Meu Eu Depois Dela escrita por LilyMPHyuuga


Capítulo 11
"Não é mais uma mentira"


Notas iniciais do capítulo

Olá, meu polvo, tudo bom? ♥‿♥
Nem demorei dessa vez, não é? Estou dentro do prazo de 15 dias. xD Só não sei se vai acontecer o mesmo com o próximo... Mas vamos falar sobre isso nas notas finais! =D
Quero agradecer aos 84 que estão acompanhando, aos 20 que favoritaram e a Kiaend, Jormungander, Helenhina15, Luciana Neves, SBFernanda, Bia hime naruhina sasusaku, Ana Jackson, Bruninhazinha e Asuna Dragneel pelos comentários no último capítulo! Vocês são tão incríveis! ♥‿♥

Nesse capítulo teremos um foco maior em Naruto e nos seus sentimentos. Espero que gostem! ♥
Leiam as notas finais, por favor.

Boa leitura! ♥



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A semana passou mais arrastada do que esperava. Sem missões novas para o time 7, os dias de Naruto se resumiam a treinar com os amigos que estivessem livres e cuidar da casa. Sim, cuidar da casa. Como Kurama bem previu, o disfarce de Naruto não durou muito. No terceiro dia após a partida de Hinata, o loiro se sentiu mal com a desordem, imaginando o quanto a moça ficaria desapontada ao vê-lo vivendo em meio ao caos novamente. Arrumou tudo e prometeu a si mesmo não deixar o serviço acumular.

Porém, nem todo o trabalho doméstico foi o suficiente para distraí-lo da saudade.

Uma saudade que ele não conseguia entender, e que mesmo assim sufocava.

Sakura o encontrou deprimido certa tarde, sozinho no balanço do parque. Sentou em outro ao seu lado e ficou ali sem falar coisa alguma, apenas esperando ele se sentir confortável para desabafar.

— Eu sou um idiota, né? — Riu sozinho.

— Sim. Às vezes até demais. — Naruto deu um sorriso pequeno para a amiga, agradecido. — Mas não agora. Sentir saudades é normal, Naruto.

O rapaz desviou o olhar, envergonhado por ter sido lido tão facilmente.

— Não é como se eu nunca tivesse sentido falta de alguém antes. Só que... — Hesitou.

— Só que agora é diferente.

— É... — Ele a olhou de relance, um sorriso meio bobo. — Tenho sonhado muito com ela. Com o dia em que ela voltará da missão.

— Mesmo?

Naruto confirmou, sem perceber seu próprio olhar sonhador ao encarar o horizonte.

— Sabe, Sakura-chan... quando inventei essa história de casamento, eu realmente só tinha a intenção de livrar Hinata dos maus-tratos da própria família. Nunca imaginei que chegaríamos tão longe.

— Eu notei que vocês estão mais próximos. — A ninja mal conseguia esconder o sorriso orgulhoso. — Hinata quase não cora mais quando está com você.

— Quase não gagueja também. — Eles riram. — Só quando fica realmente nervosa. Já faz parte dela.

Naruto respirou fundo, o coração batendo forte no peito. Agarrou a corda do balanço com mais força.

— Quero-a de volta, Sakura-chan... quero minha Hina perto de mim, nos meus braços...

Sakura deu um sorrisinho, chamando a atenção do loiro.

— É difícil quando o coração fala alto demais, não é?

Ela também perdera o olhar no horizonte, um sorriso singelo no rosto. Naruto se sentiu ainda pior ao lembrar que a amiga esperava o retorno de Sasuke há muito mais tempo.

— Como consegue? Esperar, eu digo... aguentar sorrindo.

— Não tenho ideia. — A ninja pôs as mãos sobre o coração, fechando os olhos. — Mas quando eu penso em Sasuke-kun, alguma coisa dentro de mim diz que posso ter esperanças. Que posso acreditar no amanhã... — Ela o olhou docemente. — Chegará o dia em que olharei para trás e saberei que toda essa espera, toda essa saudade, terá valido a pena. — Sakura sorriu, um pouco sem-graça. — O coração tem dessas coisas.

A candidata a jounin se levantou, oferecendo-lhe a mão.

— Você não tem com o que se preocupar, Naruto. Onde quer que Hinata esteja, aonde quer que ela vá... ela sempre será sua.

Naruto aceitou a mão.

— Eu disse isso a ela uma vez. Espero que não tenha se esquecido.

