Adão e Eva e os filhos de Agarta. Terceira parte escrita por Paloma Her


Capítulo 2
O nascimento dos gêmeos


Notas iniciais do capítulo

Quando Maria e José regressaram do Egito e fincaram o novo lar em Nazaré, Isabel e Zacarias já estavam lá, para encontrá-los. As duas primas se abraçaram com felicidade, e caíram na gargalhada ao perceber o quanto seus filhos eram parecidos um com o outro.
Jesus e João Batista se amaram desde o primeiro momento, como se fossem irmãos verdadeiros. Saíram correndo, e voltaram abraçados, rindo o tempo todo.



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Adão entrou na alcova de Maria, hipnotizou todas as pessoas da casa, e colocou seu filho no ventre dessa mulher. Massageou suavemente o abdômen, até que o embrião se fixou nas paredes desse útero.  Depois foi saindo de fininho, mas Maria abriu os olhos antes dele desaparecer desse lugar. Como estava esterilizado e vestido de branco, com uniforme médico, Maria perguntou:

— Você é um anjo? Eu sonhei que seria mãe de um grande homem, e que um anjo viria a mim para me engravidar...

— Sou... Mas não conte nada para José. Ele não entenderia...

Depois entrou na tenda de Isabel para repetir tudo mais uma vez. Introduz seu filho Paulo, com delicadeza, e desta vez fez várias coisas com sua paciente. Rejuvenesceu-a para ter uma gravidez saudável. Colocou-lhe vitaminas com uma seringa no baço. Em seguida examinou Zacarias. Ele apenas envelhecera. Colocou a mão sobre o peito e  deu-lhe mais uns 40 anos de vida, com uma virilidade eterna. Depois, uma sonda com uma substância aquosa, entrou na corrente sanguínea de Zacarias, convertendo-o num touro brabo, a ponto de correr. Ao sair da casa, Adão o acordou, para que praticasse o sexo, algo que não fazia há muito tempo.

Dias após, Adão e Eva estavam vestidos na moda desse povo, Adão com uma barba implantada fio a fio, e Eva com um pano sobre ela, que tampava seus cabelos.  Ambos começaram a levantar uma casa de adobes, uma mistura de barro com palha seca, crinas de cavalos, e bosta de vaca. Três robôs vestidos na moda judia cortavam madeira, juntavam os suportes, enquanto a casa pouco a pouco tomava forma.

José veio se oferecer para fazer os móveis da casa, ajudá-lo a levantar as bases de sustentação, e a iniciar uma longa amizade com Adão.

Como José era paupérrimo de pobre, Adão pagou adiantado por tudo, incentivando-o a casar imediatamente, se ajudando com hipnoses.

No dia do casamento de Maria e José, Eva ajudou a preparar a festa.

Fizeram empadas de queijo e batatas, deliciosas, saladas de verduras ao bafo, e pães. Adão ajudou fazer o churrasco de carneiro na fogueira, deu de presente o vinho para a festa, e assistiu a cerimônia, abraçado a sua mulher, ambos emocionados.

No meio da noite, sentiram de longe a primeira relação amorosa do casal, e uma conversa estranha. Maria falava para seu marido:

— Eu tenho um segredo para lhe falar. Estou grávida de um anjo... E vou ser mãe de um grande profeta...

— Lógico que vai ser mãe... Mas não fale mais bobagem, você estava virgem, por tanto o pai do menino vou ser eu...

— Mas, eu falei com um anjo... Ele me engravidou...

— Tá bom... Já sei, vai ser mãe, mas os filhos se fazem assim...

E ele entrou nela com força desta vez, para deixar claro como se faziam os bebês. E Maria nunca mais tocou no assunto. Toda noite se estendia nessa cama humilde para dormir pouco, pois José fazia amor com ela com brios renovados.  

Eva e Adão, que haviam recuperado a felicidade, ficaram na sua casa, numa cama dura no chão, fazendo amor durante o tempo que lhes era  possível. Sempre ao amanhecer, um pastor chamava Adão de madrugada, para levar os bichos às planícies. Ele, que não dormira nada, saia da cama rindo, e Eva prometia levar-lhe um café suculento, no meio das ovelhas, em mais um tempo, pois ela ia dar um cochilo.

