Ela escrita por EuSemideus


Capítulo 1
Ela


Notas iniciais do capítulo

Oi, pessoal! Então, estou aqui novamente! Essa one-shot faz parte de uma série de ones que estou fazendo dos meninos. São histórias completamente independentes, porém interligadas. Já postei a primeira que é sobre o Jin, se tiverem interesse o nome é A Vida Como Ela É.
Mas agora vamos a história! Espero que gostem ;)



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Ela

Apesar de tudo, Park Jimin não podia dizer que era um homem solitário. 

Era filho único de um casal trabalhador que dedicava boa parte de seu tempo ao Café da família, mas que não deixa de ser amoroso e atencioso com o menino. Havia se acostumado a viver passeando entre as mesas e conversando com os clientes, nunca se sentia sozinho. 

Quando entrara na escola, em seu primeiro dia de aula, um garoto o abordara. Ele tinha cabelos castanhos que quase cobriam seus olhos escuros e um sorriso diferente de tudo que o pequeno já vira. 

— Posso brincar com você? - ele perguntara apontando para as peças de lego espalhadas em sua mesa. 

Jimin assentira. Mal ele sabia que aquela breve conversa mudaria sua vida. 

O nome do garoto era Kim Taehyung e ele se tornara seu melhor amigo inseparável. Sempre acabavam encrencados na escola por conta de suas ideias e planos geniais, mas Jimin não se importava muito. Estava se divertindo e finalmente tinha um companheiro de sua idade e que o compreendia completamente. 

Depois que cresceu um pouco, se não estava ajudando os pais no Café, estava na casa de Taehyung. Fora lá que conhecera outros quatro garotos que mais tarde se tornariam seus amados hyungs e que introduzira Jungkook ao grupo, um menino que ele e o melhor amigo haviam decidido tornar o maknae. 

Seokjin, Yoongi, Hoseok, Namjoon, Taehyung e Jungkook. Aqueles seis garotos tinham se tornados os irmãos protetores, barulhentos, amorosos e irritantes que Jimin nunca pensara que viria a ter, mas não podia estar mais agradecido pela existência de cada um deles. 

Jin, Namjoon e Taehyung eram irmãos de sangue. Os outros, assim como o próprio Jimin, haviam sido introduzidos naquela família por seus amigos e não fizeram questão de sair. 

Quando decidira cursar sua faculdade em Seul, assim como seus hyungs, alugara um apartamento junto com Taehyung. Teria ido morar junto com os quatro mais velhos que já estavam na cidade, mas não havia espaço para os dois onde eles viviam. Dois anos depois ganharam a companhia de Jungkook.

Então lá estava ele, jogado no sofá do apartamento que dividia com seus irmãos. Havia acabado de terminar seu quinto período de administração com bastante esforço e só queria descansar depois da maratona de estudo que as semanas anteriores haviam sido. Porém aquele não parecia ser o plano de Taehyung. 

— Vamos, Jiminnie - insistiu seu irmão, jogando-se ao seu lado - Vai ser divertido! 

Observou o rapaz por um momento.  Cabelos castanhos quase na altura dos olhos, sorriso divertido e contagiante. Mal pode evitar retribuir o gesto. 

Os alunos de alguns cursos haviam se juntado para promover uma festa em comemoração ao fim do semestre. Por mais que Tae insistisse que não seria nada demais, Jimin sabia muito bem o que aquilo significava. Música alta e muita bebida. 

Alguns meses antes o rapaz nem mesmo pensaria duas vezes antes de aceitar o convite, porém, por algum motivo,  as coisas haviam mudado. Talvez fosse a maturidade chegando, mas todo aquele barulho, álcool e aglomerado de pessoas não o atraiam mais. Até mesmo os relacionamentos não muito duradouros, ao que tinha se resumido sua vida amorosa até aquele momento, não pareciam mas corretos.

Jimin desviou o olhar e fitou o maknae pouco mais a frente. Jungkook nunca gostara daquele tipo de festa, mas sempre acabava indo para "tomar conta dos hyungs" como ele dizia. A garoto sorria amigavelmente e o encarava como se dissesse "Vamos, por Taehyung". 

O Park suspirou e bagunçou os cabelos pouco mais escuros que os do amigo que o fitava com ansiedade. 

— Ok - disse por fim, vendo Tae dar um soco no ar - Mas nada de exagerar ou voltar tarde. 

Taehyung levantou uma das mãos e Jimin sorriu, segurando-a. 

— Não se preocupe - garantiu seu amigo - Eu vou ter que tomar conta de uma dongsaeng de qualquer maneira. 

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Assim que Jimin chegou ao local da festa soube que estava certo. Antes de colocar o pé dentro da boate, pode ouvir a música retumbando em seus ouvidos. Seguiu o ritmo com pequenas batidas em sua perna. Sentiu-se envolvido pela música e sorriu. Se divertiria naquela noite. Aproveitaria o som, conversaria com seus amigos. Faria com que não viesse a se arrepender de ter saído de casa. 

E foi aquilo que fez. Quando notou, já estava rindo de alguma piada idiota que ouvira. O DJ era bom, precisava admitir. Chegou a considerar levantar-se de sua mesa e dançar. Aquilo era algo que sempre gostara. Chegara a frequentar uma academia de dança durante sua adolescência, junto de Hoseok-Hyung e Jungkook. As vezes ainda praticava com seus irmãos, mas não tinha tanto tempo quanto antes. Sentia muita falta daquilo. 

Depois de alguns minutos, viu-se somente com Jungkook e Taehyung. Sorriu ao notar que o mais velho não tinha colocado uma única gota de álcool em sua boca até aquele momento. Ele realmente estava cumprindo seu trato de não exagerar. 

— Você não disse que ia tomar conta de uma dongsaeng, Hyung? - perguntou Jungkook, chamando a atenção de Jimin, que estava perdido em seus próprios pensamentos. 

— Dongsaeng só para mim e Jimin - explicou Tae - Ela tem a sua idade, Kookie. 

O mais novo arregalou os olhos surpreso e Jimin não pode deixar de concordar com ele. 

— Como a conheceu? - indagou o Park, curioso.

Imagine a surpresa do rapaz ao ver seu irmão corar e desviar os olhos. O que estava acontecendo que Jimin não estava sabendo? 

— Uma Unnie dela é muito minha amiga - ele explicou simplesmente. 

Jimin virou-se para Jungkook, esperando que tivesse alguma resposta, mas o maknae parecia tão perdido quando ele naquela conversa. Viu o mais novo franzir as sobrancelhas. 

— Você não está falando da Charlotte, não é, Hyung? - perguntou seu irmão mais novo - Ela nunca viria a uma festa como essa. 

Tae abriu um sorriso envergonhado e Jimin teve vontade de bater em sua própria testa. Aquele era o sorriso que o irmão sempre mostrava quando sabia que havia feito besteira e tinha sido pego. Não sabia quem era aquela tal de Charlotte, mas esperava que ela não o matasse quando chegasse. 

— Taehyung-Oppa! - uma voz chegou a seus ouvidos entre as batidas da música, que ainda enchia o ambiente, impedindo que qualquer um deles dissesse algo. 

