Eyes Green escrita por Creeper, Lya


Capítulo 15
Todos temos um passado...


Notas iniciais do capítulo

Oeeeee! Quando vocês acharem que nós morremos, nós ressurgimos das trevas!
Eu acho que vocês até já se acostumaram com a atualização demorada, né?! Rsrs. Não desistam da gente, please ;u;, amamos vocês de montão ♥!
Espero que gostem, tenham uma boa leitura XD! O cap está grandinho :3!

LEMBRETE: Frases em negrito representam o uso do inglês.



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Fiquei sem saber o que fazer. Nick estava ali, na minha frente. Depois de tanto tempo...

Todos estavam nos olhando como se quisessem entender o que estava se passando.
Era impossível desviar meu olhar do seu, era castanho no azul.

Não deu nem tempo de raciocinar direito, o garoto já estava ajoelhado em cima da carteira com os braços envoltos em meu pescoço.

Meu coração falhou uma batida ao experimentar seu toque, ao sentir seu calor, ao ter seu corpo colado ao meu.

Seu cheiro adocicado me trouxe um sentimento de nostalgia que me abalou por inteiro.

Eu fechei os olhos e o puxei por impulso, o abraçando de volta e o rodopiando pela sala.

Pude escutar sua risada... Era sincera e fofa.
Eu não sabia que droga estava fazendo!

Tipo, fazia tanto tempo... Tanto tempo! Nick havia sido muito importante para mim... Ainda é... Mas agora as coisas estão diferentes...

Não acredito, não acredito! Finalmente te encontrei!— Nick disse empolgado quando o coloquei no chão.

Ah, aquele sotaque!

Eu...— não evitei um sorriso que ao mesmo tempo que era bobo, era de surpresa.

Oi?! São amigos? Ou será que meu sensor fudanshi está certo ao dizer que tem uma químicazinha aí?!— Leo pronunciou com seu inglês perfeito, ele era fluente assim como eu, pelo fato de ser estrangeiro.

— A GENTE AQUI TAMBÉM QUER ENTENDER O ROLO! - Gray gritou irritado.

— Oh... - arregalei os olhos e olhei ao redor, havia uma platéia confusa nos encarando fixamente.

— É o seguinte, meu bom povo... - Leo bateu uma mão na outra e se virou para o bando de alunos curiosos.

— Leonardo! - chamei sua atenção, lhe mandando um olhar fulminante.

— Tá, tá. Não falo. - Leo cruzou os braços e revirou os olhos.

— Ah, mas você vai falar sim! - Gray o puxou para um canto.

— Nath, você o conhece?! - uma garota perguntou. - Nos apresente, por favor!

— Nathaniel, você tem alguma relação com esse garoto? - Jane perguntou timidamente.

— Ér... B-Bem, gente... - comecei a me sentir pressionado e nervoso.

Então... Seu nome é Nick, né?— Vick intrometeu-se, ele era outro fluente em inglês. - Afinal, o que você é do Nathaniel?— arqueou uma sobrancelha com uma expressão curiosa.

Eu sou o namorado dele!— Nick sorriu de maneira constrangida e levantou sua mão, em seu dedo havia uma aliança prata.

Todos, sem nenhuma exceção, ficaram surpresos.

Gritei. Sério.
Literalmente, eu gritei.

Leo entrou em choque, até chegou a engasgar e se apoiar em Gray para não cair ali mesmo.

O loiro ficou pálido e completamente perplexo enquanto segurava o namorado que aos poucos ia tendo o rosto salpicado de vermelho.

— Miller! É bom que eu não tenha entendido o que ele quis dizer! - Gray gritou amparando Leo.

— Eu sabia! - Leo estalou os dedos e apontou para a minha cara. - Céus, eu sabia! Ah, mas você vai ver! - ele rosnou.

O que houve?!— Nick se assustou.

Não se preocupe...— sussurrei segurando em sua mão e a abaixando. - É só que...— arranjei coragem para encará-lo. - Você ainda usa isso?

Claro, ué! Prometi que nunca tiraria, não se lembra?!— Nick franziu as sobrancelhas.

Senti um baque em meu peito e engoli em seco.
Eu estou tão ferrado!

— O que tá havendo aqui?! A gente não habla english!

— Você namora ele?!

— Com ele?!

— Ele está bêbado ou algo assim?

— Só pode! Aonde já se viu o Nathaniel compromissado!?

— Hã?!

— "Boyfriend" é namorado, né...?

Todo mundo começou a falar ao mesmo tempo, deixando-me atordoado.

— Namorado...? - uma voz rouca pronunciou.

Virei-me e dei de cara com Arthur, ele me olhava de um jeito diferente, parecia abalado.

— Não! Não somos namorados! - falei para todos ali, todavia, principalmente para Arthur, tentando dar um jeito na situação e acabar com aquele "mal-entendido".

Droga!

O que?— Nick me olhou confuso, sem entender o que eu havia dito.

Engoli em seco e respirei fundo, confuso toda a vida.

Eu disse a eles que nós não...— sussurrei, o segurando pelos ombros.

— Muito bem, acabou o pardieiro! - Keyla adentrou a sala de repente. - Todo mundo arruma seu rumo, a aula começou! - ditou autoritária.

Olhamos para a professora mandona, insatisfeitos.

— Nath, você nos deve explicações! - alguns alunos cobraram, desapontados e impacientes.

— Nós iremos ter uma conversinha depois! - Leo me fitou.

— Bem séria! - Gray completou.

— Eu juro que explicarei tudo para vocês! - o suor frio que escorria por minha testa chegava a pingar.

Os alunos das outras turmas se retiraram de nossa sala e todos sentaram-se em seus devidos lugares.

Nick continuou sentado em minha carteira, porém, não protestei, apenas sentei-me na do lado, com Gray em minha frente.

— Como vocês já viram, temos um aluno novo na turma. - Keyla bocejou. - Dêem as boas-vindas ao Nick Mitchel, ele veio do Canadá.

Nesse instante, inúmeros olhares foram dirigidos ao garoto que se encolhia de vergonha na carteira, seu rosto estava completamente ruborizado.

Ei, tá tudo bem.— sussurrei e sorri de canto. Ele retribuiu o sorriso de modo tímido.

— E vocês já devem ter percebido que ele não fala a nossa língua! - Keyla exclamou. - Mas aparentemente isso não impediu o fogo de vocês para cima de um gringo. - murmurou revirando os olhos.

— Professora! Como ele vai acompanhar a matéria? E socializar conosco? - um garoto perguntou.

— Assim como vocês participam das aulas de língua estrangeira, ele irá fazer algumas intensivas de Língua Portuguesa. A gente também tem o inútil do Nathaniel, vamos usá-lo como intérprete. - Keyla apoiou as mãos em sua mesa.

Um amorzinho essa professora... Né?

— EI! - me senti ofendido, cruzando os braços.

Nick, é com muito prazer que o recebo em minha turma. Espero que você se adapte rápido!— Keyla direcionou o olhar e a fala para o aluno novo.

Também espero! Muito obrigado, professora.— Nick deu um sorriso fofo, o que fez todos babarem.

Eu até fiquei com diabetes, era muita doçura.

Me encontre na hora do intervalo, sim? Trataremos de alguns detalhes.— Keyla pediu e Nick assentiu.