O povo hebreu  e o povo judeu, ambos descendentes dos semitas, apenas diferenciados por uma questão de geografia, eram muito recatados nas questões do sexo. As mulheres nunca demonstravam o prazer enquanto eram possuídas, e os seus homens tampouco, pois os sacerdotes falavam nas sinagogas que o prazer do sexo era pecado. Havia que acasalar só para fazer filhos, mas sem gozar. Algo que era realmente impossível, pois o prazer do amor não distingue entre ricos e pobres, ou entre homem e mulher. O prazer era algo assim como uma dádiva que vinha do próprio centro do Universo. Algo que deve ter nascido junto com a matéria, milhões de anos atrás.  Sagrado. Divino. Mas os povos hebreus dissimulavam o gozo. Nada de gemidos, nada de escândalos. Somente as prostitutas gemiam nos bordeis. As esposas se entregavam na cama como quem vai ao sacrifício. Fechavam os olhos, e na hora do orgasmo fechavam a boca com força. 

Adão, que nada podia fazer para mudar os costumes, comprou um grande número de carneiros e saía para os campos esperando por Eva, que também fazia uns buracos no chão para se esconderem dos amigos. Deixavam os carneiros pastando, e se enterravam como ratos, no meio do nada. Quando a fome de sexo mais longo e profundo se acumulava, subiam na nave no meio da noite, e davam voltas no meio do espaço.  Assim eles conseguiam viver uma vida parecida a que tinham em Agarta. Quando voltavam para casa, visitavam Maria e José, presenteando-os sempre com carne, frutas, mantas quentes para a noite, leite, vinho, pães, pois eles eram muito pobres.

 Depois de alguns dias, viajavam para a cidade Hebrom, onde viviam os pais do outro gêmeo. O casal era sustentado pelas tarefas de sacerdócio de Zacarias no templo. Embora ele realizasse esse trabalho uma vez por semana, a contribuição os sustentava, junto à renda fornecida pela venda de suas ovelhas.

E chegando nessa cidade, Adão os visitava, hipnotizava, e em seguida examinava o ventre da gestante.  Injetava-lhes as vitaminas, o soro, e nos dias seguintes, Eva entregava  presentes, jantavam juntos, e marcavam outras visitas para o futuro. Para justificar essas viagens, Adão transportava ovelhas para venda, ou viajava a comprar alguma coisa. Escoltava Zacarias ao templo, onde Adão ficava a par de todas as filosofias místicas. Escutava os sacerdotes falando para o povo, homens de vida simples que obedecia aos seus conselhos ao pé da letra.

Mas o que mais incomodava Adão e Eva era a falta de saneamento.

Embora o rei Herodes construísse banhos públicos magníficos em toda a Judeia, os sacerdotes nas sinagogas aconselhavam o uso da barba, dos cabelos longos e da falta de higiene. Entrar nos banhos públicos era um costume romano, que era um povo de pecadores. Homens condenados ao fogo do castigo eterno. Para os sacerdotes das sinagogas “o banho” era um ritual sagrado, que o povo realizava em dias de festas. Só. Só para os ritos sagrados. 

Para que Maria e José, Isabel e Zacarias tomassem banho, Adão os hipnotizava. Como autômatos os homens colocavam água em recipiente de madeira ao cair da noite, e as mulheres ficavam nuas para se lavarem. Depois os maridos entravam na água a tirar a sujeira, nus, e só acordavam da hipnose  na cama com suas camisolas brancas. Naquele tempo, nunca um homem olhava para os corpos das esposas. Só os romanos cometiam tamanha falta de respeito. 

Isabel, a prima de Maria, teve seu filho em primeiro lugar, pois ele foi prematuro. Quem cuidou desse parto foi Ivani, nesse outro povoado. Hipnotizou a parturiente, e  abriu essa vagina com seu olhar. Puxou o bebê com a mão e Paulo saiu de vez. Cortou umbigo, desintegrou a placenta, deu uma injeção vitaminada em Isabel e a fez dormir. Depois deu um berro com telepatia para Eva: - Nasceu!

Paulo foi batizado com o nome de João Batista, e Adão apareceu com Eva correndo quando ele estava berrando de fome, faminto, e em busca dos seios. Eva o viu dar as primeiras mamadas, e depois pediu para segurar no colo. Deixou cair uma lágrima, ao lado de Adão, mudo, preso a uma tormenta de emoções. Dava vontade de sair correndo com o filho, raptá-lo, levá-lo para Agarta e cuidar dele de dia e de noite.

Nos dias seguintes, chegaram a Hebrom Maria e José, para fazer a festa da circuncisão.

