Broken escrita por Nao


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

Ois galere.

Para que vocês entendam a história:
Falas em itálico são o idioma natural do Natsu.
Falas sem formatação diferenciada pertencem ao idioma da Lucy.



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Zeref Dragneel estava calmo. Apesar de sentir-se apreensivo com o que estava para acontecer. Para ele, não era uma tarefa tão fácil quanto parecia.

Seus olhos fixos no horizonte desviaram-se para o irmão mais novo que mantinha-se a poucos centímetros de si.

Natsu estava quieto, mas não demonstrava medo. O que era bom considerando a atual situação.

O som de cavalos fez o mais velho voltar a encarar o espaço antes vazio. Três figuras imponentes surgiram no local. Entre eles estava Igneel, rei do extremo norte.

Ele curvou a cabeça demonstrando sinal de respeito. Igneel era um grande rei. E acima de tudo, um grande guerreiro.

— Zeref da casa Dragneel - Disse com seriedade enquanto avaliava o menor - Este é o garoto?

— Sim, meu rei. Esse é meu irmão mais novo, Natsu.

— Ele é pequeno - disse fazendo uma observação despretensiosa.

— Ele só tem sete anos, senhor.

O homem arqueou as sobrancelhas.

— Idade boa para treinar. Ele vai ser um grande guerreiro, vou me certificar pessoalmente disso.

— Eu agradeço, estarei em dívida eterna com você.

Igneel o olhou com curiosidade.

— E para onde você vai depois de deixá-lo comigo? 

— Tenho cabeças para decepar - esbravejou com raiva. Gildarts riu, gostando da atitude do garoto. Mesmo com a pouca idade, ele tinha um espírito perceptível de combate.

— Despeça-se - ordenou por fim, o rei.

Zeref foi até o irmão, colocando as mãos em seus ombros.

— Natsu torne-se forte. Se eu o levasse comigo agora, provavelmente nós dois acabaríamos mortos. Eu não queria te deixar, mas é a única coisa que posso fazer por você no momento. 

— Vou te ver de novo, irmão? 

— Se for do desejo dos deuses, sim.

 

 

 

Natsu abriu os olhos com suavidade.

Por uma fresta na entrada da tenda ele podia ver os primeiros raios de sol adentrar majestosamente.

Afastou o cobertor e notou o braço fino enlaçando-lhe a cintura. Jogou-o para o lado sem delicadeza, descartando absolutamente a mínima possibilidade de ser gentil. A mulher reclamou cobrindo-se novamente enquanto ele levantava completamente nu.

Apressou-se em colocar as calças, o colete preto e logo em seguida as botas. Lisanna remexia-se na cama, provavelmente sentindo sua falta.

Ele lançou um olhar desinteressado em sua direção, constatando o fato de que ela não lhe despertava nenhum sentimento em especial, além da satisfação física.

Ainda observando-a ele pensou nas inúmeras expectativas que ela certamente tinha sobre ele. Casamento. Filhos. Companheirismo.

Tocou o cristal pendurado no pescoço que ganhara quando nascera. Em nenhum momento desde que iniciaram esse relacionamento ele havia ao menos dado algum sinal de que seria ela.

Ele e Zeref eram os últimos de uma raça muito antiga. Na crença desse povo, os deuses criavam as pessoas em pares, e a única forma de encontrar sua parceira seria pelo brilho do cristal. Depois de tanto tempo, Natsu começava a duvidar disso.

— Natsu? - a voz melodiosa preencheu o local.

— Huum? - murmurou desinteressado em resposta.

— Por que tão cedo? Volte para a cama.

Ele ergueu os olhos para ela, que propositalmente afastara o cobertor de si, ficando completamente exposta. Lisanna tinha um corpo perfeito. Absolutamente perfeito. E ela era uma mulher quente. Mas inexplicavelmente ele não se sentia atraído por ela naquele momento. Talvez, há algum tempo já se sentisse dessa forma.

— Vou caçar com Gray e Gajeel.

— Aah, tem que ser hoje?

— Sim, o casamento do rei está próximo, voltarei em alguns dias - disse direcionando-se a saída.

— Você quer que eu mantenha sua cama quente? - perguntou sugestiva.

— Não precisa - respondeu e saiu.

 

Do lado de fora Gray Fullbuster, Gajeel Redfox e Sting Eucliffe lhe esperavam com sorrisos maliciosos.

