Guerra e Paz escrita por Kimonohi_Tsuki, JulianVK


Capítulo 12
Capítulo XI - O Apelo do Submundo.




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Antes da retirada da espada, nos arredores rurais de Rodorio.

...AQUELA MERETRIZ FEZ O QUÊ...?! Negociar minha espada! Negociar meu sangue!! O sangue de seu próprio tio!...”

“Hades, por favor, não berre, você está dentro da minha mente”

Shun massageava as têmporas enquanto Hécate terminava de contar o que havia sido acordado entre ela, Athena e Hefesto.

Conseguia sentir a raiva, frustração e mesmo o receio do deus como se essas emoções fossem suas, ao ponto de ter que controlar seu cosmo para que ele não alarmasse ninguém. Ikki o observava detidamente, completamente preocupado com a simples ideia do deus que serviu em sua anterior vida vivendo dentro da cabeça de seu irmão, mesmo que a bruxa dissesse que ele não podia fazer nada para se libertar, não deixava de ser uma situação exasperante.

—...Desculpe – Comentou Shun depois de um momento de silêncio ao fim da explicação. - ...Ele está...Um pouco nervoso. 

— Não o culpo. A situação é desesperante. – Concluiu Hécate. 

— Qual o problema de Hefesto ter a espada – Interveio Ikki – Não me lembro de nenhum dos espectros se referindo a ela como um item tão importante, nem mesmo Pandora.

— Ela é uma arma poderosa, mas como apenas Hades, ou seu corpo em terra, podem utilizá-las, torna-se inútil em outras mãos – Explicava Hécate calmamente – Para tanto, o senhor dos mortos a utilizou para armazenar parte de seu poder, uma energia capaz de sustentar o submundo mesmo em sua ausência. Era, na verdade, a princípio uma medida para conter a fuga dos Titãs, caso algum deus tentasse tirá-los de lá. No entanto, com o começo das guerras santas contra Athena, ela acabou desempenhando o papel de substituir o cosmo de seu senhor enquanto este estivesse selado.

— Se é tão importante, por que não ficou escondida? Por que usá-la como arma?! – Indagou Ikki ainda sem entender.  – Mesmo sendo tão forte me parece muito arriscado.

— Porque ela é indestrutível enquanto Hades existir. Contudo, com a morte do Imperador, ela se torna apenas um contêiner de uma enorme força. – Hécate sorriu tristemente para Shun, mas o cavaleiro sabia que estava se dirigindo ao deus em sua cabeça – O problema é que meu senhor, como deus supremo dos mortos, jamais cogitou a própria morte.

Hades suspirou em sua mente.

“...Odeio que ela tenha razão sobre isso...” – Comentou cansado o deus.

— A barreira da espada não pode ser quebrada por qualquer um – Seguiu relatando – Mas se há um deus que tem enormes chances de dobrar essa proteção é Hefesto, o ferreiro dos deuses.

— E por que não deixar Hefesto ter esse domínio e se tornar o novo governante do reino dos mortos? Alguém precisa assumir o trono. – Shun questionou pela primeira vez.

“...Tu es muito inocente cavaleiro por pensar que Hefesto cogitaria isso, os deuses do olimpo não se importam com o mundo inferior, eles preferem dissimular que se trata de um lugar que simplesmente não existe...” — Rosnou Hades com desprezo em sua voz.   

— Hefesto não quer o reino, ele quer apenas o poder para se vingar de Ares que sujou sua honra. Tê-lo ocasionaria uma guerra santa, e seria uma questão de tempo para que este conflito atingisse Athena, uma vez que Hefesto tem...Assuntos pendentes com sua deusa.

— Ou seja – Concluiu Ikki irritado tentando não pensar no teor desses tais “assuntos” – Com essa negociação estaríamos trocando uma guerra santa por outra.

— Precisamente.