Adão havia se oferecido para a cerimônia, e estava mais do que empolgado. Conforme as escrituras sagradas dos judeus e dos hebreus, a circuncisão marcava que João Batista sucedia na linhagem a Moisés, Abraão, e Adão.

Adão mexeu a cabeça, sorrindo dessas crenças sagradas, cortou o prepúcio, puxou a pele do pênis para trás, descascando esse pênis como uma banana pequenina. Não deu nenhum calmante, pois a dor fazia parte da preparação para um futuro cheio de horrores. Eva tomou-o nos braços, colocou um dedo na barriga do filho e tirou-lhe a dor, pois chorava e berrava que nem bezerro em dia de sacrifício. Beijou-o e o fez dormir. Depois o entregou a Isabel, enquanto os homens começavam a dançar, beber, com Zacarias em meio da dança, feliz como um garoto. Mais feliz do que todos, Adão estava dando show de saltos no meio dos homens.

E ficaram ali, até o dia em que Maria e José voltaram para Belém, montados os quatro em jumentos e seguidos de uma carreta cheia de suprimentos, puxada por bois fortes. Ivani e Felício ficaram com Isabel, em Hebrom, como guardiões oficiais de João Batista.

Mas, alguma coisa deu errado.

Um ex-aluno de Agarta, torturado na Pérsia, contou na semi-inconsciência que Adão estava na Judeia ajudando a nascer um profeta, cujas palavras atravessariam os milênios. Depois que ele morreu das torturas, essa revelação foi levada ao rei persa, que juntou seus melhores astrólogos para interpretar essa confissão.  E como não se chegou a um consenso claro do o que é ia acontecer, o rei enviou três espiões para a Judeia com essências, ouro, como presente para esse “salvador”.

A espionagem começou no palácio do Rei Herodes, o Grande, em Mazada, que estava velho demais para gerar mais outro filho. Sondaram o rei sobre nascimentos entre o povo, e souberam que Herodes estava realizando um censo dos recém-nascidos, a pedido dos romanos. Havia nesse momento muitos casais registrando as famílias em toda a Judeia.

Os espiões persas saíram do palácio de Herodes, e começaram a percorrer cidades perguntando por “coisas incomuns”. E o único que descobriram foi a existência de uma luz do espaço, que de vez em quando girava bem perto das cidades. Era a nave de Adão, que aparecia quando ele decidia viajar. E sentados no meio de uma planície, os espiões esperaram ver essa luz, sem sucesso algum. Enquanto isso, Herodes, o Grande pedia ajuda a Augusto I, imperador de Roma, para seguir os persas, pois estavam atrás do nascimento de uma pessoa importante. Uma criança que colocaria em perigo todo o império romano.

Adão escutou com telepatia que o nascimento de Jesus estava sendo espionado por persas, por soldados de Herodes, pelos romanos, e que havia um plano de matar todos os recém-nascidos hebreus. Também soube que Ivani e Felício entraram na casa de Isabel, hipnotizaram o casal, e fugiram com eles no meio da noite, numa carruagem tampada, rumo à nave.

Enquanto isso, centenas de alunos de Agarta vestidos de hebreus, se espalharam em todas as cidades da Judeia para conter e enfrentar os soldados romanos, os quais invadiram todas as cidades com seus cavalos correndo ao galope, atacando meninos com menos de 4 anos. Os homens de Agarta os atingiam com flechas, pedras, derrubavam dos cavalos e uma vez no chão os matavam a pontapés. Mesmo assim, centenas de garotos morreram deixando as mulheres histéricas.

Quando Adão chegou aos confins de Belém, Maria começou a dar a luz. Entraram numa caverna escura, e Adão hipnotizou José, para poder fazer o parto. Ele ficou estátua e cego, pois nesse povo quem cuidava dos partos eram só as mulheres. Adão puxou seu filho com suavidade, e deu para Eva lavar, limpar, e vestir com um pano branco. Desintegrou a placenta de Maria, fechou sua vagina, e a deixou estéril pelo período de dez anos. Depois tirou-os da hipnose, para que curtissem o recém-nascido. Maria deu de mamar ao seu lindo menino, loiríssimo, olhos azuis, parecia mesmo um anjinho. Enquanto isso, José acendia uma fogueira para preparar uma sopa para sua mulher.

Mais calmos, Adão e Eva saíram para ver as estrelas. Sentaram na beira do caminho, e caíram nas lágrimas juntos.

— O que vamos fazer? Eles vão ser perseguidos para sempre...