Jimin virou-se para saber de quem era aquela voz e foi então que a viu pela primeira vez. Os cabelos escuros e, impressionantemente, cacheados balançavam enquanto ela caminhava de forma decidida em direção a mesa deles. O corpo estava coberto por um vestido branco com detalhes em preto que caia solto, fazendo-a parecer um ponto de esperança em meio aquele lugar. O rapaz não pode evitar sorrir. Ela parecia tão pura. 

— Charlotte! - exclamou o moreno ao seu lado - Pensei que não viria mais! 

A garota parou a frente deles e cruzou os braços. Só naquele momento Jimin notou o quão baixa ela era. O rapaz sorriu, quase achando graça do quanto ela parecia frágil aos seus olhos. 

— Não deveria ter vindo mesmo! - ela reclamou - Você disse que era uma festa, Oppa! Não uma boate! 

Taehyung sorriu culpado e Jimin viu o mais novo a sua frente fitar o irmão ao seu lado, como se dissesse "Quero ver você sair dessa agora". 

— Mas é uma festa - disse Taehyung, levantando-se - Só que é uma festa em uma boate. 

Nem era preciso ver os olhos da garota pra saber que eles estavam faiscando. A morena podia ser pequena, mas certamente não era boba. Jimin riu internamente, Taehyung estava ferrado. 

O rapaz olhou em volta e suspirou. Mesmo que seu irmão não merecesse, iria ajudá-lo. 

— Acho que ainda não fomos apresentados - disse levantando-se - Muito prazer, Park Jimin. 

A garota o fitou surpresa, como se só naquele momento tivesse notado sua presença e então corou. 

— Por favor, desculpe minha falta de educação, não tinha lhe visto - ela disse se curvando - Muito prazer, Charlotte Bertolline 

Bertolline. Jimin repetiu aquele nome em sua cabeça. Aquela garota definitivamente não era coreana. 

— Como vai, Jungkook? - ouviu Charlotte perguntar. 

O mais novo sorriu e se levantou, tocando o ombro da garota, depois de uma reverência dos dois. 

— Estou bem, Charlotte - ele disse sorrindo - Desculpe-me pela mancada do Hyung aqui. 

Jungkook bateu no ombro de Taehyung, que ainda sorria envergonhado. A morena suspirou e relaxou os ombros. Pela primeira vez ela não parecia tensa ou brava. 

— Tudo bem - disse correndo os olhos pelos três e então fixando-se em Taehyung - Espero que me leve em casa como prometeu e saiba que não vou ficar muito tempo. 

O rapaz assentiu rapidamente. Ela fez mais uma reverência e então se afastou. Jimin observou-a até perdê-la entre a multidão de pessoas. Por um momento quis segui-la. Uma parte de si tinha medo que toda pureza que ela exalava fosse infectada por aquele ambiente. Jungkook tinha razão, aquele não era um lugar em que ela estaria. 

— Nem pense nisso, Jimin - ouviu seu irmão dizer e só então notou que era o único ainda de pé - Ela não é garota para nós. 

Fitou Taehyung confuso e tratou de ocupar sua cadeira novamente. 

Era verdade que já tivera um número considerável de namoradas, mas não era um pegador cafajeste. Nunca se envolvera com nenhuma garota de quem não gostasse. Seu problema era que apaixonava-se rapidamente e desapaixonava-se com a mesma velocidade. Aquilo lhe rendia relacionamentos curtos e que não envolviam sentimentos profundos. 

Com Taehyung as coisas eram diferentes. Apesar de se entregar de corpo e alma para todas as garotas com quem se relacionava, elas nunca ficavam com ele por muito tempo. Sempre acabavam o deixando ou trocando-o por outro rapaz. Jimin sabia que aquilo havia afetado o comportamento do irmão, que passara a não querer se envolver seriamente com ninguém. 

— Ela merece um rapaz direito - Taehyung explicou, notando a confusão de Jimin - Alguém disposto a amá-la e protegê-la pelo resto da vida. De fazê-la sua esposa e de dar-lhe filhos. 

Jimin fitou o irmão e notou que apesar do semblante sério, sua voz tinha um quê de tristeza. Ele gostava de Charlotte? Não, não parecia ser isso. Mas algo certamente estava fazendo o Kim sofrer e ele descobriria o que era. 

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Assim que tivera uma oportunidade, Jimin fugira para um lugar menos barulhento. Por mais que gostasse de música, aquele som alto estava começando a dar-lhe dores de cabeça. Procurou por alguns minutos e logo encontrou alguns sofás parcialmente cercados por biombos. Aqueles deveriam ser lugares mais reservados para casais, mas para a sorte do moreno não havia nenhum por ali naquele momento. 

Ainda pensava no que Taehyung dissera. Não conhecia Charlotte, mas só de vê-la sabia que o irmão estava certo. Aquela garota era especial e nem mesmo aquele novo Park Jimin, que estava começando a se formar, merecia-a. Ainda se impressionava com a luz que ela parecia emitir. As pessoas nem mesmo a encostavam, pareciam saber que ela não pertencia àquele lugar. 

— Unnie, eu não tenho culpa! - ouviu uma voz dizer e logo reconheceu como sendo Charlotte. 

Olhou em volta procurando-a e conseguiu vê-la por entre um biombo quando se inclinou um pouco. A garota estava jogada em um dos sofás, ela tinha um das mãos segurando o telefone contra sua orelha, enquanto a outra brincava com a barra de seu vestido. 

— Tae-Oppa não me disse que era uma boate! - ela se justificou para a pessoa ao telefone - Se eu soubesse não teria vindo! Só estou aqui ainda porque preciso da carona para voltar para casa. 

Tae-Oppa. Eles pareciam ser realmente bem próximos. A ideia de que seu irmão talvez gostasse dela voltou a sua mente, mas ele logo a afastou. Não achava, ou não queria achar, que aquilo fosse verdade. 

Tentou puxar na memória qualquer menção de seus irmãos sobre ela. Lembrava de algo sobre uma garota muito amiga de uma amiga que Taehyung fizera no primeiro ano de faculdade. Não sabia se era ela, mas sua única opção era acreditar que sim. 

— Não sei - disse Charlotte alguns segundos depois, chamando novamente sua atenção - Talvez ele tenha pensado que SoHee-Unnie viria comigo. 

Uma luz se acendeu na mente de Jimin. SoHee, esse nome ele conhecia. Na verdade, até mesmo conhecia a dona dele. Era uma amiga de Taehyung. Seu irmão a tinha conhecido no segundo período da faculdade. Ela cursava arquitetura e acabara em uma aula junto com ele, que era estudante de engenharia, depois que o rapaz bagunçara toda sua grade. Estaria o Kim gostando dela? 

— Unnie! - a garota exclamou. Jimin concentrou-se nela novamente - Já disse que não foi minha culpa! 

O rapaz não pode deixar de sorrir quando viu que a garota tinha um bico nos lábios. Ela estava fazendo Aegyo?

— Não vou demorar, Unnie, prometo - disse Charlotte - Vou esperar mais quinze minutos e vou atrás de Taehyung-Oppa. Não precisa me esperar acordada se não quiser. 