— A paz na terra parece ser algo... Realmente impossível – Colocou Shun com uma enorme tristeza – Não podemos sorrir por uma vitória que outro conflito nos bate a porta! – Apertou os punhos com força – Não podemos explicar à senhorita Saori a importância do artefato? Tentar negociar com Hefesto outra coisa?

— Hefesto não vai querer outra coisa que possa ser conseguida – Cuspiu Ikki com repulsa – Não há como negociar.

— E Athena não faria algo assim pelo submundo – Seguiu a bruxa - Não depois de tantas guerras contra Hades, sem contar todos os cavaleiros que sofreram séculos de penitencias em suas terras.

Um silencio sepulcral se formou entre os três, cada um perdido em pensamentos tentando pensar numa solução.

—Senhorita Hécate... – Começou Shun – A senhorita disse que a barreira não poderia ser quebrada por qualquer um...Isso inclui a ti?

— Sim, exato. Mesmo eu, sendo uma deusa do submundo não poderia. Justamente porque Hades possui uma energia que provém da mesma natureza soturna que a minha, meu cosmo não quebraria a proteção, pelo contrário, minha força seria apenas absorvida por ela. Como somos deuses iguais, nossas habilidades não se anulam.   

— Entendo... – Colocou pensativo – Então, acredita que eu seria capaz de quebrá-la? De absorver a energia da espada para mim?

Ikki o observou horrorizado, Hécate ergueu as sobrancelhas e mesmo Hades parecia surpreso.

“...Eu não creio que estás cogitando isso, não depois de tudo...” – Comentou descrente.

— Sim, tu serias. Porque de certo modo vos sois a mesma pessoa – Informou olhando nos olhos do cavaleiro, mesmo este estando fechados - Contudo, Hefesto muito brevemente notaria que a espada lhe foi entregue vazia e voltaria sua fúria à Athena e a ti...Além disso...- Hesitou - Tal poder destruiria seu corpo mortal, e tua alma seria consagrada como novo senhor do submundo.

Ikki deu um passo adiante.

— Shun! Você não pode fazer isso!! Tem que haver outro jeito!– Rogava inquieto se aproximando e tomando os ombros de seu irmão - Você não lembra como odiava aquele lugar?! Só existe dor e sofrimento no submundo!! Eu não vou te deixar morrer! Eu reencarnei para evitar justamente ISSO!

O mais novo não respondeu. Ficou em silêncio pensando, mas o deus dos mortos que conseguia ler suas ideias já o questionava.

“...Tu tens IDEIA do risco disto?...” – Questionou inconformado – “...Prometeu foi acorrentado a uma pedra e teve seu estomago devorado por séculos por enganar um deus e tu pretendes enganar dois?! Mesmo que aquele Kanon tenha conseguido iludir meu irmão Poseidon e não sofrer penas eternas, quem garante que terás a mesma sorte?! Ao contrário de meu irmão que agora habita a terra, Hefesto habita o Olimpo, os deuses não permitiriam que tal falta fique sem pena!...”

“Sou ciente disso”

“...Tomar este poder para si te faria o novo senhor dos mortos, este é um caminho sem retorno, a menos que consiga um sucessor a tua altura, estaria preso ao submundo por toda a eternidade!...” — Seguia explicando exasperado – “...Tu, como Alone, mal suportaste alguns dias em posse de meu reino, o que te faz pensar que lograrias a eternidade?! ...”

“Se eu tomar este poder, você seria capaz de voltar à vida?” – Perguntou simplesmente Shun.

“...Não...Ele passaria a pertencer a ti, eu não poderia usurpá-la mesmo que quisesse. Se não crês em mim pergunte a Hécate...”

“Não é preciso, eu vejo a sinceridade em suas palavras. Se isso não te permitirá retornar e uma vez mais começar uma guerra com Athena, não há nada mais que me detenha” – Disse em tom decidido “Eu impedirei uma nova guerra santa, não importa o que eu tenha que fazer, ou o castigo que sofrerei por isso. Estou farto de guerras! Estou farto de ver meus amigos cobertos de sangue por uma paz que sempre foge de nossas mãos! Se eu posso fazer alguma coisa para impedir, eu o farei!”

