O Parasita escrita por Kuro Neko


Capítulo 2
Capítulo 1: Tipo O


Notas iniciais do capítulo

Como prometido, o contexto da história é explicado neste capítulo!



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“Parabéns a todos! Hoje vocês passarão do ensino fundamental para o médio! Eu, como professora dessa turma, digo que estou muito satisfeita com o resultado e empenho de todos.

Hoje é um dia muito importante: O dia que vocês descobrirão quem são vocês de verdade.

Como todos vocês sabem, somos regidos por fusões entre nós mesmos. A princípio, quando essa característica foi plantada em nós, a fusão tornou-se proibida. O motivo disso será explanado logo em seguida. Contudo, dado a influência de grandes pessoas que contribuem com o crescimento da nossa sociedade, como o presidente Romeo Kimble, ou o lendário policial Roger Willer, entre outros, a fusão foi considerada ferramenta evolucionária que pode ser principal aliada da humanidade. Atualmente, a fusão só é restrita a crianças menores de 12 anos e a pessoas que se desejam se fundir com animais.

Em relação a fusões, precisamos entender os estados obtidos depois de uma fusão realizada.

O primeiro estado é o estado de sobreposição, onde a fusão resulta numa pessoa resultante com as características (consciência, mentalidade, aparência física, etc) de apenas uma pessoa. Essa pessoa, no entanto, é agraciada com as principais qualidades e defeitos da pessoa sobreposta.

O segundo estado é de combinação, ou seja, a fusão resulta num ser que compartilha de características provenientes das duas pessoas.

O terceiro e último estado é de gênese, a geração de um ser completamente diferente dos dois que realizaram a fusão. A consciência pode ser similar à de um ou dos dois objetos de fusão, mas apenas será coincidência.

Assim, hoje, anos passados do surgimento das primeiras fusões, temos a classificação de pessoas pelo sistema ONIX. Isto é:

O tipo O representa o tipo mais comum de pessoas, em relação a fusões. Quando fundidas com outras pessoas de qualquer classificação superior, são muito frequentemente sobrepostas.

O tipo N representa uma parcela menos comum da população, e que apresentam características mais fortes que um tipo O. São as únicas pessoas com as maiores chances de sobrepor um tipo X, mesmo que essas chances sejam pequenas. Contudo, a fusão entre dois tipos N geralmente resulta em gênese.

O tipo I apresenta características superiores aos tipos já mostrados, podendo facilmente sobrepor os tipos N e O. A fusão entre dois tipos I geralmente resulta em combinação.

O tipo X representa o tipo mais elevado em relação a capacidades físicas e mentais. Estes sobrepõem facilmente os tipos N e I, além de outro tipo X. No entanto, caso a iniciativa de fusão parta de um tipo X para um O, é muito comum resultar em uma combinação.

O próprio tipo, quanto a sua classificação, pode ser bruto ou modificado. Um tipo bruto é aquele existente na pessoa desde o seu nascimento e o tipo modificado é um tipo adquirido por meio de fusões.

No nascimento, o tipo O é o mais comum e o tipo X é o mais raro, na classificação. Existem outros tipos de pessoas (categorizados por letras arbitrárias como A ou K), mas essas são extremamente raras.

E hoje vocês descobrirão qual o tipo de vocês!”.

Assim que a professora terminou seu discurso, foi agraciada por palmas ruidosas e pequenos gritos de alegria. Logo depois que as palmas cessaram, a professora deixou a sala, falando que já estaria de volta, e o silêncio se esvaiu por completo.

A turma em que estudo é composta por vinte e sete alunos. A sala, nesse momento antes da atribuição do nosso tipo, está insuportavelmente calorenta, dado a falta de ventiladores ou ares-condicionados. Alguns se levantaram de seus assentos e transladaram-se de um lado para o outro da sala, em sinal de nervosismo.

Eu, apesar de completamente nervoso, permaneço sentado com meus amigos próximos a mim.

— O que vocês acham que eu sou? — Disse Zack, um garoto massudo, de cabelos lisos, porém curtos, e olhos castanhos escuros, um pouco mais baixo que a média. — Se eu for um tipo N já vou ficar feliz demais…

— Sobre você eu não sei, Zack, mas eu sei que vou ser O — Disse Robb, outro garoto, contudo franzino de cabelos cacheados de cor castanho claro, de olhos castanhos escuros e altura mediana. — Todos na minha família nasceram O, então não se tem muito o que fazer.