Por fim, a aula iniciou-se, tínhamos que fazer um resumo sobre dois capítulos do livro. Eu deveria auxiliar Nick corretamente, porém, lhe ensinei um truque muito usado por mim:

Sei que não entende nada do que está escrito aí. Que coincidência, porque eu também não!— ri. - Enfim, pegue vários parágrafos de diferentes páginas e os transcreva para o caderno. Não importa se não fizer sentido, a Keyla nunca lê as baboseiras que escrevemos.

Nick tentou conter a risada e me deu um leve empurrão.

Você devia estudar direito!— falou com um ar superior.

Lhe mostrei a língua e pisquei um olho.
Até que sentia certa saudade das morais que ele tentava me passar.

Falando em estudar... Como estavam as suas aulas lá no Canadá?— esse era um detalhe importante. Repentinamente, senti um estalo na cabeça. - COMO VOCÊ ESTÁ NO MESMO ANO QUE EU?!

Nick era um ano mais novo, ou seja, ele tinha 16.

Eu fiz uma prova para ser passado um ano. - Nick respondeu. - Quanto às minhas aulas no Canadá... Bem... Tive um momento de declínio em minhas notas, você deve saber o por quê...— ele disse sem graça. - Porém consegui me restabelecer, acabei me superando e até ganhei uma bolsa em uma faculdade super disputada!

Sério!?— arregalei os olhos e abri um sorriso. - Você finalmente irá se tornar um fotógrafo profissional!

Não.— Nick franziu as sobrancelhas. - Meio que... Eu vou acabar o ensino médio aqui.— olhou ao redor. - Joguei a oportunidade fora.— falou com pesar.

Senti um baque em meu peito.

E-Ei, por que fez isso?!— perguntei surpreso. - É loucura!

Não é óbvio?!— Nick olhou fundo nos meus olhos, podia ver sua face ficando rosada. - Por nós.— sussurrou tremendo os lábios.

O tempo parou. Eu fiquei pasmo, encarando aquele garoto. Meu coração passou a bater fortemente, de um jeito que chegava a doer.
E minha mente? Uma confusão!

— Não pode ser... - sussurrei me sentindo o pior ser possível.

Enquanto Nick trancou seu futuro profissional na esperança de ter um futuro comigo, eu estava a todo momento tentando ignorar nosso passado e correndo atrás de Arthur.

— Estou tão confuso sobre minhas escolhas... - minha voz saiu como um fio de tão baixa e inaudível.

Você está pálido!— Nick comentou preocupado. - Tá tudo bem?!

Fui acertado por uma bolinha de papel, a qual eu sabia que havia vindo de um certo oxigenado.

S-Sim...— menti. - Melhor a gente começar a fazer o texto, né?— abaixei a cabeça, queria me enfiar naquele livro.

Tudo bem...— Nick estranhou, porém, concordou.

Quando tive certeza de que ele não estava mais me olhando, abri a bolinha.

" Então ele pode sentar no seu lugar, né?! Que fofo!
Olha, Nath, você muda de gosto bem rápido, hein? De olhos verdes subitamente para azuis. Seu merda destruidor de shipps! "

Fiquei encarando aquele papel amassado, sem reação alguma.

Minha cabeça deu outro estalo, dei um peteleco na nuca de Gray e sussurrei ofendido:

— Eu não esqueci meus sentimentos pelo Arthur, TÁ?!

Talvez eu tenha sussurrado ALTO demais, porque senti alguns olhares alheios sobre mim, até mesmo o de um certo ruivo.

Minhas bochechas ferveram com o constrangimento enquanto ouvia a cínica gargalhada de Gray.

— Não?! Então vai me dizer que não notou nada de diferente no seu "crush"? - Gray insinuou.

Percorri o olhar pela sala, até encontrar Arthur de pé ao lado de Keyla, lhe pedindo explicações.
Seu rosto me parecia diferente.

Mas é claro! Ele estava sem os óculos!
Os olhos pareciam menores e seu rosto mais delicado.
Arthur estava lindo, sem dúvidas!

Ah, meu Deus, ele era tão maravilhoso!

Porém uma questão crucial rondava a minha mente...

— Como é que ele chegou até aqui sem os óculos?! - perguntei indignado.

— Seu burro, ele colocou lentes! Ele contou para mim e para o Leo que largaria os óculos... - Gray revirou os olhos.

— E por que ele não me contou também?! - fiquei emburrado.

— Talvez porque vocês não estejam mais se falando, né! Você tá mais lerdo que o normal, Nath! - Gray bufou.

— E por que ele não veio falar comigo?! - bufei.

— Ah, não sei... Talvez porque você esteja dando um gelo nele! - Gray revirou os olhos novamente. -Tu é jegue mesmo, viu!?

(N/A'Lya: KKKKKKKKKK BERRO)

— A-Ah, havia me esquecido... - falei baixinho com certa tristeza.

Por um breve momento não me lembrava mais que estava me fazendo de difícil com o ruivo.
Quando aquele pesadelo acabaria? Eu sentia falta dele.

Dei um longo e cansado suspiro.

Professora, terminei!— Nick levantou a mão.

Já?!— Keyla surpreendeu-se. - Muito bem! Veja, Nath é o primeiro da turma, sendo assim, o segundo lugar fica disputado entre você e o Arthur. Vê se fica esperto, Tutu, ou vai acabar perdendo para o novato!

— Com todo respeito, professora, eu não pretendo perder. - Arthur disse de maneira séria. - Não para ele. - fitou Nick.

(N/A'Lya: CARALIO, ISSO AÍ, TUTU! MOSTRA QUE TU NÃO É SÓ UM C* DOCE!)

— Calma, estou apenas brincando! Até parece que despertei seu lado competitivo... - Keyla arregalou os olhos.

— Pois, para mim, parece mais um lado ciumento! - Gray comentou comigo, dando um sorrisinho malicioso.

— Você acha?! - me empolguei.
Ai, meus deuses! Ele estava com ciúmes de mim?!

— Tá na cara que o Arthur está se roendo de ciúmes! - Gray disse animado. - Talvez a chegada desse piranho tenha sido boa no final das contas...

— É... - forcei um sorriso.

— Falando nisso, tá na hora de você me contar quem é esse garoto! - Gray franziu as sobrancelhas.

Comecei a ficar nervoso, então arranjei uma desculpa:

— Mais tarde, agora estamos em horário de aula! - fingi estar fazendo a lição.

— E isso importa?! - Gray bufou. - Profe! - levantou-se. - Não estou me sentindo muito bem, posso ir ao banheiro?!

— Deixe de frescura e vá fazer a lição, Larsen. - Keyla revirou os olhos.

— Olha, se eu morrer aqui, você vai ser demitida! - Gray disse indignado.

— Tantas brechas para ser demitida, essa é a menor delas... - Keyla riu debochada.

— Me deixa sair daqui, pelo amor de Deus! - o oxigenado implorou. - Eu estou com tontura e enjoo... A-Acho que estou grávido! - fez drama.

— O Nath vai ser papai?! - alguém zombou.

Arregalei os olhos e procurei pelo infeliz que havia insinuado aquela coisa. Eu e Gray?! Fala sério! Que nojo!

— Me respeita! Eu lá sou doido de dar para o Nathaniel?! Além disso, sou fiel ao meu namorado, Leonardo Nathan, ok?! - Gray gritou ofendido.

— Prove que você tem um útero e aí te deixo sair. - Keyla bocejou.

— Ai, a bolsa estourou, socorro... O Leo Júnior vai nascer! - Gray sentou-se no chão e começou a fingir dores.

