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Coração de Cordeiro

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Will não era tão diferente de todos os outros. Hannibal também queria tê-lo dentro de si, consumi-lo, comê-lo, porém, ohh, de formas menos literais do que normalmente.

O plano inicial era devorar seu coração, mas então o órgão nunca mais bateria daquela forma descompassada, lançando sangue para as faces de Will, fazendo-o corar de maneira adorável. A ideia de jamais voltar a vê-lo, tocá-lo, revirou o estomago de Hannibal como nada antes tinha feito. Não existiam pessoas em seu mundo, apenas presas, e, então, havia Will, tão gracioso e desprotegido, tão bonito. Ainda o desejava sobre uma mesa, mas o ansiava vivo, quente, calças abaixadas e ganindo o seu nome. Lamberia o pênis dele, chuparia seus testículos, morderia seus mamilos e devoraria seus lábios, tudo ao som dos gemidos de Will, e por fim beberia seu sêmen como se fosse vinho branco.

No entanto, esse prato necessitava de uma preparação mais elaborada do que qualquer outro. Era preciso consumir a alma de Will primeiro, porque ele era alvo, e Hannibal era todo feito de trevas e podridão. Will nunca ficaria ao seu lado enquanto fosse tão puro. Não. Era necessário maculá-lo, apurá-lo, e só então seria capaz de devorá-lo.

Tanta imaginação por trás daqueles olhos, tantas oportunidades, mas nenhuma tão boa quanto a doença. Era como se o corpo de Will desejasse cair, sucumbir à escuridão. Existiam certas presas que pareciam querer morrer. Permaneciam imóveis perante a arma, encarando o caçador, não aterrorizadas, mas repletas de aceitação. Talvez fosse um instinto primitivo de subjugar-se à espécie superior. A enfermidade de Will era submissão. O cordeiro imolando-se ao leão.

Hannibal tomou a oportunidade, cozeu o cérebro de Will em fogo brando, mexendo com movimentos suaves.

“Quem é você, Will?”

Mas ele não sabia mais responder. Não era o mesmo de antes, era um assassino — das vítimas de Hannibal.

Ele era Hannibal.

Eram um, indissociáveis. Finalmente havia conseguido transformá-lo em um igual, ambos monstros, assassinos, unidos por sangue e dor, companheiros. Tinha chegado a hora do jantar.