Capítulo 14 - Jantar de Comemoração de 500 Anos da Nova Monarquia – 2ª Parte

POV Adrian

A Rose estava divina, mas parecia muito preocupada. Tentei entrar nos seus sonhos desde a noite do jantar, mas não consegui. Tentei falar com ela e também não consegui, embora ela não pareça estar me evitando nem nada do tipo, então vou chamá-la para dançar e ela vai, nem que eu tenha que aplicar compulsão nela, mas eu preciso falar com ela... não sei porque, mas é importante!

“Pequena Damphir, dança comigo?” O olhar do Louis era frio como gelo, mas ela não pareceu perceber.

“Claro Adrian, aliás, acho que agora podemos conversar.” Ela disse sorrindo pra mim. Fomos em direção à pista de dança e estava tocando uma música italiana que eu gosto muito – é... eu também posso ser erudito – e, todas as vezes que eu a ouço, me lembro dela. Chama-se Tristesse. Ela beijou o Louis no que eu diria – um verdadeiro beijo apaixonado – que ele retribuiu na mesma intensidade, embora a aura dele diria outra coisa – mais como interesse do que qualquer outra coisa. Eu fiz questão de não beber nada, praticamente, para poder observar bem as auras esta noite.

“Meu anjo, eu vou dançar com o Adrian e conversar com ele um pouquinho. Já, já eu volto. Cuide de fechar aquele negócio com os Conta e não se aproxime da Camilla.” Sorriu e ele retribuiu assentindo.

“Você é a pessoa mais linda nesta festa, mon amour, e é a você que eu amo! E... ah! Digo o mesmo do Ivashkov. Me parece que aquele olhar não é só de amizade.” Ela riu, ele sorriu e me lançou mais um olhar gelado, mas acredite, não era bem ciúmes... ou era?

“Sabe, Pequena Damphir, você, como sempre, está maravilhosa! Definitivamente o amor faz maravilhas em você. Você está feliz? Você o ama mesmo?”

“Obrigada, Adrian, eu realmente estou muito feliz.” Foi o que ela disse, mas seus olhos não dizia exatamente isso. Resolvi pressionar.

“Você não me respondeu. Você o ama? Verdadeiramente?” Ela baixou o olhar, ficando nitidamente sem-graça, pensou e respondeu:

“Sim... eu o amo. Não como eu já fui capaz de amar um dia, mas eu acho que jamais serei novamente. Mas sabe, eu acho que cada amor é de uma forma. Hoje, eu estou feliz. Louis é um bom cara e sempre faz o que pode para me agradar... para me deixar feliz! Me enche de mimos o tempo todo... Mimos que eu digo, alegrias, carinhos e não presentes, porque uma coisa que eu nunca fui foi interesseira.” Riu e continuou.

“Ele me entende... me entende quando eu fico frustrada por não ser mais guardiã... entende quando eu sou tomada pela escuridão... me ajudou a catar os meus pedaços quando eu cheguei completamente destruída na Turquia e me reconstruiu... Hoje, eu quero retribuir, sabe?! Quero amá-lo e dar a ele filhos...” Riu sonoramente.

“Esse é o seu maior sonho... Ele não se importa de ter filhos damphir, desde que seja comigo, disse ele.” Riu tristemente.

“Eu acho que hoje, ser mãe também é o meu maior sonho!” Sorriu.

“Querida, eu realmente fico feliz com a sua felicidade...” Ela sorriu e me abraçou. Eu gentilmente a afastei para olhar em seus olhos.

“E com certeza, eu também não me importaria de ter pelo menos uns seis filhos com você. Você será uma mãe incrível... eu já posso até ver.”

“Mas...”

“Mas... É, você me conhece bem, né Pequena Damphir?!” Ela sorriu novamente.

“Podemos tomar um pouco de ar? Muitos cheiros... Nenhuma bebida pra mim... Às vezes é difícil!”

“Claro, Adrian!” Fomos até o jardim. Estava nevando um pouquinho e ficamos no jardim de inverno.