Hades não respondeu, parecia ter ficado sem palavras perante a determinação do cavaleiro, verdadeiramente surpreendido.

— Eu tenho um plano. – Declarou Andrômeda chamando a atenção dos outros dois, Ikki ainda sustentando seus ombros – Senhorita Hécate. Perdoe-me, mas poderia me dar o sangue de Hades?

— E o que pretende fazer com ele criança? -  Perguntou a bruxa com interesse.

— O sangue de um deus sempre reage ao contato com uma armadura que o represente. Concedendo-lhe enorme força. – Começou a dizer - Se eu tomar a energia da lâmina para mim, enquanto eu estiver retirando a espada, e em troca a banhar com o sangue de Hades e meu cosmo, ela será preenchida com um enorme poder, porém, um enorme poder incapaz de ser sugado dela.

A bruxa ampliou seus olhos fascinada, entendendo o raciocínio.

—...Então Hefesto passaria anos tentando extrair um poder que sempre será inerente a espada. E não poderá utilizá-la como arma por não ser seu verdadeiro senhor. E a verdadeira essência da espada estará contigo...Sim, sim! – Reluzia impressionada – Minha criança, isso funcionaria! Mas estás ciente que tu estarias não apenas enganando Hefesto? Estaria, de certo modo, traindo sua própria deusa.

Uma lágrima solitária escapou por um de seus olhos.

— Sim...Eu sei. – Colocou com determinação- Mas não posso permitir que os deuses entrem em guerra mais uma vez. Eu farei mesmo o impossível para impedir se puder.

Ikki deixou suas mãos escorregarem, afastando-se de seu irmão com expressão completamente contrariada.

Hécate sorriu tristemente, saltando no ar até ficar com seu rosto na mesma altura de Shun.

— Sem dúvidas es Andrômeda da constelação do sacrifício.- tomou o rosto do cavaleiro sob suas mãos - Mas pense bem criança, este é um caminho sem retorno, tu já foste o imperador das trevas contra tua vontade. Sabes o peso de tal função. E desta vez não haverá um fim a teu tormento. Sem contar que assumir o poder de um deus te causaria uma dor jamais conhecida pelos homens.

— Shun, por favor, reconsidere. – Era a segunda vez em sua vida que via Ikki tão desesperado, ironicamente, a primeira havia sido quando ficaram frente a frente no submundo, estando possuído por Hades. – Podemos enfrentar uma nova guerra, Hefesto é apenas um. Mesmo que ele traga aliados, podemos ganhar!

— Irmão, você também é capaz de ver, não é? – Questionou sem se mover, com Hécate ainda sustentando seu rosto – Mesmo sem minha visão, com o treinamento, sou capaz de sentir... As almas que vagueiam em tormento pela terra. Enquanto caminhei até aqui com Kiki pude sentir dezenas em Rodoria, centenas pela Grécia, milhares pela Europa. Elas lamentam seguirem no mundo dos vivos sem poder jamais descansar. A terra está sendo o inferno para elas.

Tocou a mão suave da bruxa sobre sua face.

— Eu posso sentir... As almas não podem mais entrar no Submundo – Proferiu em tom solene- Poucas almas presentes no que resta do mundo inferior conseguem achar seu caminho até a reencarnação. Grandes criminosos presos no Tártaro um a um estão conseguindo sua liberdade por entre os escombros de suas prisões. Se a espada for destruída e eu falecer, tudo voltará ao nada. O mundo será tomado pelos mortos sem descanso, as calamidades dos tempos mitológicos estarão livres para causar o caos. Athena e seus poucos cavaleiros não serão capazes de trazer de volta a esperança ao mundo. Eu meio que já previa que isso poderia acontecer... Porque eu posso sentir...O apelo do submundo. Senhorita Hécate, sei que a senhorita e as Moiras estão dando o seu melhor para manter o mundo estável. Por favor, me ajude para que eu possa ajudá-las.

