Marcas escrita por Kauane Santos


Capítulo 5
E ama sabendo que vai chorar


Notas iniciais do capítulo

VOLTEIIIIIIIIIIII ❤
OI AMORES E AMORAS DA MINHA VIDA.
Muito obrigada a todos que comentaram, vocês não sabem como isso me deixa feliz.
Espero que vocês continuem sempre comentando.
Bjs e até.



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Sabe quando você fica sem reação, sem saber o que fazer?

     Era assim que Nina se sentia enquanto as lágrimas banhavam seu rosto.

     Depois que ela fechou a porta não aconteceu como naquelas cenas de filme em que a mocinha cai no chão enquanto arrasta as costas pela porta, ela simplesmente chorou, chorou tudo que não havia chorado quando ele foi embora de sua vida.

     Ela achou que já havia cicatrizado, mas na verdade, aquela antiga ferida ainda estava aberta e estava doendo tanto, como nunca havia doído antes.

     Ela sabia que um dia os dois iam se encontrar novamente, sabia que uma hora ou outra esse reencontro iria acontecer, ela só não esperava que fosse tão cedo.

     Tá, talvez não fosse tão cedo assim, afinal, três anos era muito tempo, e foram nesses três anos que ela aprendeu a viver sem ele, sem suas manias e sem toda aquela rotina que envolvia ele.

     — E se ele morar aqui? — era o que ela perguntava pra sí mesma, se ele morasse naquele prédio seria praticamente impossível eles se evitarem — não Nina, tira isso da sua cabeça, ele não mora aqui! Deve ser aquele amigo dele. Isso! Com certeza é o amigo dele.

     Ela tentava se convencer enquanto andava de um lado para o outro na pequena sala.

     Ela pensou em todas as lembranças que tinha dele, lembranças estas que ela achava que havia esquecido mas que estavam em um lugarzinho na sua cabeça guardadas a cadiado, e por ironia Gastón era a chave que abria esse cadiado e a partir do momento em que ele apareceu essas lembranças foram libertas para assombra-la cada vez mais.

     — Calma Nina, fique calma, nada vai te abalar — ela dizia enquanto passava as mãos pelo rosto tentando limpar o rastro de lágrimas que havia se formado ali.

     Decidiu pedir uma pizza, não estava no clima para sair de casa pra comer fora e muito menos de encontrar Gastón no corredor, não correria o risco.

     Quando terminou de fazer o  pedido foi até o quarto tentar se distrair enquanto arrumava as roupas em seu guarda-roupa.

     Mas não conseguia se concentrar em nada a não ser nele.

     — Mas que droga, saí da merda da minha cabeça — ela massageava as têmporas e se censurava por pensar nele.

     Ouviu o barulho da campainha e imaginou ser a pizza, mas não podia arriscar.

     Quando chegou a porta, olhou pelo olho mágico e sentiu suas pernas ficarem bambas, colocou a mão sobre o trinco em busca de apoio.

     Não! Definitivamente ela não o atenderia, não podia, ainda estava frágil, não estava pronta para encarar-lo sem que se derramasse em lágrimas.

     — Nina, abre essa porta — ele falou do outro lado — eu sei que você está aí, a gente precisa conversar.

     — Não, a gente não precisa.

     — Sua voz continua a mesma sabia? — ele perguntou, ela pode sentir que ele sorria do outro lado — por favor, me ouve e eu prometo te deixar em paz mas me ouve primeiro.

     Ela não poderia fugir dele para sempre, sabia disso.

     Respirou fundo e girou a gélida maçaneta que seus dedos tocavam.

     Ele estava ali, a olhando como se seus olhos pudessem expressar o que ele estava sentindo e assim ele não precisaria usar as palavras.

     — Posso entrar? — ele perguntou encostado no batente da porta.

     Ela deu espaço para que ele entrasse.

     Enquanto ela fechava a porta, ele observava o apartamento dela, não havia nada de muito interessante ainda, Nina não teve tempo de sair para comprar a decoração de sua nova casa.

     — Você se mudou à pouco tempo pelo que eu estou vendo — ele a encarou.