Jimin sorriu involuntariamente quando viu a garota abrir um sorriso carinhoso. 

— Também te amo, Unnie - ela disse adoravelmente - Tchau. 

O moreno recostou-se no sofá em que estava, ainda exibindo um sorriso em seus lábios. Quis, com todas as suas forças, um dia ser o motivo daquela expressão no rosto da garota. A voz de Taehyung dizendo que não a merecia ecoou por sua mente. Ela era especial, como nenhuma outra, mas talvez Jimin pudesse se fazer merecer. 

Resolveu sair dali antes que Charlotte o visse e começou a vasculhar a boate em busca de seus irmãos. Depois de meia hora e de perguntar para metade das pessoas presentes se tinham os visto, resolveu que eles haviam ido embora. Tentou ligar para um dos dois, mas notou que seu telefone estava sem bateria. Bufou internamente. Precisava para de esquecer de carregá-lo. 

Para confirmar sua teoria que havia sido deixado, foi até o segurança que vigiava a porta e descreveu os dois desaparecidos na  esperança que ele lhe desse alguma informação. Para sua surpresa o homem não só os tinha visto, como também dissera que "o rapaz de cabelos pretos" saíra carregando o de "cabelos castanhos". Jimin arregalou os olhos. Que merda Taehyung havia arrumado para sair carregado daquela boate? Sua primeira ideia fora que o irmão bebera demais, mas não teria dado tempo para aquilo. 

Jimin suspirou. De qualquer maneira, era ele quem estava com a chave do carro. Ao menos não precisaria pegar um taxi para casa. 
Assim que pisou do lado de fora do estabelecimento, viu-a andando de um lado para o outro e pressionando o telefone contra a orelha. Teve vontade de se bater por esquecer-se dela. Taehyung havia prometido a garota que a levaria em casa, mas acabara sendo carregado por Jungkook em vez disso. 

Charlotte parecia irritada. Enquanto se aproximava, pode ouvi-la bufar e resmungar algo em um idioma que ele não entendeu, mas só pelo tom sabia que não eram elogios. Parou atrás da morena e a viu encarar o telefone, murmurando algo. O vento da cidade fazia com que o vestido branco balançasse, assim como seus cachos. Jimin precisou balançar a cabeça para tirar de si a sensação de que ela estava flutuando. 

— Charlotte - chamou. 

Ela virou-se. A garota soltou uma lufada de ar, em evidente alívio, e sorriu ao vê-lo. 

— Park Jimin! - ela disse feliz - Graças à Deus você ainda está aqui! Pensei que Taehyung-Oppa tinha me esquecido! 

Jimin abaixou a cabeça e sorriu envergonhado. 

— Ele não te esqueceu - disse o rapaz coçando a nuca - Bem, pelo menos não exatamente. 

Charlotte o fitou intrigada. 

— Como assim? 

Jimin soltou uma risada pelo nariz. Por algum motivo aquela garota lhe deixava nervoso. 

— Ele estava desacordado quando foi embora - explicou o rapaz. 

A morena arregalou os olhos. 

— Ele está bem?! - ela perguntou parecendo bastante preocupada - O que aconteceu?! 

— Também não sei bem, mas Jungkook o levou para casa - contou Jimin - Vou te levar em casa por ele. 

Charlotte o fitou e mordeu o lábio inferior. Ela parecia indecisa e um tanto inclinada a recusar. Jimin não a culpava. A garota mal o conhecia e provavelmente não sabia muito a seu respeito. O fato de que era irmão de Taehyung lhe dava uma vantagem, mas também uma desvantagem, isso dependeria de por qual lado ela olharia aquilo. Mas nada disso significava que o rapaz perderia aquela oportunidade de se aproximar. 

— Não sei se é uma boa ideia - disse a morena - Eu posso pegar um taxi. Não quero incomodá-lo. 

Jimin balançou a cabeça, negando a ideia.

— Eu estou com o carro e para mim não será esforço nenhum - garantiu o rapaz - Além do mais, não posso deixar que fique na mão por alguma besteira que meu irmão fez. 

Charlotte o fitou de cima a baixo. Parecia analizá-lo cuidadosamente. Ali, debaixo do luz do poste, Jimin pode ver que os olhos dela eram de um castanho muito claro, talvez cor-de-mel. O moreno sorriu, tentando passar confiança. A garota suspirou e retribuiu o ato, assentindo. 

— Bom, acho que tudo bem então - ela disse olhando em seus olhos. 

Minutos depois já estavam no carro. Jimin dirigia tranquilamente pelas ruas de Seoul. Olhava discretamente para o lado e podia ver Charlotte fixada na janela. O corpo dela parecia tenso, ela claramente não estava confortável. 

Jimin balançou a cabeça e suspirou baixo. Se queria se aproximar dela, não podia deixar aquele silêncio destruidor reinar. Precisava puxar um assunto. Qualquer um. 

— Como conheceu Taehyung? - indagou, tentando acabar com aquele clima incômodo. 

A garota pareceu surpresa com a pergunta e fitou-o por alguns segundos antes de finalmente responder. 

— Ele e minha Unnie, SoHee, foram colegas de turma no segundo período de faculdade dela - explicou Charlotte - Não sei bem como eles se tornaram amigos. Um dia fui almoçar com a SoHee-Unnie e ele estava lá. Desde então me trata como se me conhecesse há anos. 

Jimin riu. 

— É bem a cara do meu irmão mesmo - comentou ele. 

O silêncio voltou, mas não parecia tão pesado quanto antes. Jimin virou-se para ela rapidamente e notou que esta o fitava, como se decidisse se perguntaria algo ou não. 

— O que foi? - perguntou a fim de encorajá-la a falar. 

— Não é nada de mais - respondeu ela - É só que... Taehyung-Oppa sempre tratou você e alguns outros amigos que não conheço como irmãos. Eu pensei que fosse algo dele, mas depois que conheci Jungkook notei que ele fazia o mesmo. É igual com você também. Mas vocês não se parecem e nem tem o mesmo sobrenome. 

Jimin parou em um sinal e a fitou, sorrindo. Ela estava confusa e não era para menos. Por mais que eles fossem amigos, não era normal que se tratassem de tal maneira. 

— Não somos irmãos de sangue e nem adotados, se é isso que quer saber. Quer dizer, ao menos não todos nós - disse notando o semblante da garota mudar um pouco. Certamente havia acabado de eliminar uma das opções dela - Taehyung tem dois irmãos de sangue mais velhos. Além deles três, de mim e de Jungkook, tem mais outros dois. Não temos nenhuma ligação genética, mas crescemos juntos e cuidando uns dos outros. Somos irmãos. 

Charlotte sorria. 

Jimin voltou a olhar para frente e viu a luz verde brilhando. Acelero e logo estavam novamente dirigindo em meio as ruas não muito movimentadas. 

— Acho que isso é quase o que aconteceu comigo e com as minhas Unnies - contou Charlotte - Nos conhecemos desde pequenas e sempre cuidamos umas das outras. 

Jimin assentiu, ainda fitando a rua a sua frente. Imaginou que ela provavelmente se referia a SoHee e a Unnie com quem falava ao telefone. Sentiu-se feliz por ela, era sempre bom ter amizades como aquelas. 