A bruxa fechou os olhos com pesar, antes de abri-los maternalmente, apesar da aparência jovem que sustentava agora, se assemelhava a uma mãe que observa quieta seu filho dar os primeiros passos, mesmo sabendo que ele irá cair várias vezes.

— Tua coragem e determinação me impressionam Cavaleiro. – Ela suavemente soltou suas mãos, flutuando de volta ao solo – Agora compreendo o que Átropos disse sobre o futuro, sobre o caos ou a virtude estarem sobre suas mãos.  – Ela fez uma sutil reverência – Será uma honra tê-lo como senhor do submundo.

Shun então se aproximou de Ikki, que encarrava o chão completamente malcontente, apertando os punhos com tal intensidade que seu sangue já escorria por entre os dedos.

 -...Ikki...Me perdoe por meu egoísmo.

— Não seja estúpido Shun!! Como consegue pensar que se sacrificar assim pode ser considerado egoísmo?! – Rosnava, sua raiva explodindo junto a sua frustração. – Você sabe, eu prefiro a sua vida e bem estar mil vezes do que a paz na terra.

— Não me refiro a isso.

Fênix então levantou o rosto, encarando seu irmão sem entender.

—...Aquele último juramento...Quando ainda éramos Alone e Kagaho. Quando eu te disse que queria transformar o mundo dos mortos em um lugar de descanso. Naquele dia, você disse que eu era provavelmente o único capaz... – Lágrimas começavam a permear seu rosto -... Disse que ficaria comigo e carregaria todos os meus pecados... - Hesitou - Você... Ainda manteria essa promessa?

Ikki o observou surpreso por alguns instantes, antes de sorrir resoluto, batendo o punho direito contra o coração e inclinando sua cabeça em sinal de respeito.

— Eu reencarnei para estar contigo, não sumirei e te deixarei sozinho. Dessa vez, nós ficaremos juntos. Eu mantenho minha palavra Shun. Você é o único capaz de fazer isto. E se isso for um pecado, então eu carregarei o fardo de todos os seus crimes. - Dizia cada palavra com forte convicção, lealdade e um carinho impar. -Pois eu também desejo essa salvação. Você conseguirá.

Shun sorriu, o sol fazendo suas lágrimas cintilarem como pequenas estrelas.

—...Obrigado....

—.-.-.-.-.-

Abriu os olhos devagar, sentindo-se zonzo e confuso, não sabia onde estava ou o que estava fazendo. Parecia estar deitado com a cabeça sobre algo, sentia que aos poucos sua energia voltava para si, mas as correntes presas ao seu braço direito pareciam ter se convertido em cobras que almejavam quebrar os ossos de seu mestre.

Piscou duvidoso, vendo duas sobrancelhas em formato circular a sua frente.

“Muh?”- Pensou, ainda desnorteado, a energia era muito similar. “Estou morto?”

Para um desconhecido poderia parecer como se estivesse bêbado. Mesmo que nunca tivesse ingerido álcool em sua curta vida, imaginava que a sensação do embriago deveria ser similar. Sentia-se confuso, com o corpo extremamente leve e enjoado, tudo girava ao seu redor ao tempo que uma enorme euforia crescia dentro de seu ser.

Como se pudesse fazer qualquer coisa, acima de qualquer consequência, mesmo que sequer conseguia fazer sua cabeça parar de dar voltas.

— Acho que ele quer vomitar... – Uma voz que soava como Hyoga dizia.- Talvez seja melhor o levarmos ao Hospital junto com Seiya.