— Vão morrer jovens. Os dois. Mas, vamos estar junto, para ressuscitá-los...

E continuaram a lacrimejar.

Finalmente se beijaram, tentando um consolar o outro, enquanto homens do povo chegavam a cumprimentá-los, carregando tochas acesas. Alguns traziam leite, carne, frutas, pois os haviam visto entrar nessa caverna escura. Eva agradeceu, pegou uma maçã e deu uma mordida com firmeza, pois só então descobriu que estava faminta. Foi até sua carruagem, puxou uma sacola com pão, queijos, vinho, e entrou na caverna para estender mantas no chão e servir um banquete para os convidados. Maria sentou junto, com uma sopa de pão e ovos fumegando nas mãos, José sentou-se abraçado nela, radiante, rosto iluminado pela felicidade de ser pai, e o recém-nascido ficou numa manjedoura de palhas, barriga cheia de leite, quentinho, dormindo com um anjinho.

Os espiões persas apareceram do nada.

Entraram sorrateiramente, oferecendo presentes, e para o recém-nascido deram uma corrente de ouro que colocaram pessoalmente. Os três examinaram o menino, diferente, branco demais, pele delicadíssima, sem rasto de pelos, que sorriu para eles. Assustados, se retiraram, avisando para Adão que Herodes tinha soldados rodeando toda a fronteira. Não havia para onde escapar.

Antes do amanhecer, os três espiões persas viram finalmente a luz. Ela se posicionou por cima da caverna, e depois “desapareceu”. O que eles não viram, foram Maria e José dormindo hipnotizados, enquanto a nave dava voltas ao redor do mundo, com Eva e Adão curtindo seus dois filhos. Isabel e Zacarias estavam numa outra suíte, e eram alimentados por robôs enquanto dormiam. Uma sonda com nutrimentos afrodisíacos penetrava no baço, gota a gota, para deixá-los fortes o suficiente para cuidar de João Batista, o futuro guerrilheiro da humanidade. Felício e Ivani guiaram essa nave para a Lua, e ficaram fechados numa suíte se recuperando do susto recém-passado.

E Eva e Adão não fizeram nada além de brincar com os meninos.

Entravam com eles na piscina da nave, Eva dava de mamar em todo lugar, e Adão adormecia com os dois no peito. Foi uma felicidade que durou pouco, pois o susto da perseguição aos recém-nascidos na Judeia havia terminado. Mas, em surdina, espiões dos fariseus e de Herodes cercaram as fronteiras em busca de fugitivos hebreus.

Maria e José acordaram do longo sono na mesma caverna, depois de 30 dias, e nem notaram que o filho estava enorme. Maria sentou na carruagem ao lado de Eva, com o menino no colo de ambas, enquanto na frente Adão e José guiavam a carruagem puxada por dois cavalos. Caminharam em direção ao Mar Mediterrâneo, desceram contornando o mar, até chegar ao Egito. Ficaram num vilarejo pobre, onde o trabalho era o cultivo da uva, do trigo, e da cevada para fazer a cerveja.

E os anos se passaram na clandestinidade, esperando Jesus crescer.

José começou a trabalhar com a confecção de móveis, enquanto Eva criava Jesus, e Maria cuidava dos afazeres domésticos. Adão comprou uma terra onde colocou vacas, para que não escasseasse o leite, fez cultivos para que não faltassem os legumes, e desta vez levantou duas casas de adobes com José.  Eva lhes fez uma vertente de água. Desde o chão borbulhava uma água cristalina, que formou uma pequena lagoa, onde marrecos e pássaros mergulhavam encantados. Desde Agarta lhes deixaram cair um cardume de peixes, que caiu nesse lago a comer as plantas que cresciam entre ao lodo do fundo. Poder-se-ia dizer que construíram um paraíso, longe da perseguição de Herodes.

Como os egípcios adoravam tomar banho, José e Maria finalmente entravam nas águas desse lago a se refrescar no fim do dia. Jesus nadava com Adão, e Eva também dava seus mergulhos. Saía para a superfície carregando um peixe, que era assado nas brasas, e que Jesus devorava com apetite.

A única coisa que José jamais entendeu, o porquê Adão e Eva os acompanhava como cães de guarda. Não havia explicação lógica para isso.

