Liberte-se escrita por Arabella McGrath


Capítulo 1
Parte 1/2




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Íris nadava a toda velocidade. Sua cauda com formato de arco íris balançava freneticamente enquanto ela apostava uma corrida com dois golfinhos.

Tinha que ir até uma pedra perto do limite com um reino vizinho aliado e estava tão perto... até que Tália, que puxava Aurora pela mão, distraiu-a ao ultrapassá-la, assim como os outros dois golfinhos.

Íris nadou rapidamente até a pedra, sendo seguida pelos golfinhos. Murmurou um xingamento para Tália.

― Por quê? Eu estava tão perto!

― Mas é legal vê-la irritada, irmã ― respondeu Tália e então olhou para um ponto atrás de Íris. ― E aparentemente Aurora realmente gostou da viagem.

A sereia seguiu o olhar da irmã para onde Aurora estava sentada na pedra acariciando os dois golfinhos.

― Saiam! ― exclamou Íris para os golfinhos que, como sempre, queriam algo com as sereias. ― Irmã, não caia nas patas desses golfinhos traiçoeiros. Eles sempre querem uma sereia para você sabe o quê e depois largam-a sozinha. Se queres alguém é melhor arranjares uma sereia ou um tritão mesmo, no fim dá na mesma.

― E se eu escolhesse um humano como a tia Zara? ― Aurora perguntou ao aproximar-se da irmã. Tália bufou irritada.

― Daí eu já acho bastante difícil, irmã.

― E é uma ideia completamente terrível, além do mais; não queira isso, Aurora, escute sua irmã mais velha ― completou Tália. Aurora simplesmente suspirou e Íris ergueu uma sobrancelha para a irmã. ― Não me olhe assim, Íris. Sabes muito bem o que penso sobre os humanos. Não sei como tia Zara resolveu ir para aquele mundo, deve amar muito aquela tal Elizabeth.

― Não entendo essa tua implicância com os humanos ― respondeu.

― Não entendes? Olhe para a natureza destrutiva daquela raça, não é preciso muito para descobrir o porquê. Agora vamos voltar logo para Myrnytuä, com os garotos tão ativos nossa mãe Maya e Ris precisam de nós lá ― ordenou Tália com o seu habitual tom sério. Como era uma ordem da sucessora ao trono e sua irmã mais velha, as duas sereias concordaram e logo seguiram-a, enquanto os dois golfinhos continuavam no mesmo lugar.

 

*

 

Algum tempo depois Íris estava de volta ao seu quarto, jogada na sua cama de algas e extremamente cansada. Seus irmãos gêmeos mais novos, Oyster e Lunaris, eram incansáveis e sempre queriam nadar de um lado para o outro, apesar deles mesmos só terem um ano e meio. Também pareciam ter uma obsessão específica com a cauda arco-íris da sereia. Isso não era novo, entretanto, só se via uma condição daquelas de séculos em séculos.

Um leve toque na porta sobressaiu a sereia, que imediatamente nadou e abriu-a, deparando-se de cara com uma sereia um pouco mais nova que ela.

Tinha longos cabelos loiros, pele clara e olhos azuis. Esses, inclusive, pareciam combinar com sua cauda, até que ela mudou de cor.

― Como?! ― exclamou Íris em choque. Sua condição era rara, mas caudas que mudavam de cor eram ainda mais. ― Tens mesmo essa condição? Quem és tu? Ora, não se acanhe e venha cá!

A sereia timidamente entrou no quarto, observando tudo com surpresa. Íris imediatamente estranhou; seu quarto não era nada diferente de outros sereias, mesmo que ela sendo da realeza. A jovem suspirou fundo antes de virar para encarar a princesa. No mesmo momento ficou corada ao olhar para os seios de Íris e puxou o tipo de pano que cobria seu peito para mais perto.

― Ora, és humana por acaso? Todas as sereias mostram os seios. Não há nada mais natural.

