Capítulo 9 – Jantar com flertes – 2ª parte

Lissa POV

Aquele ataque da Rose foi demais pra mim. Nunca imaginei minha amiga fazer aquele tipo de cena em um restaurante. Quando foi que ela ficou tão... soberba! Ai, eu precisava falar com ela agora mesmo!

“Podemos conversar no banheiro?” Eu disse mentalmente pra ela.

Ela, discretamente, disse “eu já volto” e me mandou um olhar como um – “Siga-me.”

Chegamos ao banheiro, que estava ocupado apenas por uma humana, a qual ao perceber as nossas caras, logo deu um jeito de sair, eu disse:

“O que foi aquilo, Rosemarie Hathaway?”

Ela, com uma cara de – eu não estou entendendo – respondeu:

“Do que exatamente você está falando?”

“Rose, por que você destratou a garçonete daquele jeito? Precisava ser tão exagerada, tão... grosseira?”

“Ah! Lissa,faça-me o favor! Você está me chamando a atenção porque a garçonete foi absolutamente desagradável e descortês comigo e eu a coloquei no seu lugar? Afinal, o cliente tem sempre a razão e como o Louis pediu um ravióli, eu achei que aqui também poderia servir um fettuccini?”

“Rose...”

“Não, Vasilisa Dragomir, você não tem o direito de me chamar a atenção, me dar uma bronca, por conta daquilo. Pode até ser que eu dei uma exagerada, mas aquela garçonete passou e muito do limite dela e você não tem esse direito. Não mais!”

“Rose...”

“Olha Lissa, eu fiquei fora porque eu precisei. Eu... eu...”

A Rose começou a chorar e não parou mais por uns quinze minutos. Eu tentei abraçá-la, dizer que eu sentia muito, que senti muito a sua falta, mas ela nem me deixou chegar perto dela. Eu acho que ter chamado sua atenção a fez se quebrar de alguma forma... sei lá... a aura dela tá diferente... ela tá muito sensível... não sei o que está acontecendo.

Depois ela parou de chorar subitamente e começou a arrumar a sua maquiagem que estava arruinada, totalmente em silêncio.

Maldita hora em que eu resolvi tocar no assunto Dimitri. Aí sim ela ficou furiosa.

“Você agora vai me falar que apóia ele com essa história de que ainda me ama, que está arrependido e que está determinado a me conquistar de volta??? Por favor, me diz que pelo menos nisso você vai me apoiar. Sabia que ele ficou alisando a minha perna e pegando na minha mão debaixo da mesa, agora mesmo, na presença de todos???”

“O QUÊ?????”

“É. E o pior é que ele disse que vai falar para o Louis sobre nós?!!! Que nós???? Não tem nós??? Nunca houve nós???? Ele me tratou como uma meretriz de sangue, tirou minha virgindade, me usou e foi embora com aquela vaca da tia do SEU namorado!!!! E depois vem com essa história de nós!!! Há!”

“Ai Rose, tente ouvir o que ele tem pra dizer, tenta perdoá-lo... Ele é louco por você e nunca houve nada entre ele e a Natasha.”

“AIIIIII!!!!!! Não quero mais te ouvir... Pensei que você fosse minha amiga... A única irmã que eu tive, mas não... E quer saber Princesa Vasilisa Dragomir, pra mim chega, não que mais ouvir nada, vou pra mesa e chamar o Louis pra ir embora. Esse jantar pra mim acabou!!!!”

Ela saiu louca do banheiro, me deixando ali ainda por alguns segundos tentando processar o que havia acontecido. Quando eu cheguei à mesa, estavam o Dimitri com uma cara vitoriosa, o Christian e o Adrian com um sorrisinho bem suspeito, a Natasha nada satisfeita e muito sem graça, o Louis com uma cara de paisagem, mas com uma aura em tons de vermelho irradiando raiva e desconfiança e a Rose simplesmente perplexa.