A conversa fluiu a partir daquele momento e Jimin admitia que havia pegado alguns caminhos alternativos disponibilizados pelo GPS para que demorassem um pouco mais a chegar a seu destino. Charlotte sorria e contava fatos engraçados, a maior parte envolvendo suas amigas, enquanto Jimin retribuía revelando alguns micos de seus irmãos. 

— Você não é daqui, não é? - o rapaz perguntou, ansioso para matar sua curiosidade, quando notou que a morena estava bem a vontade - Digo, da Coréia. 

Viu, com o canto dos olhos, Charlotte balançar a cabeça em negação. 

— Sou italiana - ela explicou - Vim morar aqui ainda muito pequena. 

Jimin soltou uma "Ah", assentindo. Aquilo definitivamente explicava não só o nome, mas também a aparência exótica da garota. 

— Tem família aqui? - perguntou, tentando entender porque uma família deixaria a Itália para morar na Coréia, um país tão longe de seu lar. 

— Não, foi uma proposta de trabalho - contou Charlotte - A empresa estava expandindo negócios e precisavam de alguém fluente em coreano para vir para cá. Meu pai aceitou. Eu tinha pouco mais de dois anos, Park Jimin. 

Jimin notou que estava a pouco mais de um quarteirão de seu destino e reprimiu uma careta. Estava gostando de passar um tempo com ela. 

— Por que não me chama de Oppa? - perguntou, tentando ignorar o fato de que seu tempo estava acabando - Sou meses mais velho que Taehyung.

O moreno pode sentir o olhar dela sobre si. 

— Não somos próximos para tanto - ela explicou. 

Jimin sorriu, estacionando o carro. 

— Mas podemos ser - ele sugeriu, virando-se para fitá-la - Que tal um passeio no sábado? 

Charlotte fez uma careta, soltando o cinto de segurança. 

— Park Jimin, eu não estou interessada... 

— Como amigos! - o rapaz a interrompeu - Eu prometo! Realmente gostei da sua companhia! 

Charlotte o fitou indecisa e então assentiu. 

— Acho que se for assim, tudo bem - ela disse abrindo a porta do carro e saindo - Tchau, Oppa.

A garota enfatizou a última palavra, fazendo Jimin sorrir. 

— Até, Charlotte. 

—-------

Quando chegou em casa, a primeira coisa que viu foi um bilhete preso na porta. 

"Jimin-Hyung, desculpe por ir embora sem te avisar, mas é que o Taehyung-Hyung teve alguns problemas e tivemos que ir. Eu te explico melhor amanhã. 
Tentei te ligar, mas seu telefone estava desligado. 
Desculpe novamente, Hyung. 
— Jeon Jungkook" 

Jimin pegou o bilhete e entrou em casa. Seguiu diretamente para o quarto, querendo saber em que condições seus irmãos estavam. Tinha medo de que algo grave pudesse ter acontecido. 

Assim que abriu a porta do cômodo a luz do corredor iluminou-o parcamente e o coração do rapaz relaxou ao ver os dois mais novos dormindo tranquilamente. 

Dirigiu-se primeiro a Jungkook. Como já estava habituado a fazer, cobriu o garoto que havia tirado todo cobertor de cima de si e agora se encolhia de frio. Assim que finalizou seu ato, viu o moreno aconchegar-se contra a coberta e agarrar-se a ela. Sorriu levemente e bagunçou os cabelos escuros do rapaz. 

Assim que se aproximou da cama de Taehyung, entendeu qual eram os "problemas" de que Jungkook tinha falado. Seu irmão tinha alguns machucados no rosto, além de uma bela mancha roxa em seu olho esquerdo. O rapaz dormia com a boca aberta, uma vez que suas narinas estavam tampadas por tufos de algodão, indicando que tivera um sangramento naquela região. Abaixou os olhos e focou na mão direita, apoiada sobre a barriga de Taehyung. Ela tinha algumas esfolações, mostrando que o moreno não só apanhara, como também batera. 

Jimin suspirou e ajeitou com cuidado o cobertor em cima de seu irmão. Sentou-se em sua própria cama e fitou-o, completamente perdido. 

Taehyung nunca fora uma pessoa agressiva. Mesmo tendo dois irmãos mais velhos e sido criando em meio a vários garotos, uma mão era mais que o bastante para contar as vezes que Jimin o vira brigar. Não podia imaginar o que levaria seu irmão entrar em uma confusão como aquela. 

De repente a conversa que ouvira de Charlotte ao telefone lhe veio a mente. Novamente considerou a ideia de que talvez Taehyung gostasse de SoHee, como a morena aparentemente sugerira. Fazia sentido, mas Jimin não sabia se era motivo o suficiente para fazê-lo brigar com alguém por causa dela. 

Balançou a cabeça, tentando desviar seus pensamentos, e procurou seu telefone, na intensão de descobrir as horas. Assim que encontrou-o, lembrou que estava descarregado. Bufou frustrado e jogou-o na cama. Olhou em volta e viu o aparelho de Taehyung em cima do criado mudo. Rapidamente pegou-o e apertou o botão central. Já passava das onze da noite. 

Foi então que uma ideia veio a sua mente, fazendo o rapaz sorrir. Posicionou o dedão sobre o único botão visível do telefone e segurou o riso ao vê-lo desbloquear. Tae provavelmente nunca descobriria que havia registrado sua digital ali sem que ele notasse. Rapidamente foi até a lista de contatos e enviou o número dela para si mesmo, apagando a mensagem em seguida. Encarou o nome "Charlotte" na tela do celular por alguns segundos e sorriu. Dessa vez faria aquilo dar certo. 

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Jimin caminhava tranquilamente para dentro do prédio. Cumprimentou rapidamente o porteiro, que sorriu para ele, e dirigiu-se para o elevador. 

Quase um ano havia se passado desde que conhecera Charlotte naquela festa e desde então uma grande amizade havia se formado. Ele havia cumprido sua promessa e, por mais que quisesse, nunca tentara ser mais do que um amigo para a garota. Quanto mais a conhecia, entendia melhor o que Taehyung lhe dissera. Ela realmente merecia alguém muito melhor do que ele. 

O problema era que Jimin era egoísta. Só de imaginar Charlotte com outro homem, seu sangue fervia. A verdade era que estava irremediavelmente apaixonado por ela e não poderia arriscar perdê-la. Então resolveu que melhoraria seu próprio eu. O que ainda remanescia de seu comportamento irresponsável da adolescência, havia sido praticamente instinto. Suas notas na faculdade haviam aumentado e até mesmo havia voltado a praticar dança com Hoseok-Hyung, o que melhorava muito seu humor.

Charlotte se mostrara uma ótima amiga, mas apesar do carinho que tinha por ele, nunca demonstrara sentir nada mais do que isso. Porém Jimin não perdia as esperanças. Conquistaria-a se fosse necessário. 

As portas do elevador se abriram e o rapaz caminhou com calma. Parou na metade do corredor e observou o número preso à porta a sua frente, 2034. Sorriu e tocou a campainha. Aquele dia seria especial, ele sentia. 