― Eu não exatamente entendo, mas... não sou exatamente humana, nem sereia. Meu nome é Vivian, moro em Roma. Qual é o seu nome?

― Sou Íris ― respondeu simplesmente e esperou ansiosamente para que Vivian enfim começasse sua história. Estava curiosa, afinal. Não era qualquer dia que uma sereia ou tritão batiam na porta da princesa.

― Bem, um dia eu estava tomando banho quando de repente minhas pernas foram substituídas por caldas. Entrei em pânico até meu pai chegar em casa mais cedo e me achar desse jeito. Ele contou que minha mãe, uma mulher que ele conheceu brevemente mas amou muito, não havia morrido durante o parto e algum parente dela me deixara na porta de casa. Isso parece loucura, entretanto... meu pai conheceu um homem no mar e eles ficaram juntos. Alguns meses depois esse homem apareceu rapidamente e mostrou sua calda para meu pai e trouxe um tipo de cesta com um bebê dentro ― eu ―, falando que era bastante provável que um dia eu também teria caudas.

― Certo. Mas não consigo ver a estranheza disso.

― Aparentemente o homem que meu pai ficou trouxe-me à vida. Isso não é estranho? ― perguntou Vivian exasperada. Íris simplesmente negou.

― Sei que os humanos são diferentes, mas no nosso mundo homens podem engravidar, assim como mulheres podem engravidar outras mulheres. Agora como é que chegaste aqui?

Vivian novamente respirou fundo, apesar disso causar estranheza em si mesma porque... bem, ela estava debaixo d'água, até que enfim voltou a contar sua história:

― Papai contou-me a história e levou-me até a praia onde eu deveria nadar até o fundo do mar e achar algum canto seguro em que houvesse um tipo de símbolo de uma calda de cabeça para baixo junto a uma normal... eu não sei explicar bem, nem tenho certeza se a sua porta realmente tem esse símbolo, mas...

― Não te preocupes, teu pai estava certo. O símbolo que procurastes é do meu reino, Myrnilyä. O pai que te carregou na barriga deve ser daqui.

― Só um mínuto, Íris, mas... o seu reino? Tem monarquias aqui?

Íris confirmou com a cabeça antes de explicar:

― Muitas coisas são parecidas no mundo dos humanos e o das sereias e tritões. Minha mãe, Maya, que reina, junto com a sua esposa, Ris; também tem a minha tia Zara que se casou com uma humana, então eu tenho um certo conhecimento do seu mundo. Antes disso, porém, mamãe casou-se com quatro tritões e teve minhas irmães: Tália, a mais velha, Jasmim e Aurora. Mamãe e Ris tem dois meninos também, Oyster e Lunaris. Jasmim é casada com Bernn, um tritão do reino vizinho e juntos tiveram minha sobrinha Mylya. Mas chega de explicação! Queres ajuda na procura do pai que te carregou?

Vivian deu um sorriso, mas logo o desfez ao olhar para o chão e puxou o pano para mais perto de si.

― Sim, mas a qual preço? Não tenho dinheiro daqui. Na verdade não conheço nada daqui. Não quero ficar devendo à Sua Majestade.

― Primeiramente, não me chame de Majestade, só Íris. Quero ser tua amiga, Vivian. E não ficarás me devendo nada, só faço isso para te ajudar ― falou Íris com um sorriso e a jovem timidamente retribuiu. ― Agora, sei que é costume no mundo humano, mas não é necessário que cubra teus peitos. Deixe-os livres.

E gentilmente puxou o pano que cobria o busto da jovem. Vivian corou ainda mais enquanto Íris a observava.

― És linda, Vivian. Não há nada que devas cobrir.

A jovem assentiu e virou o olhar para que a princesa não visse novamente seu rosto completamente vermelho.


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Notas finais do capítulo

O próximo capítulo sairá ainda esse feriadão. ♥



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