— O que tanto procura nessa estante? — A rainha Hipólita ficou curiosa, após ver sua filha, a princesa Amazona, tirar diversos livros das prateleiras da biblioteca do palácio. — Posso ajudar, se me revelar qual o objeto da sua busca.

Diana olhou para a mãe, com um sorriso agradecido nos lábios vermelhos, mas disse que não era necessário.

— Eu o vi aqui, juro que estava aqui. — Diana respirou fundo, tentando se acalmar.

Dessa vez, a rainha não disse nada, esperou que a filha viesse em busca de ajuda por conta própria.

— Minha querida mãe. — A princesa falou. — É possível que a senhora tenha visto um livro de capa vermelha, que eu deixei nesta prateleira alguns dias atrás?

Diana perguntou, erguendo a mão na direção da prateleira vazia. Os livros que ali estavam, agora se encontravam no chão.

— É provável que estejam em meus aposentos. — Hipólita respondeu, tranquilamente. — Posso buscá-lo, se for muito importante para você.

— Hmm, sim, é importante.

Sem fazer mais perguntas, a rainha foi até seus aposentos na companha da filha.

— O dia está maravilhoso para uma cavalgada. — Ela deu uma olhadinha para trás, observando o olhar perdido de Diana. — Me admira que tenha trocado um passeio por uma tarde de leitura.

— Hoje não estou no clima para cavalgar. — A resposta de Diana pareceu uma desculpa quando chegou aos ouvidos da rainha.

Elas chegaram ao aposento real. O livro encontrava-se sobre a cama da rainha. Hipólita entregou-o para sua filha e, antes que pudesse dizer mais alguma coisa, Diana agradeceu e saiu quase voando porta afora, como se calçasse as sandálias de Hermes.

Hipólita tinha razão quanto ao dia ser perfeito para cavalgar. Diana adorava correr pela Ilha, sentindo o vento erguer seus cabelos e toda aquela sensação de liberdade que tomava conta de seu corpo.

Só que, naquela tarde, havia outro plano em sua mente.

Ela então desceu as escadarias do palácio e foi correndo para a floresta, passando por todas suas irmãs, cumprimentando-as com breves palavras que ficavam para trás, enquanto ela seguia em frente.

A floresta possuía uma variedade incrível de plantas e animais selvagens. Diana os conhecia com intimidade, por isso nada daquilo foi um obstáculo.

Ao ouvir o barulho da cachoeira, a princesa animou-se ainda mais e, por pouco, não despencava da rocha em direção à água.

Sentada sobre uma pedra, ao lado da queda d’água, estava a amazona Ágatha, vestindo uma indumentária branca, com leves pregas formado por um cinto dourado na cintura. Seus longos cabelos avermelhados moldavam de forma gentil seu belo rosto.

Ao ver Diana se aproximar, Ágatha ficou de pé e acenou para a princesa.

— Achei que não viria mais.

— Me perdoe pela demora, tive um contratempo com minha mãe.

— Espero que não tenha sido nada grave. — Ágatha sorriu, sua mão alisando o braço esquerdo, parecendo nervosa com o encontro.

Diana sentou-se na pedra, ao lado da amazona. Elas falaram algumas coisas triviais sobre o dia bonito e a temperatura da água. Não demorou muito para a princesa acabar o mistério e apresentar o livro para Ágatha.

— Me recordo de você ter me contado uma das histórias de Ártemis, então eu trouxe esse livro com outras histórias. Achei que iria gostar.

— É maravilhoso, Diana. — Os olhos de Ágatha brilharam, deixando a princesa orgulhosa por seu feito.

Embora a biblioteca da Ilha fosse compartilhada por todos, a reserva especial do palácio não era visitada com frequência. Por isso, Diana revirou todas as prateleiras em busca do livro.

Ágatha passava as páginas com tamanha delicadeza, até que encontrou um conto para ler. Diana a observava com atenção, percebendo que prendia a respiração com pesar.

Seu coração soava repetidas vezes como um tambor de guerra, enquanto seu interior revirava-se a cada movimento que o peito de Ágatha fazia ao respirar.

Para a princesa amazona, era difícil dizer o que tudo aquilo significava. Ela era jovem e, como sua tia havia lhe dito, tantas coisas ainda para explorar e aprender.

Diana não esperava que aprender a compartilhar um momento com outra pessoa poderia ser assim tão sufocante e penoso, mas, ao mesmo tempo, era agradável, inesperado e feliz. Ao mesmo tempo que seu coração batia como um tambor frenético, ele se enchia de amor.

Assim que Ágatha finalizou a leitura, ela ergueu os olhos para a princesa. Diana não pensou, apenas agiu de maneira precipitada, aproximando sua cabeça na direção da amazona. Ela a beijou delicadamente, sentindo pela primeira vez a maciez de outros lábios.

A euforia se instalava por todo seu corpo. Diana levou as mãos ao redor do corpo de Ágatha, sendo abraçada. Aconchegada nos braços dela, Diana descolou os lábios, soltando o ar quente pela boca. Elas se olharam por alguns instantes e depois voltaram a se beijar.

E dessa vez foi mais intenso, mais prazeroso e quase indescritível, talvez, se não fosse por tudo fazer sentido naquele instante, ela não saberia o que falar, caso lhe fosse questionado.

Afastaram-se alguns minutos depois, Ágatha, sorridente, mas envergonhada, apertou o livro contra suas mãos, quase deixando-o cair.

— Preciso ir, Píta vai notar minha ausência e eu não quero deixa-la irritada hoje.

Diana ajudou-a se levantar. No entanto, não deixou Ágatha se despedir antes de mais um beijo delicado.

A amazona foi embora, correndo pela selva, enquanto a princesa sentia o corpo livre, talvez mais do que quando andava a cavalo.

Ela gargalhou, dando alguns puliunhos e girando ao redor do próprio corpo. Depois, olhou para a água cristalina que descia pela cachoeira e tirou a própria roupa. Seu corpo queimava em brasa, seus pensamentos viajavam para locais nunca antes imaginados. Ela mergulhou de cabeça na água fria, desejando controlar suas emoções.

A euforia ainda estava palpável e a princesa rezou para Afrodite, pedindo que aquele momento se repetisse sempre, para sempre.

No Olimpo, Afrodite abençoou Diana, princesa de Themyscira, prometendo à amazona muitas experiências memoráveis em sua vida.