Eyes Green escrita por Creeper, Lya


Capítulo 1
Prólogo


Notas iniciais do capítulo

Oie! Boa leitura ♡!



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Era uma manhã comum de sábado, estava na cafeteria a espera de alguém. Estrategicamente escolhi a mesa do fundo, já que ninguém podia escutar minha conversa com tal pessoa.
—Que demora...-murmurei enquanto checava a hora em meu celular. O café que eu pedi já havia esfriado.-Eu sabia que aquela...Aquela...-a xinguei mentalmente.
—Aquela o que?
Virei a cabeça para trás e dei um sorrisinho cínico ao vê-la.
—Como é bom te rever...Nancy.-deixei claro que estava sendo irônico.
Wow...Fazia quanto tempo que não a via? Uns cinco anos?
Ela não mudou nada!
—Nathaniel.-Nancy disse azeda.-Qual o motivo para me chamar?Espero que você não tenha feito eu acordar cedo no sábado para nada.
—Prefere ficar em pé?-sorri cínico.-Senta que lá vem história.
Nancy era o estilo de garota (Correção: Moça. Senão me engano, ela já tinha 20 anos) que o povo apelida de "macho fêmea", não que eu esteja a julgando, mas ela se vestia de modo largado por preguiça de se arrumar, além de agir como um garoto. O que falta nela é delicadeza e feminilidade. Sempre com os jeans rasgados ou desbotados, camisa xadrez larga e tênis All Star sujos.
Nancy pareceu pensar, mas acabou revirando os olhos e dando de ombros, finalmente se sentando na minha frente.
—Por. Que. Me. Chamou?-ela perguntou pausadamente.
Eu fui esperto em chama-lá em uma cafeteria! Pois, em um lugar público não havia como ela me matar. Aquela garota, por muito tempo nutriu um ódio GIGANTE mil vezes GIGANTE por mim.
Gente, sou tão amável! Por que as pessoas insistem em me odiar?
—Calma, você já vai saber...-sorri de canto.-Apesar de ser uma longa história, pretendo ser rápido, sabe, não fica bem eu ser visto com a irmã da minha ex...Podem pensar coisas erradas.-peguei em sua mão que estava pousada sobre a mesa, Nancy logo a escondeu em seu bolso, parecia incomodada.
Sabe, Nancy me odeia por eu ser ex-namorado de sua irmã mais nova. Ela vive dizendo que eu fui má influência e que fiz Bárbara sofrer com nosso trágico término. Sempre reviro os olhos ao me lembrar disso, tsc, eu não fui tão ruim assim...Ah, eu fui sim. Fui um completo cretino.
Por falar em Bárbara, ela sim era arrumada e ajeitadinha, uma graça.
—Está vendo aquele garoto ali?-apontei discretamente com a cabeça para um garoto sentado em uma mesa mais distante. Ele estava sozinho e como sempre com a cara enfiada em um livro. Aquele era Arthur, o nerd da sala, porém ele foi privilegiado...Ele era minha secreta paixão. As características dele? O mais clichê que possa imaginar.
Pensou em um ruivo? Acertou.
Com olhos verdes? Acertou na mosca.
Tem sardas? Acertou de novo!
Usa óculos? ACERTOU mil vezes ACERTOU!
—O que tem ele?-Nancy sussurrou entediada.
—Preciso de ajuda para conquista-lo.-cheguei ao ponto que queria, sendo direto.
—Você? Pedindo ajuda?-Nancy pareceu desconfiar.
Eu normalmente não era de pedir ajuda, muito menos para Nancy Dantas. Acontece que ela fazia parte da A.U.F., mais conhecida como A União Fujoshi (Especificamente, ela era fundadora e líder dessa união). Essa união era a responsável por juntar casais gays, já que fujoshis adoram yaoi e adoram ver seus OTPs/shipps tornando-se canon. E, detesto admitir...Elas eram excelentes nisso. Por isso recorri a profissionais.
—Exatamente.-respondi sorrindo.
Nancy deu uma gargalhada irônica. Fala sério, eu passei a noite inteira em claro (o que me causou olheiras piores que as da própria Nancy) progamando esse roteiro e engolindo meu orgulho (e medo) para me rebaixar ao nível de pedir ajuda! E não foi nada fácil, já que meu orgulho é do tamanho da Muralha da China! E ela ainda ri na minha cara como se eu fosse um palhaço? Que audácia!
