A Escolha de Hermione escrita por Angel Black


Capítulo 2
Escolhas




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Hermione acordou sobressaltada, sem saber onde estava. Por um minuto, pensou que estava novamente naquele trem com pessoas esmagadas, lamuriando-se por um futuro incerto no campo de concentração. Noutro momento, imaginou que estava de volta no bosque onde passou os últimos dias antes de ser capturada. Mas então, veio a lembrança da captura. Veio a lembrança de ver os corpos dos seus irmãos de batalha jogados em valas improvisadas no meio da floresta. Sem ter tempo para chorar a perda de pessoas queridas, os capangas de Malfoy simplesmente a arrastaram dali e a jogaram no trem.

Hermione só lembrou onde estava ao ver o rosto de Draco preocupado perto de si. Ele estava deitado na beirada da cama e a observava capciosamente.

É claro! Ela estava na alcova de Draco Malfoy, o homem que a perseguira por meses a fio. Entretanto, ao invés de trata-la como a uma daquelas pobres almas na masmorra do castelo, ele a tratava como uma “convidada”, trazendo-a para seu quarto e para a sua cama.

— Bom dia, Granger. Você parece melhor, mas parece assustada. Tudo bem?

Hermione quis gargalhar na cara dele, mas se conteve. Como ele poderia perguntar se estava tudo bem com ela? Como ele tinha o disparate de lhe dar bom dia quando eram inimigos jurados?

— Trouxe o seu café da manhã – disse ele, apontando para uma bandeja que estava no criado mudo.

Aquilo fez Hermione lembrar de que ela não comia já fazia três dias. E antes, sobrevivia a sopas de raízes comestíveis que ela encontrava na floresta onde se encontrava escondida por três meses antes de ser capturada. Embora ela quisesse negar o alimento e jogar a bandeja na cara de Malfoy, seu estomago a traía.

Draco sorriu ao perceber no olhar de Hermione o quão faminta ela estava e ajudou Hermione a se sentar. Ela fez os movimentos lentamente a princípio, imaginando que todo o seu corpo reclamaria por ter sido torturado no dia anterior, contudo, já não sentia nada.

— Parece que a poção de cura fez efeito – comentou ele, parecendo ler sua mente.  – Agora tente comer algo. Você está demasiadamente magra, amor...

Quando Malfoy colocou sobre o seu colo a bandeja, Hermione não conseguiu controlar o instinto e atacou as torradas, a geleia, as frutas e o suco. Quando percebeu, a bandeja estava vazia.

— Você não tem passado por bons momentos nos últimos meses, não é?

— A culpa é sua, Draco – respondeu Hermione, depois de tomar todo o suco. – É você quem está fazendo isso. Perseguindo-me como se eu fosse um rato a ser esmagado.

— Você escolheu ser uma rebelde, Granger, ainda que Harry Potter tenha sumido. De que vale a pena lutar, Hermione? Apenas me diga. Durante Hogwarts, você esteve de acampamento em acampamento com Potter, fugindo para manter-se viva. Por acaso, sua situação mudou muito agora? – perguntou ele, provocativo.

— O que é que eu poderia fazer, Malfoy? Eu luto pelo que eu acredito. Ademais, sou nascida trouxa, não posso mudar isso. – retrucou ela.

— Se tivesse se casado com um nascido bruxo, um puro sangue, alguém influente, você não teria que ser uma rebelde e nem passar dificuldades. Mas o que você escolheu? Ser rebelde: ficar do lado de Potter que sumiu do mapa, talvez esteja em algum lugar escondido. E Wesley? Ele é ainda pior.  Eu já sei o que todos dizem: que você é apaixonada por Ronny Weasley. Isso é realmente desconcertante. Uma mulher tão brilhante quanto você apaixonada por um boboca como Weasley.

— E se eu estiver apaixonada por Rony, qual é o seu problema com isso? – perguntou ela, com raiva.

Draco sorriu debochadamente, mostrando seus dentes alinhados e perfeitos.

— Rony foi tão incompetente que foi um dos primeiros rebeldes a ser capturado. Depois de ter sido torturado, os agentes do ministério concluíram que ele é tão inútil que nem vale a pena matá-lo. Ele está preso desde então. Eu sei muito bem que você poderia ter libertado Weasley, mas não fez isso. Imagino que você não quis arriscar nenhuma vida por alguém tão ignóbil.