Como eu era amigo de alguém tão idiota?! Gray não via uma vergonha que já queria passar!

— Esse seu teatrinho tá ridículo, Grayson! - Keyla franziu as sobrancelhas.

— Tu me respeita também, meu nome é Gray! G-R-A-Y! Esquece o "son". - ele se levantou irritado.

— Para alguém que está parindo, você até que tá muito bem... - Keyla riu de maneira cínica. - Olha, apenas saía, mas ciente de que vai ganhar uma advertência.

— Valeu! - Gray saiu saltitando.

Bati com a mão na testa e balancei a cabeça com desaprovação.

— Deixa eu adivinhar, Nathaniel, você também quer sair? - Keyla parecia ser vidente.

— Quero! - me levantei.

— Tchau. - Keyla apontou para a porta.

Ei, aonde você vai?!— Nick segurou em meu pulso, visivelmente apavorado.

— Eu preciso falar com o meu amigo. Prometo que volto logo, ficarei contigo no intervalo. - expliquei mordendo o lábio inferior.

Oh, t-tudo bem.— Nick resmungou chateado.

☆☆☆

Sabia exatamente onde encontrar meu best de cabelo aguado: no terraço.

Bingo! Ele estava lá, junto ao Leo, obviamente.

— Nathaniel, é bom você contar essa história bem contada! - Leo advertiu sentando-se em um banco.

— É, tipo, de repente surge um zé de outro país falando que é seu namorado! O que aconteceu enquanto esteve fora?! - Gray estava incrédulo.

— Aconteceu MUITA coisa! - sentei-me na frente deles, no chão. - Eu... - engoli em seco e fechei os olhos. - É, é uma longa história.

— Sem enrolação! - os dois pediram.

— Ok, ok... - olhei para o rosto de cada um. - Tudo isto tem a ver com isso! - retirei de dentro da camiseta meu "amuleto". Ambos ficaram confusos, porém, atentos. - Tem a ver com eu ter vindo morar no Brasil antes dos meus 18 anos e tem a ver com a richa entre mim e minha mãe...

—Estamos ouvindo. - Leo afirmou.

Suspirei pesadamente, já sentindo as más memórias voltando, meu passado me assombrando.
O estômago logo embrulhou-se.

" No Canadá, eu passava o tempo inteiro em casa, tendo aulas particulares. Mamãe passava o dia ocupada trabalhando, podia considerar a diarista mais presente em minha vida.

Era um tédio.
Imagine, sair de seu país de origem e ir para outro lugar completamente desconhecido, mas sequer puder conhecê-lo.

O dia era ocupado por aulas extremamente chatas e as noites eram formadas por chamadas de vídeos com amigos daqui.

Claro, uma vez minha mãe me levou com ela em uma viagem ao Japão, foi quando eu conheci a Dressa.
O comum entre nós era que nossas responsáveis haviam nos largado em um continente desconhecido.

Aos 16 anos, na minha fase rebelde (até que demorou para chegar), eu me recusava a sair do quarto para comparecer às aulas e a todo momento xingava o mundo.

Eram raras as vezes em que mamãe jantava em casa, bem, eu me manifestei na primeira oportunidade que tive.

— Não suporto mais ficar preso aqui dentro! Por que eu não posso sair?! - bufei e cruzei os braços.

Estávamos na sala de jantar, eu em uma ponta da mesa e ela em outra. Empurrei meu prato, sequer havia tocado na comida. Já ela, em silêncio, portava-se feito uma dama etiquetada que sabia como usar garfo e faca corretamente.

— Você nem tem amigos, por que quer sair? - perguntou com um ar de desinteresse.

— Eu não tenho amigos exatamente por nunca ter saído, será que não entende? - falei baixinho. - Sinto saudades de casa...

— Ora, mas aqui é a sua casa. - mamãe disse.

— Quero voltar para o Brasil! - pedi.

Será que alguém entende a tristeza de uma estrela que não pode voltar para o céu?

— Você vai ficar morando aqui comigo, Nathaniel, tendo o melhor dos ensinos e aprendendo a administrar uma empresa. - mamãe sorriu satisfeita.

— Já se perguntou se eu realmente quero isso?! - baixei o olhar e arqueei uma sobrancelha.

— Eu sou mãe, sei o que é melhor para o meu filho. Você vai me agradecer um dia, sabia? - ela suspirou.

— Não quero fazer parte do seu mundinho. Eu quero ter o meu! - comentei.

— Viu só? Você almeja ter algo seu, esse é o espírito! - mamãe disse orgulhosa.

— Eu almejo escrever minha própria história e não seguir um roteiro feito por ti. Não tenho um desejo egoísta como o seu! - levantei-me e bufei novamente.

Estava prestes a sair do cômodo, me negando a desejar-lhe uma boa noite.

— Quer sair tanto assim? Tudo bem. - mamãe assentiu.

Desconfiei.

— Qual o truque? - sabia que nada vinha de graça.

— Você irá fazer algo que Kenzie nunca teve a oportunidade. Sairemos para escolher tecidos amanhã, preciso de um vestido inédito para uma comissão. - mamãe passou o guardanapo pela boca delicadamente.

Arregalei os olhos e senti a raiva me consumir.

— Me mata de uma vez! - cerrei os dentes. - Por que você adora me fazer de idiota?! - ergui o tom de voz.

— Ei, você disse que queria sair, não esclareceu mais nada. Amanhã, após suas aulas. - mamãe deu um sorriso cínico. "

— Não queremos saber da sua vida com sua mãe! - Gray cortou.

— Pelo menos, agora sabemos da onde vem a parte do cinismo... - Leo debochou.

— Era sufocante, tá?! E é necessário contar essa parte, para que vocês saibam como tudo começou! -revirei os olhos.

" No dia seguinte, como o combinado, mamãe me levou a uma loja de tecidos.
O que mais me impressionou foi o fato de não ser uma loja internacional, ou de uma estilista famosa, de grife, etc...

Era uma loja de centro.
Grande, entretanto, simples. Nada de atrativo! Apenas tecidos, manequins e materiais de medida.

E havia uma casa em cima da loja, dava para acreditar?!

— Vanessa Miller comprando em um lugar simplório desses... Você tá envelhecendo rápido, está até ficando doida! - debochei.

— Se comporte, Nathaniel. Aqui é a loja do filho de um amigo de seu avô. Ele já te segurou no colo. - mamãe revirou os olhos. - Além de que eu gosto da qualidade, cor e textura dos tecidos daqui, são únicas.

— Tanto faz! - dei de ombros e olhei para trás antes de entrar na loja. A rua era bem movimentada, me deu até vontade de me jogar no meio dela e ser atropelado.

Meu olhar percorreu o lugar e logo fixou-se no balcão. Lá havia dois funcionários.

Um era uma garota. Alta, pálida, o cabelo preto caía por seus ombros (ela tinha até uma franjinha reta) e os olhos verdes eram rodeados por uma camada grossa de lápis de olho. O batom também era preto, assim como suas roupas.

— Eu hein... - sussurrei, a olhando discretamente.

Havia um garoto ao seu lado, bem menor que ela. Ele tinha os cabelos castanhos claros e olhos azuis.
Nada de atrativo, nada que o destacasse. Era só um garoto.
Talvez o fato dele ser simples demais, tornasse a garota ainda mais excêntrica.

Enfim, ambos me fitaram, possivelmente me descrevendo mentalmente assim como fiz com eles.