Pode ouvir passos se aproximando e um grito de "Já vai!". Alguns segundos depois a mesma voz exclamou "É o Jimin!". O moreno não pode segurar o riso, já sabendo de quem se tratava. 

— Noona! - exclamou assim que a porta se abriu. 

A garota fez uma careta. 

— Não sou sua Noona - ela disse, como sempre - Vamos, entre. Charlotte está se arrumando. 

Jimin sorriu. 

— Eu sei que não, mas sinto como se fosse - respondeu a primeira observação da morena, adentrando o apartamento em seguida. 

Pode vê-la revirar os olhos e sorrir de canto, resmungando um "Esses garotos...". 

Na primeira vez que saíra com Charlotte, no sábado seguinte a festa, descobrira que ela dividia seu apartamento com suas tão amadas Unnies. Só de observá-las era fácil dizer que, apesar dos nomes Min SoHee e Jung HaNi, as duas eram quase tão coreanas quanto Charlotte. A diferença era que ambas haviam nascido na Coréia e tinham pais coreanos.

SoHee era a mais velha das três, igualando em idade com o próprio Jimin. O rapaz já a conhecia por causa de Taehyung. Era relativamente alta e tinha longos cabelos loiros. Se não fosse pelos olhos escuros e traços orientais de seu rosto, ele diria que a mulher havia puxado somente a genética francesa de sua mãe. O Park não saberia dizer se, por ser a Unnie, ela era mais responsável e madura que as outras, uma vez que as três eram muito parecidas nesses quesitos, mas definitivamente ela era a pessoa que colocava ordem naquela casa, em todos os sentidos. Sem falar do quanto era carinhosa e atenciosa. 

Jimin logo descobrira que Taehyung era perdidamente apaixonado por ela. No dia da festa havia brigado com um homem que a ofendera. Seu irmão não era muito bom em disfarçar, então seus sentimentos pela loira logo se tornaram de conhecimento geral. Ou quase. SoHee simplesmente agia como se não soubesse de nada daquilo e o Park realmente acreditava que ela não tinha notado os sentimentos de Tae, uma vez que não seria de seu feitio ignorar algo daquela magnitude. 

HaNi não era muito parecida fisicamente com nenhuma das amigas. Sua estatura era quase a mesma que a de SoHee, mas as semelhanças paravam por aí. Dona de cabelos escuros ondulados, não tanto quanto os de Charlotte, ela tinha a pele morena em um tom pouco, porém muito perceptível, mais escuro que o padrão coreano. Jimin não sabia de que país era sua mãe, talvez simplesmente por nunca ter perguntado, mas pela aparência e pelos resmungos que a ouvia dar em sua língua materna, tinha certeza que era um de origem latina. A mulher era bastante carinhosa e amorosa, sem falar de seu instinto naturalmente protetor que, apesar de ser um ano mais velho, fizera-o chamá-la de Noona desde a primeira vez que a vira. 

Para a surpresa de Jimin, aquela não fora quando Charlotte os tinha apresentado, o que lhe rendera uma abraço apertado que surpreendera a mais nova. HaNi costumava ter aulas de piano junto com Yoongi-Hyung. O rapaz já a tinha encontrado algumas vezes ensaiando na casa do amigo e até em recitais onde os dois tocavam em dupla. Sempre havia achado interessante o fato de que ela, apesar de 3 anos mais nova, cuidava de seu Hyung. De início chegou a acreditar que a morena sentia algo a mais por ele, mas logo notou que aquela era simplesmente a maneira dela de ser. Também tinha conhecimento de que, apesar de cursar medicina, HaNi ajudava Yoongi na produtora que ele estava iniciando. 

Depois de várias visitas ao apartamento, Jimin finalmente entendeu como eles tinham se conhecido. As três estudavam numa escola nos arredores de Seoul, perto de onde o rapaz morava. O estabelecimento era bastante conhecido por abrigar muitos estrangeiros e filhos de estrangeiros e também por prometer seus alunos fluentes em ao menos quatro línguas, as oficiais da escola: Chinês, Inglês, Japonês e, é claro, Coreano. A escola também oferecia aulas extras de outros dezenas de idiomas.

As garotas haviam lhe explicado que tinham se conhecido, ainda pequenas, no pátio da escola. Eram de turmas diferentes, portanto não passavam muito tempo juntas. Para amenizar um pouco esse problema, passaram a cursar como aulas extras umas as línguas maternas das outras. Charlotte havia lhe confessado que, depois de seu pai, aquela fora sua maior influência para cursar relações internacionais. Já estava a frente no mercado de trabalho por conta dos idiomas que dominava. 

— SoHee-Noona! - chamou assim que viu a mulher por cima da bancada que dividia sala e cozinha. 

A loira se virou, esquecendo do fogão por um minuto e mostrando os fios que haviam soltando de seu rabo de cavalo. 

— Jiminnie! - ela cumprimentou sorrindo, sem se importar com a maneira que o rapaz a tinha chamado - Sente-se! Charlotte ainda vai demorar um pouco. 

A rapaz assentiu e estava prestes a obdecê-la, quando uma mão tocou seu ombro, chamando sua atenção. 

— Podemos conversar? - perguntou HaNi. 

Jimin assentiu e seguiu-a enquanto ela os guiava para para a varanda. Apesar do sorriso amigável no rosto da mulher, seu tom deixara bem claro que o assunto era sério. Vasculhou todas as suas ações dos últimos dias, perguntando-se o que poderia ter feito de errado. Não brincara quando dissera que a considerava sua Noona. 

Encostou-se no parapeito, sentindo a brisa bagunçar seus cabelos, enquanto observava a morena fechar a porta de vidro que dava para a sala do pequeno apartamento. Arrumou a postura assim que HaNi parou a sua frente. 

— Aconteceu alguma coisa, Noona? - indagou curioso e um pouco preocupado. 

HaNi sorriu de lado, balançando a cabeça. 

— Não - ela negou - Ao menos não por enquanto. 

Jimin franziu as sobrancelhas e viu a mulher a sua frente suspirar. 

— Jimin, eu vou ser direta - ela disse olhando em seus olhos - Sei de seus sentimentos por Charlotte. 

O coração do rapaz pareceu parar por um segundo e então disparar com força total. Como... Como ela poderia? Nunca tinha dado nenhum indício para ninguém. Sempre fora discreto. Ao menos acreditava nisso. 

— Não tente negar - ela disse levantando uma das mãos, quando ele começou a abrir a boca para realmente fazer o que ela tinha suposto - Não se preocupe, não contei a ela. 

Soltou uma lufada de ar que nem notara que estava prendendo. Ainda não tinha pensando que se HaNi sabia, Charlotte também estava a par, mas só de ter aquela possibilidade extinta antes mesmo de ela se formar, uma onda alívio percorreu seu corpo. 

— Como? - ele perguntou ainda surpreso. 

A morena abriu um grande sorriso. 

— Não se preocupe, não está tão óbvio - ela afirmou, acalmando-o - Mas seus olhos não mentem. 

O rapaz sorriu envergonhado e passou a mão pelos cabelos, jogando-os para trás em um ato de puro nervosismo. Ouviu-a soltar uma risada baixa. Uma ideia surgiu em sua mente e sentiu suas bochechas esquentarem. 