Ela pegou a bolsa e falou que iria esperar o Louis no bar para irem embora. Ele fez questão de pagar a conta, não deixando gorjeta alguma para a garçonete e observei que ele foi falar com o maître, bem nervoso, acho que por causa do que aconteceu com a Rose e depois eles se encontraram e os vi saindo pela porta. Na mesa, aquele silêncio constrangedor e todos com a mesma cara. MUITO ESTRANHO!!!!! Queria saber o que houve na nossa ausência, sendo que ficamos no banheiro uma boa meia hora.

******************************************************************************

Adrian POV

A Rose se levantou da mesa com uma cara estranha e foi para o banheiro com a Lissa. Logo depois, o Dimitri ficou com uma cara engraçada e a aura dele estava estranha. Em seguida entendi por quê.

“Então Louis, você é sócio do Abe Mazur?” – Perguntou Dimitri.

“Oui, respondeu, trabalho com ele há alguns anos. Eu e meu pai.”

“Você conheceu a Rose quando exatamente?” – Perguntou Dimitri.

“Bem, um dia, eu estava em Istambul para fechar um negócio que já vinha se arrastando há algum tempo porque nossos pais, o meu e o dela, não se decidiam quanto às cotas e valores. É claro que eu vim acompanhar o meu pai e ela entrou na sala, maravilhosa, com um vestido preto estilo “tubo”, pelo menos foi o que a secretária de meu pai disse, cabelos soltos, salto alto e óculos escuros, com a pele bronzeada. Quando eu a vi, disse para mim mesmo: “A minha rainha do deserto!” Me apaixonei imediatamente. Soube então que ela era filha do Abe e que era sua guardiã. Aí sim eu me encantei de uma vez por todas. Quando as negociações começaram e não se chegava a nenhum consenso mais uma vez, ela pediu ao Abe para falar e ele a autorizou. Ela então apresentou um projeto e de uma forma absolutamente implacável, acabou resolvendo as questões mostrando soluções bem definidas e foi enfim, fechado o negócio com todos os acionistas satisfeitos. Na comemoração na casa do Abe, eu conversei com ela e a convidei para jantar na noite seguinte e foi assim por um bom tempo. Percebi que ela tinha um olhar distante, triste e que tinha uma melancolia que era inalcançável. Ficamos amigos, ela um dia resolveu se abrir, quero dizer, mais ou menos e disse que tinha tido um caso com um damphir havia sido usada. A história eu não vou contar porque isso é uma particularidade dela. Bem, foi difícil conquistá-la, mas estamos juntos há três anos e meio e nos amamos muito e isso é o que importa hoje.” – Dando um sorriso elegante após seu emocionado discurso. Percebi que tem algo nele que eu não gosto... algo superficial... sei lá... deve ser ciúmes.

O Dimitri estava a ponto de ter um troço, isso eu garanto. Se ele pudesse, ele arrancaria a cabeça do Louis ali mesmo. Não que ele demonstrasse, porque a cara dele dizia que ele estava apreciando muito aquele discurso – estranho – mas a aura dele, wow! Pegava fogo!

“Bem, eu não acho que a Rose foi usada. Aliás, eu sei que ela não foi usada” – disse Dimitri – “e o que ela teve não foi um caso!”

“Ah! É verdade, você deve saber de alguma coisa, afinal, você foi o mentor dela e estava na St. Vlad’s na época, non?!?”

“Sim! E...”

“Dimitri, acho melhor você parar com isso! Isso não te diz respeito, não é da sua conta!” – repreendeu Natasha.

“Claro que é da minha conta, Tasha, ele precisa saber que o homem por quem a Rose se apaixonou na Academia e ainda é apaixonada sou eu! Ou ela não te contou isso???? Bem, pela sua cara, parece que não, não é Rosemarie????”

O Louis, eu pensei que fosse enfartar. A Rose, bem, os olhos dela encheram de lágrimas, ela pegou a bolsa, cochichou alguma coisa no ouvido de Louis e foi para o bar, se bem que eu acho que ela já tinha chorado antes, porque a Lissa, que chegou logo em seguida estava com uma cara bem estranha.

E assim, Louis pagou a conta, falou com o maître, com quem ele disse que reclamaria da garçonete, pegou a Rose e foram embora e, logo depois, todos nós fomos embora, em silêncio.

Pensem em uma noite esquisita... É... Isso foi esquisito!