Cerrei os dentes de leve. Respirei fundo, tentando ignorar aquela risada irritante.
—Não tem graça.-eu disse de maneira seca, a encarando sério.
—Tem sim!-Nancy recuperou o fôlego, ajeitando a postura.-Bem...E por que eu te ajudaria?-ela arqueou uma sobrancelha.-O que eu ganho com isso?
—O que você quiser.-eu disse.- Dinheiro...
—Não estou a venda!-ela respondeu um pouco brava com a oferta. Um pouco nada, muito brava.
—Bolsa pra facul...-ofereci.
—Posso conseguir se me esforçar nos estudos e cursinhos, obrigada.-Nancy respondeu pegando meu copo sem permissão e dando um gole no café.
—Namorado, talvez?-chutei. Eu era praticamente um cupido.
—Me poupe.-Nancy engoliu o café como se estivesse engolindo pregos e me olhou mortalmente.
—E que tal...Isso?-sorri pegando minha mochila que estava no chão mesmo, abri o zíper e despejei o conteúdo todo em cima da mesa. O que era esse conteúdo? A droga das fujoshis. Mangás yaoi cujo a venda era proibida no nosso país. Isso fez Nancy engasgar com o café, eu já esperava aquela reação, foi realmente divertido de se ver.
E...Foi até mesmo nostálgico.
Essa foi exatamente a mesma reação de Bárbara quando a chamei para sair pela primeira vez...Na época, eu tinha 12 anos.
—Como conseguiu isso?-ela estava surpresa.-E tantas?-admirou os mangás plastificados. Estavam intactos e novinhos.
—Tenho meus contatos.-sorri jogando a mochila vazia no chão.
Se tem uma coisa que eu tenho nessa vida...São contatos. Tenho até contatos para contatar contatos.
—Não aceito. Posso baixar pela internet.-Nancy negou, cruzando os braços e me olhando com desprezo.
—Ora, você consegue baixar o mangá completo, sem censura e com bônus? Ah, e não é só isso, também tem...-numerei as maravilhas enquanto balançava um dos mangás em frente ao seu rosto.
—Esconde isso!-ela pegou o mangá e o escondeu entre as pernas para que ninguém visse. É, era de se assustar estar em uma cafeteria de família segurando um mangá que tem como capa dois homens se pegando.
—O que me diz? Vai me ajudar?-sorri convencido.-Tem mais de onde vieram essas belezinhas.-guardei os mangás em minha mochila.
—A União Fujoshi tem como prioridade juntar casais, não importa as rivalidades...-bateu a mão na mesa, bufando, nervosa talvez.-...Então...A resposta é sim.-Nancy suspirou.-Mas é apenas por princípios e não porque eu quero. E não ache que aceitei seu suborno!Estou apenas o confiscando.
—Claro...Claro...-falei irônico.-A vontade.-ri disfarçadamente.
—Odeio o fato de você, Bárbara e Gray terem se conhecido!-Nancy bateu com a mão na testa, arrependida.
—Ah, não se pode negar ajuda a um velho membro dessa união...-mostrei minha pulseira de borracha verde-água, aquele era o símbolo da A.U.F., todos os membros possuíam uma para se identificar.
—Você não era exatamente da minha união...-Nancy arqueou uma sobrancelha.-Na verdade...Até hoje eu não sei a qual você pertence. Somente tenho minhas suspeitas.-me encarou com os olhos semi-cerrados, parecia desconfiada.
—Dá no mesmo.-dei de ombros cruzando os braços atrás da cabeça.-Você não precisa saber a qual união eu pertencia!-sorri.
Ela revirou os olhos.
—Preciso de informações sobre ele.-Nancy tirou de sua mochila seu notebook e o colocou sobre a mesa.
—É isso que eu gosto em você, é dedicada.-sorri satisfeito. Boa garota.
—É um princípio fujoshi.-Nancy suspirou.-Não entendo como fui subornada tão facilmente...-sussurrou enquanto digitava algo em seu computador portátil. Era de se impressionar a maneira que ela digitava rápido utilizando todos os dedos.
