A Cidade do Sol escrita por Helen


Capítulo 129
Boa.




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O topo da árvore era pequeno. A estrutura do lugar se assemelhava a um balão de ar quente: o cesto de vime era o toco da árvore o balão eram todos os galhos prateados. A prata dos galhos era tão bonita, tão polida, que refletia as nuvens de um jeito que parecia que seus galhos eram as próprias nuvens. A pouca luz do céu batia nos espelhos e acabava refletindo em outros espelhos da árvore, o que continha a luz naquele ponto e deixava tudo mais claro, tanto fisicamente, como na mente de Bendito.

Mas o dia estava terminando, e a luz pouco a pouco ia se esvaindo... Tudo já estava quase escuro quando os dois meio monstros tinham chegado lá em cima. E nada do desenho de sol.

— Aquela velha nos enganou! – disse Bendito. – Aqui não tem sol nenhum!

Querido se sentou no chão espelhado, que não o refletia muito bem por causa da pouca luz. Não havia alimento restante na sua mochila. Bendito encarou a cena, revoltado. Além de estarem em cima de uma árvore gigantesca, estavam sem comida nenhuma! Nem água! Iam desmaiar de sede dali a pouco. Bendito entrou em estado de fúria e desespero, e tentou achar o lugar por onde saiu, mas como a prata refletia tudo, ele não conseguia distinguir a entrada. Bateu forte com o pé no chão, e soltou um grito, que saiu meio rouco por causa da garganta seca. Começou a tossir.

Bendito se virou para o outro meio monstro e ficou esperando que Querido reclamasse, amaldiçoasse a velha, ou qualquer coisa do tipo. Mas ele continuou calado.

— Vai dizer nada não? Vai ficar aí, parado?!

— Não adianta ficar irritado. – disse o outro meio monstro, num misto de sabedoria e melancolia.

Bendito continuou em pé por algum tempo, mas depois se sentou. Tudo ficou escuro. A lua refletia uma luz fraca demais pra atravessar a barreira de nuvens, por isso a noite era muito escura. Mesmo assim, Bendito via o vulto de Querido sentado, olhando para o chão. Seus anos dentro de um porão o fizeram capaz de ver muito melhor no escuro.

— O que a gente vai fazer? – perguntou Bendito.

— O que tem pra gente fazer? – retrucou Querido. – Só se esperarmos amanhã, pra poder ver e descer de novo.

Bendito ia dizer alguma coisa, mas se convenceu de que Querido estava certo.

— Boa noite, então.

— Boa noite.


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