— Vanessa, que bom te ver por aqui! - um cara apareceu tendo um enorme sorriso no rosto.

— Você deve saber porque estou aqui, Gregory. - mamãe balançou a cabeça levemente.

— Chegou um tecido novinho, aposto que você irá adorar! - ele riu. - Oh, céus, não me diga que é seu filho!? - direcionou seu olhar para mim.

Eu estava meio chocado com a maneira como ele e minha mãe se tratavam, pareciam mesmo íntimos. Normalmente a Vanessa era rígida, formal e não chamava as pessoas pelo primeiro nome.

— É, Nathaniel está a um passo de se tornar um grande homem. - mamãe disse um tanto superior.

— Ele é a sua cara! Mas espero que não puxe seu ego... - Gregory me analisou.

Olhei para mamãe discretamente, um tanto assustado, pensando que aquele homem estaria morto.

Mas... Mamãe simplesmente cobriu a boca com a mão e riu.

— Não. O que tem de cara, falta de personalidade. - ela explicou. - E seu filho? Está na idade do Nathaniel?

— Ah, o Nick... Ele deve ser um ou dois anos mais novo. Só não creio que ele esteja tão maduro, talvez eu seja meio frouxo nos ensinamentos... - Gregory olhou para o garoto no balcão, o qual parecia estar atento na conversa.

Por fim, mamãe e Gregory se retiraram dali para escolherem tecidos.

Me deixaram desamparado!

Fiquei um tempo de pé, balançando os braços, mordendo o lábio inferior...

— Não é por nada não, mas teu pai parece estar de olho na patroa... - a garota murmurou.

Não pude deixar de ouvir e me interessar pela conversa.

— Não diga isso! Ele ainda ama a minha mãe! - o garoto que se chamava Nick manifestou-se.

—Claro que ama... Tanto que ele não sabia que havia lhe dado um filho e por isso terminou o relacionamento. - a garota riu debochada.

— Mandy, às vezes você é muito má. - Nick fez bico.

— Desculpe... - Mandy riu e passou a mão pela cabeça do garoto emburrado.

Uma vez por semana, mamãe me levava até a loja. Era sempre um tédio! Claro, eu tentava me distrair observando o curioso comportamento da dupla Mandy e Nick...

Certa vez, quando chegamos, eles não estavam no balcão.
Percorri o olhar por todo local e observei Nick segurando uma câmera em direção a escada que dava ao segundo andar.

— Essa pose está boa! - Nick disse animado. - E... Foi a última. - sorriu orgulhoso.

— Ufa! Vida de modelo não é fácil! - Mandy estava sentada na escada, ela levantou-se e foi em direção ao seu posto no balcão.

Diferente do comum, Mandy estava sem uma maquiagem pesada e sem roupas pretas. Ela podia ser bem bonita, afinal.

— Devo estar ridícula sem minha "farda"... - ela riu envergonhada.

— Que nada! Está linda! - Nick comentou olhando para o visor da câmera. - Agora que já tenho suas fotos, só preciso das do segundo modelo...

— E quem seria? - Mandy perguntou.

— Esse é o problema... Eu não sei. - Nick murchou.

Mais alguns dias passaram-se e durante esses, notei algumas diferenças no comportamento da dupla... Por exemplo, eles começaram a me observar mais. E isso me incomodou muito!

Até que...
Havia uma estranha animação vinda do balcão, Nick parecia implorar algo para Mandy enquanto ela parecia decidida de sua decisão.

Fingi não perceber. Quero dizer, eu sequer podia me mover...

Gregory tirava algumas medidas de meu corpo para a produção de um terno. Eu iria à uma festa com mamãe e ela me queria impecável.

— Muito bem, Nathaniel. Pode respirar agora. - Gregory brincou guardando sua fita métrica.

Suspirei aliviado, vendo mamãe e senhor Collin sairem dali para conversar.

E eu? Eu fui pego de surpresa por um certo alguém.

A garota veio até mim a passos determinados, me abordando sem cerimônias.

— Ei, você é o filhinho da senhorita Miller, né? Seguinte, meu amigo precisa de um modelo para montar um book. - Mandy apontou para Nick que se escondia atrás de uma revista virada de cabeça para baixo. - Você é "bonito", então ele estava com vergonha de vir lhe pedir. Topa? Não, você não tem opção.

Ora, ora... No Brasil, eu tinha a Nancy para aterrorizar a minha vida. No Canadá, eu tinha a Mandy...

Bruta e intimidadora!

— M-Mandy! Não era assim que combinamos... - Nick se juntou a nós, todo constrangido. - D-Desculpa. - falou baixinho.

Eu ri de sua reação. Foi até fofa...

— V-Você pode me ajudar? É para meu curso de fotografia. Preciso montar dois books, um é com fotos da Mandy e outro... - Nick explicou.

— Com minhas. - completei arqueando uma sobrancelha.

— É! - Nick ergueu a cabeça, arranjando coragem para me olhar nos olhos. Suas órbes azuis brilhavam em expectativa. - São só algumas fotos... Tudo bem se não quiser...

— Aposto que um Miller é muito ocupado, né?! - Mandy debochou.

Aquela garota não parecia ter ido muito com minha cara. Franzi as sobrancelhas.

— Mandy! Pare com isso! - Nick pediu inflando as bochechas.

Eu não tinha nada mesmo para fazer... Então, por que não? Aquilo seria interessante.

— Eu aceito. - dei de ombros. - Não deve ser ruim.

— Sério?! - ele arregalou os olhos e sorriu de orelha a orelha. - Obrigado.

Dei um sorriso de canto em sinal de amizade.

— A propósito... Nick Collin. - apresentou-se formalmente, sorrindo sem jeito.

Eu já sabia seu nome...

Naquele dia, Nick mostrou do que era capaz, transformando simples cantos em extraordinários cenários para nossa sessão de fotos.

Chegava a ser divertido, eu finalmente estava interagindo com alguém!

De vez em quando, Mandy fazia algum comentário debochado ou elogio. Nick a repreendia ou ria, entretanto, ele era bem concentrado no que estava fazendo.

Cheguei até mesmo a entrar na casa de Nick, me senti um pouco desconfortável por adentrar seu quarto.

— Eu devia mesmo estar aqui? - perguntei sem graça.

— Oh, desculpe pela bagunça... - Nick olhou ao redor, tentando ajeitar as coisas de maneira desastrada.

— Vamos acabar logo com isso, a última foto... - Mandy bocejou. - Acho que o Nathan devia tirar a camisa...

Ela mal me conhecia e já havia cortado meu nome. Gracinha.

Ah, ops, não era com isso que eu deveria estar preocupado e sim com...

A guria já queria que eu tirasse a roupa?! Oi?!

— Mandy! Não seja indelicada! - Nick ruborizou.

— Ué, eu tirei uma de biquíni! - Mandy se fez de inocente.

— Porque você estava em uma piscina...Inflável... - ele desviou o olhar.

— Nick... Já ouviu sobre algo chamado "fanservice"? Aposto que os juízes irão adorar! - Mandy piscou um olho.

O celular dela começou a tocar, então ela se retirou dali, mas não sem antes dizer para Nick:

— Faça o que eu disse!

E fechou a porta.

Nos entreolhamos em silêncio. Ele engoliu em seco e soltou ar pela boca. Eu estava tentando evitar a risada de nervoso.