“Porque você está tão formal comigo, Adrian? Parece até que está sendo cuidadoso... Parece que somos estranhos... não amigos e quase-ex-namorados!” Falou já rindo. Ela parece que está num humor melhor hoje... Sorte minha.

“É que você não está bem... quero dizer... sua aura. Você está totalmente afetada pelos efeitos colaterais do espírito! Esse tempo longe da Lissa, com as barreiras levantadas... mas parece que seu amuleto só funciona longe, né?!” Ela assentiu.

“Está sendo difícil lidar novamente com isso e eu estou cheia de problemas!”

“Eu acho que você não está sabendo lidar com isso... está sem treino!” Ela arregalou os olhos e eles encheram de lágrimas.

“Posso ver, Pequena Damphir, que isso está te deixando descontrolada e eu não quero ser alvo dessa fúria, desnecessariamente.” Ela, num ímpeto, me abraçou e chorou como há muito eu não a via chorar assim. Só quando o Dimitri a deixou.

“Ai Adrian, porque você tem esse dom? Porque você amadureceu tanto e me conhece tão bem? Quase como...”

“Como o Dimitri???”

“É... como... ele... Não quero falar dele.”

“Tudo bem, não vamos falar dele, ok?” Ela sorriu entre lágrimas e continuou.

“Eu fui horrível com a Lissa... Isso está me matando! Eu não estou conseguindo me controlar... é... é mais forte que eu... às vezes...”

Eu a abracei e soube,naquele momento,que ainda era considerado seu amigo, que ela confiava em mim, porque eu nunca soube dela se abrir assim com ninguém... nem mesmo com a Lissa... Eu tive certeza que ainda a amava profundamente!

“shh, shh, se acalma Pequena Damphir... shh...” E assim ficamos um tempão. Eu acendi um cigarro e ela me pediu um. É tão estranho vê-la fumando, mas parece que a ajuda com os efeitos do espírito também. Quando ela se recompôs, ela me contou da perseguição à sua família, dos motivos que a levaram a deixar de ser guardiã, das premonições que uma vidente turca lhe fez, inclusive dos seus novos poderes shadow-kissed e do ataque que houve em sua casa, na Turquia, como havia sido previsto.

Eu fique perplexo... Nem sabia o que dizer. Não sabia que uma shadow-kissed pudesse ter tanto poder. É incrível...! Mas também comecei a ligar os pontinhos da visão da vidente turca e as minhas desconfianças. Resolvi então, ao invés de falar com a Rose sobre isso, investigar primeiro por conta própria e ver o que eu conseguiria de provas, mesmo porque se eu contasse a ela das minhas desconfianças, ela não acreditaria em mim e ficaria com raiva e eu precisava que ela confiasse em mim.

“Adrian, o que você queria falar comigo sobre o Louis?”

“Não se preocupe, Pequena Damphir, eu só acho a aura dele... Sei lá... Estranha, mas depois de tudo o que você me disse, acho que ele te ama.” Precisava falar isso à ela para ela ficar um pouco mais confiante. Péssimo da minha parte, mas depois eu conserto isso.

Ela sorriu condescendente, porque também me conhece bem, resolvendo não insistir. Não sei se porque sabia que isso a faria ficar chateada comigo ou, se porque preferia mesmo acreditar nesse amor.

“Eu acho que você deve falar com a Lissa. Ela ficou chateada, mas também entendeu que não tinha o direito de lhe dizer o que disse.”

“É... Eu vou falar com ela depois da festa. Eu não quero ficar pior do que eu já estou e o Louis não gosta muito que eu me ausente.”

“Wow! Isso sim é novidade... Voe obediente ao noivo, huh?! Incrível! O que ele fez com você?!” Ela riu.

“Não Adrian, por conta daquele maldito jantar já brigamos o suficiente essa semana e eu não quero ter outra discussão... Mais uma vez por ciúmes, porque ele disse que você não estava me olhando como um amigo!” Riu ruidosamente.