Sakura então contou o motivo de ter ido procurá-lo: Kakashi mandara chamá-lo, pois tinha algo importante para falar com ele e com Hinata. Como a Hyuuga estava em missão, o Hokage não viu alternativa a não ser chamar o Uzumaki sozinho. Imaginando que o ex-professor pudesse se referir ao casamento, Naruto não se demorou mais no parque, agradecendo o apoio da amiga e chegando em poucos minutos no Prédio do Fogo.

— Me chamou, Kakashi-sensei?

O homem confirmou com um aceno. Naruto não se surpreendeu ao ver Tsunade ali também. Kakashi, ainda relativamente novo no cargo, precisava de conselhos da Quinta com frequência.

— Boa tarde, vovó.

— Boa tarde, Naruto. — Ela se voltou para seu sucessor. — Estamos indo, Kakashi. Me avise se precisar de mais alguma coisa.

Ele concordou, e Naruto seguiu a amiga de Jiraiya, ainda sem saber por que tinha sido chamado. Tsunade não falara nada durante todo o caminho, apenas explicando que foi ela quem mandou chamá-lo e que precisava mostrar algo. Entraram num prédio não muito longe dali, e o rapaz a seguiu até o quinto e último andar. Tsunade tirou uma chave do bolso e a entregou quando chegaram em frente à única porta depois do elevador.

— Para você. — Ela sorriu amorosamente. — E para Hinata, é claro. Mas como ela não está aqui, você poderá mostrar tudo uma próxima vez.

Naruto pegou a chave, hesitante.

— O que é isso, vovó?

— Meu presente de casamento. E de Kakashi — ela confidenciou, sorridente. — Ele está tão ocupado que esqueceu do dinheiro para o anel de Hinata. Será nosso segredo: para todos os efeitos, é meu presente e de Shizune. Ela ajudou também.

Naruto olhou da chave para a senhora, receoso.

— Vamos, abra de uma vez! Veja se gosta.

Ele colocou a chave na fechadura e girou, sem entender muito bem o próprio nervosismo. Abriu a porta e o queixo caiu assim que deu dois passos para dentro.

— Fiquei um bom tempo sem saber o que dar de presente para vocês — Tsunade falou ao seu lado, aparentemente orgulhosa de si própria. — Até a última vez em que fui na sua casa, e vi você e Hinata vivendo naquele cubículo! Trinta e quatro metros quadrados, tenha dó! Para uma pessoa sozinha, é bem compreensível. Mas para duas pessoas é “de menos”! — Ela abriu os braços, animada. — Cento e dois metros quadrados para você e sua futura família, Naruto!

O rapaz engoliu em seco, ainda assustado com o tamanho do apartamento. Tsunade fez um tour, mostrando a sala de estar integrada com a sala de jantar, todas mobiliadas. Mostrou a cozinha espaçosa, com uma pequena bancada para refeições rápidas, e a área de serviço. Voltaram para a sala, onde entraram num pequeno corredor com quatro portas. Uma, o banheiro social, outra com um quarto para hóspedes, outro quarto sem nada, pintado de branco, e a última mostrando a suíte do casal. Junto com o outro quarto, eram os únicos cômodos ainda sem móveis, pois até o banheiro da suíte já estava completo.

— Uma... — gaguejou. — Uma banheira?

— Sim, com hidromassagem. Tenho certeza que Hinata irá adorar! Afinal, ela goste ou não, ainda tem sangue azul... e o bom gosto sempre fala mais alto.

Naruto engoliu em seco. Tsunade o levou até a sala novamente, onde abriu as cortinas e revelou uma porta de correr. Se fosse possível, o queixo do loiro iria até o chão.

— A vista foi o que me convenceu a comprá-lo! Incrível, não é? Inspirador, no mínimo.

Uma varanda ampla, com poltronas confortáveis, os convidava a apreciar o Monte Hokage de seu melhor ângulo. A poucos quarteirões do Prédio do Fogo, a vista para o monumento e para o resto da vila era impressionante.

— Vovó...

— Não me venha com “não precisava” ou “não posso aceitar”! — ralhou a mulher antes que ele terminasse. — Eu tenho condições de dar um presente assim, então você pode aceitá-lo sem dor na consciência. Como eu disse antes, é um presente meu, de Shizune e de Kakashi. Não ficou caro para ninguém.

