Kepler's Farm escrita por DougOCapricu


Capítulo 6
A história.


Notas iniciais do capítulo

"I'm in the middle of nothing
And it's where I want to be
I'm at the bottom of everything
And I finally start to leave."
Trecho de "The Story" de 30 Seconds to Mars



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Capítulo 6: A história.

 

Eu saí correndo a procura de Bel mas não o encontrava em lugar algum, até que saí de casa e escorreguei na lama, caí no chão e ao tentar me levantar, encontrei a porta do celeiro aberta. Me levantei, com as pernas e os braços sujos de lama e corri pra lá. Estava tudo escuro. Entrei procurando por uma lâmpada para acender mas tinha dificuldades em achar. A medida que entrava no celeiro bagunçado, esbarrava nos materiais usados para sacrificar animais, puxar árvores, e até uma trituradora de madeiras. Eu estava com muito medo, e me assustava com  qualquer coisa que aparecia ali.

Fui entrando no celeiro adentro, mas quando olhei de relance no fundo do celeiro, pude ver Bel. A janela estava aberta então entrava um pouco de luz ali.

— Bel, venha aqui! - Gritei, chamando a atenção dele.

— Enzo? Enzo é você? - Perguntou olhando para mim.

— Sim, sou eu. Vem logo, vamos pra dentro. O que você tá fazendo aqui?! - Disse pra ele, estranhando a situação…

A medida em que eu fui conversando com Bel, algo foi aparecendo, era uma mulher, seus pés não encostavam no chão. Usava uma roupa de empregada surrada, tinha cabelos escuros e rosto pálido.

— Ela está me apertando, me ajuda Enzo. - Disse ele, mostrando sentir dor.

Ao olhar direito pra ele, pude ver que aquela coisa estava segurando o braço dele, que já estava roxo. Comecei a me aproximar lentamente, e a medida que meus pés se colocavam um atrás do outro, mais distante eles pareciam estar. A máquina de triturar madeira ligou, mesmo que a rua estivesse sem luz, o que me deu ainda mais calafrios. Então comecei a correr, batendo minha pele no ar frio. Enquanto eu corria atrás, aquela coisa arrastava Bel para máquina, ele por mais que tentasse se soltar, não conseguia. A medida em que eu me aproximava deles, mais perto eles ficavam daquela máquina e seu ronco me assustava. Eu sabia que talvez não chegasse a tempo, eu tinha certeza que Bel iria morrer ali, diante dos meus olhos. E ele teria uma morte horrível. Foi por causa dessa certeza, que meu corpo não reagiu a mim, meus músculos se contraiam e descontraiam muito mais rápido que o normal. Tipo quando você está descendo uma ladeira correndo e seus pés começam a se mover sozinhos de tão depressa que eles trabalham. Só senti encostando meu braço no ombro do Bel, abri os olhos, e segurei com força. Puxei ele, aquela criatura estranha ficou olhando com raiva, e logo saiu atrás da gente. Eu estava com Bel, correndo bem rápido,quando ele me puxou e me ajudou a desviar de um gancho que quase pegou no meu rosto. Abaixados, suspiramos devagar. E voltamos a correr, saindo do celeiro, corremos pelo quintal com aquela criatura nos seguindo, e tentando nos derrubar. Quando nos aproximamos da varanda, pude perceber que a porta estava fechada. Tentei abrir, mas algo tinha trancado ela. Eu tentava abrir as janelas, mas Bel puxou minha blusa, eu olhei pra ele e ele, muito assustado, apontava para o quintal. A entidade andava lentamente na nossa direção, e parecia sorrir. Corremos para o outro lado, e encontramos uma porta que parecia dar a um caminho subterrâneo. Bel não arriscou muito, pois o medo de ficar lá fora, era maior do que o de entrar lá. Estava tudo escuro, o que nos guiava era apenas um feixe de luz fraco. Seguimos devagar, sempre olhando para trás para​ ver se aquilo iria aparecer de novo. Quando encontramos uma porta, pude perceber vários símbolos desenhados na parede, e com receio, consegui abrir. Quando fui fechar a porta, a entidade estava logo atrás, mas não conseguia entrar. Tranquei a porta rapidamente e quando percebi, estava no porão. Tudo trancado, e muito escuro. Eu me sentei naquele sofá e falei para o Bel sentar e ficar perto de mim. Passamos uns trinta minutos ali, em silêncio e, particularmente, com muito medo. Me surpreendi com Bel, que apesar de muito novo e estar passando por tudo aquilo, ainda estava calmo. Ou, parecia estar. Eu mexi no armário procurando a chave da porta, mas não encontrei. Apenas um crucifixo de madeira velho e uma bíblia empoeirada. Depois de um tempo, ouvimos barulho de carro, um carro conhecido, mas que eu não sabia dizer ao certo de quem era. Coloquei um banco perto da parede e fiquei olhando pela pequena janela que ficava no alto. A pessoa que chegou, saiu do carro lentamente, andou até a varanda e aí eu o perdi de vista. Quando ele bateu na porta da varanda, a mesma abriu sozinha e foi só isso que eu pude ouvir. Então Bel teve a idéia de começar a pedir ajuda, e ficou gritando e fazendo barulho para chamar a atenção daquela pessoa que entrou na casa, mas ela não ouvia. foi quando lembrei da caixa, e já que estava ali, pensei em abrir. Me agachei perto da mesa e estendi o braço para o fundo da parede, peguei a caixa e sentei no sofá de novo. Quando abri, acabei me surpreendendo.

Eram algumas fotos e documentos. Fotos dos meus avós. Eles estavam jovens ainda, os dois vestindo uma túnica preta. Estranhei aquilo e continuei olhando. Eles estavam, junto a um rapaz que tinha seu rosto raspado, conversando com uma menina, que parecia ter uns doze ou treze anos. Ela tinha aparência de cansada, triste, angustiada. Continuei a ver as fotos e as últimas eram amedrontadoras. Meus avós pareciam fazer um tipo de exorcismo, e ainda, na menina. Mas ela parecia estar chorando, não com raiva ou mostrando sinal de possessão. Peguei os documentos, era uma certidão de nascimento, no nome de Melanie Rose, os nomes dos pais e avós também estavam raspados. Procurando mais na caixa, encontrei uma identidade, no nome de Elliot Rose, mas aquele rosto… Era de Ruy. Num envelope encontrei papéis queimados, que foram guardados ali de propósito, e eu não conseguia saber o que era. Ouvi um barulho na escada que dava pra fora, quando fui ver, a porta estava se abrindo. Quem estava ali era um homem...


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Notas finais do capítulo

Quem é o homem que abriu o porão para Enzo e seu irmão? E pior, o que era aquilo na caixa?



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