“É, e ele tem razão... Se eu tivesse uma mínima chance, eu me candidataria novamente...” Ela deu uma gargalhada e disse:

“Esse sim é o Adrian que eu conheço... Não aquele que me fez chorar e soltar todos os meus segredos sem nem mesmo precisar me compelir...” E baixou novamente a cabeça.

Assim ,entramos rindo e encontramos com o noivo vindo em nossa direção.

“Minha rainha, você está aí! Seu pai quer lhe apresentar ao Lord Dashkov. Aquele que vamos nos reunir a semana que vem para negociar aquela refinaria de petróleo aqui na Rússia, lembra? Adrian, poderia nos dar licença?”

Eu simplesmente assenti e a Rose me deu um beijo no rosto, agradecendo a dança e dizendo, bem baixinho:

“Obrigada!”

POV Dimitri

Eu arfei quando a vi e mal consegui disfarçar. Ela estava... linda... maravilhosa... divina... Meu Deus! Percebi que ela também tinha desejo no olhar quando me viu, mas imediatamente ela colocou sua máscara e fez bem seu papel. Eu, pelo contrário, não pude resistir... Eu tinha que falar com ela. Como ela pode se atrever a me mandar um convite para a sua festa de noivado!!! A peguei pelo braço e a puxei para um canto no salão para conseguir falar com ela, quando aquele imbecil do Louis apareceu.

“Solta ela, Belikov, agora. Você não quer uma cena no meio do jantar da Rainha, huh?!”

Não tive outra opção senão soltá-la. Afinal, eu não queria de fato uma cena ali, principalmente envolvendo a Rose, porque a Rainha a odeia e agora que ela não é mais guardiã, talvez a coisa ficasse ainda pior. E também tinha a Guardiã Hathaway que ficou me olhando com uma cara de poucos amigos. Se ela resolve contar ao Abe, que por sinal, não viu isso – ainda bem – a coisa poderia não ficar mesmo boa. E o Pavel já estava vindo em nossa direção.

“Isso não acabou...” Foi só o que eu consegui dizer. O Pavel veio falar comigo:

“Guardião Belikov, o que foi aquilo? Eu nunca tinha visto o Louis tão furioso!”

“Eu puxei a Rose para esse canto para conversarmos, mas ele interrompeu. Parece que ela também não quer muito falar comigo, mas eu preciso explicar umas coisas.” Eu estava também furioso.

“Belikov, eu sei da história de vocês... Rose me contou quando aprendeu a confiar nas pessoas de novo. E olha que não são muitas! Ela contou a mim e aos pais, portanto, a Janine e o Abe sabe do que houve com vocês e viram como foi difícil para ela largar o cargo de guardiã e seguir em frente. Não complique as coisas... Deixe-a em paz, ou eu vou ser obrigado a interferir. Rose é como se fosse uma irmã mais nova para mim.”

“Você só sabe de um lado da história. Para mim também foi muito difícil. Eu a amo, Pavel! Mais do que já amei qualquer outra pessoa em toda a minha vida... Mais do que a mim mesmo e foi por isso que eu a deixei. Eu queria que ela tivesse a oportunidade ser ser a guardiã que ela sempre se esforçou para ser. Não queria acabar com a vida dela, fazendo entrar numa relação comigo, sabendo como são vistos os relacionamentos entre damphirs no nosso mundo! Principalmente guardiões! Nós seríamos designados para a princesa Dragomir e isso poderia colocar a vida dela em risco!”

“Eu te entendo Belikov... Mas não vou permitir que a minha menina, minha irmãzinha sofra novamente! E ela vai se casar! O Lord Zeklos a ama e a faz felis! Contente-se em vê-la feliz e tente reconstruir sua vida.”

“Se você a ama de fato como a uma irmã, vale um aviso: Fique de olho no Zeklos. Eu o conheço melhor que vocês todos e ele não presta! E nada me tira da cabeça que ele teve alguma coisa a ver com a morte de seu primo e meu protegido Ivan.”