     — Me mudei hoje, mas não foi pra saber que dia eu me mudei que você veio aqui, não é mesmo? Então, se você for breve, eu agradeço.

     — Não, a gente precisa conversar sobre a... A minha vinda para cá e tudo que aconteceu nesse meio tempo.

     — Agora você quer conversar? — Nina o interrompeu — você não parecia querer conversar a alguns anos atrás — ela disse com toda pose de alguém que tinha a situação sob controle mas por dentro estava desmoronando.

     — Nina, me ouve — ele tentou se aproximar mas ela deu um passo pra trás — eu não me afastei de você porque eu quis, aconteceu muita coisa nesse tempo que a gente não se viu, mas em hipótese alguma eu me esqueci de você.

     "Todos os dias eu lembro do seu rosto ou das caretas que você fazia quando alguém vinha querer dar ordens á você, eu lembro de como você amava ler, lembro também de quando eu te chamava pra sair e você inventava uma desculpa porque não queria sair de casa ou de como eu te ensinei a andar de bicicleta e você levou um tombo feio... Nina, eu nunca me esqueci de você, a gente não esquece quem a gente ama."

     Como uma simples palavra pode ter tanto efeito sobre uma pessoa?

     Se procurarmos no dicionário a definição de amor, ele nos dirá que amor é afeição, que amor é um vínculo que nos une a outra pessoa, que amor é sacrifício.

     Se pararmos para analisar bem, essa não é uma simples palavra, essa palavra pode ter poderes quando carregada de mágoas e sentimentos profundos que foram escondidos a muito tempo.

     Nina abraçou o próprio corpo como se pudesse impedi-lo de ir de encontro ao Gastón e matar a saudade com um abraço.

     — Eu precisava de você, você não tem noção de como foi difícil pra mim, meu pai praticamente me descartou de vez, minha mãe não parava mais em casa e eu só queria alguém pra conversar, mas você não estava lá, eu te mandava emails, cartas mas você não respondia nenhuma, você tem noção de como é se sentir sozinha?

     Ela questionou com lágrimas nos olhos, ele não estava muito diferente, as lágrimas estavam em seus olhos também, Nina percebeu e percebeu também que ele não queria chorar para não se mostrar fraco.

     Pobre Gastón, mal sabe ele que quem chora um dia é porque já foi forte por muito tempo.

     — Nina, me perdoa — ele se aproximou mais uma vez, dessa vez ela ficou parada, não se moveu — eu não queria me afastar de você, é que aconteceram algumas coisas que foram totalmente contra tudo que eu planejei na minha vida.

     Enquanto ele falava, se aproximava mais e mais, até que Nina já conseguia sentir sua respiração sobre ela.

     Ela o olhou enquanto ele tocava e olhava em seu braço.

     Não tem como explicar, ser tocada assim por ele depois de tanto tempo era surreal, era como se seu corpo saisse de órbita.

     Ela fechou os olhos e soltou o ar que estava prendendo dentro de sí.

     Se deixou desfrutar desse momento em que ele subia sua mão até seu rosto e fazia o contorno de sua boca com o dedo.

     Ela abriu os olhos e viu que ele encarava seu rosto com um misto de confusão.

     — Eu sinto sua falta...

     Foi o que ele sussurou antes de a apertar em seus braços.

     Eles choraram, choraram tudo que não haviam chorado por anos, despejaram todas as mágoas e saudades ali, sem dizer uma única palavra, apenas sentindo o toque um do outro.

     Eles não sabiam como ía ser dali para frente, mas eles tinham a certeza de uma coisa, nada os iria separar novamente, nem mesmo a família, nem mesmo a distância.

     Foi ali nos braços dele que Nina entendeu o verdadeiro significado de uma frase de um livro de um famoso escritor brasileiro que havia lido um dia.

"...E ama, sabendo que vai chorar muitas vezes ainda. Afinal, foi chorando que ela, você e todos os outros, vieram ao mundo."

     Ela sabia que provavelmente ainda choraria por muitas vezes, mas não se abalaria porque pela primeira vez em muitos anos ela estava se permitindo amar novamente.


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Notas finais do capítulo

Próximo domingo tem mais, até lá, comentem e divulguem ❤



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