A Escolha de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 4
Plano Mortal




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Hermione piscou mais de uma vez sem poder processar tudo  o que havia acabado de escutar nos últimos minutos.

Enquanto ela estava na Inglaterra, ela era a líder dos rebeldes. Agora que estava na Itália, as coisas mudaram de figura. Ela estava numa casa de rebeldes próximo a Basílica de São Pedro. Lá fora, os transeuntes andavam livremente pela rua, sem saberem que uma guerra se aproximava. A líder dos rebeldes na Italia, Isabella Toroni, tinha o apoio secreto do Ministério da Itália que temia uma guerra a qualquer minuto, afinal, os ministérios da Franca, Alemanha, Espanha, Portugal e Dinamarca já haviam sido subjugados.  Lucius Malfoy havia encaminhado uma carta para todos os Ministérios com a seguinte ordem: aliança ou morte. O Ministério da Itália estava concordando com uma aliança, mas secretamente estava auxiliando Isabella em suas ações. Os rebeldes da Itália eram os mais bem munidos, os mais bem coordenados, por isso, Hermione a procurou. Achou que sua experiência na Inglaterra poderia ajudar e ajudou. Depois de algumas infiltrações, Isabella agora surgiu com um novo plano, mas Hermione não concordava com ele.

— Draco Malfoy é fraqueza de Lucius Malfoy. Se destruirmos Draco, destruiremos Lucius. É simples, Srta. Granger – dizia Isabella num inglês com um forte sotaque italiano.

— Isto não procede, Toroni. – reclamou Hermione. – Lucius e Malfoy não tem um bom relacionamento. Eu sou a prova disto. Como você acha que consegui sair da Inglaterra?

— Você já me contou isso... mas eu não sei se acredito em você. Você pode ser uma espiã dupla.

— É por isso que criou esse plano? Pra me testar? – perguntou Hermione, aborrecida.

— Também. Se você é uma espiã dupla, você não irá completar a missão. Se não, você fará o que eu pedi para você fazer...

— Matar Draco Malfoy? – repetiu Hermione, sentindo uma desagradável sensação em seu estômago. Matar Draco era quase impossível. Ainda assim, se houvesse a possibilidade, seria ela capaz de matar o homem que a libertou de um destino horrível? Afinal, Draco cumpriu sua promessa para com ela. Ela procurou Gongon no Cabeça de Javali e ele a tirou imediatamente do país. Apesar de todas as fronteiras, todas as chaves de portais e toda a rede flu estarem sob monitoria.

— A vida de Draco Malfoy pode salvar milhões. Você sabe disso... – dizia Isabella, firmemente.

— Entendo... mas ainda que eu possa fazer isso, há uma grande chance de que eu morra antes de completar a missão...

— Todo rebelde deve ser capaz de colocar a missão em primeiro lugar e sua vida em segundo.

Hermione ponderou as palavras de Isabella. Ela tinha razão por um lado. Como uma rebelde, ela deveria dar a vida pela missão. E daria. Mas aquela missão era suicida e sem muita estratégia.

— Se você estiver com medo Hermione, eu entendo. Mas você precisa entender que também parece suspeito.

— Ah... – Hermione fez um muxoxo. – Está me dizendo então que... eu ou morro pela missão... ou você me mata...

— Você já estava morta antes mesmo de chegar aqui, Hermione... – disse Isabella com uma sinceridade que chocou Hermione. Eu sei que você só pode ser uma agente dupla, então, me desculpe por colocar você nessa posição, mas não tenho outra escolha. Você chegou até a mim, mas eu coordeno 20 casas de rebeldes, e preciso descartar você antes que...

— Eu sei, eu entendo... você não precisa terminar a frase – falou Hermione, aborrecida. De fato, ela compreendia. Ela ter estado num campo de concentração e ter sido libertada era muito suspeito. Hermione sabia que sua vida estava mesmo por um fio. Só não queria que sua morte fosse inútil. – Vou tentar cumprir a missão!

Hermione olhou para o relógio. Timing era importante naquela missão frívola. Sabia que Malfoy sempre ia ao Ministério da Magia exatamente às 10 da manhã todas as sextas feiras para fazer o relatório ao seu pai, Lucius Malfoy, o então Ministro da Magia.

Um pouco antes das 10 horas, Hermione cruzou a rua e usou um dos telefones públicos para entrar no Ministério. Surgiu no hall de entrada onde Comensais cruzavam de um lado para outro com seus usuais capuzes.  Ela andava titubeante, imaginando quando alguém a pararia. Ela havia entrado no Ministério usando a poção polisuco, então sabia que os outros a estavam vendo como Doris Jameson, uma comensal que estava desaparecida há alguns dias. Na verdade, Doris era uma prisioneira dos rebeldes da Itália. Isso lhe daria algum tempo antes de ser capturada.

Um pouco indecisa, Hermione caminhou até o elevador. Ela tinha que dar um jeito de se aproximar o máximo possível do salão principal do Ministério onde ficava a sala de Lucius e onde ela poderia encontrar Draco Malfoy. A porta estava quase se fechando, mas abriu-se novamente e um homem entrou. A princípio, Hermione não se ateve em reconhecer quem entrara, mas escutou um voz grave, profunda, que fez seu coração pulsar:

— Como você está, Doris? Soube que estava desaparecida. Está tudo bem?