— Isso está se tornando um hábito - Gray comentou curioso - Sabe que ela tem conversado com a Juvia sobre casamento?

Natsu que acabara de alinhar a sela no cavalo virou-se para o amigo com a testa franzida.

— É mesmo?

— Você esperava o que? Deixando-a passar tanto tempo junto com você.

Ele permaneceu quieto enquanto pensava sobre isso. Não amava Lisanna, mas também não desgostava dela. Eles se entendiam bem no final das contas. E ela era uma grande guerreira, habilidade que ele considerava indispensável. Talvez não fosse uma possibilidade tão descartável assim.

— O que você pretende em relação a isso? - foi a vez de Gajeel perguntar.

— Quando eu voltar vou resolver as coisas com ela.

Os três montaram e Sting encarou Natsu.

— Eu estarei confiando em você, quero que ela aprove o banquete.

— Pode deixar, ela vai ficar satisfeita.

E partiram.

 

 

Sua cabeça estava tão cheia que se manteve em silêncio pela maior parte do caminho, inclusive no acampamento que montaram ao cair da noite. Se seus amigos notaram diferença em seus atos, não disseram nada. O que ele apreciou.

Naquela noite demorou a conseguir dormir.

"Igneel" o garoto chamou enquanto observava o treino dos outros da sua idade. O rei observou-o com serenidade. "Você não quer ter filhos?”

O mais velho riu e depois afagou os cabelos róseos dele.

 “Eu já tenho você".

 “Mas eu não sou legítimo. Você nem ao menos é meu pai de verdade".

Igneel manteve o sorriso sereno nos lábios, embora sentisse uma pontada no peito ao escutar aquilo. Naquela época, Natsu tinha 14 anos.

 “Você acredita nos deuses, Natsu?”

 “Claro".

 “E acredita que eles façam as coisas no tempo certo?”

 “Zeref sempre me disse que a sabedoria dos deuses é absoluta".

Igneel sentiu um orgulho imenso.

 “Eu acho que foi por isso que não tive filhos até agora. Porque os deuses sabiam que me enviariam você”.

O mais novo sorriu e ele prosseguiu.

 “Eu espero que você possa tomar o meu lugar no futuro, tenho um plano que pode vir a mudar a maneira como todos nós vivemos".

 “E o que seria?”

 “Uma aliança com Magnólia. Eu soube que o Rei Jude tem certo interesse em nossa habilidade de combate".

 “Uma aliança?". O mais novo ponderou por alguns segundos. "Como isso funciona?

 “Ele tem uma filha. Como prova de lealdade vou pedi-la em casamento para você, em troca enviarei homens para as batalhas travadas por Magnólia. Nós dividiremos os espólios de guerra, assim, acredito que não passaremos mais fome no inverno".

Natsu pensou no peso daquelas palavras. Ele teria que casar-se com a princesa para o bem da tribo.

 “E se ela não me quiser?" Perguntou desviando o olhar para Igneel.

Ele riu sem humor.

 “Ela não vai ter escolha, filho" ainda observando-o notou que seu pai pareceu estar absorto em algum pensamento qualquer. "É o preço que se paga por ser da realeza".

 

 

 

Natsu?— Gray surgiu em seu Campo de visão enquanto ele despertava.

— Que é? - resmungou.

— Os guinus estão próximos, é o momento de atacar.

Natsu sentou-se ereto, logo em seguida passando a mão nos cabelos, inquieto. Tal ato não passou despercebido por Gray.

— Tem alguma coisa te incomodando?— cruzou os braços no peito, observando o amigo se levantar.

— Tenho sonhado com Igneel.

Gray sabia que ele ainda sofria pela morte do pai. E que possivelmente sentia-se arrependido por ter aberto mão de ser seu sucessor. Apesar de Sting ser um bom rei, ele acreditava que Natsu poderia ser ainda melhor. Afinal, ele fora treinado para isso.

— Te incomoda o fato de que Sting irá desposar sua prometida em 12 dias?— arqueou a sobrancelha direita frisando sua curiosidade.

— Eu nem a conheço, porque me importaria? - perguntou, com descaso. Embora tivesse por muito tempo pensado nela. Como ela seria, se o aceitaria como marido, e até mesmo como conquistá-la.

— Ouvi dizer que ela é a mulher mais bela de Magnólia — Natsu o encarou, entediado.

