Dayna e Kristie estavam treinando. A confusão que Rob tinha causado há dois dias atrás era lembrado por todos do Grupo 1, mas como o emissário disse que era preciso muito treino, as duas estavam o fazendo.

As bonitas estavam em um enorme pasto com gramas bem verdinhas e o ar estava limpo. O céu estava completamente azul, sem nenhuma nuvem branca. A cidade estava bem distante, mas ainda era possível ser vista por elas.

— Eu falei para o Max mudar o comportamento dele, amiga. Ele é muito nervoso. Desconfia de todos e também é muito chato. Ele podia ser que nem você, não é? – reclamou Dayna, conjurando poder mágico em suas mãos via movimentos corporais parecido com lentas danças orientais.

— Ele realmente é assim, mas eu não posso falar nada. Não sou perfeita. Tudo que eu possa fazer de errado, eu faço. – concordou Kristie, com poder mágico nos punhos e socando o ar, treinando ataques físicos via concentração de poder nos punhos, “a lá punho de ferro”.

—  Eu preciso dar um jeito em você e nele. Você quase que me chega atrasada na reunião com o Rob. Chegou atrasada incontáveis vezes e por sorte não teve punições severas. Eu queria saber qual o seu problema?

Depois de um longo silêncio, a maga da superforça respondeu:

— Eu não sei, mas o seu “quase” indicou um grande avanço da minha parte.

— Isso é um fato, não posso mentir. – concordou Dayna, dando uma risadinha de vergonha.

— E sobre o Max?

— O que tem ele? – perguntou Dayna, confusa.

— Você é sonsa! Estávamos falando dele há um segundo atrás. Digo, o que você acha sobre o nervosismo dele?

— Eu não sei. Deve ter relação com seu passado. Uma vez perguntei sobre os pais dele e ele explodiu. Ficou nervoso, como sempre, mas de uma maneira incompreensível. Quase me bateu.

— Então não ficou nervoso como sempre, sonsa.

— Ele me passa mistério quando está calmo. – disse ela, tentando ignorar o erro.

— Ele realmente é misterioso, mas é bem forte. Ele concentra todo o seu poder em seus pés e corre muito rápido. Se move bem rápido também, tornando-se invisível aos olhos de nós, mortais. Ele conseguiu derrotar um mago no nível da diretora, salvando sua vida.

— Conte-me mais sobre essa história? – perguntou curiosa, sentando-se no chão para ouvir sua amiga.

— Quer que eu conte mesmo? – perguntou, também se sentando e ao lado dela.

— Se eu pedi!?

— Grossiane. – brincou Kristie, dando um leve tapa nas costas da amiga.

— Sonsiane. – retrucou Dayna, dando um empurrãozinho nela.

— Ha! Ha! Ha! Ha! Ha! Ha!

— Conta logo, porra! – gritou Dayna, nervosa.

— A diretora, uma vez, estava em uma missão de infiltração homologada pelo CNN. No meio dessa missão, ela ficou presa em uma caverna com um mago de Rank 4. Ela, por sorte, conseguiu reportar a situação ao Embryo, que acabou chegando nos ouvidos de Max, que em segundos conseguiu derrotar o mago e tirá-la de lá. Como ele fez isso, não sei, mas ele tem a velocidade centenas de vezes maior que a nossa. E ele é Rank 3, então não foi tão difícil assim.

— Abafa! – ficou surpreendida. – A diretora Atsuko é de Rank 4? Como isso é possível? Não é lei que o diretor deva ter o mais alto rank da escola?

— Como ela virou diretora, é um mistério.

— Isso é inadmissível. O Rob é Rank 5. Então dele devia ser o diretor.

— Você está louca, Dayna? Aquele maluco como diretor do Embryo? Nem pensar. Eu sairia da escola no mesmo dia de sua nomeação. – reclamou ela, cruzando os braços, nervosa.

— Eu preciso urgentemente subir para o Rank 3. Sou muito fraca em relação aos meninos. Brian é Rank 4.

— E eu, 2. Estamos na mesma pindaíba. Relaxa. Oque importa é como usamos a magia ao nosso favor. Aprendemos na escola que um mago de rank 2 consegue derrotar facilmente um mago de rank 4. Basta ele ser determinado, inteligente e saber o que está fazendo.

— Então precisamos treinar arduamente para chegar nos pés deles, não é?

— Sim, temos sim, Dayna. Mas acredito que com essa missão que recebemos do Rob, vamos ganhar bastante experiência. É só a gente não vacilar e fazer bonito.

— Vamos continuar com o treinamento? – perguntou Dayna, levantando-se rapidamente.

— Não está adiantando, Dayna. Eu estava dando soco no ar. Que treinamento é esse. Eu vou falar com o Rob. Se ele quer que a gente fique forte, ele tem que dar um jeito. – respondeu, também se levantando só que bem mais lentamente, apoiando-se nos joelhos.

— Você está louco? Capaz de ele congelar a gente e mandar cada um sair do gelo. – debochou ela, passando a mão na testa só de pensar.

— Há! Há! Há! Há! Há! Há! Há! Morri depois dessa. Então vamos embora descansar, não é? Amanhã a gente faz alguma coisa em relação a isso.

— Vamos mesmo, menina, estou faminta.

                                                                               ***

Era uma vila abandonada. Estava completamente destruída desde a Terceira Guerra. Uma vila chamada Crown Village. Ela era completamente domada pela névoa e fuligens de radiação. Entretanto, ainda residiam algumas pessoas nessa vila. Magos criminosos. Uma facção chamada Red Crown. Os ladrões da Pedra Ônix, a mesma que Rob mandou seus “subordinados” recuperar.

— Quanto tempo vai durar a magia da Ônix? – perguntou Irvin Ralf, o líder da guilda, da facção.

— Eu não sei, mas ainda resta muito poder mágico nessa pedra, Irvin. Até parece eu, lotada das magias. – brincou Kimmy Aretha, a maga brincalhona da Red Crown.

— Espero que não venha busca-la tão cedo. Você deixou algum rastro?

Ela gaguejou um pouco, mentindo:

— Claro que não. Eu matei quase todos os guardas com as minhas adagas mágicas. Não sobrou um imbecil para contar história. E depois eu limpei o sangue do campo de batalha com o meu próprio cabelo.

Irvin ficou escutando aquele teatro de olhos fechados, quieto. Os dois estavam em uma sala com uma fogueira de fogo branco. O líder estava sentado em um trono, que estava de costas para Kimmy – que conseguia ver apenas o cabelo preto de seu líder.

— Você é mentirosa e ridícula, Kimmy. Você não é tão forte assim e, além do mais, essa pedra é rastreável. Você sequer estudou o objeto que roubaste. Você tem muito o que melhorar ainda. Retira-se da minha sala e não volte até eu mandar. Treine bastante. Com certeza o Embryo virá atrás dessa pedra. Não posso perder mais nenhum mago dessa facção. – criticou ele, juntando poder mágico em seu corpo e deixando Kimmy trêmula de medo.

— Claro... Claro... eu vou fazer o que você pediu, só não me machuque. Claro, estou indo agora mesmo. – obedeceu ela, correndo pela única porta que tinha ali, batendo-a com tudo, amedrontada.