Longe dali, João Batista crescia forte na Judeia, nos braços de Ivani, que o carregou desde bebezinho. Como Isabel e Zacarias eram velhos, ter alguém que cuidasse do filho era um alívio para eles. Zacarias gostava de ficar na cama até tarde, e não se sentia nenhum pouco ofendido de ser sustentado por Felício, que sempre lhes levava suprimentos, roupas, e cuidava do filho.

Quando Maria e José regressaram do Egito e fincaram o novo lar em Nazaré, Isabel e Zacarias já estavam lá, para encontrá-los. As duas primas se abraçaram com felicidade, e caíram na gargalhada ao perceber o quanto seus filhos eram parecidos um com o outro.

Jesus e João Batista se amaram desde o primeiro momento, como se fossem irmãos verdadeiros. Saíram correndo, e voltaram abraçados, rindo o tempo todo.

E mais uma vez, a vida seguiu seu curso. Jesus e João Batista cresceram lindos e saudáveis, com amigos que os cuidavam de longe e de perto, mais do que seus pais verdadeiros. Adão os instruía, e respondia a todas as perguntas de uma mente inquieta. Para Jesus e João não havia nada que Felício e Adão não soubessem, e os admiravam pela sua sabedoria. Também amavam Eva e Ivani, amavam seus pais, Jesus ajudava José a trabalhar, e João ia para o templo com Zacarias, orgulhoso de seu sacerdócio.

Mas, a curiosidade e inteligência dos meninos os deixaram ao descoberto.

Jesus entrou sozinho numa sinagoga aos sete anos de idade.

José, que era essênio, sempre levara o filho para as cerimônias em sinagogas mais humildes, afastadas, pois os fariseus os perseguiam e odiavam. Como Adão ia junto, os ensinamentos dos essênios já faziam parte da educação de Jesus. Sabia tudo sobre a senda do bem e do mal. Crescera ouvindo José falar que os essênios eram descendentes diretos de Moisés, e que ele próprio descendia em linha direta desse ancestral.

Mas Jesus não se conteve frente ao luxo das sinagogas dos outros religiosos, pois tanto os sauduceus quanto os fariseus possuíam riquezas, fruto do comércio dentro dos templos.

No dia em que entrou numa sinagoga, sozinho, Jesus escutou os fariseus falando “do pecado original”, o pecado da carne, que fazia todos os meninos nascerem como pecadores. Jesus não se conteve. Levantou-se e ponderou que nascer de um homem e mulher que se amavam de verdade era uma bênção e não uma perversidade. Uma dádiva divina, um prêmio ao amor, algo que jamais deveria envergonhar a ninguém.

Os sacerdotes imediatamente rodearam-no, e perguntaram se os seus pais faziam sexo, ou se ele os vira fazendo isso. Jesus saiu correndo, pois percebeu que havia cometido uma grande asneira. Adão já o havia prevenido contra esses sacerdotes e suas doutrinas burras. Entrou em casa e se abraçou em Maria pedindo perdão.

Não demorou muito tempo para os sacerdotes aparecerem, e levassem José preso para interrogação. Ele foi torturado para falar a verdade, mas ele conseguiu convencer os fariseus  que Maria era intocada, que havia ejaculado dentro dela apenas no dia do casamento, e que ele sabia que fazer sexo era iniquidade. Jurou que era por isso que eles não tinham mais filhos. Os sacerdotes o soltaram, e até o autorizaram a fazer sexo, apenas se quisesse ter outro menino.

E foi por isso que Adão devolveu a fertilidade para ambos.

Nove meses depois, Maria estava pronta para dar a luz a Simon Pedro. Ivani chegou correndo a fazer o parto, e Adão ficou ao lado de José, que estava tão apavorado como quando nasceu Jesus.  

Após a cerimônia de circuncisão de Simon Pedro, Adão teve uma conversa séria com José:

— Eu gostaria de levar Jesus para uma cidade secreta, onde os meninos estudam, e depois se convertem em profetas... O que achas?

— Por quanto tempo?

— Até a idade dos 30 anos...

— Mas é muito tempo... O que vou falar para os amigos sobre isso?

— Nada... Sempre tem algum guri que desaparece. Quando se é pobre, eles não chamam atenção de ninguém...

— Os sacerdotes essênios já me prepararam para deixá-lo ir. Eles dizem que Jesus deve ficar longe de mim, para sua educação... Eu ainda nem acredito que fui escolhido para ser o pai de um profeta... Eu soube disso muito antes de me apaixonar por Maria. Aliás, encontrar Maria foi minha primeira missão. A mãe de meu filho deveria ser uma virgem de muitas virtudes. Eu a tive que levar aos essênios para ser aprovada. E antes dela levei umas 20. Porque achas que me casei tão velho?