Ele concordou com a cabeça, envergonhado demais para olhá-la. Os lábios tremeram antes de confessar:

— É claro que eu estava incomodado com o tamanho da minha casa... — disse timidamente. — Por muito tempo eu fiquei martelando o fato do meu apartamento não chegar aos pés do que Hinata merece, com as coisas que ela devia estar acostumada. Fiquei amargurando o fato dela dormir num colchonete por um mês inteiro antes de voltar a dormir dignamente numa cama. Aproveitei que Kakashi-sensei prometeu me sustentar para enchê-la de mimos, para ela se sentir mais confortável, mais “em casa”, entende? Hinata nunca reclamou de nada, é claro. Ela é muito gentil para apontar qualquer defeito.

— Hinata é um doce de menina. — Concordou.

— Sim, ela é... — Hesitou. — Eu planejava fazer uma cerimônia simples, com apenas pessoas próximas, para sobrar algum dinheiro para uma reforma ou, quem sabe, para um novo apartamento.

— Mas os Hyuuga pediram um casamento grande! — deduziu a ex-Hokage, surpresa.

— Não! — respondeu rápido, nervoso. — Eu mudei de ideia... eu que pedi para Hinata uma grande cerimônia, com uma recepção à altura dela, sabe? Minha Hina merece tudo do bom e do melhor! É o meu casamento com ela, afinal! Será um dia importante!

Tsunade estreitou os olhos, em dúvida se tinha entendido os sentimentos de Naruto.

— Você lembra que é um casamento de fachada, não é?

A hesitação do rapaz fez a senhora abrir a boca num “O”. Tudo ficou claro para ela em instantes.

— Não é mais uma mentira para ela fugir dos Hyuuga — falou devagar, um sorriso aparecendo aos poucos. — Você está apaixonado por Hinata.

O pescoço de Naruto estalou com a velocidade com que ele virou o rosto na direção da mulher. Os olhos azuis se arregalaram, surpresos com a descoberta.

— Você não sabia? — Ela riu.

 


Olhando para o semblante emocionado dela, tudo começava a fazer sentido. Deixou a chave bem próxima ao porta-retratos, como se pudesse presenteá-la mesmo à distância.

— Hina...

Não conseguiu terminar a visita. Tsunade, vendo seu estado, concordou em encerrar o passeio e deixá-lo sozinho. Naruto não ficou lá mais que cinco minutos depois que a ex-Hokage saiu, necessitando, desesperadamente, ver o rosto daquela que não saía de sua mente.

— É por isso que estou assim, Hina? — sussurrou para a foto. — Porque estou apaixonado por você?

— Minha nossa, como você é lento!

Kurama tampava os olhos com as patas gigantescas e negava veementemente com a cabeça, incrédulo. O loiro ficou confuso.

— O que foi agora, Kurama?

— Demorou meses para notar o porquê de ficar tão feliz na presença da menina Hinata! Você é mesmo um tapado!

— C-Como assim? Eu só... eu só senti falta dela agora!

— Vá enganar outro! — falou impaciente. — Estou aqui há mais tempo do que se lembra e, pelo visto, sou mais inteligente que você.

— Você não está ajudando!

Já ia dar as costas e voltar ao mundo real quando o tom de voz da raposa mudou profundamente, prendendo-o com suas palavras:

— A vontade de salvá-la da família, o esforço para vê-la sempre alegre e cantarolando pela casa, o desejo de tocá-la a todo momento... eu sinto o que você sente, Naruto. Eu já vi essa bagunça de sentimentos em Mito e em Kushina. Não é diferente agora com você. Há meses que você está apaixonado e esconde isso de si mesmo. Mas não consegue esconder de mais ninguém.

— C-Como...?

— Você é transparente demais! Se o casamento surgiu como uma mentira, eu posso garantir que não é mais assim. — Soltou um longo suspiro, decidindo que iria dormir. Mas não sem antes aplicar o último golpe: — A menina Hinata não precisa mais se preocupar com um casamento sem amor... até ela já percebeu.

 


Naruto começou a contar os dias. Faltavam três para a chegada de Hinata. Três dias até que pudesse falar abertamente sobre seus novos sentimentos e torcer para que fossem retribuídos. Sonhar acordado com esse momento estava se tornando mais comum do que sonhá-lo durante as noites.

— Vou comentar com Kakashi-sensei que você está muito ocioso. — A voz de Sakura o despertou dos pensamentos, brincante. — Uma missão ou outra fará bem a você.