— N-não... – Tentou dizer, sua mão direita erguendo-se para provar seu ponto, mesmo que tremesse violentamente. – Não precisa, eu...- Sentia um estranho amortecimento em seus músculos, seu braço parecia não querer obedecê-lo mais.  - ...Só estou cansado.

“...Hades...?” — Tentou chamar em sua mente, tornando a fechar os olhos com a esperança de que a tontura parasse.

“...Aaarg, me sinto como se Dionísio tivesse nos arrastado para uma de suas danças de agonia e êxtase...” –Dizia o deus, sua voz soava trêmula e arrastada. “...Não é tão agradável como eu me lembrava...”

Tentou puxar ar para seus pulmões, mas o oxigênio parecia haver se convertido em pequenas navalhas que rasgavam sua narina e corrente respiratória como se repentinamente estivesse exposto ao frio extremo.

Mas então sentiu como uma energia calorosa o recobrisse com cuidado, uma sensação similar a um tenro abraço, abriu os olhos mais uma vez, sua noção de distancia retornando aos poucos, vendo novamente os dois pontos sobre os olhos preocupados, porém, desta vez reconheceu seu dono.

— Kiki?

— Está melhor? – Sua voz denotava preocupação - Eu fiz o possível, mas...

— Agora sim, obrigado. – Não era mentira, ainda sentia seu braço como ferro à brasa, mas a tontura e vertigem haviam passado.

Sentou-se com dificuldade, percebendo que estava com a cabeça apoiada sobre o colo do ariano, que tinha as mãos estendidas, sinal de que estava usando seus poderes de cura.  Ao redor de ambos, como numa pequena roda, estavam Hyoga, Ikki e Hécate.

Os dois cavaleiros luziam igualmente preocupados com Andrômeda, já a bruxa do olimpo apenas observava curiosa.

“-Como vocês estão?” – Perguntou a deusa mentalmente.

“Como se Dionísio tivesse nos arrastado para uma de suas danças de agonia e êxtase” – Parafraseou Shun, fazendo a entidade sorrir com conhecimento de causa.

— O que aconteceu? – Perguntou em voz alta, notando que sua voz não estava melhor do que a de Hades.- Onde está Seiya? Onde está todo mundo?

— Os cavaleiros de bronze não estavam se sentindo muito bem depois de tanta demonstração de energia – Brincou Kiki – Por isso Marin e Shina os arrastaram para treinar.

— Seiya começou a sangrar pela ferida em seu peito – Seguiu ríspido Ikki, claramente irritado com alguma coisa – Athena e Shiryu o levaram para o hospital.

“...Por que não me surpreende Athena simplesmente ter te dado as costas e ir por Pégaso? ...” Ironizou o deus do submundo.

“Por favor, Hades, agora não”  - Colocou frustrado.

— Você desmaiou assim que eles saíram e Hefesto tomou a espada – Continuou explicando Hyoga - Eu te segurei antes que caísse no chão, você parecia estar convulsionando...

—...Entendo... Espero que ele fique bem.- Tornou a falar, sincero.

“...Tu deverias se preocupar mais consigo mesmo, sabias?...” Suspirou cansada a divindade “...Sua vida é muito importante agora, tenhas isso em mente...”

“Quer dizer que antes não era?” – Não pôde deixar de questionar –“ Que antes eu não passava de uma simples marionete?”

Contudo, Hades não respondeu.

Então seu olhar se encontrou com o de Hécate. 

— E Hefesto?

— Ele cumprirá com sua palavra – Respondeu a bruxa – Eu recuperei as armaduras, ou o que sobrava delas, do submundo. Em sete dias ele as enviará ao santuário.

— Eu não acho que podemos confiar nele – Praguejou Ikki.

— Não precisa preocupar-se cavaleiro. Sei que não tiveram uma boa imagem dele, contudo, Hefesto é honrado, manterá sua palavra.

Shun abaixou a vista quanto a isso, sentindo-se culpado por enganar o deus da forja, mesmo sabendo que não havia outro modo.