— Bom para o Sting, ele teme que ela não aceite bem a nova condição de vida simplória.

— Ele teme que ela não aceite um bárbaro em cima dela, isso sim. Pobre garota, não deve ter sido preparada para isso.

Natsu se retesou por um momento. Conhecia o temperamento do seu Rei. Por uma fração de segundo sentiu pena dela. Tão rápido quanto ela veio, foi embora. Montou seu cavalo e firmou as mãos nas rédeas.

— Isso não é problema meu.

 

 

 

O cavalo corria em uma velocidade absurda.

O vulto negro em cima dele movia-se com tamanha destreza, acompanhando os movimentos precisos do animal.

Ela estava fugindo de sua responsabilidade. Deveria casar-se com o Rei do extremo norte e formar uma aliança sustentável através do matrimônio. Uma aliança para o início de uma guerra.

Esse era o único propósito ao qual servia aos olhos de seu pai. Ela era sua moeda de troca. Uma filha por um exército, esse era o acordo.

Desprezível, na sua opinião.

Impulsionou o animal para que corresse mais rápido. Com o movimento brusco, seu capuz caiu para trás revelando os cabelos loiros.

Os olhos amendoados lacrimejavam por causa do vento. 

Ela não iria ceder às ordens do tirano de Magnólia, muito menos às vontades hediondas de um bárbaro. Sua criada havia lhe instruído sobre a noite de núpcias, sobre como agradá-lo. Ela jamais faria isso. Nenhum homem do norte tocaria nela.

— Animal repugnante - cuspiu com raiva.

Seu plano era simples: iria até Crocus pedir auxílio ao Príncipe Loki. Proporia uma aliança baseada em confiança, depois com o tempo, quem sabe pudessem vir a se casar. Melhor um príncipe do que um bárbaro.

O que ela não esperava, era encontrar um empecilho no meio do caminho.

 

 

O Machado acertou a pata esquerda de seu cavalo com precisão.

O impacto da criatura ao chão a fez saltar alguns metros antes de chocar-se com a terra úmida e fria.

Arfou sentindo uma dor aguda na cabeça, tocou-a com lentidão verificando sua integridade.

O sangue inundou sua mão esquerda.

A visão turva a permitiu observar os vultos que se aproximavam de si, silhuetas masculinas de grande porte. Tremeu ao pensar na possibilidade de ter encontrado os malditos selvagens.

Se este fosse o caso, provavelmente seria o seu fim. 

Eles não tinham misericórdia.

Rolou os olhos para o cavalo que agonizava há alguns metros adiante, uma mancha branca e vermelha que emitia sons inundados em agonia.

— Sagittarius – murmurou antes de ser abraçada pela escuridão.

 

 

— Quem é essa? — Gray perguntou com curiosidade.

Natsu puxou a capa aveludada, examinando-a.

Uma palavra bordada em fios de ouro demarcava seu ponto de origem.

— Magnólia— disse por fim.

— Esse manto... parece nobre— Gray ponderou.

— Não, uma nobre não estaria aqui, muito menos sozinha— ele tocou os fios loiros que cobriam sua face, afastando-os com cuidado. Ela tinha uma beleza que ele jamais havia visto.

O que vamos fazer com ela?— Gajeel cruzou os braços no peito, repentinamente sentindo-se interessado - Depois de dias de caçada um alívio seria bom.

Gray riu em quase concordância, enquanto Natsu permanecia imerso nos traços da face feminina.

Seus olhos pousaram na mão direita, notando a faixa desenrolando-se. Franziu o cenho enquanto puxava o tecido rasgado, revelando uma marca desconhecida.

— O que é isso?

— Parece o brasão de Magnólia - Gray ponderou - Geralmente simboliza servidão.

— E se ela for uma espécie de mensageira? — Gajeel indagou — Explicaria o manto da nobreza, apesar de ser muito estranho - tocou o próprio queixo, pensativo.

— O que vamos fazer Natsu?

Ele refletiu por alguns segundos.

— Vocês voltam para a caçada, eu vou ficar aqui até ela acordar.

— Vai levá-la para o Sting?

— Não vejo alternativa melhor no momento.


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Notas finais do capítulo

Sintam-se a vontade para apontar erros ortográficos e de formatação.

Críticas construtivas são bem-vindas, assim como sugestões e elogios.

Obrigada por ler!



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