A poção mais perigosa do mundo escrita por Sarah


Capítulo 1
A poção mais perigosa do mundo


Notas iniciais do capítulo

Eu tenho outra fic, com o mesmo nome, que faz parzinho com essa, caso você se interesse. ^^



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A Poção Mais Perigosa do Mundo

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e o cheiro que Sirius sentiu

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Com um empurrão, James lançou Sirius para trás, obrigando-o a se afastar da porta do dormitório e fazendo-o bater com as costas na parede. Sirius soltou uma série de pragas.

— Você está louco? — ele questionou com o olhar nublado, e James balançou o rosto em um aceno negativo.

— Você não quer sair desse quarto, acredite em mim, Padfoot.

— Mas eu preciso ver a Marianne!

— Eu não achei que ele pudesse se tornar ainda mais idiota — Remus resmungou, rolando os olhos. A irritação dele era palpável no ar.

Sirius grunhiu, enraivecido.

— O que eu sinto por ela não é idiota! — ele declarou e deu um passo à frente. James foi mais rápido, colocando-se entre o amigo e a porta do dormitório. Sirius gemeu de frustração. — Você deveria me entender, Prongs! Com tudo o que você já suspirou pela Evans!

James, muito obviamente, estava prestes a rir, mas se conteve ao encontrar o olhar de Remus.

— Não há comparação, Padfoot, sinto muito — disse com paciência.

Uma nova onda de raiva pareceu assaltar Sirius.

— Eu estou apaixonado! — Sirius bradou sem demonstrar qualquer constrangimento, o que, de certa forma, tornava a coisa ainda mais vergonhosa. — Ela é linda, seus peitos... Vocês estão com inveja! — ele disse como se aquela fosse a única conclusão possível. Remus bufou, exasperado, e Sirius voltou-se contra ele. — Está com inveja porque eu terei a garota mais bonita de Hogwarts e você tem que se contentar com a sua mão!

As feições de Remus tornaram-se selvagens, o lobo transparecendo na forma como ele cravou as unhas nas palmas e cerrou os dentes. Um ruído selvagem escapou da sua garganta, como um rosnado.

James permitiu-se admirar o talento de Marriane com poções, pois Sirius sequer pareceu assustado com a ferocidade no olhar de Remus.

— Você devia ser mais forte do que a porra de uma poção do amor, filho da mãe!

Em resposta a essas palavras, Sirius lançou-se em direção a Remus com os punhos erguidos, pronto para começar uma briga. James o agarrou pelo peito, contendo-o.

— Tudo bem, Sirius. Sabemos que Marianne é uma garota bonita. Você está apaixonado. Nós entendemos isso. Por que você apenas não espera um pouco para falar com ela, hum? Quem sabe até a noite? Garotas gostam de romantismo, luz da lua e tudo isso — James arriscou.

Sirius imobilizou-se por um momento, parecendo ponderar sobre aquelas palavras, mas então sua autoconfiança natural acabou prevalecendo.

— Besteira. Eu preciso apenas conversar com ela — ele falou, muito convencido, voltando a forçar o agarre de James na tentativa de sair do dormitório e procurar pela garota.

— Marianne Dashwood é mesmo bonita — Peter comentou do outro lado do quarto. Ele tinha se afastado assim que a confusão começara, procurando parecer menor do que era. — Por que simplesmente não deixam que ele vá atrás dela? Não faria mal para a reputação dele nem nada. E a garota obviamente está de acordo com a ideia de dar uns amassos no Sirius, senão não teria dado a poção do amor para ele em primeiro lugar.

Aquela linha de pensamento fazia muito sentido. James ofegou, sentindo seus músculos começarem a arder pelo esforço de conter Sirius, que era mais alto e mais pesado do que ele. Realmente seria muito mais fácil apenas permitir que o outro desse uma de galanteador, fosse para beijar a garota, fosse para ter uma saudável dose de humilhação que refreasse um pouco seu ego.

Mas, ao mesmo tempo, a ideia de deixar Sirius beijar Marianne fazia Remus parecer alguém que tinha acabado de engolir um pomo de ouro. James suspirou. 

— Sirius, escute-me, pare de se comportar como um babaca! — disse em vez de soltá-lo, intensificando o aperto que mantinha o outro no lugar.

Sirius deixou escapar uma nova torrente de xingamentos, passando a forcejar com mais vontade. Naquele ritmo não levaria mais do que alguns segundos até entrarem numa briga de verdade.

— Filho de puta, apenas me deixe ir! — ele falou, a voz ofegante, enquanto tentava se livrar das mãos de James. — Eu gosto dela, merda!

Aparentemente, aquele era o limite do que Remus podia suportar. James sentiu os dedos dele cravarem em seus ombros quando o lobisomem o puxou para trás, desvencilhando-o de Sirius e deixando o caminho livre. Ele ergueu a varinha ao ficar de frente para Sirius, parecendo muito decidido.

Estupore! — Remus disse em um tom firme e calmo, sem nenhum vestígio de hesitação. Sirius caiu no chão, desacordado, atingido em cheio pelo encantamento.

James engoliu em seco. Peter encarava ora a varinha de Remus, ora o corpo inerte de Sirius, com os olhos arregalados. Nenhum dos dois esperava medidas tão drásticas. Remus guardou a varinha. Com Sirius finalmente em silêncio, ele não parecia mais irritado. Suas feições eram impassíveis.

