A minha bailarina preferida escrita por LaurenGreen


Capítulo 2
Capítulo 2




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/730355/chapter/2

Enquanto as garotas ensaiavam ficava olhando a bailarina nova. Ela era tão linda e dançava tão bem. Movimentos tão leves e delicados. Como era possível ela ter perdido para a Joyce?

As garotas que a olhavam dançar pareciam também gostar do que viam. A única que demonstrou raiva foi ninguém mais e ninguém menos que Joyce. Que garota invejosa!

Não sei dizer direito o que aconteceu, mas vi Joyce dar uma rápida olhada para mim. Em seguida ela foi em direção da nova bailarina e simplesmente a empurrou. Todas as garotas ficaram boquiabertas e a bailarina que Joyce empurrou deu um grito. Por instinto de querer ajudar a todos fui lá conferir como ela estava.

—Joyce! Direto para a diretória. - A professora falou furiosa. Ela me viu ao lado da bailarina nova e suspirou. - Cuide dela para mim e se preciso leve na enfermaria. O restante volte a ensaiar a coreografia. - E saiu a professora e aluna bufantes.

—Você está bem? - Perguntei para a bailarina que estava no chão, enquanto o resto das garotas se afastavam.

—Não. Meu pé esta doendo. Caí de mal jeito. - Ela apontou para o pé direito. Me aproximei e peguei ela no colo. Gerando vários olhares de canto das bailarinas e um olhar surpreso da bailarina nova.

—Porque me pegou no colo? - Perguntou enquanto eu a levava para a cadeira onde estava sentada antes.

—Porquê as bailarinas precisam daquele espaço para ensaiar. - Falei tirando a sapatilha do pé direito dela e fazendo uma leve massagem. Estava com desconfiança de que algum nervo do pé dela saiu do lugar. - Mas me conta uma coisa. Qual é o teu nome?

—Eduarda Santos. - Falou dando um pulo quando encostei em uma parte do pé dela. Definitivamente era um nervo fora. - E o seu?

—Luca da Silva. - Ela fez uma careta depois de escutar meu nome, mas eu já estou acostumada com isso. - Não se preocupa com o seu pé. Você só tirou um nervo do lugar. Deixa eu só fazer uma massagem que ele volta.

—Como você sabe disso? - Perguntou séria.

—Porquê eu sou a garota que mais tira o nervo do pé, nessa escola. - Falei rindo. - Já tive que ir tantas vezes pra enfermaria por causa disso, que a enfermeira já até me ensinou como se bota de volta o nervo. - Ela riu do comentário e eu comecei a massagear o pé dela. Ela as vezes dava pulinhos de dor, mas tirando isso mais nada.

—Quem é a garota que me empurrou? - Eduarda me perguntou.

—Joyce Cordeiro, a garota mais invejosa da escola. O que os outros tem ela quer também ter. - Eduarda revirou os olhos. - Mas de onde você veio? Porque tenho certeza que não é a primeira aula de balé que está tendo. - Ela torceu o rosto e hesitou em responder.

—Olha.. Não quero ser grossa, mas você não precisa saber sobre o meu passado. - Olhei para ela e assenti.

—E eu posso fazer algo para reverter essa situação? - Perguntei voltando a prestar atenção na massagem que fazia. Botei um pouco mais de força, pois já estava ali a minutos massageando e ele não voltava. Senti o nervo voltar para o lugar e ela soltar um baixo gemido de dor.

—Pode tentar. - Falou ela lançando um sorriso, botando a sapatilha e levanto da cadeira. - E obrigado pela massagem. Senti mesmo alguma coisa voltar para o seu devido lugar no meu pé.

—O que tenho que fazer? - Perguntei enquanto ela se afastava. Estava indo na direção das bailarinas.

—Descubra. - E piscou um dos olhos para mim.

 

Meio hora mais tarde bateu o sinal para o recreio. Sai correndo para a fila da cantina. Além da escola oferecer aulas de dança e canto, ofereciam também sem saber, aulas de atletismo. Consegui chegar como uma das primeiras, mas totalmente exausta. Aquela escola era enorme. Enquanto eu estava parada vi Eduarda chegando na fila e fazendo uma cara de desanimo. Fiz um gesto para ela se aproximar e ela não hesitou.

—Vai querer comprar o que? - Perguntei quando ela estava bem próxima.

—Vou só querer comprar uma latinha de refrigerante, mas acho que não vou conseguir. - Falou ela apontando para a fila.

—Me entrega o dinheiro que compro para você. - Ela me olhou e abriu um sorriso enorme, fazendo eu também sorrir e logo em seguida me entregando o dinheiro.

—Obrigado! - Falou logo em seguida desfazendo o sorriso. - O que você quer em troca de todos esses favores?

—O que?! Como assim? - Perguntei confusa.

—Ninguém é querida dessa forma com alguém que acabou de conhecer. A não ser que tenha segundas intenções. Vai! Pode falar. O que você esta querendo. - Falou cruzando os braços e arqueando uma sobrancelha.

—Ah! Você me pegou. - Falei me virando para as tias da cozinha e pedindo um pastel e uma lata de refrigerante. - Eu quero sim uma coisa de você. - A tia da cozinha me entregou o lanche e eu paguei.

—Eu sabia! - Falou a Eduarda pegando o refrigerante e o troco. Ela ficava super fofa com cara de braba. Estava me segurando para não apertar as bochechas dela.

—Eu quero de você... - Falei sorrindo e ela fechando mais ainda o rosto. - a sua amizade. - Ela desfez a expressão de braba para surpresa. Em seguida sorriu e falou.

