A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 13
Ironia.




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Quando percebeu que Bianca estava vestida com a roupa mais vulgar que conhecia, Porcelana questionou dentro de si a que destino Caramelo a levaria. E também se perguntou como diabos alguém teve o sarcasmo de lhe pôr como segundo nome "Inocência".

Seu desconforto dentro de Carla só crescia cada vez mais, a cada detalhe que percebia: uma faca descansando no porta-luvas semi aberto, o cheiro fraco mas insistente de fumo, e o pior: um arco tão belo quanto perigoso, pendurado bem acima de Caramelo.

Porcelana começou a tremer de medo, no fundo da Kombi.

...

Ninguém vigiava o portão àquela hora. Carla passou com graciosidade pelo posto de vigia, atravessou o túnel da muralha, e saiu em uma estrada de terra. Os dois sentados na frente começaram a bater papo para passar o tempo.

— Sua mesada foi gorda esse mês. — comentou Teodoro.

— Minha mãe fez outro desfile. Não sei como, mas ela ganhou muito com aquelas roupas ridículas.

— Essas que você está usando agora? — caçoou do suéter decotado que Inocência estava vestindo.

— Vai pro inferno! — ela rosnou. — Não compare isto com aquelas merdas que mãe desenha.

— Olha essa boca.

— Você que começou.

Porcelana nunca tinha ouvido uma palavra rude na sua vida. Por isso, tratou de começar novamente seu ritual de esquecer.

— Desculpa, Porcelana. — seu nome sendo citado por Caramelo interrompeu o processo. — Você não deve estar acostumada a ambientes assim.

— Claro que não. Ela é a riquinha da escola. — Bianca possuía uma raiva latente. E justamente naquele dia, ela quis descontá-la em qualquer oportunidade. — Por que diabos acha que o nome dela é Porcelana? Duvido até mesmo que ela saiba o que é "merda".

Inocência se virou violentamente no banco e fixou os olhos na figura trêmula de Porcelana, dizendo:

— Ei, sabe o que é "merda"?

— Se vire pra frente, Bianca. — Caramelo se arriscou tirando uma mão do volante e a usando para empurrar a garota de volta pra frente.

— O que?! Foi só uma pergunta.

Ele a encarou, pondo a mão de volta no volante. E isso foi o suficiente para calar sua boca.


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