A Cidade do Sol escrita por Helen
Porcelana acordou com o peso do olhar de alguém. Virou os olhos, assustada, para o corcunda. Recuou pra trás e bateu as costas na parede do cubículo. Uma luz, que imitava a luz do sol, iluminava com fraqueza o lugar.
— M-me desculpa, me desculpa! – dizia ela, apesar de não ter ideia do que estava se desculpando.
— São azuis... – disse Querido, admirando os olhos arregalados de Porcelana, perplexo.
— Para de olhar pra mim, ô! Seu esquisito! – repetiu o comportamento conforme as “aulas” que sua mãe lhe dera de como se comportar diante de gente estranha.
— Rude. – virou os olhos.
— Rude é você, batendo com uma pá nos outros!
— Desculpa. – fitou Porcelana – Mas ninguém humano tem coragem de andar comigo. Não consciente, pelo menos.
— Se você não fosse tão estranho...
— Meu pai está trabalhando nisso.
— Quem é seu pai?!
— O rei.
—... o rei? – as aulas de Nazaré também incluíam o interesse e respeito por pessoas de grande poder aquisitivo.
— Sim, o rei de Castle Hill, onde estamos agora.
— Eu estou em Castle Hill, já?!
— Sim.
Porcelana comemorou.
— Um monte de quilômetros de distância da minha cidade! Finalmente! Um mundo novo e desconhecido se abre diante dos meus olhos!
Querido estava confuso. Ela não tinha sido sequestrada? Por que estava comemorando?
— O que foi? – perguntou Porcelana, já mudando de atitude para com o possível príncipe.
— Você não foi sequestrada?
— Que? Não. – ela riu. – Na verdade eu tive que implorar pra Bianca me deixar ir com ela pra cá.
— Bianca? – não conhecia Inocência.
— Uma menina toda sem vergonha, que usa uma legging, tem olhos violeta... conhece não? Ela anda com Teodoro.
— Teodoro?
— Um menino loiro, todo gentil e legal... – suspirou – Quer dizer, o dono da Carla.
— Ah, Caramelo. – só sabia um dos nomes de Teodoro. – Mas como você sabe o outro nome deles?
— Eles me disseram, dã.
— Faz sentido... – Querido se sentiu um pouco burro.
— E você? Qual seu nome?
— Querido.
— Que nome brega. – ela deu uma risada.
— Não fale assim do nome que meu pai me deu!
— Tá bom, desculpa. – não falava muito sério.
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