— Noona, você sabe se ela... 

Não conseguiu terminar a sentença, mas levantou os olhos o bastante para ver os de HaNi. 

— Ela retribui - afirmou a morena. 

Seu coração disparou novamente, parecendo bater ainda mais rápido do que da primeira vez, se é que isso era possível. Um sorriso involuntário tomou conta de seu rosto. 

— Isso nos leva ao ponto principal de nossa conversa - continuou HaNi, suspirando novamente. 

Jimin fitou-a confuso, mas nada disse, esperando que ela prosseguisse. 

— Sei que pretende revelar seus sentimentos em breve e até pedi-la em namoro - disse a mulher fazendo-o abrir a boca surpreso. Realmente tudo aquilo estava em seus planos, por mais que já tivesse adiado aquele dia algumas vezes por medo da rejeição. Precisava dar mais atenção a HaNi, ela podia ser muito perceptiva - Também sei que ela aceitará de imediato. 

O rapaz engoliu em seco com aquela afirmação. Pela primeira vez tinha reais chances com Charlotte. Por mais que esperasse que algum dia pudesse conquistá-la, uma parte de si sempre temera que, no fim, ela lhe diria o mesmo que Taehyung. Que ele não era o homem certo para ela. E mesmo que ela estivesse certa, só a possibilidade de ouvi-la pronunciar tais palavras desencorajavam-o por completo. 

— Jimin, preste bastante atenção no que eu vou te falar - HaNi disse séria, olhando em seus olhos - Charlotte faz todos acreditarem que é forte, mas a verdade não é esse. Ela é frágil, como uma boneca de porcelana. 

Jimin entendia exatamente o que ela queria dizer. Charlotte era dona de uma personalidade forte, que chegava a ser intimidadora. A imagem que passava para todos que a viam era de que era inabalável. Porém depois de alguns meses com ela, o rapaz pode notar com facilidade que aquilo não condizia com realidade. A morena se alegrava com facilmente com pequenas coisas e entristecia-se da mesma maneira. Era sempre preciso ser cuidadoso para não causar a reação errada. 

— Ela é minha boneca - HaNi afirmou, tirando-o de seus pensamentos e surpreendendo-o com o olhar amedrontador que lhe lançava - Se você quebra-la, eu te prometo Park Jimin, que eu vou esquecer, nem que por um momento, todo amor e todo carinho que tenho por você e vou quebrá-lo em pedaços. 

Jimin engoliu em seco. Apesar de terem praticamente a mesma altura, ele era, certamente, mais forte que HaNi. Porém acreditava, com toda sinceridade, que se fizesse o que ela dissera, simplesmente não se defenderia quando a morena viesse cumprir sua ameaça. Ele mereceria ser quebrado em pedaços se machucasse Charlotte. 

— Não se preocupe, Noona - disse sentindo-se seguro pela primeira vez naquela conversa - Se eu sequer trinca-la, farei isso eu mesmo. 

HaNi abriu um sorriso grande e sincero, levando uma das mãos a seus cabelos e bagunçando-os. Jimin retribuiu o sorriso e balançou a cabeça, na intenção de recolocar os fios em seus lugares. 

— Boa sorte, Jiminnie - ela desejou segundos antes de ele sentir um toque em seu braço. O rapaz sorriu, já sabendo de quem se tratava. 

— Desculpe a demora, Oppa - pediu Charlotte, enquanto ele se virava pra ela - É que com esse calor eu precisava de um banho. 

Seu sorriso aumentou. Charlotte realmente havia atendido seu pedido e depois alguns dias já o chamava de "Oppa" com naturalidade. Viu o corpo pequeno da garota, pelo menos 25 centímetros menor que o seu, coberto por um vestido que ía até pouco acima dos joelhos, sem falar das sandálias e dos cabelos soltos, caindo pelos ombros. 

— Está bonita - ele constatou, vendo-a corar rapidamente e então disfarçar. 

Charlotte riu envergonhada, como sempre fazia quando não sabia lidar com um elogio. O coração de Jimin se aqueceu ao notar que aquela reação era, provavelmente, por ela gostar dele. 

— Você também não está mal - ela retribuiu. 

Jimin notou em algum momento que estavam sozinhos. Surpreendeu-se. HaNi saíra sem que ele nem mesmo notasse. 

— Vamos - ela disse segurando em seu braço e o puxando - Quero voltar antes de anoitecer. 

O rapaz deixou-se ser levado, sentindo os pequenos dedos segurarem seu pulso com firmeza. Ao atravessar a sala, pode ver SoHee por cima do balcão, ainda na cozinha, mas agora com HaNi ao seu lado. 

— Tchau, Jiminnie! - disse a loira acenando - Volte quando quiser! 

Apesar do sorriso, o rapaz identificou rapidamente o olhar que a amada de seu irmão lhe lançava. Era como se ela soubesse do que ele e HaNi haviam falado e reforçasse a ameaça. Acenou para duas, um pouco inseguro, e pode vê-las rirem antes de atravessar a porta do apartamento. 

Pouco tempo depois já caminhavam por entre as trilhas calçadas do parque próximo ao apartamento de Charlotte. Ela não mais segurava seu braço, o que deixara o rapaz um pouco frustrado, mas tê-la ali, ao seu lado, já era o suficiente. 

A morena tagarelava, como gostava de fazer, e Jimin contribuía somente com alguns resmungos e, quando necessário, com sua opinião. Ela mudava de assunto com frequência, o que o deixava confuso quando se perdia por alguns segundos somente observando-a, mas com o tempo aprendera a disfarçar tal confusão. 

O parque era bastante arborizado e florido. Um lugar tranquilo que atraia muitas crianças, principalmente nos arredores do parquinho, além de pessoas com seus animais de estimação ou simplesmente que quisessem praticar exercícios ao ar livre. Também era possível ver com frequência alguns colegiais e casais de namorados. Charlotte adorava aquele lugar e as vezes simplesmente queria ir até lá para conversar. Jimin se acostumara a frequentar o parque quase sempre que tinha um tempo livre com a garota. 

Observava cada movimento dela com atenção. As mãos alisando o vestido quando esse balançava com o vento; os dedos tirando do rosto os fios de cabelo que a incomodavam; os lábios se esticando em um sorriso sempre que ela se animava. 

Jimin notou que haviam chegado a uma parte mais isolada do parque. Mordeu o lábio inferior pensativo. Tinha certeza do que sentia por Charlotte e agora sabia que ela o retribuía. Talvez aquele fosse o momento certo. Por mais que ainda não fosse o homem que ela merecia, tinha certeza que podia se tornar estando ao seu lado. 

Em um lapso de coragem segurou o braço da garota, que já andava um pouco a sua frente. Assim que sua pele tocou a dela, seu coração disparou. Charlotte virou-se, olhando-o completamente confusa. Jimin engoliu em seco. Talvez aquele não fosse o momento certo. 

— O que foi, Oppa? - ela indagou inclinando a cabeça um pouco para o lado. 

A voz melodiosa da morena, em conjunto com o movimento de seus cabelos e os olhos cor de mel brilhando por conta da claridade proporcionada pelo sol, fizeram com que toda incerteza abandonasse Jimin. 