Hermione queria dar um tapa no rosto de Malfoy, mas ele falara a verdade. Hermione tinha espiões no Ministério. Eles haviam garantido a ela que Rony não estava mais sendo torturado e que não seria enviado para Azkaban.  Por isso, Hermione julgou que ele estaria mais seguro preso com os inimigos. Ela bem sabia que ele era desastrado e que não era a pessoa mais segura do mundo para ser auror ou praticar defesa contra as artes das trevas. Cortava-lhe o coração fazer isso com Rony, mas era melhor do que perdê-lo para sempre.

— Talvez você tenha razão, mas e daí? Eu sou nascida trouxa. É o que sou. É minha identidade. Não vou me casar com um idiota influente só para salvar meu pescoço. Eu prefiro me casar com Rony que sempre foi meu amigo ou até mesmo com Harry. E você, Malfoy? Ah...? O que você esta sugerindo com esse papo de me casar com um “puro sangue”.

Malfoy sorriu e se aproximou de Hermione, a ponto de seus lábios ficarem a poucos centímetros de distância.

— Rony é um idiota e Potter é um covarde. E eu, minha cara, se você fosse minha mulher, jamais deixaria que nada disso acontecesse com você. Se você fosse minha, seria uma rainha, não uma prisioneira...

Hermione engoliu em seco ao sentir a aproximação de Malfoy e virou o rosto, sentindo sua face ruborizar. Ele sorriu e se afastou.

— Acha que eu não sei o que você está fazendo, Malfoy? – disse ela, tentando disfarçar o constrangimento. – Você disse aos seus “amiguinhos” que tinha um método mais eficaz. Acha que me seduzindo eu contaria tudo o que sei?

— Amor, eu não estou tentando te seduzir – disse ele, sorrindo. – Eu só quis te tirar dali. Sabe, eu conheço Wily Bury há muitos anos. Ele é filho dos Bury que são puro sangue já há várias gerações. O problema é que Willy nasceu um aborto. Você imagina o que é isso? Ser um aborto numa família de puro sangue?. Meu pai era um primo distante dos Burys por isso eu fui na casa dele algumas vezes, quando estávamos de férias em Hogwarts. Desde muito jovem, os pais de Willy diziam para ele que ele era um erro, um incompetente, alguém incapaz, um fardo. Tempos depois, quando Voldemort estava no poder dos comensais, Willy torturou uma garota. Ela falou tudo o que sabia, mas Willy simplesmente não parava.  Eu a matei depois que ele se cansou. Se você visse o estado em que ela ficou, Hermione. Ninguém pode se curar daquilo. Ela implorou tanto que eu tive que fazê-lo e eu tenho uma regra de jamais machucar ou torturar uma mulher, mas tive que mata-la. Bem, o que estou tentando dizer é que, depois de ter torturado a pobre garota, o pai e a mãe de Willy o chamaram e disseram que estavam muito orgulhosos dele.  O pai dele chegou a dizer: “Nisso você é bom, Willy, você realmente é bom”. Você sabe o que isso pode fazer numa mente despreparada? Willy se convenceu de que ele só presta para torturar. Se inicia uma tortura, só irá pará-la quando a vítima morre, Hermione e acredite, ele pode fazer uma pessoa durar durante muito tempo. Eu quis te salvar, Hermione, afinal, fomos colegas de escola.

Hermione escutou aquele relato silenciosamente. Imaginou que Wily Bury era o homem de avental de açougueiro. Estremeceu ao pensar em uma garota sendo torturada impiedosamente. E ainda mais em saber que ele matara uma garota. Desde que Lucius Malfoy ascenderá como Ministro da Magia, Draco passou a ser o líder do exército do Ministério composto por comensais da morte e outros nascido bruxos. Nunca pensou muito em tudo o que Malfoy vivera estando do outro lado da resistência. Mas agora que pensava nisso, imaginava que ele havia feito muito mais do que matar uma garota.

— Sei que não acredita em mim e está desconfiada de meus motivos, mas isso não importa, Hermione. Agora, você não tem mais escolha. Você é minha para que eu faça o que eu quiser. Se eu quiser que você morra, não há nada que você possa fazer para impedir. – disse ele, com  um tom ameaçador que fez Hermione estremecer mais uma vez - Você precisa ter isso em mente, Hermione: você é minha agora. Mas não se preocupe, amor, não vou matar você, nem machucá-la.

— E quais são as suas intenções, então? – perguntou ela, temendo pela resposta.

Malfoy sorriu novamente e havia uma nuvem escura em seu olhar que fez os olhos de Hermione marejarem. Ela estava no inferno e Malfoy era o próprio diabo!


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