“Ah! E tem mais uma coisa. Eu não vou desistir da Roza de novo!” Dito isso, eu saí do salão e fui até o jardim de inverno, esfriar a cabeça. Foi quando eu a vi abraçada com o Adrian. Aquilo me virou o estômago. O que estava acontecendo ali? Cheguei mais perto para ouvir – ta, tudo bem, eu sei que isso é ridículo, mas eu precisava saber.

Percebi que ela estava chorando e o Adrian a consolava. Será que aquele imbecil do Zeklos a fez chorar??? Fiquei ouvindo.

“shh, shh, se acalma Pequena Damphir... shh...” O Adrian dizia, bem baixinho. Depois de um bom tempo, ele acendeu um cigarro e qual não foi minha surpresa, quando ela lhe pediu um e também acendeu. O que fizeram com a minha Roza???? Agora ela também deu para fumar???? A Turquia, definitivamente, não fez bem a ela.

Quando ela se recompôs, ela contou ao Adrian que a sua família estava sendo dizimada por strigois, contou que esse era o motivo que os pais dela a brigaram deixar de ser guardiã, falou de umas premonições que uma vidente turca lhe fez, dos seus novos poderes shadow-kissed e, por último, de um ataque que houve em sua casa, na Turquia, que eu nem fiquei sabendo e que ela havia previsto minutos antes do ataque.

O Adrian só a ouviu e a abraçou, exatamente como eu gostaria de ter feito. Acho que ele ainda a ama. Logo ele foi surpreendido com a pergunta dela.

“Adrian, o que você queria falar comigo sobre o Louis?” Ele pensou e depois respondeu:

“Não se preocupe, Pequena Damphir, eu só acho a aura dele... Sei lá... Estranha, mas depois de tudo o que você me disse, acho que ele te ama.”

Ela sorriu, mas ele não a convenceu. Nem a mim. Ele sabe de alguma coisa e eu vou descobrir. Para evitar que eles me vissem, entrei novamente no salão e fiquei andando por ali, quando a Tasha me chamou para dançar.

“E então? Pelo visto você não conseguiu falar com ela, de novo, né?”

“É, parece incrível, mas sempre tem alguém me interrompendo. Natasha, eu sei que fui infantil no jantar, mas eu acho que fui mais infantil agora.”

“Posso saber o que você aprontou dessa vez, Belikov?” Já me olhando pronta para me dar uma bronca. Eu dei um meio sorriso e disse:

“Fiquei ouvindo a conversa alheia. Depois que eu falei com o Pavel, não que eu quisesse, mas ele me obrigou, resolvi dar uma volta no jardim de inverno e vi a Rose abraçada com o Adrian e chorando. Então, não resisti e cheguei perto para ouvir.”

“Isso é ridículo, Dimitri. Agora você deu para ficar ouvindo atrás das coisas??? O que deu em você???”

“O pior é que o que eu ouvi, embora tenha sido esclarecedor, me deixou mais chateado e mais arrependido do que eu fiz no jantar. Como eu fui tolo! Não percebi o quanto a minha Roza está sofrendo e cheia de problemas... Acredita que eu a vi fumando?”

“Hã??? Como assim, problemas... fumando... O que você bebeu, Dimka? Acho melhor irmos embora e assim poderemos conversar.”

“Não, aproveite a festa. Eu não posso falar o que eu ouvi, porque não se trata de mim e sim dos problemas dela que eu, por sinal, nem deveria ter ouvido. Se importa se eu me retirar?”

“Tudo bem. Vá, mas pare de beber, isso não lhe cai bem!” E ficou me olhando com uma cara de que eu estava realmente embriagado. Melhor assim.

Eu procurei o Adrian e ele ainda estava sentado no jardim e, como eu, parecia não ter bebido nada.

“Oi Adrian. Você pode me dizer o que é que está acontecendo com a Rose?”