Confiante, deu um passo a frente e olhou em seus olhos. Estavam bem próximos, mas ainda sim à uma distância relativamente segura. Não queria assustá-la. 

— Charlotte, eu gosto de você - ele admitiu. 

A garota lhe lançou um sorriso amigável, mas ainda o olhava confusa. Jimin precisou de um momento para entender o porque de uma reação tão tranquila. Era óbvio que ela não iria reagir! Se ele não gostasse dela, eles nem seriam amigos! 

— Eu também gosto de você - disse Charlotte calmamente. 

Jimin balançou a cabeça em negação e aproximou-se ainda mais, jogando para o alto aquilo de distância segura. Escorregou a mão que segurava o braço de Charlotte até tocar em seus dedos, agarrando a outra livre com sua outra mão. Manteve seu olhar preso ao dê-la, que parecia cada vez mais surpresa. 

— Eu gosto de você de verdade, Charlotte - explicou sem desviar os olhos - Na verdade, eu estou apaixonado por você. 

Por mais que soubesse dos sentimentos dela, estava nervoso, mas recusava-se a parar de olhá-la. Viu um sorriso crescendo no rosto de Charlotte. As mãos dela soltaram as suas, mas antes que aquilo pudesse preocupa-lo, sentiu-as agarrarem sua camisa, puxando-o para baixo. 

Jimin só entendeu o que estava acontecendo quando lábios chocaram-se com os seus. Seus braços envolveram a cintura da morena automaticamente, puxando-a para si. Diferente de qualquer beijo que já dera em sua vida, aquele parecia especial. De alguma forma, ele parecia indicar que uma nova fase estava começando. Uma fase maravilhosa. 

Assim que se separaram, Charlotte sorriu e abraçou seu pescoço. 

— Eu também gosto de você de verdade, Jimin - ela disse em seu ouvido. 

O rapaz sorriu e abraçou-a com força. Certamente aquele seria o início de novos tempos.

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Jimin deixou seu corpo cair sobre chão de madeira. A música ainda ecoava pela sala, mas tudo que ouvia era sua respiração descompassada, acompanhada da subida e descida rápida de seu peito. 

Fechou os olhos. Inspirou. Expirou. Inspirou. Expirou. Quando sentiu que já estava mais calmo, olhou para o lado. Viu seu irmão deitado ao seu lado. Os olhos ainda fechados, os cabelos pretos, molhados pelo suor, se dividindo na testa e os braços jogados ao lado do corpo. 

A música finalmente terminou, dando lugar a outra um tanto mais calma. Seu irmão abriu os olhos e virou a cabeça para o fitar, mostrando um grande sorriso. 

— Está ficando cada vez melhor, ChimChim - elogiou ele. 

Jimin sorriu, sem se importar com o antigo apelido. 

— Tenho um bom professor, Hobi-Hyung. 

Hoseok sentou-se e passou uma das mãos pelos cabelos. Jimin respirou fundo e tomou coragem para seguir o exemplo do irmão. Assim que assumiu a posição mais ereta, pode ver-se no espelho. Segurou uma careta. Estava completamente suado, a camisa colava em seu corpo e os cabelos estavam em extrema desordem. Balançou sua cabeça e passou os dedos pelos fios escuros, tentando coloca-los de volta em seus lugares. 

Olhou seu irmão, que havia fechado os olhos novamente. O mais velho tinha dobrado os joelhos e colocado os braços sobre eles. A cabeça estava um pouco jogada para trás, fazendo os cabelos caírem na mesma direção.

— Está distraído, Hyung - comentou Jimin. 

— Hum? - disse Hoseok confuso, voltando a abrir os olhos e fitando o mais novo - Do que está falando? 

Jimin sorriu. Conhecia o olhar de seu Hyung. Até porque podia vê-lo todos os dias quando se olhava no espelho. Chegava a ser cômico que ele, um dos mais novos do grupo, fosse um dos mais experientes em relacionamentos dali. Afinal, além de Jin, cuja a esposa ChoA estava grávida, ele era o único casado dentre eles. 

— É aquela professora de Jazz? - perguntou brincalhão. 

Hoseok revirou os olhos. 

— Ela é professora de balé, Jiminnie - corrigiu-o. 

Jimin gargalhou, jogando a cabeça para trás. 

— Então quer dizer que é ela mesmo?! - exclamou ainda rindo. 

Seu irmão o empurrou e ele desequilibrou por um momento, quase voltando a deitar no chão. Aquilo era tão estranho. Não via Hobi-Hyung apaixonado desde seus tempos de escola. 

— Jimin, você sabe que meu sonho sempre foi abrir um academia de dança, não é? - perguntou Hoseok. 

Jimin notou de imediato a súbita troca de assunto. Teria impedido que ele fugisse, mas realmente estava curioso. Seu irmão estava sério como ele vira poucas vezes na vida. 

— Sim, Hyung - respondeu atento.

O mais velho olhava para frente, mas não parecia fitar o próprio reflexo. Estava perdido em pensamentos. 

— Estou me planejando para abri-la. Não agora, mas daqui há alguns anos - explicou, prendendo toda a atenção de Jimin em si - Estava pensando se você não quer entrar como meu sócio. 

Jimin sentiu seu queixo cair. Hoseok o fitou e sorriu. 

— Você é formado em administração e eu não entendo nada disso - explicou ele com calma - Além disso, eu precisava de alguém de confiança e apaixonado pela dança como eu. Sei que com você teria os dois. 

Jimin não podia negar que não era a pessoa mais feliz do mundo com seu atual emprego. Não que não gostasse da empresa, mas nunca sentira que aquele era seu lugar. Amava dançar, isso era verdade. Talvez seu Hyung estivesse certo. 

— Também pensei em falar com o Jungkook, mas ele ainda está fazendo faculdade e não quero sobrecarrega-lo - explicou Hoseok, continuando a falar - Quem sabe quando estivermos para abrir possamos coloca-lo nessa. 

Jimin sorriu. 

— Pode contar comigo, Hyung - declarou.

Viu seu irmão arregalar os olhos e abrir um grande sorriso, abraçando-o com força. Algo lhe dizia que havia tomado a decisão certa. 

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Jimin chegou ao seu prédio ainda pensando na proposta de Hoseok. Estava feliz, animado. A ideia de abrir uma academia de dança praticamente o extasiava. Seu dia, definitivamente, estava muito bom. 

Passou pela portaria e viu o elevador se fechando. Correu alguns metros, conseguindo segurar a porta e sorriu abertamente ao encontrar seu Hyung, Jin, dentro dele. 

Quando se casara com Charlotte, começara a procurar um lugar bom para morarem. Quase pulou de alegria quando Jin lhe contara sobre um apartamento no prédio em que morava que estava sendo vendido por um preço bastante acessível. 

— Boa noite, Hyung - cumprimentou. 

— Boa noite, Jiminnie - retribuiu Jin, levantando a mão com uma sacola pendurada. 

O mais novo segurou o riso. Sabia que todas aquelas sacolas eram comida, mas não duvidava nem um pouco de que seu irmão, junto da esposa, seriam capazes de comer tudo aquilo. 

