O corpo de Damien cresceu. Agora, segurando uma adaga em cada um de seus oito braços. Estava furiosa. Sua boca gotejava saliva. Assustadora. Perigosa.

— Merda! Ela virou um monstro... mas que... maldita. – reclamou Arvel, analisando a situação e pensando em um plano.

— Eu não vou ficar parada! Vou te atacar com tudo! – gritou Dayna, batendo suas mãos e as fechando, gerando um círculo mágico entre os três e a oponente. Três gorilas, tão grandes quanto a “Oito-Braços”, pularam de dentro do círculo e partiram para cima dela. Em questão de segundos, os gorilas foram despedaçados. Damien deu um rugido de vento, fazendo os três deslizarem para trás.

— Não adianta! Vocês não vão me derrotar! Há! Há! Há! Há! Há! Olha o meu poder. Olha o poder de vocês. Eu tenho muitas magias guardadas, ainda. Vocês não têm poder suficiente para me derrotar. Vou matar cada um de vocês. Um por vez.

Damien saiu correndo em direção à Kristie, que juntou poder mágico em suas mãos. Quando Damien se aproximou, Kristie deslizou sob suas pernas e deu um salto em seguida. Com sua magia de super-força, Kristie deu um soco bem no meio das costas de Damien, fazendo-a capotar chão a frente. Com suas adagas, a Oito-Braços interrompeu o deslizamento.

Kristie, sem hesitar, saiu correndo em direção a ela antes que ela levantasse de vez. Era uma oportunidade, mas o seu jeito atrapalhado lhe fez um mal. Tropeçou em seu próprio pé. Caiu. Relou a mão no chão e por conta de sua magia estar ativada, ela gerou uma grande cratera. Era como se ela tivesse dado um tapa no chão. Dois, na verdade, já que suas duas mãos estavam com magia ativada. Ela caiu, em seguida, naquele grande buraco. Bateu com a cabeça e desmaiou.

Arvel e Dayna ficaram preocupados, mas não perceberam que não tinha tempo para ir atrás dela. Três dos cinco magos ali estavam debilitados. Só restara os dois.

Damien partiu com tudo para cima de Dayna, que não conseguiu desviar de um golpe forte da monstrenga. Dayna bateu com tudo em um poste de transmissão elétrica que tinha há vinte metros dali. Também ficou inconsciente, mas graças a Merlina, viva.

Arvel, determinado como sempre – porém, trêmulo – estava sozinho, cara-a-cara com o mal.

— Só restou você!

Arvel deu uns passos para trás até dar tempo de pegar o seu bastão elétrico. Depois foi para cima dela, dando um impulso no chão com seu bastão e pairando no ar. Em câmera lenta, ele olhou para baixo enquanto não pousava no chão. Como tinha pulado Damien e estava por cima, era uma oportunidade de ataque. Ele dividiu seu bastão em dois, gerando uma grande lâmina cilíndrica em cada um. Mirou no pescoço de Damien e arremessou um deles. Com sorte, conseguiu acertar; mas a pele dela estava tão dura que fez um corte superficial apenas, quebrando a metade do bastão em seguida. Rapidamente, Damien deu um chute em Arvel, fazendo-o capotar rodovia a chão, separando-se da outra metade do bastão.

Ele tentava se levantar para poder pegar seu bastão, mas sua perna estava machucada, o bastão estava longe e Damien estava se aproximando, pronta para derrotar o último do Grupo 1.

Com a boca cortada, Arvel conseguiu se levantar – manco. Encarou ela, que estava parada, girando as oito adagas simultaneamente para provocar. Ele respirava cada vez mais ofegante. A magia de Damien parecia crescer cada vez mais, porém ela olhou para trás e viu alguém se aproximando. Era a cigana, Swish Lara, com uma mochila de acampamento nas costas – com certeza a lona de sua cabana estava ali.

— O que está acontecendo aqui? – se perguntou ela, vendo Max, Kristie, Dayna e Brian debilitados e Arvel com a perna quebrada. Em seguida, ela olhou para Damien. Rapidamente, tirou a bolsa de suas costas e pegou um cajado de dentro dela. Um grande cetro, que parecia um cajado, com uma lua cheia negra na ponta revestido de cristal e o cabo envolto inteiramente por uma serpente metalizada com a língua de fogo.

— Quem é você? Veio participar da minha matança? Também quer morrer?

— Eles tiveram sorte de eu ter chegado. Eu senti uma energia muito ruim aqui. Por sorte a minha profecia não se realizou... ainda. – relaxou Swish, apontando a lua negra para ela. – Vai ser uma briga de mulheres, mesmo que você seja um homem.

— Ahn? Você percebeu? Eu vou destroçar você! – gritou Damien, partindo para cima de Swish.

O cetro brilhou. Os olhos de Damien se arregalaram. Em um instante Swish estava ali, em outro não estava mais. O corpo dela voltou ao normal. Os oito braços desapareceram. Sem entender o que estava acontecendo, Damien avistou sua espada ao longe (que se regenerava sempre que voltava ao seu corpo normal). Saiu correndo em direção a ela, pegando-a em seguida e apontando para Swish, que tinha surgido do nada como se fosse uma aparição.

— Você será derrotada. Não adianta nada pegar a sua espada. – disse Swish, sem sorriso, sem tristeza, sem expressão facial, sem nada. Completamente tranquila, como se estivesse entediada.

— Por você? Jamais! Não serei derrotada pela sua magia. Mesmo eu desconhecendo ela, eu não tenho medo. Como você me fez voltar ao normal? Não sei, mas eu vou te derrotar aqui. Eu vou anular todas as suas magias.

Damien cometeu um grande erro e Swish sorriu. Em toda essa confusão, Damien se esqueceu de Arvel, que tinha pegado sua outra metade do bastão.

— Eu vou te derrotar sua maldita! Morra! – Arvel gritou depois de enfiar a lâmina da outra parte do bastão no pescoço de Damien, matando-a de surpresa.

Damien tentou tirar aquilo do seu corpo, mas não resistiu. Caiu morta (ou morto) no chão. Arvel gritou de dor e caiu com tudo no chão, colocando as mãos sobre sua perna quebrada.

Swish se aproximou e colocou, também, as mãos sobre a perna dele. Magicamente, ela o curou. Foi questão de tocar na perna dele. Aliviado e admirado, ele a agradeceu apenas com o brilho em seus olhos. Em seguida, pediu para que ela curasse os seus amigos. Ele ajudou a colocar todos em um único lugar, dentro de um círculo mágico de duas camadas de runa. Com uma oração e um feitiço, Swish curou todos.

Eles levantaram como nada tivesse acontecido, porém estavam fracos. Swish deu o que comer para todos eles. Tinha muita comida em sua bolsa mágica, que cabia qualquer coisa em massa e quantidade.

Agradecidos, eles deram um abraço nela. Como forma de gratidão, Arvel deu um cartão com o telefone de Rob e Atsuko, pedindo para que ela pedisse emprego e abrigo em New Nebraska. Ela o guardou com carinho no bolso e partiu para a floresta, nem sentido contrário de Spritten e nem ao sentido da própria cidade. Disse que tinha uns rituais a fazer. Desaparecem em meio àquela mata toda.

Como se não bastasse de surpresa naquele dia, um grande portal apareceu na frente do grupo e alguém saiu de dentro dele. Quem seria?