Triunfo e perda escrita por Lostanny


Capítulo 1
Capítulo 1


Notas iniciais do capítulo

E se no episódio 4 a situação tivesse se mantido e os sêxtuplos tivessem ficado mesmo separados? Já vi no tumblr bastante dessa realidade alternativa, mas geralmente só na versão Karachorojyushi (mais Karachoro do que OT3), então decidi fazer com esses caras primeiro ♥ (aliás, tenho que atualizar minha lista de OT3, porque tenho gostado muito desse em especial ♥ ~apesar do romance ter ficado bem levinho aqui~)



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Eles tinham vencido. Contudo, isso não significava que um sentimento de vazio não tivesse aparecido neles ao se mudarem para um apartamento bem menor do que o local que moravam antes. Tão pequeno, ainda assim tão amplo. Os sêxtuplos, em um dia tão comum como os outros deixaram de permanecer unidos, ficando três com o pai na cidade de Akatsuka enquanto os outros se mudavam com a mãe para outra cidade.

Desse modo, não tinham mais Choromatsu para encher a casa de revistas de trabalho que ninguém lia, ou Jyushimatsu com sua hiperatividade, ou Kara com a sua música e estilos de roupa duvidosos. Todomatsu mal ficava em casa, e quando isso acontecia parecia tão aborrecido que logo arrumava uma desculpa para sair outra vez. Pelo jeito social que tinha, não havia sido difícil conseguir novos amigos.

Entretanto, ainda que o sexto irmão não quisesse admitir, Oso e Ichi entendiam bem que Todomatsu sentia muita falta dos outros e do antigo lar, principalmente de Atsushi e de Jyushimatsu. Mas para que se mostrar fraco? Ainda mais perto dos irmãos mais egoístas que poderia ter? Pois haviam chegado ali por meio de truques. Truques que de uma forma ou de outra começaram a se virar contra eles, uns mais cedo do que os outros.

Todomatsu, o primeiro a garantir a sua “vaga”, estava aborrecido e Oso e Ichi recebiam atenção demais da mãe deles: o primeiro com muitos mimos que depois de algum tempo passaram a incomodar, o segundo com uma preocupação que sufocava.

Queriam acreditar que estavam se sentindo mais feridos que os outros, o que dificultava e muito a comunicação. Culpavam-se, comparavam-se com as características positivas dos irmãos ausentes, uma vez que a distância nublava o cotidiano que recordavam. De repente, Karamatsu não era mais tão doloroso, especialmente quando se lembravam do quanto dava uma atenção sincera a todos eles.

Choromatsu, com o tom de voz cortante, que trazia união ao grupo quando o líder estava desorientado por algum motivo. E Jyushimatsu com um otimismo que poderia fazer a chuva virar sol. 

No meio da desorientação que era a mudança, principalmente sem a força de uma segunda voz a sua disposição, nem mesmo Osomatsu pode segurar o próprio papel de líder. Desse modo, os papéis ficaram invertidos e confundidos. Quem seria quem no meio da nova configuração? Quem ele devia amar? Quem devia detestar?

Por um tempo Ichimatsu tentou assumir o papel do bom senso que lhes faltava. Então, Todomatsu os convidava para fazerem algo em conjunto com uma animação fingida, tentando deixar seu aborrecimento de lado. Osomatsu até mesmo tentou algum penteado novo para fazer alguma graça reinar no ambiente. Todavia, as tentativas se revelavam um desastre.

— Ei, será que os outros estão tão perdidos quanto a gente? — Osomatsu questionou entediado, frustrado, um dia, a bochecha sobre um dos joelhos.

— A gente podia ir visita-los... sabe, para saber se eles estão bem. — Todomatsu disse, fingindo não dar tanta atenção as próprias palavras, olhando o celular. Depois, ao sentir o olhar incerto de Osomatsu sobre ele, formulou melhor. — Quer dizer... melhor não, né? Vai que eles estão muito bem?

— É o que eu estava pensando. — Osomatsu disse, desistindo da antiga posição e se jogando mais no sofá verde que tinham levado com eles. — O irmão mais velho iria se sentir traído se isso acontecesse... você perdoaria?