—Quer passar o que recreio comigo?

 

Estávamos sentadas em um banco mais nos fundos do pátio. As vezes ela dava uma mordida no meu pastel e eu tomava um gole do refrigerante dela.

—Mas me conta por que você não faz aula de balé. - Eduarda perguntou em seguida dando uma mordida no meu pastel.

—Acho muito coisa de menininha, sabe? - Ela me olhou e arquiou a sobrancelha. - Não leve para o lado pessoal. Só acho que não é para mim esse estilo de dança.

—Então que estilo é para você?

—Hip hop, funk e k-pop. - Respondi e ela soltou uma risadinha. - O que foi?

—Então você prefere rebolar até o chão senhorita?

—Não! - Respondi rapidamente. - Eu gosto de dançar funk e não de fazer uma strip teaser. - Ela caiu na gargalhada.

—Boa resposta. - Falou rindo. Ela foi parando de rir aos poucos e eu também. - Mas já que você não gosta de dançar balé, não devia fazer outra coisa ao invés de ficar olhando outras pessoas dançarem?

—É que eu só me matriculei aqui para dançar funk, hip hop e k-pop. Fico o resto da tarde aqui só para ficar com a minha prima, e massagear pessoas que tiram o nervo fora do lugar. - Falei e ela assentiu rindo.

—Aquela garota que você estava conversando antes da aula conversar? - Ela perguntou enquanto eu terminava de comer o pastel.

—Exatamente! Mas espera ai... Você estava me olhando? - Ela corou na hora e assentiu.

—Você chegou do nada lá e ficou olhando as bailarinas. Queria que eu fizesse o que?

—Nada, mas é que não te vi olhando. - Sorri. - Mas o teu pé já melhorou?

—Sim! - Falou ela sorrindo e mexendo o pé. - Muito melhor. Obrigado de novo pela massagem.

—De nada. - Eu e ela ficamos alguns segundos nos olhando e sorrindo.

Alguns segundos depois começou as apresentações do recreio. Abriram as apresentações com alguns alunos cantando "Elas gostam assim" do Projota e alguns colegas meus dançando.

—O que esta acontecendo? - Perguntou Eduarda olhando confusa para as pessoas ao redor. Que estavam fazendo uma roda ao redor dos dançarinos.

—É tipo uma apresentação. Todo recreio todas as turmas fazem para poderem mostrar aos outros o quanto evoluíram. - Ela assentiu.

—Qualquer pessoa pode dançar?

—Sim.

—É só ir lá no meio e dançar?

—Exatamente. E se as pessoas que cantam não sabem a música, temos um rádio que eles botam para tocar. Só não pode conter palavrão na música.

Eduarda se levantou e segurou a minha mão me levando para dentro da roda.

—Nós vamos dançar. - Falou e todos começaram a nos olhar. Em seguida dava para ouvir vários sussuros.

—Ótimo! - Falou uma garota que estava cantando. - Qual música?

—Aquela que tocam em festas de quinze anos, em casamentos e em dança balé. Valsa das flores. - Falou Eduarda e a garota parou olhando para a gente pensativa. Depois exclamou um "Ah!" e ligou o rádio botando um CD nele. - Espero que você saiba dançar, Luca.

Logo em seguida começou a música. Me ajoelhei e deu a mão para Eduarda. Podia já ver muita gente com os celulares apontados para nós duas.

Eduarda deu duas voltas ao redor de mim e depois nos possamos de pé. Envolvi a cintura dela com o meu braço direito e segurei a mão direita dela para cima. Ela botou a mão esquerda no meu ombro direito e deixou a outra mão em cima da minha mão esquerda. Começamos a dançar lentamente.

A cada passo e giro, eu me sentia mais instigada em dançar. A sincronia minha e de Eduarda era tão perfeita que parecia que era ensaiada. Aos poucos eu e ela modificavamos alguns passos da coreografia que aprendi. Mas aquilo acontecia com tanta naturalidade que nem parecia que estávamos fazendo na hora, sem combinar nada. Aquilo estava me deixando incrivelmente instigada.

Enquanto dançava sentia Eduarda me olhando tão profundamente que parecia que estava sentindo o que eu sentia, sabia o que eu pensava e sabia tudo sobre mim. Um olhar tão profundo, carinhoso, talvez até... Amoroso!?

Aquela música mexia comigo de uma maneira inimaginável. Eduarda escolheu logo a música em que meus pais dançaram quando se conheceram. Eu só sabia dançar ela por esse motivo.

As vezes eu me entregava tanto a emoção que acabava quase errando ou esquecendo os passos. E Eduarda só me olhava sorrindo. Acho que estava amando dançar comigo. De certa forma eu sentia que ela estava gostando muito. Sorri para ela e continuei dançando. Todos ao redor não des grudavam os olhos e câmeras da gente. Será que estavam sentindo um pouco do que eu estava sentindo?

Quando a música acabou todos nos aplaudiram e ficaram gritando vários elogios. Eu e Eduarda agradecemos e saímos de dentro da roda. Ela não podia estar mais sorridente.

—Ficou tão feliz em dançar comigo? - Perguntei olhando ela.

—Para ser sincera, fiquei. - Corei no exato momento e ela me olhou rindo. - Você fica fofa envergonhada. - Antes que eu conseguisse responder ela o sinal bateu. Ou seja, todos de volta para as salas. - Você vai ficar me olhando enquanto ensaio, Lu?

—É claro que vou, Dudis. - Falei sorrindo. E voltamos nos duas para a sala de balé. Admito ter começado a gostar um pouco mais de balé.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "A minha bailarina preferida" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.