Naruto sorriu. Aceitou a companhia da amiga durante o passeio no parque, já que realmente começara a se incomodar com a falta do que fazer em casa. Sakura comentou sobre a carta que recebera de Sasuke, onde ele falava, ainda em poucas linhas, sobre o treinamento intensivo e sua viagem pelo mundo. Mandava um abraço para Naruto e Kakashi também, mas não confirmava endereço para uma resposta.

— É verdade! — Naruto lembrou, afoito. — Ainda não o avisei sobre a data do casamento!

— Você irá chamá-lo? — O rapaz nem precisava olhá-la para perceber sua animação.

— Sim. Hina concordou em chamá-lo para ser nosso padrinho.

Sakura foi ao céu e voltou.

— Imaginei que você fosse gostar. — Ele riu.

Naruto olhou para as flores no parque, ainda resistindo bravamente ao árduo verão, e respirou fundo.

— Você tem vindo muito aqui, não é? Já é a segunda vez que o encontro.

— Eu costumava vir mais com Hinata — falou bobamente —, quando estava recebendo as injeções do Primeiro. Ela gosta muito daqui.

— Bem lembrado! Ela está perto de voltar, não é?

— Sim. Três dias, talvez. Depende da viagem. — Naruto parou de andar, sorridente, fazendo a moça estranhar. — Vou falar sobre meus sentimentos quando ela chegar.

Os olhos verdes brilharam.

— Sério? — Ele concordou. — Até que enfim! Meu Deus, como você é lento!

— Kurama disse a mesma coisa.

Naruto corava, mas não ligou. O sentimento que o invadia era muito bom. O que antes era difícil de ser ignorado, agora se tornou impossível depois que ele admitiu para si mesmo o quanto estava apaixonado pela morena de olhos claros. Deixou-se ser invadido por esse sentimento, que palpitava o coração e deixava as pernas bambas. Ele nunca se sentiu daquele jeito antes, nem mesmo quando gritava aos quatro ventos que gostava da amiga de cabelos rosados que andava consigo.

— Queria que nosso casamento fosse aqui — comentou. — A festa, eu digo. É um lugar bonito.

— Já escolheram o lugar?

— Sim. Vai ser num salão perto do local da cerimônia.

— Um lugar aberto ia ser mais agradável, com certeza.

— Concordo, mas Hinata fez questão que nos casássemos no inverno. — Sakura fez uma careta de dúvida, mas ele logo a acalmou. — Estou pensando em casar de novo com ela, daqui a alguns anos. Na primavera. Como aniversário de casamento ou algo assim. — A moça riu de sua ideia, preocupando-o por um instante. — Acha que Hinata irá gostar?

— Você está mesmo um bobão apaixonado! Hinata vai desmaiar quando souber!

 


Sete dias.

Pulou da cama assim que abriu os olhos e confirmou que já era dia. Mal dormira com tanta ansiedade! Tomou banho, escovou os dentes, tomou café e, depois de confirmar pela décima vez que a casa estava limpa e tudo estava no lugar, saiu a todo vapor, parando para descansar somente quando chegou na floricultura de Ino.

— As mais bonitas que você tiver!

Ino abriu um sorriso tão grande quanto o dele.

— Hinata volta de missão hoje? — perguntou espertamente.

— Sim. Faça um buquê bem bonito, por favor.

A loira atendeu o pedido com todo capricho. Reuniu seus melhores lírios num arranjo lilás e com laços brancos. Naruto pagou de bom gosto, já imaginando o rosto corado e sorridente de sua Hyuuga.

O lindo buquê, porém, foi abandonado nas mãos de Sai horas depois, quando Naruto se desesperou com a demora e foi atrás de notícias no escritório do Hokage.

— Esqueci de avisar — desculpou-se Kakashi. — Hinata mandou um pombo-correio há dois dias. Houve um imprevisto na missão. O time oito precisará de mais alguns dias para recuperar o que eu pedi.

— Quantos?

— Não sei dizer. Mas não deve passar de outra semana.

Naruto, cabisbaixo, largou as flores com o companheiro de time e se arrastou até chegar em casa, arrasado. Se jogou na cama e agarrou a foto de seu noivado.

— Estou com saudades, Hina. — Suspirou. — Por que não me mandou uma carta?

No dia seguinte ele tentou voltar à sua rotina. No outro, já não se importou em sair de casa. No terceiro, Sakura o encontrou chorando com um filme bobo que passava na tv, um pote de sorvete pela metade no colo do loiro. A moça bateu primeiro e perguntou depois, mas o rapaz não se importou. Estava acostumado demais com o jeito da amiga para se incomodar. Prometeu que ficaria bem e a dispensou.

