A noite cai

trazendo com ela fantasmas do passado.

Entro no quarto, outrora

ninho… templo… porto seguro de um grande amor.

A cama, outrora pequena para abarcar tamanha paixão…

tornado-se imensa e gélida.

Quão gélidos se tornaram os meus sentidos…

este leito, é agora cúmplice da minha solidão,

da minha angústia e do desejo contido.

Os lençóis, antes imersos em amor,

paixão e loucura… hoje, são apenas

banhados por lágrimas… de saudade?!…

tristeza?!… de saudades do tempo

em que meu coração só derramava

amor… e tristeza… por ter medo

de voltar a amar.

As paredes, testemunhas

silenciosas de tantas juras de amor…

essas paredes que encerravam sons que atestavam

quão grande pode ser a entrega dois amantes… agora,

apenas escutam os gritos mudos

da minha dor, pranto e desilusão.

Fecho os olhos,

afasto as nuvens escuras que teimam

em toldar meus pensamentos….

Escuto a voz da minha alma…

seco as lágrimas com o lenço do esquecimento

este coração ainda tem muito amor

para dar, muita alegria para partilhar.

Sofri, é verdade… mas até

a doce e delicada rosa tem espinhos…

o sofrimento faz crescer.

Adormeço

Lembrando

o toque, que me fazia vibrar de emoção

o beijo, que acendia em mim a paixão

o abraço, que me envolvia até à alma

o olhar, que dizia tudo o que a boca calava…

Acordo...

Recordando que a vida se refaz

a cada momento.

O segredo é não ter medo de

dar sempre o melhor de mim

sem medo de sofrer

sem medo de amar

doar-me às pessoas sem receio…

abrir novamente (pelo menos uma janela) o coração,

e reaprender a receber…

A plenitude do amor não está

apenas na dor, mas também

no saber receber.

Só quem ama vive plenamente…