— Para mim, o que vier é lucro — Disse Magg, uma garota, que era a maior do grupo, de cabelos curtos cacheados e olhos de cor castanho escuro. — Conheço treze pessoas que são N e duas pessoas I, o resto é O.

Pran, outra garota, de cabelos loiros ondulados e olhos verdes e bem pequena, Dena, mais uma garota, de cabelos lisos e longos e olhos castanhos escuros, Jake, um rapaz pequeno e frágil, de olhos e cabelos escuros, e eu, ficamos em silêncio. Pran está claramente confusa, provavelmente por não ter prestado muita atenção no anúncio da professora. Dena não parece dar muita atenção a situação e, se desse, estava usando um meio muito eficiente de esconder isso. Jake já havia anunciado anteriormente que não se importava muito com seu tipo. Eu, um garoto de cabelos curtos e ondulados e olhos cor castanho escuro, já estava completamente nervoso.

“Eu tenho certeza que serei um X. Certeza! Se não um X, talvez um I, mas apenas talvez. Eu sei que eu sou diferente!”, penso, sentado a minha mesa, alisando meus dois braços com as mãos, para tentar conter a tremedeira.

— E eu? — Disse Tommy, o garoto prodígio de olhos azuis e cabelos castanhos escuros lisos, que atravessou a sala inteira para chegar próximo a nós. Ele era acompanhado de seus dois amigos, Robert e Reinald. Os dois eram bem parecidos, quase a mesma altura, quase os mesmos cabelos pequenos cortados em forma de tigela e os mesmos olhos verdes claros. — Ao contrário do comum, tenho certeza de que…

Tommy foi interrompido pelo retorno da professora a sala de aula. A professora era acompanhada de duas mulheres que trajavam um jaleco branco e algum tipo de máscara. Assim que a professora ordenou o silêncio e a organização da turma, e assim que a turma obedeceu, a professora proferiu, num tom calmo e baixo, porém audível:

— Um por um, venham a sala ao fim do corredor. Faremos um teste de dois a três minutos com cada um de vocês. Arthur, por favor, nos acompanhe.

E, assim, um por um foi seguindo a professora. Depois da primeira vez, a professora não retornava a sala com as duas mulheres de jaleco. Com aproximadamente dez minutos passados da ida e vinda de alunos, o primeiro dos meus amigos foi convocado: Dena. Todos nós, inclusive eu, desejamos boa sorte a nossa amiga.

Momentos depois, Dena retorna a sala. Nós a perguntamos qual tinha sido o resultado, mas nada havia sido divulgado a ela.

Jake foi convocado pouco tempo depois. Ele não tinha muita expectativa de ser de um tipo maior que O, e nem fazia muita questão em ser. Ele seguiu a professora e, em pouco tempo, estava de volta na sala.

O tempo passou tão rápido que, em pouco tempo, meu nome estava sendo chamado pela professora. Me levantei da minha mesa de modo desajeitado, evidenciando a todos que eu estava completamente nervoso. Respirei fundo, e segui a professora até a sala ao fim do corredor.

A sala, então, era uma sala convencional: Desenhos pendurados nas paredes, armários espalhados em um canto da sala e apenas uma mesa, que se encontrava encostada a uma parede. Não tinha nenhuma janela no local e tinha uma cadeira posicionada no centro da sala, com as duas mulheres de jaleco posicionadas atrás dela.

— Sente-se, rapaz — Disse uma das mulheres. Prontamente atendi ao seu pedido — Qual é o seu nome?

— Meu nome é Otto.

— Certo, Otto. Começaremos a sua análise imediatamente. Por favor, feche os olhos e tente se concentrar em apenas um pensamento.

Assim que fechei os olhos, como instruído pela pessoa, consegui ouvir alguns barulhos metálicos similares aos que são presentes numa consulta dentária, por exemplo. Estava tão nervoso que não consegui manter o pensamento focado em apenas uma coisa só, e pensamentos aleatórios rapidamente visitavam e partiam da minha mente. Pouco tempo depois, uma das mulheres pediu para que eu abrisse os olhos e anunciou o fim da análise. Me levantei e segui a professora até a sala, como instruído.

