encarando o espaço vazio.

— Idiota! – O brilho no olhar de Zelena era feroz como o de uma mãe que protege um filho.

Antes que as duas pudessem perguntar algo mais a bruxa desapareceu em sua fumaça verde aparecendo diante do cofre de Regina em seguida. Ela tinha certeza de que a irmã fora para lá uma vez que sua casa não era um refúgio no momento.

— Regina? – A voz de Zelena ecoou através das paredes de pedra.

— Vá embora.

Não foi preciso procurar muito. Regina estava sentada em divã em uma das salas de seu cofre. O rosto escondido entre as mãos, o cabelo caindo pelas laterais e as lágrimas molhavam o tecido do vestido.

— Eu não vou a lugar algum. – A ruiva se aproximou sentando-se ao lado dela e a envolvendo em um abraço.

A princípio Regina relutou, mas quando Zelena começou a acariciar seu ombro suavemente a morena se entregou ao choro deixando toda a sua dor visível através das grossas lágrimas que escorriam por suas bochechas e molhavam a pele de sua irmã e os soluços engasgados em meio ao choro.

— Eu a amo tanto. – Regina sussurrou com a voz rouca de tanto chorar.

Zelena nada disse. O que poderia dizer para acalma-la nesse momento? Ao invés disso ela apenas abraçou a irmã ainda mais forte contra seu corpo.

Perder Daniel a destruíra, mas não havia nada que ela pudesse fazer diante de sua morte. Com Robin fora a mesma coisa, mas Emma... Emma estava viva. Ela teria que lidar com a dor de ver a pessoa que ela amava pertencendo a outro todos os dias pelo resto de sua vida.

Zelena não sabe quanto tempo permaneceram ali sem trocar uma palavra, mas quando Regina finalmente adormeceu em seu colo ela as envolveu em sua fumaça verde e as levou para a sua casa, evitando a mansão.

Ela ajeitou Regina em sua cama e mandou uma mensagem para Henry avisando que elas estavam bem e perguntando se Snow poderia cuidar de Robin por essa noite. Quando o garoto respondeu que sim ela agradeceu e colocou seu celular na cabeceira.

Zelena estalou os dedos e trocou suas roupas e as de Regina por algo mais confortável e então deitou-se ao lado dela envolvendo a irmã em um abraço até que ela caiu no sono também.


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso aí...

Espero que tenham apreciado.

Deixem-me saber o que acharam. >.



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