— Como está ChoA? - perguntou Jimin. 

Jin sorriu. 

— Ela está ótima - contou Jin - O bebê está cada vez maior. 

ChoA, esposa de Jin, estava grávida de três meses. Jimin ainda lembrava do quão feliz o irmão ficara quando soubera da notícia. O Park chegara a se perguntar quando seria sua vez. 

— Charlotte está agitada - ouviu seu Hyung falar e o fitou - ChoA passou a tarde na sua casa, disse que SooHe e HaNi também estavam lá e que Charlotte estava bastante agitada. 

Jimin franziu as sobrancelhas, tentando compreender porque sua casa havia se tornado um clube de garotas naquela tarde. Também não sabia muito bem o que pensar sobre sua esposa estar "agitada". Aquilo podia, ou não, ser algo bom. 

Despertou de seus pensamentos quando as portas do elevador abriram e mostraram seu andar. Despediu-se de seu irmão com um breve "Boa noite, Hyung" e seguiu para seu apartamento. 

Assim que abriu a porta sentiu seu corpo amolecer, era como se só estivesse esperando chegar em casa. Havia trabalhado o dia todo e depois disso ainda tinha ido ter algumas aulas de dança com Hoseok, era natural que estivesse cansado. 

Olhou em volta e viu a sala arrumada, além de não encontrar nem sinais de que suas Noonas haviam estado ali. O apartamento estava silencioso, o que era um tanto estranho já que Charlotte não era dada a quietude. 

Tirou os sapatos, sentindo seus dedos agradecerem o alívio, e resolveu  esquecer os chinelos, andando com somente as meias impedindo que seus pés tocassem o chão diretamente. 

Rapidamente constatou que sua esposa também não estava na cozinha. Resolveu que o quarto seria sua próxima opção, já que ela não costumava usar o escritório, e seguiu para lá. Estava realmente curioso para saber o porquê da suposta "agitação" de Charlotte. 

Quando estava prestes a tocar a maçaneta, ouviu um barulho vindo de dentro do cômodo e franziu as sobrancelhas. Abriu a porta e encontrou Charlotte sentada na cama, sorrindo para ele, como se já o esperasse chegar. 

— Oi, amor - ela disse se levantando - Como foi seu dia? 

Jimin sorriu e caminhou até ela, parando a sua frente. 

— Cansativo - ele admitiu, aproximando-se para beija-la. 

Porém seu movimento foi impedido por uma mão em seu peito. Encarou a esposa e viu que ela tinha o nariz contorcido. 

— Você foi no Hoseok-Oppa hoje? - ela indagou.  

O moreno assentiu ainda sem entender porque havia sido rejeitado. Charlotte deu um passo para trás e apontou para o corredor. 

— Banho - ela mandou autoritária. 

— Mas é só um beijinho - protestou ele. 

A mulher balançou a cabeça.

— Não, você está todo suado - ela insistiu - Tome um banho, depois precisamos conversar. 

Jimin suspirou, sabendo que não ganharia aquela batalha, e resolveu obedecê-la. Estava curioso para saber o teor dessa tal conversa, além do mais também queria contar a ela sobre a proposta de seu irmão.

Tomou um banho rápido e deixou o banheiro ainda secando os cabelos molhados. Chegou no quarto dos dois esperando encontra-la por lá. Porém em seu lugar havia uma caixinha branca sobre a cama. 

Jimin pendurou a toalha que carregava na porta, já prevendo que tomaria uma bela bronca se a deixa-se sobre o colchão, e caminhou até a cama, sentando-se em seguida. Assim que pegou a caixinha, viu em cima um cartão. Analisou-o com cuidado e encontrou escrito, simplesmente, "Para Park Jimin". Não foi preciso mais nenhuma evidência para que ele entendesse que aquilo havia vindo de Charlotte. Reconheceria a letra da esposa em qualquer lugar. 

Ficando, então, mas curioso sobre aquilo do que sobre a suposta conversa que os dois teriam, desfez com certa pressa a laço de cetim branco que mantinha a tampa em seu lugar. Assim que removeu-a, encontrou no fundo da caixinha, cuidadosamente acomodados em meio ao papel de seda, um par de sapatinhos de crochê também brancos. Pegou-os com cuidado, colocando um em seu indicador e outro em seu dedo médio. Aproximou-os do rosto e franziu as sobrancelhas. Por que Charlotte lhe daria sapatinhos de bebê se era ChoA, esposa de Jin, quem estava grávida? 

Só nesse momento algo estalou em sua mente. Seu corpo parou por um momento e pode sentir com intensidade uma gota de água caída de seu cabelo descer por suas costas. Assim que conseguiu voltar a si, levantou-se rapidamente, então segurando com firmeza seu presente. No momento em que começou a andar percebeu que estava ofegante. Sua respiração estava descompassada, talvez tanto quanto mais cedo, quando dançava. 

Chegando à sala encontrou Charlotte sentada no sofá. Parou subitamente e tentou fazer esforço para questiona-la, mas nenhum som saía de sua boca que abria e fechava. A morena sorriu e se levantou. Caminhou com calma até ele e apoiou as mãos em seus ombros. Ficando na ponta dos pés, ela juntou seus lábios em um beijo casto. Jimin sentiu seu coração desacelerar somente com aquele toque e pousou a mão livre sobre a cintura da esposa. 

Quando Charlotte se afastou, o moreno inclinou-se para frente, tentando prolongar o ato. Sua esposa somente riu. 

— Parabéns, papai - ela disse com os lábios ainda próximos ao seus. 

Toda calmaria que o beijo trouxera a Jimin se esvaiu em um segundo e tudo que ele conseguiu fazer foi abraçar a mulher a sua frente e chorar em seu ombro. Então era verdade. Ele sempre quisera ser pai. Mal acreditava que aquilo realmente estava acontecendo. 

Afastou-se de Charlotte com calma e olhou em seus olhos. Notou que eles também estavam molhados por lágrimas. 

— Nós vamos mesmo ter um filho? - perguntou Jimin, precisando de mais uma confirmação. 

— Sim - ela respondeu sorrindo e colocando uma das mãos sobre a barriga. 

Então ele sorriu, como nunca sorrira antes. Em um impulso a abraçou e levantou-a, gargalhando. Colocou-a novamente com os pés no chão e ajoelhou-se, abraçando sua cintura e encostando a testa no ventre ainda liso de sua esposa. A felicidade que lhe invadira era inexplicável. 

Sentiu os dedos de Charlotte em seus cabelos e fechou os olhos. 

— Eu te amo - ela disse com a voz embargada. 

— Eu também te amo - ele retribui sem nem mesmo se mexer - Amo vocês dois demais. 

E foi só depois de dizer essa frase que Jimin percebeu que aquele era o início de uma nova vida. 


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Notas finais do capítulo

Bem, é isso! Espero que tenham gostado! Essa fic foi um presente pra uma amiga, a minha Charlotte. Pra mim seu bia sempre será o Jimin, sim?
Como eu disse essa é a segunda fic de uma série de 7, então devo postar as próximas em breve!
Deixem seus comentários com suas opiniões, sim? Ah, e se gostarem, favoritem!
Bjs, até uma próxima!
EuSemideus



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