Seis dias depois de voltar do escritório do ex-professor e Naruto ainda estava preso em casa, sobrevivendo à base de lámen instantâneo, mas sempre arrumando toda a bagunça depois – Hinata poderia chegar a qualquer momento, afinal. Não tinha horário para dormir, comer ou tomar banho. Fazia o que bem entendia na hora que queria. Sabia que estava indo contra a própria promessa que fizera a Kurama, de que ficaria bem sem Hinata, mas estava se sentindo solitário demais para se importar.

Como era possível? Passou quase toda a vida morando sozinho, fazendo exatamente o mesmo que agora, e então vinha uma garota e mudava tudo...

Naruto deu uma olhadela na cozinha. Um vislumbre de Hinata passou diante dele, tirando do forno mais uma de suas receitas inventadas, e sorrindo ao chamá-lo para jantar. A comida dela era maravilhosa... Naruto abaixou o rosto, lembrando-se do dia em que passaram uma tarde juntos, ali no centro da sala, fazendo a lista de convidados e decidindo o padrinho de seu casamento. Sentia falta do sorriso dela tão perto do seu...

E desejava, mais do que nunca, beijar aqueles lábios que nunca provara.

Soltou um suspiro. Era melhor não deixar a mente tão solta. Melhor sentir falta apenas dos abraços e conversas, ausentes naqueles longos dias.

O susto foi tão grande que caiu do sofá onde adormecera sem se dar conta. Como foi um rápido cochilo, devia ter ficado parado tempo suficiente para entrar no modo Sennin.

— Não, você não está imaginando coisas — Kurama falou, entediado. — É mesmo a...

Não esperou que a raposa terminasse. Ele só precisava de uma confirmação. Calçou os sapatos e correu porta afora. Deu uma rápida parada na floricultura de Ino, que quando o viu, arrumou rapidamente um pequeno buquê para o garoto, sem precisar de explicações. Naruto agradeceu e voltou a correr.

Demorou uma semana além do previsto, mas ele finalmente a encontraria e tiraria aquele peso de dentro de si.

O peso de esconder que estava apaixonado.

Encontrou-a no cemitério, e isso o fez parar um instante. A primeira coisa que Hinata fazia ao retornar a Konoha não era vê-lo, e sim visitar o primo, Neji, morto na última guerra. Sentiu-se idiota com os ciúmes, e se aproximou devagar, um sorriso singelo no rosto. A ninja tomou um susto com sua aproximação, enxugando o rosto depressa. Naruto ajoelhou ao seu lado.

— V-Você... você lembrou?

“Na verdade, não” ele quase respondeu, mas pensou duas vezes. Concordou com a cabeça devagar, puxando apenas uma flor do ramalhete e entregando à jovem. Deixou o restante sobre a lápide do Hyuuga, fazendo uma rápida prece. Hinata respirava fundo ao seu lado, e o loiro notou a mão segurando firme um medalhão.

— Hanabi me deu. — Ela satisfez sua curiosidade, emocionada. — Para eu me lembrar dele.

Hinata abriu o medalhão. Era do tipo de colocar pequenas fotografias em seu interior. Havia espaço para três, mas apenas o rosto de Neji ocupava o espaço central. Naruto forçou um sorriso.

— Vamos para casa, Hina. Você precisa descansar.

A moça não reclamou. Segurou a mão que lhe era oferecida e caminhou silenciosamente até chegarem ao apartamento. Ela avisou que tomaria um banho antes de se deitar, praticamente correndo até o banheiro, fugindo dele.

Naruto sentia o coração prestes a explodir!

Queria abraçá-la apertado e não soltá-la tão cedo. Queria falar sobre seus sentimentos, perguntar se eram retribuídos. E se a resposta fosse positiva, acabar com a dúvida sobre como era o gosto dos lábios de Hinata...

Caminhou até o quarto, onde a garota deixou suas novas roupas e o presente de Hanabi. Engoliu em seco, hesitando, mas por fim agarrando o medalhão. Neji, mesmo com toda a postura e seriedade exigida de um Hyuuga, parecia ter aceitado sorrir para a foto. Não um grande sorriso, como o que adorava ver em Hinata, mas um simples, quase discreto demais para notar.

