A Crown For A King escrita por Siaht


Capítulo 2
O Rei Que se Ajoelhou


Notas iniciais do capítulo

Olá, gente linda!!! ;D
Tudo bem com vocês?
Bom, eu simplesmente precisava escrever algo sobre Torrhen Stark. Mesmo sabendo bem pouco sobre o último Rei do Norte (antes do Robb, é claro) sempre fui fascinada por ele e a decisão que tomou. Sendo assim, escolhi começar por ele.
Espero que gostem! ♥



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{o rei que se ajoelhou}

 torrhen stark

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Há momentos em que um homem precisa tomar decisões impossíveis. Na vida de um rei tais eventos acontecem de forma recorrente e quase sempre trazem consequências devastadoras. Quando os corvos chegaram – com suas malditas assas negras e palavras escuras –, trazendo notícias de um dito conquistador, suas duas irmãs/esposas e três dragões, Torrhen Stark desejou, mais do que nunca, ser um homem comum. Ainda que a princípio os três Targaryen não tivessem demonstrado completamente seu poder, o Rei do Norte sabia que trariam problemas.

Era bem verdade que outros aventureiros já haviam tentando, em vão, usurpar os domínios de seu reino. Daquela vez, no entanto, era diferente. O inverno estava chegando, ele era capaz de sentir em suas entranhas. E a cada nova conquista de Aegon essa certeza se intensificava. Como bom nortenho, tentou se preparar para o que estava por vir. Porém, como se preparar para o fogo devastador de três dragões, ou para a determinação valiriana de três jovens conquistadores?

Torrhen jamais duvidaria do valor de seus homens. Cada nortenho era equivalente a mil soldados comuns. Havia neles a força, a bravura e a aspereza que apenas aqueles que conheciam o frio, a escuridão e o desespero do verdadeiro inverno poderiam ter. Acima disso, havia a coragem e o orgulho de quem lutaria até a morte, para proteger os domínios de seu reino. Aqueles homens lutariam por ele, matariam por ele, morreriam por ele. O Stark não tinha a mais remota dúvida sobre isso.

O que pesava seu coração e lhe roubava o sono era outra indagação. Valeria a pena? Seria certo derramar tanto sangue inocente? Seria certo deixar uma pilha de cadáveres, mulheres violadas e crianças famintas pelo caminho? Seria certo ver seu povo padecer, chorar e queimar até que restassem apenas cinzas? Ele era o rei. Seu dever era cuidar de todas aquelas pessoas, certo? Levá-las para uma guerra, que não poderia ser vencida, era reinar de forma correta? Sendo honesto, não lhe parecia o certo.  

Ainda assim, Torrhen também tinha seu orgulho. Tinha sangue dos Primeiros Homens correndo por suas veias e o legado dos Reis do Inverno para garantir. Era um nortenho, era um Stark, era um lobo. Deveria lutar ferozmente pelo que era seu, destroçar seus inimigos com os dentes, manter sua posição como alfa dominante. Por outro lado, lobos sabem que, acima de tudo, devem proteger o grupo. Afinal, quando as neves caem e os ventos brancos sopram, o lobo solitário morre, mas a alcateia sobrevive. Que espécie de lobo ele seria se deixasse toda sua alcateia padecer?

As dúvidas continuaram a acompanha-lo, até que evitar o confronto se tornou impossível. Reuniu seus homens, cruzou o Gargalo e entrou nas terras fluviais, liderando um exército de trinta mil nortenhos selvagens. Em seu caminho passou por Harrenhal e ainda pode ver chamas vermelhas queimando nos escombros. O orgulho de Harren, o Negro de nada havia lhe servido.

Encontrou Aegon o aguardando, nas margens do Tridente, com o dobro dos homens e seus três malditos dragões. Encarar as feras de perto tornava tudo infinitamente mais aterrorizante. Não havia como vencer. Aquela seria uma luta vã, tola e que apenas condenaria todos a uma morte terrível.

Torrhen Stark entendia o que aquilo significava. Entendia que versos maldosos saíriam dos lábios dos cantores. Entendia que as risadas silenciosas o acompanhariam por onde passasse. Entendia que o legado dos Reis do Norte chegaria ao fim com ele. Entendia que carregaria o título de covarde para além da morte. Não era uma constatação doce, mas o homem sabia há muito que, às vezes, a vida poderia ser insuportavelmente amarga. Guardou a espada, então, e deixou que a diplomacia falasse. Sabia o que aconteceria, era esperto o bastante para perceber o desfecho daquela história, e aceitou o que os deuses lhe impuseram, engolindo seu orgulho, porque era o certo a ser feito.

Há honra na morte, e isso é inegável, mas também há honra em se curvar quando necessário. Torrhen Stark cruzou o Tridente, em uma manhã ensolarada, sentindo o sangue correr gélido, como um sopro de neve, por suas veias. Na margem sul do rio, o Rei do Norte se ajoelhou diante a Aegon Targaryen, deixou a coroa dos Reis do Inverno – aquela que lhe pesara por anos a cabeça – aos pés do Conquistador e lhe jurou lealdade. Levantou-se como Senhor de Winterfell e Protetor do Norte. Um lorde. Não mais um rei.

Daquele dia em diante, ficou conhecido como o Rei que se Ajoelhou. De fato se curvara, mas jamais se arrependera. Nenhum de seus homens queimou, nenhuma mãe chorou a morte de um filho, nenhuma donzela foi violada, nenhuma criança padeceu de fome e desespero. Suas espadas foram entregues de bom grado ao Conquistador. E o Norte sobreviveu e prosperou. O gelo seguiu intocado pelo fogo.


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Notas finais do capítulo

Porque Torrhen Stark foi uma das pessoas mais inteligentes dessa história toda. O Rei que se Ajoelhou é precioso e irei defendê-lo! ♥
E aí? O que acharam? Devo continuar? Há algum rei sobre o qual vocês querem ler?
Espero que tenham gostado! ;)
Beijinhos,
Thaís