— Não creio que você já esteja me pedindo para tirar a camisa! Que vergonha... - fingi, colocando as mãos na barra de minha roupa. - Claro, você não é o primeiro cara para quem faço isso, Gray já viu meus músculos super definidos... - debochei. "

— Ah, é mesmo, Gray?! - Leo arqueou uma sobrancelha. - E você gostou, seu safado?!

— A-Amor, tínhamos 13 anos... - Gray riu nervosamente. - AH! Tu não tem que me cobrar nada, você nem me notava! - mudou de nervoso para indignado.

— Ah, mas tudo bem! Aposto que eu vi coisas que Nath nunca sonharia em ver. A gente até já tomou banho juntinhos... - Leo ficou mais calminho.

— Tá falando de antes de ontem? - Gray ficou confuso.

— Não, seu bobo, tô falando de quando tínhamos 7 anos! - Leo riu.

Fiquei olhando para a cara dos dois, incrédulo.

— Não quero saber da intimidade de vocês! Credo! Pervertidos! - franzi as sobrancelhas.

" — Não precisa t-tirar a cam... - Nick começou a balançar a cabeça negativamente.

Todavia eu já estava tirando, só que de costas para ele.

Houve um incômodo silêncio no quarto, eu estava apenas a espera de uma comanda.

Olhei para trás por cima do ombro e fitei Nick, ele estava embasbacado e imóvel.

— O que eu faço? - contive a risada.

Ele pareceu sair de um transe, seus lábios tremeram e suas mãos trêmulas posicionaram a câmera.

— S-Sente-se ali na janela... Com as pernas para fora. - Nick pediu baixinho.

Soltei uma risada abafada e balancei a cabeça levemente.

Após tirar a foto, ele deu um suspiro aliviado e jogou-se na cama de solteiro encostada na parede.

Enquanto eu me vestia, perguntei:

— Você irá ganhar algum prêmio ou algo assim?

— Hã? Ah, sim! - Nick disse distraído. - Um prêmio em dinheiro e dois ingressos para um show. Finalmente conseguirei comprar uma câmera nova! - explicou empolgado.

— Espero que você ganhe... - sorri para ele. - Claro, vai ser difícil os juízes resistirem a mim! Você fez uma bela jogada me escolhendo como modelo... - passei a mão por meu cabelo de maneira convencida.

— Eles vão julgar as fotos, não o modelo! - Nick levantou-se.

— Tá dizendo que eu não sou bonito o bastante?! - me fingi de ofendido.

— Cara, você é lind... - Nick começou, porém, engoliu suas palavras. - M-Melhor a gente sair daqui antes que meu pai dê por minha falta. - percebi que ele havia corado.

Revirei os olhos e ri baixinho.

Virei mais amigo de Nick e Mandy depois daquilo, tanto que até fui com eles para revelarem as fotos, ajudei a montar tudo e etc...

Cheguei a pedir para mamãe me deixar ir todos os dias na loja de tecidos, argumentando que finalmente havia feito amigos e que eu estava rendendo muito nas aulas, não tinha motivo para me privar do mundo.

Ela me levava direto nas primeiras semanas e depois ia trabalhar. Nos dias em que ela não podia me levar, eu ia sozinho mesmo, pois havia decorado o caminho. E andar não fazia mal! Nem um pouco!

— Não acredito! Meu Deus! - Mandy deu gritinhos animados. - Parabéns, fofucho! - abraçou Nick de maneira sufocante.

— Afeto! Aaaah! - ele e ela gritaram enojados e se soltaram.

— O que houve? - arregalei os olhos enquanto retirava minha jaqueta

— Você chegou! Pensei que não viria hoje! - Nick abriu um sorriso de orelha a orelha ao me ver. - Por que demorou tanto? - fez biquinho.

— Ei, estou no Canadá, tem muita coisa para se ver no caminho para cá! - dei de ombros e sorri. - Mas qual é a boa?

— E-Eu ganhei o concurso! - Nick não conseguia se conter de tanta animação.

— Ai, meu Deus! - fiquei super orgulhoso por ele. - Sabia que conseguiria! - trocamos toques com as mãos.

Comemoramos por mais um tempinho, então nos acalmamos.

— Mandy, Nath... - Nick chamou. - Como vocês me ajudaram MUITO, eu quero que vocês fiquem com os ingressos! - entregou um ingresso para cada.

— Mas lhe ajudamos de bom grado e não por algo em troca. - Mandy arregalou os olhos.

— Eu sei, porém, quero retribuir! Vocês podem se divertir juntos! - Nick deu um sorriso fofo.

— Que nada! É melhor você ir com a Mandy, vocês se conhecem a mais tempo... - falei sem graça.

— Acho que você deveria ir com o Nick. - Mandy disse para mim.

— Mandy, qual o problema de vocês saírem juntos? - Nick franziu as sobrancelhas, tristonho.

— É que... Eu não gosto nem do Nathaniel e nem da banda, poxa, que pena! - Mandy riu e entregou o ingresso para Nick. - O jeito para evitar desperdícios é você ir com ele. - piscou um olho.

Nick arregalou os olhos e ficou quieto.
Fiquei pensando se aquilo realmente era uma boa ideia, eu não sabia se estava pronto para socializar fora da loja.

— Bem... Nath, q-quer ir comigo ao show? - Nick sorriu sem jeito. - Tudo bem se não quiser! Eu posso ir com alguém do colégio...

Mandy estava atrás de Nick me passando mensagens subliminares, como se me ameaçasse caso eu negasse.

— Vamos juntos! Vai ser legal! - afirmei sinceramente. Podia ser algo divertido, por que não?

Mandy afirmou com a cabeça, satisfeita.

— É bom você cuidar do meu pequeno! - Mandy abraçou Nick por trás e colocou seu queixo sobre a cabeça dele.

— Não sou uma criancinha, Mandy! - Nick resmungou.

Por sorte, mamãe estava viajando a trabalho na noite do show. Ela nunca me deixaria sair!

Portanto, eu meio que fugi de casa.
Adorava a adrenalina que estava sendo a minha vida!

O show seria em um bar popular no centro da cidade, até porque a banda não era muito famosa para fazer presença em palcos.

Eu e Nick combinamos de nos encontrar na entrada, às 22:00hrs.
Ele chegou um pouco atrasado, mas perdoei.

— Sinto muito! - sua respiração estava ofegante. - Meu pai queria checar se estava tudo bem mesmo, se eu iria obedecer o toque de recolher, se eu não iria fazer algo errado... - explicou constrangido.

— Tudo bem. - ri para descontrair.

— Que bom que sua mãe te deixou vir! Pensei que ela era super rígida e que nossa noite iria por água abaixo! - Nick sorriu.

— Digamos que minha mãe não sabe que estou aqui... - desviei o olhar e sorri travesso.

— Nath! E se ela descobrir?! Melhor a gente voltar... - ele preocupou-se.

— Eu vivo o perigo! E não vim aqui para ir embora logo de cara, né? Você precisa aprender a viver loucamente, garotinho. - baguncei seus cabelos.

— Viver loucamente? - Nick sussurrou.

— Fazer loucuras sem pensar nas consequências. Faça o que tiver vontade. Só assim estará vivendo de verdade! A vida com "certo" e "errado" é chata demais... - falei.

— Talvez você tenha razão... - Nick me pareceu pensativo. - Vamos entrar?

Já dentro do bar, se passou uma hora até o show começar, eu e Nick ficamos em um canto mais vazio para que pudéssemos conversar.

Quando a banda subiu ao palco improvisado, nos misturamos no meio do pessoal.

