Era impossível não reparar no professor jovem e bonito. Jéssica, minha amiga, costumava ser realista com os sentimentos e nunca tivera amores impossíveis, porém daquela vez era diferente. Não tinha como negar, como ela dizia, o coração acelerado quando o professor entrava em sala. Jéssica, que antes estava empolgada com os estudos, agora se encontrava distraída. Na sala eu a via com o olhar vago, rodopiando um lápis nos dedos, fitando uma janela sem nem perceber. 
      Tinham se passado apenas dois meses de aula. Dois meses fora o tempo que levou para Jéssica se encantar com o inteligente e culto professor. Não eram apenas as regras claras da instituição, criadas pensadas nisso, que tiravam as esperanças. Jéssica dizia não ter nenhuma chance, repetia que ele jamais se interessaria por ela, apenas mais uma de suas alunas. 
        Era claro que a situação tinha que ter um fim. O desempenho caindo nos estudos era um fantasma constante, aparecendo para avisar que seu tempo estava acabando, se as coisas não mudassem seria um ano inútil. Jéssica pensou em abandonar tudo. Poderia continuar os estudos em outro lugar, tentar contato com o professor. Entretanto, sabia que seu futuro estava ali. Abandonar seria arriscar seu futuro profissional e na universidade. Se pelo menos acreditasse que conseguiria ele...
           Jéssica passou o restante do ano de cabeça baixa, os olhos vagos agora focados nas páginas dos livros. E até agora, com essa época de nossas vidas sendo passado, Jéssica diz não se arrepender. Pensa no professor com o sorriso triste de quem pensa em algo impossível. Mesmo não sendo mais sua aluna nunca tentou, nunca acreditou.