Guerra e Paz escrita por Kimonohi_Tsuki, JulianVK


Capítulo 1
Prólogo - O novo deus do submundo


Notas iniciais do capítulo

Bom dia, boa tarde e boa noite! Muito prazer!
Eu não ia publicar esta estória, até então minhas escritas são 99% sobre o universo de Hetalia, poréeem, como fazia algum tempo que não movimentava esta conta, resolvi publicar essa de cavaleiros que ando escrevendo dentro do ônibus enquanto não consigo terminar o capítulo seguinte da minha história tradicional "Crônicas de Estados".

Guerra e Paz nasceu do meu inconformismo com o final da saga de Hades e o enredo de Next Dimension, dessa forma esse conto se passa entre o final de Hades e as ações de Athena e Shun no começo de ND e suas consequências, com alterações importantes que mudarão o rumo da história.

Espero sinceramente que gostem e tenham uma ótima leitura.



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Prólogo – O novo deus do submundo

Por que temer a morte, se ela é a única certeza da vida?

Os mortais não sabem o quão felizes são por tê-la como certo. Saber que seguem um caminho, mesmo que tortuoso ou solar, que possuí um final, um encerramento da vida terrena, não a tornando simplesmente um túnel escuro ou uma imensidão ensolarada eterna e imutável.

Queria ainda poder ter esse dom mortal. Sim, a morte é um dom. Poder fechar seus olhos em sono eterno, ter sua alma purificada dos pecados da terra, para depois provar das águas do esquecimento, começar tudo de novo, como uma folha em branco.

Contudo, uma pessoa jamais deveria de buscar sua morte com exclusivo pensamento de findar sua existência, não. Isso era um completo desrespeito com a vida e com todos aqueles que lutavam com todas as suas forças para simplesmente sobreviver. A morte não se trata de algo bom ou ruim, ela é simplesmente um fato, uma consequência, que deve ser respeitada com o mesmo zelo que a vida.

Morrer não é a salvação de todos os males, porém, tampouco se trata da expressão de todos eles.

O ser incorpóreo percebeu então que estava divagando novamente, enquanto escutava vagamente a sentença que o juiz, um ex cavaleiro de Athena, dava a uma dúzia de almas.

Estavam num enorme salão de mármore negro, de um piso liso e brilhante, como um céu escuro cheio de estrelas. A esquerda do salão havia uma enorme porta de bronze fechada que cobria do chão ao teto – este por sua vez era completamente ornado com a pintura de anjos- À direita, um corredor branco e de altura mediana se mostrava tímido e sem fim, a frente uma porta de ouro do tamanho de uma pessoa convencional, gravada com belos ramos de flores douradas. Sobre ela existiam três sacadas em semicírculo na mesma altura, também de mármore, que se erguiam orgulhosas. Daidalos*, o juiz, estava na central, enquanto as almas, amontoadas e sem forma concreta, o observavam de baixo, sob o piso frio.

Daidalos, num tempo muito distante agora, foi o cavaleiro de prata de Cefeus, um dos orgulhosos defensores de Athena.  Em vida, jamais a defraudou, recusando voltar ao santuário sob as ordens do grande mestre apenas por haver notado que este possuía intenções malignas. De fato, Saga, o cavaleiro de Gêmeos, submergido por lado sombrio, havia assassinado o grande mestre verdadeiro e assumido seu lugar. Desde modo temendo a influência que o respeitado Cefeus poderia exercer sobre os demais, enviou Afrodite de peixes e Milo de escorpião para executá-lo. Missão que acabou bem sucedida. Em morte, contudo, Daidalos servia outro senhor, que formalmente o tratava apenas em publico. Mesmo assim, jamais negou seus votos a Athena.

— Meu senhor - A voz do juiz de longos cabelos loiros, pele pálida e vibrantes olhos azuis, o fez sair completamente de seus devaneios, agora que as almas o observavam expectante.

Acima das três elevações circulares havia uma quarta, bem mais alta, localizada em diagonal as outras, de modo que dali alguém pudesse observar cada uma das ações ocorrentes na sala. Neste lugar, sobre uma cadeira simples, o jovem deus do submundo, encarou cada uma das almas. A figura do deus não era definida, como uma fumaça roxeada onde sutilmente podia-se distinguir um rosto suave e um manto negro.

Briga de gangues, doze jovens haviam perdido suas vidas por causa de lutas banais. Morreram por suas próprias convicções fúteis, cometendo pecado mortal.

— Eu concordo com a sentença. - Não precisava ouvir cada ponto dela para concordar, conhecia muito bem o posicionamento do velho cavaleiro, é por isso que ele estava ali, como um dos três juízes do submundo, enquanto Minos, o verdadeiro juiz sob a sobrepeliz de Griffon, não regressava de sua atual reencarnação.

Dito isso, as doze almas foram sugadas pelo corredor branco, soltando gritos de protesto e pesar.

— Deviam ter pensado nisso antes de se matarem iguais umas bestas sem cérebro - Uma voz irônica surgiu ao lado do deus, onde um homem de porte forte apareceu sentado sob o muro circular. - Para depois não ficarem reclamando e fazer dos campos de Asfódelos um lugar barulhento.