— Professora — Eu disse, enquanto percorríamos o caminho até a sala. O caminho era curto demais para mais de uma pergunta, então fiz a que mais me deixava curioso — Que tipo a senhora é?

— Eu sou do tipo O, de Otto! — A professora disse, rindo. Aquilo me fez dar um sorriso, agora que o momento de nervosismo havia passado.

Assim que voltei para a sala, o fluxo de pessoas continuou igual. O último a ser analisado foi Zack, e ele voltou acompanhado tanto da professora quanto das mulheres de jaleco.

— Muito obrigado a todos pela disposição! — Disse uma das mulheres de jaleco — Anunciaremos, agora, os tipos de cada um. Arthur: Tipo O. Arnel: Tipo O. Brenda: Tipo O…

Apesar de saber que o resultado seria algo parecido com isso, comecei a ficar mais nervoso e a duvidar se realmente iria ser um tipo X ou I. “Eu SOU um tipo X. Não preciso ter dúvidas quanto a isso!”, pensei. Enquanto pensava isso, o primeiro aluno de um tipo diferente foi anunciado. O aluno era Callow e, incrivelmente, um tipo I. Então, três alunos tipos N, entre os demais tipos O, foram anunciados, e seus nomes eram Charlie, Digory e Dena, minha amiga. Meus amigos a congratularam pela notícia.

Seguidos por muitos tipos O, inclusive meu amigo Jake, alguns tipos N e apenas mais um tipo I, estava quase chegando a minha vez.

— Maria: Tipo N. Magg: Tipo O. Natan: Tipo O. Nicolas: Tipo N. Omar: Tipo O. Otto… — Por algum motivo a mulher demorou um pouco mais para dizer meu nome. Sempre acontece quando vão anunciar algum resultado importante a você, ou talvez seja coisa da mente humana. Fechei minha mão com força. — Tipo: O.

“No fundo eu sabia que seria assim, assim como a Magg. Por que eu tentei me enganar?”, pensei, olhando para baixo, decepcionado. Dena estava contente demais para tentar me consolar, enquanto Pran, Robb e Zack estavam em silêncio, esperando o anúncio de seus nomes. Jake estava indiferente ao seu resultado e ao processo de anúncio. Talvez fosse diferente se ele fosse um tipo N ou I. Magg olhou para mim, vendo minha decepção, e levantou o polegar. Ela dizia a todos que estava sempre junto com eles, e eu lembrei disso nesse momento. Consegui ficar mais conformado.

Não pretendia mais focar no anúncio dos resultados, mas algo me chamou a atenção: Uma pessoa foi anunciada tipo X. Essa pessoa era Tommy, que foi agraciado com abraços e palmas depois do anúncio. Tommy parecia estar feliz numa medida cotidiana, como se aquilo já fosse esperado.

Depois de anunciado os resultados, Dena, Pran e Zack foram declarados tipos N. Robb foi declarado tipo I. Eu, Magg e Jake fomos o tipo O. Todos estavam muito contentes e satisfeitos, exceto eu. Estava feliz por meus amigos, mas desejava algo a mais para mim. As frases “Otto: Tipo O” e “Tipo O, de Otto”, mesmo que a professora não tenha dito por mal, ainda martelavam em minha mente.

Assim que foi acabado o último dia de aula, estava a sair junto com os meus amigos em virtude da comemoração dos tipos recebidos. Pran até brincou com Magg dizendo que ia a sobrepor, mas Robb a defendeu que, caso fizesse isso, ele a sobreporia. Todos riram.

Contudo, antes de sair da sala de aula, escutei algo inusitado, que estava sendo discutido, em voz muito baixa, pelas mulheres de jaleco. Parecia ser confidencial, mas não resisti e fiquei no canto de fora da sala, escutando a conversa. Partiria logo em seguida, já que meus amigos estavam me esperando.

— O que faremos com ele? Como reportaremos isso aos superiores? Até hoje, cheguei a ver só mais um tipo X além do que apareceu hoje, mas nunca tinha presenciado isso: Um tipo A. Como era mesmo o nome dele? Ah, sim, era Jake.


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Notas finais do capítulo

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