— O importante agora é cuidar de sua saúde – Interveio Kiki, ajoelhando-se ao seu lado – Deixe-me levá-lo até a casa de Áries, veja...Você ainda está sangrando.

O ariano tentou tocar a suposta ferida que produzia o líquido carmim, mas Andrômeda afastou bruscamente sua mão, surpreendendo Hyoga e Kiki.

—...Shun...? – Questionou o menor hesitante - ... Está tudo bem...? Eu não vou te machucar.

O futuro cavaleiro de ouro parecia assustado, como se temesse que algo acontecesse caso seu braço fosse tocado.

— Sim...Eu...Sei – Hesitou, tentando arranjar uma saída - ...Eu só...Não precisa se preocupar, é só um corte superficial.     

— Tem muito sangue para ser um corte superficial – Colocou Cisne taxativo.

— E por um acaso agora você é médico Pato?! – Cortou Ikki ajoelhando-se e tomando seu irmão pelo ombro esquerdo. – Ele só precisa descansar agora. Podem deixar que eu cuido do resto!

Andrômeda suspirou mentalmente agradecendo a intervenção, não saberia o que dizer caso Kiki descobrisse que o liquido carmim não partia de ferida nenhuma, além de ter medo de que o sangue de Hades o machuca-se.

— Você que parece pensar que é médico! – Respondeu irritado Hyoga – Shun precisa de cuidados especializados, agora não é o momento para um de seus ataques de “complexo de irmão”!

— EU NÃO TENHO COMPLEXO DE IRMÃO! – Berrou irritado.

“...Essa é a pior mentira que eu ouvi hoje...” Ironizou Hades “... O complexo dele até ultrapassa os ciclos de reencarnação!..”

Shun riu sutilmente, incapaz de se conter pelo comentário em sua mente, fazendo todos, com exceção de Hécate, o olharem confusos. A deusa por sua vez, mesmo não lendo a mente do novo senhor do submundo, podia imaginar a razão da graça.

— ...Hãaa...Desculpe – Apressou-se a dizer -  Obrigado por se preocuparem comigo, Kiki, Hyoga. Mas eu estou bem, Ikki tem razão, eu só preciso descansar agora.

— Mas Shun...- Tentou insistir o ariano.

— Caso eu precise de alguma coisa, eu juro que te aviso, está bem Kiki? – Tentou em tom consolador.

O menino suspirou vencido, enquanto Fênix ajudava Andrômeda a se levantar, Hyoga por sua vez seguia contrariado.

— Muito bem, eu voltarei para o Olimpo agora – Interveio Hécate – Apenas continuei aqui por curiosidade. Mas vejo que tudo acabou bem.

A deusa que estava sentada em seu cajado observando a todos sorriu misteriosa.

— Desde já, aproveitem o tempo que passarão juntos. Afinal, nunca se sabe o que o futuro nos reserva.

E a estas palavras ditas, desapareceu no ar, como se nunca tivesse existido.

“Jovem senhor” – Porém as palavras seguiram na mente de Shun “Em agradecimento a teu sacrifício, usarei meu cosmo e magia para estender sua vida, não será muito, contudo, desfrute da paz que tanto sonhou e dos amigos que tanto amas enquanto podes. Mas saiba que mesmo eu serei incapaz de te privar das dores que comerão sua carne.”

“Eu compreendo e agradeço” – Respondeu o cavaleiro cortesmente – “Por favor, agradeça as Moiras de minha parte por nos ajudar a salvar Seiya.”

Mesmo não podendo ver mais a divindade, de algum modo, o cavaleiro sabia que ela sorria ao dizer as seguintes palavras.

“Não é preciso, tu poderás dizer a elas pessoalmente. Até lá, te aguardaremos, jovem senhor da morte”

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Notas finais do capítulo

O que acharam do plano de nosso querido Shun?



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