Em certo momento, Nick sumiu. Confesso que comecei a entrar em pânico (pensando que Mandy já me mataria por ter perdido moleque), entretanto, ele logo apareceu segurando duas garrafas de vidro com um líquido azul fluorescente.

— Não me diz que isso é álcool... - franzi as sobrancelhas.

— Mas é! - Nick afirmou.

— Quando lhe disse para viver loucamente não era para se embriagar logo de cara! - arregalei os olhos.

— Calma, você não me influenciou! A Mandy já me deu isso antes, eu gosto. - Nick explicou me entregando uma garrafa. - Nunca bebeu álcool antes?

— Já... Mas quem nunca fez isso na festa de Natal da família? - peguei a garrafa a contra gosto, a qual estava mega gelada.

— Não vou deixar você ficar bêbado. - Nick piscou um olho. - É tipo refrigerante!

Ele abriu a garrafa e deu um enorme gole sem medo. Rapaz, o guri era má influência... Culpa daquela morcega!

Abri a minha também e hesitei, porém, mandei para dentro. Tinha um gosto absurdamente doce de início, só que ia ficando amargo.
Entre esses dois gostos, estava aquele forte de álcool. Mas isso você só notava nos dois primeiros goles, depois era de boa, igual Guaraná Dolly.

— Sua língua tá azul! - Nick riu, sua garrafa já na metade.

Fiquei um tempo salivando na esperança de que aquele gosto saísse.

— Não tô mais a fim disso... - disse enjoado, entregando a garrafa para ele.

— Quer que eu te busque um refri de verdade? - Nick perguntou.

— Não, eu tô bem. E você deveria parar de perambular por aí! - eu disse. - O show já vai...

As luzes se apagaram, deixando o bar um breu. Então a música começou a tocar.
Todos gritaram agitados, incluindo Nick. Acompanhei, dando um assovio agudo.
Alguns feixes de luz colorida começaram a enfeitar o lugar.

Depois de algumas horas, todos dançavam e cantavam, acompanhando a banda.

Eu estava me divertindo! A música era incrível e a empolgação contagiante!

— Cara, isso é demais! A gente devia sair mais vezes! - falei alto para que Nick pudesse me ouvir naquela gritaria. Eu estava até suado, céus!

Não ouvi sua resposta.
Olhei para o lado e notei que o garoto estava parado, com uma expressão séria, me encarando.

— Que foi? - fiquei parado. - Você tá legal?

— Tô... Mas acho que não vou ficar daqui a pouco. - Nick sussurrou.

— Por quê? - fiquei confuso.

— Desculpa. - Nick engoliu em seco.

O encarei durante alguns segundos, estranhando seu comportamente.

— Nick, você tá me deixando assus...

De repente, ele segurou minha camiseta e me puxou para si, fui obrigado a me curvar um pouco. Nossos rostos perigosamente mais próximos, de maneira inevitável seus lábios tocaram os meus.

Arregalei os olhos em um susto e meu coração pulou uma batida.
Sua boca era extremamente macia e eu tinha a certeza de que ele não queria ficar apenas no selinho quando começou a roçar meus lábios com a língua.

Os gritos e a música ficaram abafados, porque naquele momento eu estava concentrado em uma única pessoa naquela multidão: Nick.

Finalmente fechei os olhos e correspondi ao beijo, permitindo o toque de nossas línguas.

Era estranho como o gosto da bebida em sua boca podia ser melhor que o da garrafa.

Meio travado, tentei tatear seu tronco, levando minha mão a sua cintura, sentindo a necessidade de puxá-lo para mim e colar nossos corpos. Mas nesse momento, ele desfez o beijo, se afastando rapidamente.

Nos fitamos olhos nos olhos, ambos confusos e assustados, as faces queimando em vermelho.

— Eu disse... M-Me desculpa. - ele sussurrou mordendo o lábio inferior e correndo dali.

— NICK! ESPERA! - gritei o seguindo.

Sem sucesso, o garoto havia desaparecido. Ele era pequeno demais para que eu pudesse enxergá-lo.

Tentei ligar para ele, todavia, as chamadas eram desligadas no primeiro toque.

A noite acabou comigo do lado de fora do bar, sentado na calçada, apertando o celular fortemente contra a orelha na esperança de que Nick atendesse alguma de minhas ligações.

Passei os dedos por meus lábios suavemente. Meu peito estava quente e minha cabeça só faltava explodir.

— Céus, é o segundo garoto que eu beijo na vida. - sussurrei pasmo. - E eu adoro a sensação, merda. - suspirei.

Foi ali que aconteceu nosso primeiro beijo, eu nunca teria imaginado isso. Até porque eu nem era a fim dele...

Ele não atendeu nenhuma das minhas ligações.
Não respondeu nenhuma das minhas mensagens.
Não estava presente na loja quando eu ia lá.
Nick havia sumido para mim.

Eu sentia a falta dele, sentia que precisava vê-lo.
Talvez necessitar de Nick tenha sido o primeiro sinal de que eu estava começando a gostar dele.

— Isso é ridículo! Ele não é mais uma criança! Por que está se escondendo?! - reclamei com Mandy.

— Você não percebe? Ele tem medo! Medo do que você vá pensar dele, medo da amizade acabar, medo de você contar para o pai dele! - Mandy franziu as sobrancelhas.

— Ele está acabando com a nossa amizade! Que amigo fica ignorando o outro?! - gritei indignado.

— Talvez ele não queira ser apenas seu amigo, idiota! - Mandy bufou.

— Então por que ele não fala comigo sobre isso?! - inclinei a cabeça para cima.

— Para você dar um fora nele?! - Mandy arqueou uma sobrancelha.

— Quem disse que eu faria isso?! O que eu mais quero é esclarecer essa situação! - afundei o rosto em minhas mãos.

— Você é hétero? - Mandy perguntou.

— Não! - gritei.

— Ufa, um problema a menos... - ela parecia aliviada.

— Mandy, me ajude a conversar com ele! - implorei.

— Não posso interferir nisso. - Mandy torceu a boca.

— E-Eu acho... Que gosto dele. - suspirei pesadamente e me apoiei no balcão. - Queria saber se ele sente o mesmo ou se estava apenas bêbado...

— Você deve ser bem cego! - ela ralhou. - Tá na cara que...

Repentinamente, escutamos um barulho alto e passos apressados que pareciam subir as escadas.

— ... Ele... Estava escutando!? - Mandy inclinou a cabeça para o lado.

— Se ele não vem até mim, eu vou até ele! - disse determinado andando até a escada.

— Ei, aonde vai?! Você não pod... - Mandy gritou.

— Você me disse que não podia interferir! - pisei no primeiro degrau.

— Miller, só ouse continuar a subir se estiver disposto a corresponder os sentimentos dele! Caso contrário, vá embora, será mais fácil para ele esquecer. - ela disse séria.

— Eu posso tentar. - franzi as sobrancelhas e apertei o corrimão com força.

Respirei fundo e subi as escadas.

A porta estava aberta e havia algumas coisas derrubadas no chão, ele devia estar com bastante pressa quando passou por ali.

Andei até seu quarto e tentei abrir a porta, mas estava trancada.

— Abre. - pedi baixinho. - Nick, sou eu. - continuei a pressionar a maçaneta.

Silêncio.

— Sei que está aí. A gente precisa se encarar... - engoli em seco.

Peguei meu celular e disquei seu número. Ouvi um toque vindo de dentro de seu quarto.