— Bem... acho que não adiantaria muita coisa “não perdoar”, Osomatsu-nii-san.  — Todomatsu disse, finalmente deixando o celular de lado para deter seu olhar no outro. — E se eles vieram a encontrar uma resposta, a gente vai encontrar a nossa também... talvez.

—... Verdade, né? — Osomatsu disse, esfregando o dedo indicador debaixo do nariz, um pouco mais aliviado. —... eu não deveria ficar tão pessimista assim, isso não é coisa minha!

— É, bem mais cara do Trevasmatsu-nii-san. — Todomatsu disse com um sorriso.

— Aliás, ele e a mamãe estão demorando... vamos busca-los! — Osomatsu disse, se levantando do sofá com um pulo e estendendo a mão para Todomatsu, que estava no chão. — Não se muda nada ficando parado assim!

Todomatsu ficou surpreso quanto a mudança repentina do humor de Osomatsu, mas não era como se fosse algo inteiramente novo: o mais velho sempre teve uma habilidade para se adaptar as circunstâncias. A reação que teve quando houve a desintegração da família foi diversa do comum. Contudo, como agir normalmente quando o caso havia sido tão repentino e conflitivo?

O próprio sexto irmão era um exemplo, uma vez que apenas nos últimos dias estava se sentindo mais à vontade para falar a respeito de tudo aquilo que os rodeava.

Segurou a mão de Osomatsu e se levantou. O calor da mão dele estranhamente lhe distraiu, situação diferente do comum, mas não foi algo em que deteve muito sua atenção. Felizmente Osomatsu também não parecia muito atento, o que não impediu que o primeiro irmão continuasse a segurar a mão do sexto filho enquanto corria para o local em que julgava estar o restante da família.

A ideia de que o outro estava bem tomou mais o foco de Todomatsu, tinha que tomar seu foco ou sua distração voltaria, bem como a ideia de que sendo mais otimista se daria melhor com o quarto irmão a partir dali. Esperava que ainda fosse cedo para consertar as coisas.

 

Encontraram Ichimatsu e a mãe perto de alguns rapazes suspeitos, só que todos estavam caídos no chão. Alguns cortes no moletom do quarto irmão sugeriam que havia lutado com eles por qual fosse o motivo.

— Ei, vocês estão bem? — Osomatsu disse surpreso.

— Ichimatsu-nii-san? — Todomatsu disse preocupado.

— Heh, nem precisei me esforçar muito. — Ichimatsu disse, com um sorriso de canto, limpando um corte leve que tinha no rosto com a manga do moletom.

 — Ei, ei, eu tenho um kit bem mais higiênico para cuidar disso em casa. — Todomatsu disse com uma expressão aborrecida, segurando o braço de Ichimatsu.

— Lá vem o “senhor escândalo”, nem me feri tanto assim. — Ichimatsu disse, dando de ombros.

— Como assim “senhor escândalo”? Esse não é um nome nada fofo. Não combina nem um pouco comigo! — Todomatsu disse irritado.

— Haha, não é que você é resistente mesmo, Ichimatsu? — Osomatsu disse, dando uma chave de braço no quarto irmão, evitando assim uma possível briga de acontecer. Bagunçando os cabelos dele com a mão livre, continuou. — Eu já sabia, mas é sempre bom lembrar.

— Meninos... — Matsuyo falou, meio incerta, olhando ao redor.

— Hum? — Os três irmãos disseram, seguindo o olhar da mãe, vendo os rapazes se levantando outra vez.

— Vocês não morreram ainda? — Osomatsu disse decepcionado.

— Não que não dê para dar um jeito nisso. — Ichimatsu disse, estalando os dedos.

— Quem você acha que vai dar um jeito, seu *****? — Um dos delinquentes se jogou rápido na direção de Ichimatsu, para depois mudar seu foco com a ideia de acertar o sexto irmão, ao invés.

— Eh? Mesmo que não fui eu que te falei algo ofensivo? — Todomatsu disse surpreso.

