Cassie & Evan escrita por Vera Marques


Capítulo 7
Capítulo VII




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''The longer we play at being human,

The more human we became''

 

>Cassie

Acordo com o frio, já devemos estar a chegar ao fim do ano e o tempo tem estado cada vez pior, e apesar do perigo de sermos encontrados o Evan tem acendido a lareira mais vezes.

Decido levantar-me e este parece ser mais um dia normal.

Até que desço as escadas e me deparo com uma árvore de Natal no meio da sala. A árvore é artificial e enorme, está decorada com várias bolas e anjos e ainda com algumas fitas de Natal. O resto da sala também contém algumas decorações de Natal como velas, fitas e arranjos com azevinho e neve também artificiais.

Aproximo-me da janela e olho por entre as tábuas. Está a nevar, o quadro perfeito de Natal, só falta mesmo a minha família, sem me dar conta sorri-o.

 

>Evan

Ouvi a Cassie descer das escadas e aproximo-me da porta da cozinha para ver a reação dela ao ver a surpresa que lhe preparei.

Passei a noite toda a decorar a casa para o Natal visto que pelas minhas contas hoje deve ser dia 24 e também porque a Cassie tinha dito que lhe custava saber que coisas normais como o Natal não iam mais ser possíveis. E eu não posso deixar de me sentir culpado, porque eu faço parte do grupo de pessoas que retirou tudo o que ela sempre tomou com garantido. E de certa maneira estas surpresas deixam-na feliz e isso faz-me sentir ligeiramente melhor.

Ela está a sorrir.

—Bom dia- digo suavemente deixando a cozinha e entrando na sala- Pelo teu sorriso já vi que gostaste. Feliz Natal, Cassie.

Ela sorri ainda mais.

—Feliz Natal, Evan e obrigado por tudo. Mas podias ter pedido ajuda.

—Mas assim deixaria de ser surpresa.

—É verdade. Presumo que a única coisa que não vamos ter vão ser as luzes…

Sinto um aperto no coração, e fico sem saber o que dizer.

—Nem os tradicionais doces de Natal- diz ela logo a seguir.

—Bom, eu tenho chocolates.

—Perfeito, então- diz sorrindo novamente.

Caminhamos até à cozinha e preparamos algo para comer ao pequeno-almoço, ela já está quase recuperada do tiro… que eu lhe dei… portanto já me tem ajudado nas tarefas cá de casa, nas mais simples claro!

—Então, conta-me lá como costumavas passar o teu Natal?- digo para quebrar o gelo.

—Eu passava sempre o Natal em família, por norma num ano era em casa da irmã da minha mãe noutro ano era em minha casa e reuníamos sempre com a família da minha mãe, ou seja os meus avós, o irmão do meu avô que não tem outra família, a minha tia e o marido dela e os filhos dela, um rapaz com 20 anos e filha que já está casada e tem um filho. Isto na Consoada porque no dia de Natal ia sempre almoçar em casa da minha avó paterna e com a restante família da parte do meu pai que é maior. Não dávamos muita importância às prendas, portanto só os padrinhos e os avós é que ofereciam alguma coisa. Mas era muito bom estarmos todos juntos. Eu adorava o cheirinho a canela que inundava a casa quando eu e a minha mãe fazíamos os doces. Este ano seria em nossa casa portanto o mais provável era que a esta hora eu e a minha mãe estivéssemos mega atarefadas em preparar tudo. E tu, como passavas o teu Natal?

—Aqui na quinta, os meus avós maternos morreram ainda a minha mãe era solteira e o meu pai não tem uma relação muito boa com os meus avós tal como o irmão dele, portanto o meu tio vinha com a mulher e os filhos passar o Natal aqui em casa, tanto a Consoada como o dia Natal. Se bem que por vezes a família da Lauren vinha aqui almoçar no dia de Natal ou então eu ia lá a casa dela.