Ele desligou. Liguei novamente.

Algo semelhante a plástico acertou a porta pelo lado de dentro e o som cessou de vez.

— Droga... - ele murmurou.

— Jura que você quebrou seu celular só para me ignorar? - ri e me apoiei na superfície de madeira. - Nick, deixe de infantilidades... Você me beijou e quer deixar por isso mesmo?

— Você me disse para fazer as coisas sem pensar nas consequências! - Nick rebateu.

—Sem pensar, entretanto, não ignorá-las quando elas viessem! - exclamei. - Se você abrisse a porta, podíamos fazer coisas além de beijos... - brinquei.

Outra coisa acertou a porta, produzindo um som "macio", talvez houvesse sido um travesseiro.

— I-Idiota! - Nick disse manhoso.

Respirei fundo. Eu estava louco para ver o rostinho angelical de Nick novamente!
Não tinha mais graça sair de casa se não fosse para vê-lo.

— Estou disposto a aceitar seus sentimentos. - confessei, já começando a sentir meu coração se acelerar. - Mas tudo bem, você não quer nada comigo. Vou embora.

Dei de ombros, aceitando por ora que ele não falaria comigo. Estava prestes a partir, porém, ouvi o trinco da porta.

— Entra... - ele murmurou.

Me enchi de alegria! Claro que eu estava um pouquinho nervoso...
Abri a porta e adentrei o quarto escuro. Tateei a parede até encontrar o interruptor e acendi a luz.

Nick estava encolhido em sua cama debaixo de um cobertor.
Me dirigi até ele, sentando-me na beirada.

— Não consigo ver seu belo rosto... - coloquei a mão sobre o cobertor.

— Ele está horrível! Não durmo faz dias... - Nick encolheu-se.

— Estava pensando em mim? - sorri.

— T-Talvez... - Nick vacilou com a voz.

Achei aquilo super fofo! Eu estava feliz por ter conseguido chegar perto dele depois de duas semanas.

— Há quanto tempo? - questionei.

— O que? - Nick perguntou confuso.

— Gosta de mim... - falei sem graça.

— D-Desde que começamos a conversar com mais frequência e eu passei a te notar. - Nick explicou.

— Eu entendo, você estava bêbado, aposto que não queria que nosso beijo fosse daquela maneira... - tentei ser sensato.

Nick sentou-se, jogando o cobertor em minha cara, parecia ofendido.

— Acha mesmo que eu estava bêbado?! - ele me encarou sério. Estava pálido e tinha olheiras fundas.

— Não? - arqueei uma sobrancelha.

— Estava completamente sóbrio! Te beijei porque morria de vontade de fazer aquilo! - ele abraçou seus joelhos. - Pensei que aquele era o momento perfeito. Só esqueci que talvez para você não fosse...

— Mas eu correspondi! Por que correu?! - me aproximei.

— Medo! Sou um covarde! E eu nunca havia beijado alguém por mais de 15 segundos. Não sabia como te encarar depois! - Nick suspirou frustado.

— Você me deixou sozinho igual um otário. Bem... Talvez tenha sido a coisa certa a se fazer. Me fez te desejar... - massageei a nuca.

— Me desejar? - ele sussurrou.

— Nesse tempo em que ficamos separados, percebi que não era a mesma coisa sem você. Que talvez fosse você em quem eu pensava ao acordar e ao ir dormir. Eu me tornei dependente de você. - expliquei.

Nick não quis me encarar, ficou em silêncio, entretanto, pude ver um sorriso se formar em seus lábios.

— Eu devo ter uma quedinha por você. - concluí, surpreendendo a mim mesmo.

É, eu estava novamente me enfiando em um romance. Eu não aprendia mesmo a lição!

Gray: amor não correspondido.
Bárbara: término por ignorância.
Dressa: contatinho.
Nick: quem sabe...

Foda-se! Eu queria me arriscar novamente!

— Nath. - Nick chamou.

— Uh, sim? - eu estava um pouco avoado.

— Já que esclarecemos tudo... Será que a gente pode se beijar de novo? - Nick pediu.

Senti minhas bochechas esquentarem.

— Quem disse que esclarecemos? Só eu falei aqui! - franzi as sobrancelhas. - É sua vez.

—O que tenho para falar?! - ele me olhou indignado. - Eu gosto de você, caramba! Me desculpe por ter agido como criança, prometo que não irá se repetir.

— Melhorou... - arqueei uma sobrancelha e sorri de canto. - Mas acho que não ouvi a primeira parte... - fingi.

— Então deixa eu sussurrar bem pertinho do seu ouvido... - Nick aproximou-se, sua respiração quente batendo em minha orelha. - Eu gosto de você. - deu uma risadinha abafada.

Ui, me arrepiei todo! A sensação de ouvir aquilo era extremamente ótima, me deixava confortável e seguro.

— Ah! Agora eu ouvi! - falei convencido. -Já podemos nos pegar.

— Vá com c-calma... Você é meu primeiro g-garoto! - Nick pediu constrangido, ruborizando.

Eu me derreti! Ri com sua reação e o abracei, fazendo-o deitar-se comigo por cima.

Tomei seus lábios para mim, não foi como da primeira vez, foi de maneira calma, em que os dois esperavam por aquilo e sentiam-se mais livres.

Ah, seu beijo... Era incrível e viciante!

Mas não, não começamos a namorar a partir daí. Era só uma amizade colorida.

Mandy foi a única a saber e jurou guardar segredo.

Eu e Nick fomos nos conhecendo cada vez mais, às vezes dávamos umas fugidas da loja para que pudéssemos ter certa privacidade (já que sua casa não era muito segura).

— Não acredito que você veio mesmo do Brasil! - Nick comentou surpreso. - Você adaptou-se bem...

— É, dance conforme o baile! - sorri de canto. - E você... Como veio morar aqui?

— Ah, passei 14 anos morando no interior com a minha mãe! Daí eu queria seguir meu sonho de ser fotógrafo e entrar em uma faculdade... Então ela confessou que eu tinha um pai e vim morar com ele! - Nick riu. - É cômico.

— Meio bizarro! - arregalei os olhos. "

— Pula para a parte importante! - Gray me cortou outra vez.

— Queremos saber sobre as alianças! - Leo disse.

— Tá, tá! - revirei os olhos.

" Duas semanas antes de começarmos a usar as tais alianças, eu briguei com mamãe.

O motivo da briga havia sido coisas idiotas, como ela me repreendendo por não estar tendo um rendimento satisfatório nas aulas.

Eu estava com tanta raiva dela, ela nunca estava satisfeita comigo!
Sentia falta do papai, pois ele diria que se aquele era o melhor que eu podia dar no momento, estava tudo bem.

Havia vários fatores batendo em minha mente para que eu deixasse aquele país de vez, eu só precisava de um escândalo para mamãe cansar de mim.

Ok, eu não podia jogar tudo para o ar, pois ainda existia uma pessoa que me prendia àquele lugar.

— Nick? - liguei para ele às 04:00A.M.

— Nath...? Tá tudo bem? - ele perguntou sonolento.

— Desculpa, sei que te acordei... É que... Eu queria ouvir sua voz. - engoli em seco.

Sua voz sempre me acalmava, ela era tão suave.

— Brigou com sua mãe novamente?

— Sim. - me encolhi em minha cama. - Ela não me entende!

— Talvez eu te entenda. Quer conversar?

— Você tem aula amanhã, a gente deixa isso pra dep...