Muito calmamente, ele se inclinou, passando o braço de Sirius por seus ombros. Ao perceber que nem James nem Peter tinham se aproximado, Remus ergueu a sobrancelha para os dois.

— Vocês podem me ajudar aqui? — perguntou, como se estuporar seu melhor amigo fosse a coisa mais natural do mundo.

Peter ainda parecia impressionado, mas James sorriu, adiantando-se e ajudando-o a erguer Sirius do chão.

— Enfermaria?

Remus crispou os lábios.

— Estava pensando em jogar esse filho de uma puta no lago, mas acho que a enfermaria também serve.

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James passara as últimas três horas sentado em uma cadeira desconfortável. Suas nádegas tinham perdido a sensibilidade há muito tempo, mas ele achava que seria uma deslealdade deixar Sirius acordar sozinho. Os efeitos da poção do amor haviam sido facilmente anulados por Madame Pomfrey, mas o feitiço de Remus tinha sido muito forte. Sirius não tinha se mexido desde que o colocaram na maca.

Remus só tinha ficado na enfermaria por alguns minutos antes de dizer que ia jantar. James aceitara a desculpa, embora achasse que o outro só queria evitar uma possível conversa constrangedora. Ou talvez Remus tivesse motivos escusos: James não se surpreenderia se Marianne Dashwood fosse a próxima paciente a dar entrada na enfermaria.

James estava começando a cochilar sentado quando Sirius finalmente despertou.

— Prongs? — ele perguntou com a voz embargada, piscando os olhos para a luz, obviamente um pouco desorientado.

James sorriu, mas não teve tempo de expressar seu alivio por ver o outro acordado ou de fazer uma piada. Em um instante Madame Pomfrey estava ao lado de Sirius, tomando seu pulso, medindo sua temperatura, cutucando suas costelas com a varinha. Quando ela se deu por satisfeita, confirmando a saúde de Sirius, mandou que ele descansasse por mais meia hora antes de voltar ao dormitório, deixando os dois sozinhos de novo.

A expressão de Sirius era de quem desejava enterrar-se naquela cama de enfermaria pelo resto da vida, em vez de apenas pela próxima meia hora. James aproximou-se dele com um sorriso de canto no rosto. Sirius fez uma careta.

— Foi tão ruim quanto eu me lembro?

— Pior — James afirmou.

— Eu disse que estava apaixonado?

— Diversas vezes.

Sirius escondeu o rosto nas mãos e deixou escapar um som lamuriento.

Oh, porra, nunca achei que fosse odiar tanto uma garota com peitos tão bonitos.

James riu, agradecendo internamente por Remus não estar ali para ouvir aquela declaração.

— Você sabe que nunca vamos esquecer isso, não é, Padfoot? — Sirius assentiu, parecendo torturado. Em seguida James levantou uma sobrancelha para ele. — Como, caralhos, você não percebeu nada de errado naqueles bombons que a Marianne deu para você? Eu pude sentir o perfume da Lily neles de longe! Era óbvio que estavam recheados com poção do amor.

Sirius pareceu ofendido com a afirmação.

— Não sou tão idiota! Os bombons tinham o cheiro que deviam ter! Pareciam apenas chocolate para mim!

Enveredaram numa discussão sobre isso e ainda não tinham chegado a nenhuma conclusão quando Remus reapareceu.

— Sobreviveu — Constatou ao encontrar Sirius acordado. 

Sirius franziu o cenho, parecendo confuso. Em seguida encarou Remus com uma expressão indignada.

— Você me estuporou! — ele disse, de repente, como se a lembrança só  tivesse atingido-o naquele instante.

Remus deu de ombros.

— Você estava agindo como um babaca.

— Eu estava enfeitiçado! E você me estuporou! Minha cabeça ainda dói, eu não mereci isso!

— Fica por conta de todas aquelas vezes que você mereceu, então — Remus falou casualmente, porém James pôde perceber um leve tom de constrangimento em sua voz. — Aqui, como desculpa. Esses não estão recheados com nenhuma poção nociva — ele disse e tirou tabletes de chocolate do bolso do uniforme. Estendeu um para James e atirou o outro no colo de Sirius. 

Sirius bufou. Ainda emburrado, abriu a barra que Remus tinha lhe dado. O cheiro adocicado do chocolate pairou no ar. O mesmo cheiro que ele sentira nos bombons feitos com poção do amor e o mesmo cheiro que impregnava os dedos de Remus, seus livros e roupa de cama.  

A expressão aborrecida de Sirius sumiu, substituída por algo que parecia pânico, enquanto ele associava o cheiro que sentira na poção do amor aos chocolates de Remus. Seus olhos correram do doce em suas mãos para o lobisomem. Sirius ficou vermelho como poucas ficara na vida.

James sorriu quando o outro o encarou, meio desesperado, finalmente se dando conta de que não tinha percebido que os bombons estavam  impregnados com poção do amor porque a própria poção cheirava como chocolate para ele. E, céus, como Remus.

Oh, merda. Merda! — Sirius murmurou, escorregando o tronco e voltando a se deitar na cama.

Remus pareceu alarmado.

— Você está bem? — ele perguntou.

Ah, está — James se adiantou, seu sorriso se alargando. — Padfoot só está um pouco impressionado com o aroma que a poção do amor teve pare ele: apenas chocolate, como esse aí que você trouxe.

Remus também ficou vermelho e se encolheu de vergonha pela associação, ao mesmo tempo em que Sirius deixou escapar uma série de palavrões.

Por sua vez, James teve certeza de que os dois ficariam bem.


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