— Mas, como eles sabiam que Jesus ia nascer?

— Isso eu não posso te contar. É segredo.

E para cúmulo do incrível, Adão, o maior telepático da Terra, só leu na mente de José, que na descendência tinha sangue de Abraão. Só. Quem eram os essênios? Não eram ex-alunos de Agarta. Incrível. E perguntou para José:

—  E o que mais há no teu futuro?

— Os essênios estão me pedindo para procurar apóstolos para essa missão... Tenho que escolher jovens que o protejam quando ele regresse... O que achas?

— Ótimo... Vai em frente... Começa preparando Simon Pedro... Quando ele crescer, é claro...

E se abraçaram emocionados. No fundo, ambos eram 2 homens com poderes sobrenaturais. Cada um de maneira distinta. Apenas isso.

Mas foi depois dessa conversa que José finalmente entendia o motivo pelo qual Adão havia-o acompanhado todos esses anos, como cão de guarda. Ele deveria ser um daqueles “Avatares” que existiam na terra. Homens sábios, que educavam os homens inteligentes da terra e faziam parte da “Grande Irmandade Branca”.

Maria os surpreendeu quando José falou que Adão levaria o menino a estudar. Muito longe dali.  Ela ficou feliz, pois ela sabia desde antes de Jesus nascer que ele seria um grande profeta. O maior. Só pediu para Eva cozinhar as comidas de que ele mais gostava.

E partiram ao anoitecer.

Quando Jesus chegou à cidade de Agarta, o fez de forma incomum ao resto dos discípulos desse lugar.

Ele subiu na nave, assumiu os controles ao lado de Adão, e voou como os pássaros, dando gargalhadas, ainda incrédulo. Viu as cordilheiras do Himalaia ao amanhecer, e o Everest, a montanha mais alta do mundo, abrindo uma porta para ele entrar. Desceu as escadas dessa nave enquanto olhava para a luz artificial, a paisagem surreal, e perguntou:

— Estou sonhando, Adão?

— Não... Acontece que é a primeira vez que trazemos uma criança para esta cidade. Sempre chegam adolescentes e adultos, para aprender uma profissão e voltar a ajudar o povo...

— Mas o que é que vou estudar mesmo?

— Muita coisa... Sua primeira aula vai ser com Eva. Ela ensina aos meninos na Escolinha a pintar, fazer cerâmica, você vai adorar...

— E vou morar para sempre com vocês?

— Só enquanto estiver aqui... Mais ou menos durante uns 23 anos...

— OPA! Mas vou sentir saudades da mãe...

— Vamos visitá-la quando quiser... Partimos voando ao anoitecer e voltamos antes do Sol raiar...

— Gostei...

Uma vez em casa, Jesus soube o que era a mordomia de uma vida civilizada. Um Robô lhes trouxe do supermercado torta de morangos, e Eva preparou panquecas com mel, e pasteis recheados de queijo com batatas, que Jesus adorava. Também bebeu leite com chocolate, experimentou chá da Índia em xícaras de porcelana translúcidas, e viu seu novo guarda-roupa. Sedas finas, algodão estampado, linho, e um produto artificial que se fabricava nos laboratórios de Agarta. Adão explicava que esse tecido era elástico, se ajustava ao corpo, e não precisava ser lavado. Era autolimpante. Jesus caiu na gargalhada, pois Adão e todos os homens dessa cidade usavam uma calça justa, que mostrava o contorno das pernas, e até deixava notar o tamanho do pênis. E tudo era feito com esse tecido.

João Batista demorou mais algum tempo para se separar dos seus pais.

Ele começou a trabalhar construindo móveis, levantando moradias de adobes, para colocar comida em casa.  Cuidava de seus pais, pois haviam envelhecido. Para que João começasse a se preparar na sua missão, José convidou-os a viver em Nazaré ao lado de Maria, para que João partisse sem ter pena de abandoná-los.


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Notas finais do capítulo

João Batista demorou mais algum tempo para se separar dos seus pais.
Ele começou a trabalhar construindo móveis, levantando moradias de adobes, para colocar comida em casa. Cuidava de seus pais, pois haviam envelhecido. Para que João começasse a se preparar na sua missão, José convidou-os a viver em Nazaré ao lado de Maria, para que João partisse sem ter pena de abandoná-los.



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