—Bons tempos- diz ela com um ar pensativo e bastante nostálgico.

—Verdade- digo sentindo um aperto no coração por saber que eu sou culpado por ter destruído tudo isto: o Natal, a família, a felicidade,…

—E a passagem de ano?- pergunta ela de repente tirando dos meus pensamentos.

—Bom, reuníamo-nos quase sempre em casa de um vizinho da Lauren que tem bastante jeito com fogo de artifício, assim cada um levava qualquer coisa para comer para partilharmos uns com os outros e ele encarregava-se do resto. E tu?

—Bom, lembro-me que quando tinha 10 anos o meu pai nos levou pela primeira vez a Cleveland ver o fogo de artifício junto ao lago. Foi incrível e então passámos a ir todos os anos, exceto no último em que eu fui passar a casa de um colega lá da escola porque a Lizbeth, a minha melhor amiga insistiu muito, mas acabou por ser divertido. E foi a última passagem de ano ''normal''. Visto que tudo o que era normal e garantido para nós antes da Chegada dos Outros são hoje apenas memórias…

—Ou um sonho daquilo que queiramos que seja o futuro- acrescento.

—Duvido que nós consigamos reerguer as coisas a tal ponto, já vai ser difícil vencermos os outros imagina só construir tudo de novo.

—Nós vamos conseguir vencer os outros- digo.

—Duvido, sabes- suspira- Eu acho difícil. Já não sabemos em quem confiar, a ajuda tipo o governo ou o exército, onde estão eles? Estamos sozinhos, separados e aos poucos vamos matar-nos uns aos outros com medo que o nosso antigo patrão ou vizinho seja um deles. Foi uma jogada bastante inteligente da parte deles. Deixam-nos a nós a fazer o trabalho sujo deles.

—E sem confiança lá se vai a nossa hipótese de nos agruparmos para irmos contra eles.

—De qualquer das maneiras a minha prioridade agora é salvar o meu irmão, depois logo se vê.

—Sim, uma coisa de cada vez.

 

>Cassie

O Evan esmerou-se, para além da decoração de Natal e dos chocolates ainda tinha encontrado algumas coisas para fazer um jantar ligeiramente melhor que o habitual caldo que comemos ao almoço e nas refeições anteriores.

Comemos mais do que devíamos, era suposto pouparmos as nossas provisões mas é Natal portanto deixámos as preocupações de lado e ficámos a conversar durante bastante tempo sobre histórias do passado enquanto bebíamos vinho. Sim gente! Até a vinho nós tivemos direito!

Só nos calámos quando começámos a ficar cansados mas ainda assim ficámos durante um  bom bocado calados simplesmente a olhar para a lenha a queimar e apesar do que possam estar a pensar não foi um silêncio constrangedor, foi até um silêncio acolhedor, será isso possível ou estarei a ficar doida? Mas este silêncio acaba por ser quebrado pelo Evan.

—Bom, eu acho que vou sair para caçar alguma coisa para o almoço de Natal- disse levantando-se- Ficas bem?

—Claro- respondo- Vou só ficar aqui só até a lareira se apagar e depois vou para cima.

—Ok.

Mas na verdade acabei por adormecer mesmo ali no chão em frente à fogueira e só acordo quando uns braços fortes que conheço tão bem me agarram e levantam no ar.

Estremeço e entreabro os olhos.

—Desculpa não te queria acordar só te vou levar lá para cima, a fogueira já se apagou e vais ter frio se ficares aqui.

—Huhum- digo ainda bastante ensonada.

Ele deita-me na cama carinhosamente e os nossos rostos ficam de tal maneira próximos que eu posso sentir a sua respiração no meu rosto. Num instante de coragem inclino-me e junto os meus lábios nos dele.


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Notas finais do capítulo

Sim, eu sou mazinha mesmo e vou parar o capítulo aqui! O que acham que vai rolar a seguir, deixem as vossas especulações nos comentários ♥



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