— Não vou conseguir dormir sabendo que você não está bem! - ele me cortou.

Fechei os olhos, suspirei e o imaginei ao meu lado.

— Cara, eu te amo. - sussurrei com a voz rouca. - Queria que você estivesse aqui agora...

A linha ficou em silêncio, o celular parecia ter sido deixado de lado.
Ouvi um rangido e depois um som abafado de pano.

— A gente pode se ver agora. - Nick retornou a chamada.

— A-Agora? Tá louco?! - arregalei os olhos.

— Você quer me ver, eu quero te ver. Por que não? - ele riu.

Dei um sorriso sincero e senti um calor em meu peito.

E nos encontramos, algumas quadras depois da loja de tecidos, sob a luz fosca dos postes e um céu estrelado.

— Não acredito que você saiu de casa só para me escutar desabafar! - comentei vendo-o vir em minha direção.

— A qualquer hora, em qualquer lugar, eu estarei lá! - Nick sussurrou em meu ouvido quando me abraçou. - Guarde bem essas palavras. "

— Tá, mas por que isso é importante?! - Gray estava com cara de tédio.

— Porque essa frase foi gravada na aliança, seu lesado! - retirei o amuleto de meu pescoço e entreguei aos garotos para que eles pudessem conferir com os próprios olhos.

"— Eu sou importante para você? - Nick uma vez perguntou.

— Muito... - estranhei sua dúvida.

— Como? - ele perguntou manhoso.

— Sendo o único motivo que me faz querer viver aqui. - passei a mão por seus cabelos.

— Acha que a gente vai ficar juntos por bastante tempo? - sussurrou.

— É só a gente querer. - concluí.

— Nós sequer estamos namorando... - Nick falou chateado.

— Namorar não é falar: "Quer namorar comigo?". Namorar é agir... E para mim, agimos como namorados! - como estávamos em sua cama, o puxei para deitar-se em meu colo.

— Sinto que não temos uma conexão! Tipo, você pode ver uma garota bonita e paquerá-la... - Nick cobriu o rosto.

— Está inseguro? - questionei.

— Um pouco. - Nick murmurou.

Ele era uma gracinha.

— Eu tava pensando... Quer voltar pro Brasil comigo quando tivermos 18 anos? - dei um sorriso bobo.

— Por que não continuamos aqui? Nem sei falar português... - Nick fez uma careta.

— Eu te ensino em dois anos. E outra que lá também é divertido, meu pai e minha irmã iam te amar! - comentei.

— Eu não sei... - ele disse pensativo.

— Nick! - chamei divertido, ele me olhou curioso. - Quer ser meu namorado? - fiz biquinho.

— Já sou. E faz tempo. - ele mostrou a língua e levantou-se. - Não termine comigo até semana que vem, quero lhe dar algo. - me deu um beijo na bochecha.

Dito e feito, na semana seguinte, ele me chamou de madrugada para nos encontrarmos no mesmo lugar.

— Nathaniel... - Nick parecia inquieto. - Nosso relacionamento é importante demais para mim! E eu gostaria de concretizá-lo.

Estranhei, decidi apenas ouvir.

Ele respirou fundo, estava tremendo. Então tirou do bolso da jaqueta uma caixinha preta de veludo, a qual guardava duas alianças de prata.

Arregalei os olhos e abri a boca, mas nenhuma palavra saiu.
Fixei meu olhar em seu rosto vermelho.

— Claro... N-Não tem problema se não quiser usar. - Nick sussurrou e desviou o olhar.

— É c-claro que eu quero! - respondi rapidamente. - Só... Nick, podia ter me contado antes!

— Queria te pegar de s-surpresa! - Nick começou a rir de nervosismo.

— C-Conseguiu! - acompanhei seu riso.

Pensa, Nathaniel aos 16 anos, usando aliança de namoro com outro garoto? Eu ia desmaiar!

— Encontrei em um criado-mudo quando me mudei para a casa de meu pai. Eram virgens, então o tio da Mandy gravou nossos nomes nelas... - Nick explicou olhando a caixinha. - Acho que papai iria usar com mamãe, mas não teve coragem...

— E você teve. Parabéns! - elogiei e me aproximei.

Segurei as mãos de Nick e elas pararam de tremer no mesmo instante. Olhei em seus olhos e eles estavam brilhando como nunca.

— Estamos esperando o que?! - perguntei ansioso.

Nick deu um belo sorriso, tal de alívio. Soltou suas mãos delicadamente e me entregou uma das alianças.

Nela estava escrito: "Nathaniel M." e a frase que Nick havia dito quando eu mais precisei dele.

Peguei a mão de meu namorado e lentamente coloquei a aliança em seu dedo anelar. Em seguida, a beijei.

Ele soltou um risinho de vergonha e pegou a outra aliança, a qual estava escrito: "Nick M." junto a frase.

Nick voltou a tremer ao colocar a aliança em meu dedo, todo desajeitado. Ao invés de beijar minha mão, ele me deu um selinho no canto da boca.

— A-Acho que é oficial. - sussurrou, suas bochechas adquirindo diversos tons de vermelho. - Meu Deus, eu to bambo!

Ri de seu estado e o puxei para um abraço na esperança de reconfortá-lo.

— Afinal, porque Nick Mitchel e não Nick Collin? - beijei o alto de sua cabeça.

— Ah, Mitchel é o sobrenome da minha mãe... Quis homenageá-la. - Nick passou os braços por minha cintura e afundou o rosto em meu peito.

Ficamos abraçados durante longos minutos, estava frio, porém, nosso calor corporal era o suficiente para nos aquecer.

— Estou com sono. - bocejei.

— Dorme comigo essa noite, por favor. - Nick pediu, me apertando carinhosamente. "

— Comentários? - arqueei uma sobrancelha.

— Ai, cara... - Leo murmurou olhando para seus pés. - Ainda bem que eu só tive um único amor... - ele e Gray deram as mãos.

Suspirei pesadamente e balancei a cabeça.

— Enfim, já sabemos o bang da aliança... Agora queremos saber o que houve para você ser chutado por sua mãe! - Leo me devolveu o amuleto.

Nesse exato momento, o sinal para o intervalo bateu.

— Desculpe, entretanto, vou ter que continuar contando outra hora. - me levantei e dei uma espreguiçada.

— Mas agora é o intervalo! - Gray disse indignado.

— E eu prometi ficar com o Nick! Ele é novato, poxa. - pisquei um olho.

Leo e Gray se entreolharam e fecharam a cara. Estranhei.

— Nath, é assim que começa! Um antigo amor pode prejudicar um novo. - Leo disse sério.

— Qual é! Eu não vou me apaixonar por ele! Não pela segunda vez... - debochei andando de costas.

Coloquei o amuleto de volta em meu pescoço e o apertei.

— Tenho tudo sobre controle! - estalei a língua.

— Claro que tem... - ambos resmungaram.

Desci minhas mãos aos bolsos da calça e soltei um longo suspiro.

Flashbacks insitiam em passar em minha mente a cada piscar de olhos.

Aquela história ainda não havia acabado. Não mesmo!


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Valeu a demora? Nos contem o que acharam pelos comentários, eles nos deixam muito felizes e nos motivam a continuar XD ♥!
Genty, não odeiem o meu bebezinho (vulgo Nick) u.u! Ele vai aparecer bastante de agora em diante, rsrs!
Até o próximo capítulo!
Bjs.
—☆Creeper.



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