Peguei meu copo de volta, apesar de estar babado, bebi um gole de café e fiz uma careta nada agradável, além de estar frio, estava amargo. O único motivo para ir naquela cafeteria, era para ver Arthur que todo dia ia lá...Talvez para estudar.
Enquanto Nancy estava ocupada com seu notebook, eu apoiei meu queixo em minha mão e fiquei admirando o garoto concentrado em sua leitura, deixei escapar um suspiro que denunciava meu estado: Apaixonado.
Ora, ora...Aonde estão meus modos?
Parece que eu esqueci de me apresentar, não é mesmo?
Mas isso não seria clichê demais? Bem...Eu sou a favor dos clichês!
Nathaniel Miller, 17 anos.
Estudo no melhor colégio particular da cidade, com a mensalidade paga pelo meu avô materno. É um colégio que aceita alunos também estrangeiros, por isso as diversas aulas de línguas que obrigatoriamente todos devem frequentar.
Reputação no colégio? Mais curta que alegria de pobre. Sou o mais inteligente da minha turma, sim, mais inteligente que o Arthur. A diferença é que eu não sou nerd como ele, apenas esforçado.
Dou aulas de reforço para os alunos com péssimas notas e dificuldades de aprendizagem. Foi mais ou menos assim que comecei a interagir com Arthur, não que ele fosse um mau aluno, ele estava me ajudando a dar aula. Durante metade do ano tivemos que ficar até depois do horário de aula para dar reforço para os alunos, nesse tempo acabei me interessando por Arthur, mas não aquela quedinha tola, e sim um tombaço.
Estava com os pavorosos sintomas de gostar: O coração acelera quando você pensa ou está perto dessa pessoa, sente seu rosto esquentar e ficar vermelhinho feito tomate, se alegra só de ouvir o nome dessa pessoa e fica mais feliz que o normal. E, eu reconheci isso, pois esse não era eu. O amor realmente tem esse poder de mudar as pessoas, é incrível como sentimentos são capazes de nos controlar e nos consumir...
Interessante.
—Pronto.-Nancy disse me tirando de meus pensamentos.-Nossa proposta está fechada?-me estendeu a mão, mas sua cara denunciava que não estava nem um pouco contente.
—Todos esses mangás são seus, em troca me ajude a conquistar meu amor.-sorri apertando sua mão.
—Bárbara não está na jogada. Eu não quero você perto dela.-Nancy disse soltando minha mão rapidamente de modo grosseiro.
—Ela voltou a namorar?-sorri lhe entregando a mochila.
—O que te interessa?-Nancy guardou seu notebook e me olhou de cara feia.-Te mandei um questionário por e-mail.
—Ora, antigamente as informações eram dadas cara a cara.-lembrei.
—Mas eu não estou com paciência pra falar com você, Nathaniel.-Nancy bufou se levantando.-Vou indo.-acenou já de costas, indo em direção a porta.
—Hum.-sorri vitorioso. Consegui!
Joguei sujo...Mas, consegui. Ponto para Nathaniel!
Peguei meu celular e chequei minha caixa de e-mails, e lá estava o questionário que Nancy me mandou. Antes de guardar meu celular e ir embora, notei que havia uma mensagem não lida no Whatsapp. É duro ter que depender do Wi-Fi da cafeteria. Em casa não tem internet, então eu preciso usar nos lugares públicos. Culpa da minha maninha linda, que estragou os fios e não se deu o trabalho de consertar ou ligar pra assistência técnica.
—Tenho uma aula particular para dar hoje a tarde...-resumi a mensagem mandada por minha tutora. Minha tutora, mais conhecida como bibliotecária Aline, era a responsável por me lembrar das aulas que tinha para dar.-Preciso passar em casa para pegar meus materiais...-suspirei desligando o aparelho e dando um último gole no café, acabando de vez com ele.

 

 


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Notas finais do capítulo

Espero que tenham gostado ^-^ ! Comentem o que acharam :3 e não esqueçam de acompanhar!
Bjs ♥



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