— Está de mau humor Ikki? - O homem loiro perguntou, saltando com graça do semicírculo em que estava para o chão, sem desviar o olhar do recém-chegado. Sua sobrepeliz negra e roxa brilhava e tilintava com seu suave caminhar. A armadura de Griffon lhe caia muito bem apesar de tudo.– Achei que estivesse coletando almas pecadoras, isso geralmente te deixa de bom humor.

— Eu odeio esses idiotas suicidas, que jogam a própria vida fora assim sem pensar, são uns inúteis, só entulham os campos, pra mim iriam direto pro Tártaro. – Os cabelos azuis de Ikki também davam um contraste muito bom junto a sua própria sobrepeliz negra, mesmo que sua pele mais morena destoasse dos tons fúnebres do lugar. – E respondendo sua pergunta Daidalos, eu já chutei muitas almas podres por hoje, você os verá nos próximos julgamentos.

— Para você todos iriam direto para o Tártaro, Ikki - Comentou com suave graça o jovem deus, se desmaterializando e ressurgindo ao lado do juiz, sendo facilmente seguido pelo ex-cavaleiro de fênix, que abriu as asas de sua armadura, pousando de pé alguns passos atrás. – São todas almas em sofrimento. Talvez devesse ser mais flexível... Irmão

— Prefiro deixar os frangalhos com Asterion e Mist, as almas podres são muito mais interessantes, principalmente quando elas se recusam a vir comigo e me deixam usar a força para convencê-las. – Comentou com um sorriso sinistro, que fez Daidalos suspirar. Era difícil acreditar que esses dois eram irmãos...

— Que a alma de todos que ainda hão de morrer agradeçam que tu sejas Ikki de Benu, ao invés de um dos juízes. - Uma voz infantil ressoou ao longe, irritando o de cabelos azulados, que resmungou a contra gosto.

— Hécate? Já faz alguns anos, duas décadas eu acho. - Comentou suave o deus, então os três se materializaram em outra sala, dessa vez uma escadaria, de poucos degraus e enormes pilastras gregas em suas laterais, onde ao topo havia um trono negro com detalhes de ramos secos, posicionado atrás de uma cortina vinho aberta e ao lado um espelho negro de moldura prateada de onde a voz parecia surgir. - Não sei nada de ti desde minha morte

Contudo, o que mais chamava a atenção no lugar era um corpo, sentado no trono e aparentemente em sono profundo. Um rosto angelical, branco como a neve, cabelos verdes como a copa das árvores, longos que caiam com leveza até sua cintura, trajando uma túnica negra até seus pés, pés esses descalços sobre o frio chão.

O corpo daquele que um dia foi o cavaleiro de bronze de Andrômeda, que se tornou o homem mais próximo de um deus, como seguinte cavaleiro de virgem, até sua suposta morte, ascendendo assim como o novo governante do submundo.

A imagem difusa subiu as escadas como névoa, enquanto o juiz mantinha-se atrás, respeitosamente de cabeça baixa ,já Ikki desaparecia do lugar sem comentários, odiava esse tipo de visitas e não pensava permanecer. O jovem deus ao chegar ao lado do trono sorriu frente ao espelho, onde uma jovem que parecia recém sair de sua adolescência, cujos cabelos que possuíam a cor do ébano estavam presos em maria-chiquinha e uma capa negra a envolvia misteriosamente, também o  observava atenta, por mais que sua expressão fosse pouco visível na bruma de sua forma.

— Aaah sim, me perdoe meu senhor, com tua noção de tempo, uma vez que já foste humano, deve ter sentido em muito minha falta de contato, eu lamento. - A mulher se curvou muito sutilmente. - Mas para mim, que sou uma deusa desde meu nascimento, parece que faz tão somente um suspiro desde o dia que encontrei a ti e a Athena subindo o Monte Olimpo em busca da salvação do cavaleiro de Pégaso.

— Não há porque lamentar-se minha cara Hécate, eu entendo que tu es muito ocupada. E mesmo que de fato, minha percepção de tempo seja algo distinta a dos demais deuses, eu mesmo custo a acreditar, às vezes,  que já se passaram vinte anos desde que tudo aquilo aconteceu...- Virou-se em direção ao corpo - Daqui três meses eu poderei voltar ao meu velho eu, então retornarei a terra.

— ...Uma nova guerra santa? - Questionou a deusa, mostrando pela primeira vez uma expressão aflita.

— Sim. Há um novo inimigo que Athena e seus cavaleiros terão que enfrentar, e desta vez não serei eu, mas a julgar pelo seu contato repentino, já sabes sobre isso.  - Voltou sua vista ao espelho. -  Eu só espero que minha..."sobrinha"...Tenha aprendido com seus erros nessas últimas duas décadas. Vamos precisar da ajuda dos três exércitos divinos para deter aqueles seres...

Lembrava com perfeição, aquela manhã há vinte anos, após a batalha contra Hades, quando preocupado buscou sua deusa no santuário e soube do estado em que Seiya havia ficado depois da batalha. O dia que visitou o monte Olimpo como mortal, conheceu Hécate, Arthemis e o templo da lua, e as Moiras em sua própria dimensão temporal.

 E sem saber forjou a ferro seu próprio destino...   


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Notas finais do capítulo

* Assumindo que Albiore e Daidalos são a mesma pessoa, utilizei do nome do mangá, mas a aparência do anime, pois ela soa mais “argentina” para mim, além de ser a aparência mais conhecida.



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