Hermione olhou para o lado e teve que se apoiar na parede do elevador para não cair, pois Draco estava do seu lado.

— Você está pálida? Algum problema? – perguntou ele, olhando para ela com aqueles olhos azuis inquiridores.

— Sim... tudo bem... – respondeu ela, sem reconhecer a própria voz.

Draco estreitou os olhos como se estivesse desconfiado.

Hermione tentou controlar a respiração. Seu mundo todo parecia estar virado de cabeça para baixo ao vê-lo, mas tentou se lembrar do plano de Isabella. Ela tinha colocado uma capsula grudada ao dente. Só o que ela precisaria fazer era morder com força qualquer parte do corpo de Draco Malfoy. A capsula continha um veneno poderosíssimo e o mataria em segundos. Quanto a ela, o veneno provavelmente não a mataria, pois ela havia tomado um antídoto. Mas ainda que ela não viesse a morrer no momento, Hermione sabia que o Ministério a executaria de pronto.

Então ali estava ela, no momento mais crucial de sua vida. Draco estava a sua frente e os dois estavam sozinhos: melhor oportunidade para mata-lo não havia. A oportunidade se apresentara ainda melhor do que planejara. Contudo...

Ali estava ela, olhando para o homem que deveria matar. Ela já matara antes. Já o fizera para salvar rebeldes em lutas que era matar ou morrer, mas para falar a verdade, não matara ninguém que realmente conhecera. Não como Draco. Draco fora seu colega de escola durante anos, ainda que já inimigos declarados naquela época. Entretanto, o que mais pesava em seu coração é que Malfoy a havia libertado do campo de concentração. Ele poderia tê-la matado ou tê-la mantido sob tortura, mas salvou-a. Como ela poderia ser tão ingrata a ponto de mata-lo? Por outro lado, como ela trairia sua própria causa?

— Doris, você realmente não parece bem... o que aconteceu? – perguntou Draco, segurando Hermione pelos ombros.

Aquilo foi a gota d’água. Talvez porque contivera as lágrimas até aquele ponto, talvez porque estava nervosa demais para controlar as próprias emoções, de qualquer forma, Hermione começou a chorar copiosamente, sentindo o corpo todo tremer, diante do toque de Draco.

— Eu sinto muito, Draco... – balbuciou ela.

Draco arregalou os olhos, ainda mais suspeito do que estava acontecendo.

— Você nunca me chamou de Draco antes, Doris... – disse ele, segurando Hermione firmemente em seus braços... – Se é que você é Doris...

Hermione sabia que era a hora. Queria poder estender aquele momento mais alguns minutos, dar a Draco a chance de viver mais alguns minutos.  Segurou o braço de Draco firmemente. Só bastaria dar um puxão e morder bem forte e seria o fim.

— Eu sinto muito, Draco... sinto muito mesmo – disse ela, sentindo o corpo todo tremer.

— Não sinta... às vezes temos que fazer o que temos que fazer... amor... – disse ele, olhando em seus olhos profundamente.  De alguma forma, parecia que ele sabia que era ela. Ele a chamava de “amor”. Só ela? Ele chamaria Doris Jameson de “amor”?

A porta do elevador abriu-se de repente e dois comensais conhecidos entraram. Malfoy e Hermione se largaram e ela encolheu-se no canto.

— Bom dia, Senhor... – disseram os homens, sem dar muita importância para ela.

— Bom dia... – respondeu Malfoy, mas continuou olhando discretamente para Hermione.

A porta do elevador mais um vez abriu. Hermione sabia que estava no salão principal. Quando Draco saiu para fora, ela o seguiu.

O salão era enorme e havia muitas mesas com pessoas trabalhando. Papeis voavam por todo o lado e ninguém prestava atenção em ninguém.

Draco começou a andar vagarosamente, olhando de soslaio para o lado. Hermione o acompanhava passo a passo, como se estivessem em uma dança particular e o mundo todo simplesmente se dissolvesse ao lado deles.

Ele parou diante uma porta. Era a porta do chefe dos Aurores, o posto que Draco ocupava. Ele abriu a porta, mas não entrou imediatamente. Discretamente, ele estendeu a mão, indicando que ela entrasse.

Assim que eles entraram, ele fechou a porta.

— Eu achei que você estava muito longe daqui, Hermione... – disse ele, aproximando-se dela e antes que ela pudesse evitar, ele simplesmente a abraçou, envolvendo-a completamente em seus braços, afagando seus cabelos.

Hermione deixou-se entregar àquele afago, repousando sua cabeça nos braços do homem que viera matar. Queria que ele não agisse daquela forma. Como ela poderia matar alguém que a tratava com carinho? Logo ele, que sempre a tratara tão mal no passado? Por que agia daquela forma agora? O coração de Hermione batia forte em seu coração, esmagando-a com aquelas questões para as quais parecia não haver respostas.

— Faça logo o que veio fazer, minha querida... – disse ele, suavemente em seus ouvidos – Mate-me... ou entregue-se a mim...


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