Osomatsu deu um soco direto no estômago do sujeito antes que realizasse o que pretendia. Os outros delinquentes logo seguiram o caminho do primeiro e tentaram acertá-los. Contudo, os rapazes, antes em um grupo de sêxtuplos, estavam mais do que preparados para lidar com aquele tipo de situação. Até mesmo Todomatsu, que tinha sido pego de surpresa antes, lutou razoavelmente bem a ponto de a briga ser resolver em poucos minutos. 

— Vamos embora, meus NEETS, felizmente nada foi destruído então vamos fazer um bom jantar. — Matsuyo disse para os três com um sorriso cansado, aquela adrenalina toda provavelmente a tinha afetado de alguma forma.

— ‘Tá! — Os três disseram ao mesmo tempo com um sorriso.

Voltaram para casa em uma harmonia que há tempos não se via entre os quatro integrantes.

 

— Aquele cara que tentou acertar o Todomatsu se parecia muito com o Choromatsu, só que com um moicano! Não era o Choromatsu que eu acertei, não é? — Osomatsu disse sem entender.

— Nada. Choromatsu-nii-san é muito careta para fazer algo assim. — Todomatsu respondeu com um sorriso. Então, depois, deu um suspiro aliviado. — E valeu por aquela, Osomatsu-nii-san! Mas não espere nenhuma recompensa em dinheiro.

— Heh, você podia confiar mais em mim, Todomatsu. — Osomatsu disse, esfregando o dedo indicador embaixo do nariz, convencido. — Afinal, eu sou uma futura lenda carismática!

— Sei... assim como vou ganhar a maior das recompensas no pachinko! — Todomatsu disse irônico.

— Como assim? Você não se atreveria! — Oso disse, espantado, sem entender.

Todomatsu apenas colocou uma palma da mão no rosto com frustração.

— Eu podia ter resolvido tudo sozinho. — Ichimatsu se manifestou, dando de ombros. — Mas foi divertido. Então, agradeço... eu acho.  

— Ah, não precisa ficar com vergonha, Ichimatsu! — Osomatsu disse, abraçando o quarto irmão. — Pode falar pro seu irmão mais velho que você adora ele.

— Ei, ei, isso não tem nada a ver com o que ele disse!  — Todomatsu disse em tom de bronca, mas com um sorriso.

Dessa forma, o sexto irmão não demorou em abraçar os dois também. Por que se manter de fora daquela atmosfera alegre?

Talvez estivessem chegando perto de uma resposta, de alguma forma.

 

Aquilo havia sido o começo de dias mais tranquilos entre os três Matsunos. Quem sabe até mesmo um pouco tranquilos demais. E a primeira pessoa que havia percebido isso não havia sido nenhum dos três, mas a própria Matsuyo, que puxou Ichimatsu para uma conversa um dia e disse:

— Estou me mudando daqui. Cuide bem de seus irmãos, Ichimatsu.

O tom calmo não havia diminuído o peso das palavras no quarto irmão.

—... fizemos algo errado? — Ichimatsu disse em um tom contido, controlado de forma que não deixasse transparecer o tanto de desespero que estava sentindo.

— Nada, não se preocupe quanto a isso. — Matsuyo disse, fazendo gesto de pouco caso com a mão. — Sabe, mais do que nunca acho que vocês precisam agora de seu próprio espaço. Eu vou ficar bem.

Dessa forma, a mãe contou ao quarto irmão que havia conhecido recentemente um homem muito gentil e que o apresentaria quando possível. Ichimatsu suspirou, uma vez que não parecia ser uma brincadeira e que iria acontecer mesmo, pelo menos era o que a determinação e o contentamento no olhar de sua mãe diziam, quem sabe algo de resignação também, esse último provavelmente com relação a seus filhos.

Não conseguia entender o que a mãe queria dizer quando falava que eles ficariam bem sozinhos. Melhor, precisavam. Quer dizer, era algo mais do que bem-vindo quando Matsuyo estava tão centrada neles desde que chegaram no novo lar. Era bom que ela encontrasse alguém quando o relacionamento anterior não tinha dado certo. Mas Ichimatsu ao mesmo tempo já tinha uma ideia de quais seriam as reações do primeiro e do sexto irmão sem nem ao menos falar com eles.