Naquele dia, dez de agosto, completava-se dez meses do fim da Quarta Grande Guerra Ninja. Dez meses que Neji se sacrificou para salvar a vida dele, Naruto, e de Hinata. O rapaz se perguntava o que Neji pensaria dele agora, apaixonado pela herdeira dos Hyuuga. Será que aprovaria o romance? Ou ficaria desapontado por Hinata não liderar o próprio clã? Preferia acreditar que o ex-jounin torceria pela felicidade da prima, seja lá onde ela estivesse. Por muito tempo Neji guardara rancor de Hinata por achá-la uma futura líder fraca, mas os anos o fizeram notar o que Naruto viu na morena pela primeira vez no Exame Chunin: uma força interior escondida, reprimida, mas que desabrocha quando alguém que ama está ameaçado. Hinata era mais forte do que aparentava, e os Hyuuga só perceberam isso quando ela, por duas vezes, teve que abandonar sua natureza gentil e entrar numa batalha e numa guerra. A violência não fazia parte da doce jovem com quem morava, mas Naruto sabia que Hinata a usaria quando (e somente se) precisasse.

Neji percebeu isso. Um pouco depois de Naruto, é verdade, mas percebeu. E lutou até o fim para proteger a prima tão amada.

O Uzumaki engoliu em seco.

— Você a amava... — sussurrou baixinho para a foto. — Como um irmão ou como um homem?

Naruto prometeu nunca se esquecer do sacrifício de Neji durante a guerra. Mas só se lembrava do aniversário de morte quando Hinata o lembrava. E todo mês ela aparecia no cemitério e rezava por ele...

— Hina o ama também? — Amargurou-se com as próprias conclusões. — Por isso não consegue esquecê-lo?

— Está falando sozinho, Naruto-kun?

Hinata apareceu só de roupão no quarto, estranhando ao encontrá-lo no escuro, sussurrando para o medalhão.

— Mais ou menos.

Não sentiu vergonha ao ser encontrado encarando o semblante de Neji. Não pediu desculpas ou o devolveu. Olhar para o primo de Hinata parecia mais fácil do que olhá-la agora. Hinata pareceu notar sua luta interior, pois se aproximou devagar, segurando a mão dele com carinho.

— Hoje faz dez meses que ele se foi. — A voz ainda expressava uma emoção sem fim. — Dez meses que ele salvou nossas vidas, Naruto-kun. — Hinata apoiou a cabeça de leve no ombro dele. — Dez meses que ele me trouxe para perto de você...

A declaração foi como um tapa para despertá-lo. Naruto largou o medalhão em cima da cama, enfim voltando-se para o rosto choroso de Hinata. Agarrou-o com as duas mãos, beijando a testa dela com tanta ternura que sentiu uma lágrima molhar sua mão. Abraçou forte o corpo pequeno, exatamente como queria fazer desde que a reencontrara. Hinata devolveu o carinho, segurando forte sua camisa pelas costas, chorando baixinho em seu peito.

Gratidão, Naruto compreendeu. Uma dívida que ela sabia, tanto quanto ele, que jamais seriam capazes de retribuir. Não era o amor que o ciúme o fez acreditar, e sim o amor entre irmãos. Naruto não pôde evitar o suspiro aliviado.

— Bem-vinda de volta, Hina. Senti tanto a sua falta!

Ela riu baixinho, afastando-se um pouco para olhá-lo nos olhos.

— Eu também, Naruto-kun! — O sorriso que ela lhe deu esquentou seu coração. — Estou em casa...

 


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Notas finais do capítulo

Levanta a mão quem fez um "facepalm"! o/ xD
Não matem o Naruto, gente, rsrs. E nem me matem também por ter feito ele mais lento que o normal, kkkkk. ^^"
Sobre o próximo, deixa eu logo dizer... O capítulo está "pronto", mas um ponto ou dois não está de meu agrado. Não quero postar enquanto não gostar do capítulo TODO... E dia 31 começam as minhas aulas, ou seja, a correria volta. E com um brinde: estágio. =P Meu tempo vai reduzir, então não quero prometer trazer o próximo capítulo em 15 dias, ok? Vou fazer o possível para não demorar, tentar pelo menos trazer em agosto, rsrs. Rezem por mim. xD

Momento propaganda:

1 - Pasta no Pinterest com fanarts e outras imagens que combinam com a fic (todo capítulo tem imagens novas): https://br.pinterest.com/isisbrito8/meu-eu-depois-dela-fnh/
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Acho que é "só" isso.
Muito obrigada por tudo! Não esqueçam que eu amo vocês - parte 2! ♥
Até o próximo capítulo! ♥ =*



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