Carta para ti

Não me enganes. Sei muito bem o que estás a fazer. Sei que tentas passar-se por outro, mas sei quem és. Já te amei muito, como um irmão, mas por que me forças a não te amar mais?

Não quero falar com aquele que finge e mente, que mente para mim e não confia. Como podes esperar que eu confie em ti se não confias em mim? Mal consigo olhar-te nos olhos. Pensei que podia contar contigo, dizer com certeza que amo-te e admiro-te, mas por que tu me forças a não confiar, não ter certeza? O que esperas de mim? Não sou uma amiga suficiente, talvez.

Todo mundo tem problemas, todo mundo passa por tempos difíceis. Ninguém é perfeito. Como amar alguém que duvida de ti? Queria ter a capacidade de ignorar a dor do sentimento da perda, mas todos os sentimentos foram feitos para serem sentidos e sei que sentirei até o fim. Talvez um dia reencontremos o mesmo sentimento, mútuo, acredito eu, de amizade e carinho, mas como posso te amar se não confias?

Não posso ignorar o que sinto, mas também não posso me disponibilizar até o ponto de me esgotar emocionalmente, ficar completamente drenada pelos outros. Queria poder ajudar, conversar, me controlar melhore resolver, mas sei que não sou capaz de resolver tudo sozinha e que posso muito bem me magoar muito mais tentando. Mas como posso culpar meu coração de sentir? De cumprir a própria função? Não posso carregar uma amizade em meus ombros sozinha, sou fraca para isso; meus braços fraquejam sempre que partes e eu caio no mesmo buraco de sempre. Já cometi esse erro tantas vezes e não quero cometê-lo novamente.

Acontece, é a vida. Chateada, magoada, ferida, abandonada. Se tu se importasses, já teria feito algo. Me sinto completamente vazia. Meu peito se entristece com a ideia de uma amizade como essa ser negligenciada dessa maneira. O descontentamento toma conta de mim, mas tenho que aceitar. Não vai mais ser como antes; mas acontece. É a vida. Pessoas vão e vem. Minha tristura o afastou então decidiste ir.

Cansei de ser inocente. De sempre correr atrás do que eu acho importante. De correr atrás de amizades unilaterais. Deixo em tuas mãos consertar agora, pois já tentei, me esforcei para me controlar e me machuquei. Acontece, é a vida. Se não se esforças para manter o que temos, por que devo eu manter essa amizade? Por que devo eu mantê-la? Por que mantê-la se sinto que já o perdi?

Desculpe se eu te magoei, mas eu também me magoei.