Previa um caos. Teria sido por esse motivo que a mãe tinha resolvido compartilhar aquela informação com ele antes?

— Entendo, eu vou... vou falar com eles. Com licença. — Ichimatsu disse, e então saiu apressado da cozinha direto para o banheiro.

Imaginar que poderiam voltar para o tempo sombrio dos primeiros dias ali lhe dava vontade de vomitar.

 

O desenrolar foi preciso como se ele tivesse visto o futuro em uma bola de cristal. Osomatsu ficou incrédulo, Todomatsu irritado para então ficar triste. Entretanto, ao ver os irmãos frente a frente, foi como se a tirada da venda, desempenhada pelas indiretas de Matsuyo, se fizesse presente e Ichimatsu entendeu enfim a mensagem por trás do código.

Aquele magnetismo que pareciam envolve-los, distanciando-os do mundo, como se tudo ficasse mais lento. Sem perceber aqueles dois seguravam as mãos de uma maneira querida e lhe lançavam olhares de maneira querida. Era algo além do que eles poderiam ter imaginado estar ali.

— Não acho que a gente tenha uma forma de fazer ela mudar de ideia. Parece que... ela viu o que estava acontecendo e resolveu nos ajudar.

— Como nos abandonar é ajudar em alguma coisa? — Osomatsu disse aflito.

— Osomatsu-nii-san. — Todomatsu disse, e o aperto na mão ficou um pouco mais forte.

— D-Desculpa... — Oso disse sem jeito.

— Está tudo bem! — Todomatsu disse, fazendo com que a cabeça de Oso se apoiasse em um de seus ombros, por meio de um abraço. — Se a gente conseguiu superar uma perda antes, de alguma forma consegue agora também.

— Eu entendo isso, mas... — Osomatsu disse, a voz abafada por estar ainda encostado no ombro do irmão, a intensidade na voz sumindo aos poucos. — Não consigo deixar de pensar... que vocês vão estar indo embora também...

Ichimatsu se aproximou dos dois com um suspiro e bagunçou os cabelos de Oso, dizendo:

— Ninguém mais vai embora, Osomatsu-nii-san. Isso provavelmente só aconteceu porque estamos próximos demais.

— Mesmo? Nós estamos? — Todomatsu disse muito surpreso, olhando para o quarto irmão.

Ichimatsu observou bem o quanto o sexto irmão não parecia querer soltar Osomatsu por nada, assim como o olhar iluminado que também estava lhe dirigindo, e disse com um sorriso pequeno:

— Você pode ser bem lento quando quer, Totty.

Todomatsu iria protestar quando ele e Ichimatsu ouviram as risadinhas abafadas, mas contentes, de Osomatsu.

— Está melhor? — Todomatsu perguntou para ter certeza.

— Uhum. O Onii-chan consegue dar conta de algum jeito...

— Isso é bom. Então, olha para mim um instante. — Ichimatsu pediu bem perto dos dois.

Quando Osomatsu olhou para ele, os olhos ainda meio marejados, Ichimatsu deu uns beijinhos na testa do irmão, assim como nas pálpebras dos olhos e bochechas. Não demorou para que aquela ação fizesse o rosto de Osomatsu ganhar várias tonalidades de vermelho.

— Ei! Isso não foi justo, Ichimatsu-nii-san, eu também queria fazer isso. — Todomatsu disse meio aborrecido, dando sua parcela de beijinhos no rosto de Osomatsu.

— Quê? Quê? — Osomatsu disse, sem entender, com um sorriso tremido entre felicidade e falta de jeito.

— Se é para ficar aborrecido melhor ficar logo, nii-san. — Ichimatsu avisou.

— Ah, como se eu pudesse! — Osomatsu disse com a voz ainda um pouco instável. — Hum, eu não ia me importar em receber mais alguns.

Todomatsu e Ichimatsu trocaram olhares para então atender ao pedido do seu irmão mais velho por um tempo mais amplo.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos!